Captura direta de carbono pode acabar com as emissões da aviação
por Kamila Jessie | | ATUALIZADO EM 2min
Captura direta de ar poderá permitir a produção de combustível sintético a ser usado na aviação e tornar o setor carbono neutro
Duas startups se uniram em um projeto que poderá fornecer um teste fundamental de nossa capacidade de usar combustível sintético, feito de dióxido de carbono capturado no ar, para compensar as emissões da aviação. Isso é um grande passo na busca por carbono neutro nesse setor.
A Carbon Engineering, uma empresa de captura direta de ar, assinou um acordo com a Aerion, uma startup que está desenvolvendo um jato comercial supersônico conhecido como AS2, para avaliar se o combustível derivado de máquinas sugadoras de gás carbônico é eficaz. Essa ideia, se implementada à voos comercias, pode tornar o setor da aviação carbono neutro no futuro.
— Carbon Engineering (@CarbonEngineer) July 8, 2020
Dando asas à descarbonização
A gente já havia comentado sobre a Delta Airlines ter entrado na corrida para se tornar carbono neutro e agora acompanhamos startups de descarbonização decolarem, com o perdão do trocadilho, no desenvolvimento de máquinas de captura direta.
Essa iniciativa é emocionante no ramo do controle de emissões pois permitirá que a gente descubra até que ponto os combustíveis sintéticos podem nos ajudar a tornar viagens aéreas comerciais limpas. O ramo da aviação produz cerca de 2,5% das emissões globais e é um dos setores tecnicamente mais difíceis de tornar carbono neutro.
Um dos maiores desafios nessa empreitada é a química necessária para produzir combustíveis sintéticos. O procedimento envolve a combinação de hidrogênio com dióxido de carbono, que é bastante direto. Entretanto, o truque será fazê-lo de uma maneira que seja relativamente acessível e não produza emissões significativas, que seria contraditório com o princípio de obter voos carbono neutro.
Sistema de coleta de dióxido de carbono da Climeworks na Suíça. (Foto de Mattia Balsamini para o Wall Street Journal.)
A questão da neutralidade é justamente essa. Os voos ainda produziriam emissões. Mas se a matemática der certo, seria equivalente à quantidade de dióxido de carbono que a Carbon Engineering removeu no início do processo – o que significa que os voos não adicionariam emissões à atmosfera.
Você acredita na possibilidade de carbono neutro na aviação? Conta para a gente nos comentários!
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.
Estudante de Engenharia de Computação identifica que senhas fracas ainda são comuns
por Kamila Jessie | | ATUALIZADO EM 2min
Parece que a gente não aprende: um estudante de engenharia de computação chamado Ata Hakçi realizou um estudo que analisou mais de um bilhão de senhas vazadas e descobriu que uma em cada 142 é a sequência clássica “123456”. Parece que está na hora de revermos nossas barreiras básicas de segurança.
De onde vêm todas essas senhas?
Você pode se questionar de onde o estudante tirou esses dados, mas eles estão facilmente disponíveis online, em sites como GitHub ou GitLab. Outra possibilidade de obtenção é sua distribuição gratuita em fóruns de hackers e portais de compartilhamento de arquivos. E não precisa se assustar: não podemos considerar o termo “hacker” como necessariamente pejorativo, afinal, o papel dos ethical hackers é fundamental na segurança de informação, conforme a gente já explicou por aqui.
Ao longo dos anos, as empresas de tecnologia vêm coletando credenciais vazadas com o objetivo de criar sistemas de alerta internos que avisam os usuários quando eles estão utilizando uma sequência “fraca” ou “comum”. Ok, vamos confessar, trata-se de uma mensagem que nós recebemos com frequência na hora de cadastrar em alguma coisa e, muitas vezes, ignoramos.
Foto: Marco Vech via Flickr.
Poucas combinações exclusivas
Outra descoberta do estudo foi que, no conjunto de dados de mais de 1 bilhão de senhas, apenas cerca de 169 mil eram combinações exclusivas, um número relativamente baixo considerando tantas as possibilidades de combinações. O estudante de engenharia de computação, além disso, também constatou que apenas 12% das senhas analisadas continham um caractere especial. Na maioria dos casos, as pessoas optam por senhas simplistas, como apenas letras (29%) ou apenas números (13%), o que significa que aproximadamente de 42% dos 1 bilhão de dados estavam vulneráveis à ataques rápidos que permitiriam que hackers obtivessem acesso a contas sem muita dificuldade técnica.
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.
ArchiCAD: saiba tudo sobre o uso do software na Engenharia [+ licença gratuita]
por Clara | | ATUALIZADO EM 2min
Conheça mais sobre um dos programas mais usados no mundo da arquitetura e engenharia
A tecnologia BIM (Building Information Modeling) chegou revolucionando o mercado da arquitetura e engenharia. Alguns softwares do mercado, válidos para ambas as áreas, foram desenvolvidos com a metodologia. Um dos principais é o ArchiCAD.
O que é?
O ArchiCAD é um software desenvolvido para arquitetura, mas é super bem aproveitado pelas engenharias. Foi criado pela empresa européia Graphisoft.
Os trabalhos para a sua criação começaram em 1982, mas ele só foi lançado em 1987. Criado com o intuito de desenvolver projetos, edificações, modelos arquitetônicos e instalações, pode ser aplicado em 2D, mas principalmente em 3D, que é algo bem vantajoso atualmente.
Aplicações na Engenharia
Como falamos, o ArchiCAD pode ser de grande valia para muitas engenharias, sobretudo a civil e elétrica. É ótimo para conduzir diversos projetos e tipologias. Por exemplo:
Edificações;
Paisagismo;
Urbanismo;
Plantas 3D;
Projeto elétrico;
Projeto hidráulico.
Graças à tecnologia BIM é possível tocar todos esses projetos de forma integrada com outras áreas como arquitetura e design, por exemplo. Assim é possível levar à diante etapas importantes em um menor espaço de tempo com todos os segmentos envolvidos e constantemente atualizados.
Além disso, o ArchiCAD tem atualizações anuais com intuito de trazer ainda mais soluções, reduzindo a necessidade de plug-ins. Desta forma, a agilidade do fluxo de trabalho é muito maior.
Como falamos anteriormente, é um software europeu de origem húngara, e por aqui ele foi adaptado para obedecer às normas da ABNT.
Suas modelagens 2D e 3D projetam graficamente uma obra completa com riqueza e precisão em cada detalhe. Reduz erros e garante uma boa visibilidade de quais materiais são mais indicados em cada caso. Com isso, é possível fazer um planejamento de custos com acuracidade.
Comparação com concorrentes
O principal concorrente do ArchiCAD é o Revit. Enquanto o primeiro é mais utilizado pelos europeus, o segundo faz mais sucesso nas Américas. Em termos de ferramentas, o Revit é o que mais se aproxima do ArchiCAD, principalmente por possuir a tecnologia BIM.
Outro ponto semelhante é a possibilidade de fazer integração com o Autocad, que assim como o Revit faz parte da Autodesk. Ambos são grandes softwares e que cumprem o papel que prometem.
Licença
Se você está pensando em aprender mais sobre o ArchiCAD e experimentar suas funções, a empresa dispõe uma versão de testes gratuitas e com tempo limitado.
Neste link você pode encontrar essa opção, assim como a versão voltada para estudantes.
Agora se você já conhece o software e está decidido a comprar, é só fazer um cadastro para obter login e senha, pagar o valor e depois conseguirá fazer o download do ArchiCAD.
Jornalista especializada em Arquitetura e Engenharia, especialista em redação SEO, edição e revisão de textos, Marketing de Conteúdo e Ghost Writer, além de Redação Publicitária e Institucional; ávida consumidora de informação, amante das letras, das artes e da ciência.
Receita Federal abre inscrição de concurso com vagas para engenharia
por Giovanna Teodoro | | ATUALIZADO EM 2min
39 novas vagas destinadas a diversos tipos de engenharia são ofertadas no concurso da Receita Federal
Com base no edital publicado no dia 07 de junho de 2020, as inscrições para o Concurso da Receita Federam se iniciaram na segunda-feira, dia 13/07/2020, ofertando um total de 39 vagas temporárias para atuar como perito autônomo.
Aos engenheiros de plantão, vale destacar que o local de trabalho é na Alfândega de Porto Velho (ES) e para se inscrever o candidato pode residir em até 300 quilômetros de distância.
Photo by MICHEL SABARENSE on Unsplash
Em relação às vagas oferecidas, são 20 vagas para profissionais com formação em qualquer uma das áreas abrangidas pelo Sistema Confea/Crea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), e tem-se as outras 19 vagas distintas (exigindo experiência mínima de 2 anos) em:
4 para engenharia mecânica;
3 para engenharia elétrica;
3 para engenharia da computação ou eletrônica;
3 para engenharia têxtil;
3 para, engenharia química e
3 para engenharia de telecomunicações ou eletrônica.
Inscrições do concurso
O período de inscrição vai do dia 13 de julho ao dia 24 de julho de 2020, devendo ser efetuadas pelo e-mail cac.alfvit@rfb.gov.br, por meio de envio do formulário disponível no anexo I do edital. As inscrições são gratuitas.
Até o dia 22 de julho de 2020, a comissão organizadora do processo receberá possíveis dúvidas e prestará esclarecimento, exclusivamente pelo e-mail peritos.alfvit.es@receita.fazenda.gov.br.
Seleção dos Candidatos
Apesar de todo processo seletivo ocorrer de forma digital, não ocorrerão provas, nem presenciais e nem online. A seleção acontecerá com a análise do currículo do candidato, baseando-se na formação e experiência do mesmo, conforme registrado na inscrição.
O resultado está previsto para o dia 25 de setembro de 2020, e quem for selecionado prestará serviço dois anos, com possibilidade de prorrogação por mais dois como perito credenciado. Contudo, conforme edital, as contratações serão sem vínculo empregatício com a Receita Federal.
Engenheira Mecânica e Pós Graduanda em Gerenciamento de Projetos. Mineira curiosa que se divide entre a engenharia, a leitura, a escrita e a música.
Não carrego certezas, mas sigo querendo aprender.
Como escolher a área de atuação na civil e ingressar no mercado?
por Júlia Sott | | ATUALIZADO EM 5min
Os engenheiros Andressa, Cláudia e Rafael compartilham sua experiência e dão dicas de como escolher a área de atuação na engenharia civil e ingresso no mercado de trabalho
Escolher a área de atuação é uma dúvida muito recorrente entre os estudantes de qualquer engenharia, principalmente na engenharia civil, onde há uma quantidade enorme de caminhos que podem ser seguidos!
Principais áreas de atuação
Dentre as diversas opções de área de atuação na engenharia civil, as principais são:
Construção civil;
Estruturas;
Recursos hídricos;
Recursos energéticos;
Transportes;
Geotecnia;
Ambiental;
Saneamento;
Orçamento e planejamento;
Infraestrutura.
Além dessas áreas, é possível seguir a área acadêmica, optando-se por mestrado e doutorado. Há também aqueles que se identificam com outras engenharias ou com outras profissões, como arquitetura ou administração, se especializando com cursos e pós-graduações. Portanto, a engenharia civil é um leque de possibilidades profissionais, e por isso gera muita dúvida naqueles que estão embarcando nessa profissão.
Dicas e conselhos de quem passou e está passando por essa escolha
Para quem ainda está no processo de identificação em alguma área ou confuso sobre qual caminho seguir, eu trouxe meus queridos ex-colegas de graduação Andressa Schulz, Cláudia Baumgratz e Rafael Dachary. Eles são engenheiros civis recém-formados, e vão contar um pouco sobre suas trajetórias durante a faculdade, quais áreas eles mais se identificaram e como foi ingressar no mercado de trabalho. Eles também vão dar algumas dicas e conselhos para quem está iniciando a carreira!
Depoimento de Rafael Dachary
https://www.instagram.com/p/ByyE0XFBXWW/
“Desde o início da faculdade eu me interessei mais pelasdisciplinas que envolviam cálculos no geral. Mas foi naquelas de análise estrutural e concreto armado que eu realmente descobri qual era a área que me despertava mais interesse. Por isso eu sempre me imaginava trabalhando com estruturas depois de formado”.
“Com certeza os professores influenciam sobre você gostar ou não de alguma área de atuação específica, como por exemplo, nós tivemos um professor ótimo nas disciplinas de concreto armado. Isso ajudou bastante em manter o foco nessa área, fazendo com que eu me interessasse cada vez mais”.
“Consequentemente eu acabei buscando estudar além da faculdade, fazendo cursos de software presenciais e online também, já que na universidade não é tão incentivada essa prática. Durante a faculdade eu acabei não fazendo muitos estágios, mas dois meses depois de formado eu cheguei em um escritório me oferecendo pra trabalhar até de graça! Já que eu precisava de experiência, e deu certo! Comecei a trabalhar com projetos estruturais (não de graça, haha), já que foi o meu foco durante os últimos anos e venho aprendendo bastante a cada novo projeto”.
Dicas e conselhos
“A dica que eu daria pra você que ainda não se formou é, primeiramente, tente encontrar aquela área de atuação que te desperte maior interesse. Caso não há ainda, busque algum estágio em alguma área da engenharia para pelo menos conhecer. Já vi muitas pessoas acabarem se apaixonando por algo que não imaginavam. Então, se você ainda está na faculdade e já sabe o que quer, procure estudar além do que é passado lá! E se prepare, pois nunca se sabe se você vai conseguir um emprego logo após se formar ou não. Resumindo, fique o mais preparado possível“.
“Outra dica que eu dou e que eu considero uma das mais importantes é: tenha uma rede de contatose parcerias com quem você possa contar, tanto para pedir algum help como para ajudar o próximo. Como vocês já sabem, nós não saímos prontos da universidade e a união entre os profissionais é o que faz a classe crescer mais no mercado”.
Depoimento de Andressa Schulz
“Logo que iniciei a faculdade surgiu a ideia de encontrar um trabalho. No terceiro semestre surgiu a oportunidade de trabalhar na área de prevenção e proteção contra Incêndio (PPCI). Permaneci neste trabalho por dois anos. Iniciei então um novo trabalho em uma empresa, a qual fornece toda a parte de ferragens para as obras, realizando toda a parte de montagem (armação) de vigas, pilares ou quaisquer outros elementos”.
“Após me formar permaneci nesta empresa, realizando a parte de análise de projetos estruturais e orçamentos. Trabalho também na empresa JC Engenharia, participando da elaboração de projetos residenciais e comerciais. Trabalhar e estudar não foi uma tarefa fácil. O curso de engenharia civil demanda muito esforço e dedicação! Contudo, valeu muito a pena, pois atuar mesmo que em um processo bastante específico dentro da área da construção, contribuiu muito para conciliar meus conhecimentos teóricos e práticos!”
Dicas e conselhos
“O conselho que eu dou é estagiar desde cedo. Assim, é possível desenvolver habilidades práticas que não são possíveis de serem desenvolvidas na universidade e, consequentemente, permite direcionar automaticamente a carreira para certas áreas de atuação da engenharia”.
Depoimento de Cláudia Baumgratz
“Quando iniciamos a graduação, lá em 2014, o mercado da construção civil estava em alta. Por esse fato, o amor e paixão pela área cresceu ainda mais, pois uma grande perspectiva no mercado de trabalho anima qualquer um. Desde a primeira aula de concreto armado fiquei fascinada pela área estrutural, a paixão que o professor passava ajudou muito também. Estava decidida a seguir nessa área depois de formada, mas a faculdade não te prepara para os ‘perrengues’ e desafios que é a vida do recém formado”.
“O mercado não estava mais naquela boa fase, a demanda de vagas de emprego era bem pequena, ainda mais pra alguém sem nenhuma experiência na bagagem. A alternativa mais ‘fácil’ foi iniciar trabalhando como autônoma, mas a demanda não era o que eu esperava, afinal não é nada fácil começar do zero. Um ano após a formatura, decidi que era hora de tentar algo diferente. Me mudei para outra cidade, outro estado, para trabalhar com projetos de terraplanagem, uma área de atuação que jamais imaginava, e pra minha surpresa acabei me fascinando por ela.”
Dicas e conselhos
“O meu conselho é: mesmo que você não tenha gostado de alguma disciplina na faculdade, mantenha a mente aberta em relação a ela! Talvez a identificação com alguma área de atuação pode acontecer posteriormente no mundo profissional”.
Quer viajar virtualmente e aprender sobre lugares incríveis de algumas cidades americanas que visitei? Confira:
É isso galera! Comenta aqui embaixo ou lá no instagram do Engenharia 360 o que você achou da matéria e o que você gostaria de ver por aqui. Até a próxima!
Engenheira Civil, formada pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS; estudou também na Stanford University; passou um período trabalhando, estudando e explorando o Vale do Silício, nos Estados Unidos; hoje atua como analista de orçamentos ajudando a implantar novas tecnologias para inovar na construção civil.
Será que o etanol é realmente a melhor alternativa à gasolina? Descubra a Verdade!
por Giovanna Teodoro | | ATUALIZADO EM 6minImagem de @aleksandarlittlewolf em Freepik
Os biocombustíveis se destacam pela versatilidade, podendo ser usados sozinhos ou combinados com combustíveis convencionais. Sua adoção, no entanto, não ocorreu por acaso. A busca por alternativas menos prejudiciais ao meio ambiente e independentes do petróleo surgiu como resposta à crise energética global, que há décadas impacta diversos países, incluindo o Brasil. Dessa forma, fontes renováveis como biomassa florestal, cana-de-açúcar e outros materiais orgânicos ganharam protagonismo na matriz energética. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!
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O que é e por que usar Etanol?
Os combustíveis advindos do petróleo, devido aos produtos de suas combustões, poluem mais o meio ambiente do que outros. Esses combustíveis se constituem basicamente de hidrocarbonetos (compostos orgânicos que contêm átomos de carbono e hidrogênio) e substâncias constituídas de enxofre, nitrogênio, metais, oxigênio, etc.
Dentre os principais combustíveis compostos por esses hidrocarbonetos, podemos citar a gasolina, o gás liquefeito do petróleo (GLP), o gás natural (GNV) e o diesel. Com a crescente preocupação com os impactos ambientais causados pelas emissões de gases de efeito estufa, a busca por soluções sustentáveis tem ganhado relevância, e o etanol, um combustível largamente utilizado em motores de combustão interna, apresenta-se como uma alternativa promissora.
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O etanol é um combustível largamente utilizado em motores de combustão interna. Se comparados à gasolina, os álcoois, compostos orgânicos que têm o grupo funcional hidroxila (OH-), têm alto teor de oxigênio, portanto menor razão ar-combustível estequiométrica. Consequentemente, a cilindrada do motor (ou volume deslocado dentro do pistão) tende a ser menor. No entanto, ainda comparado ao hidrocarboneto, os álcoois têm aproximadamente metade da energia interna de combustão.
Desse modo, para obter a mesma potência do motor, a vazão de álcool precisa ser duplicada e, por consequência, o ar a ser inserido também, mantendo o volume deslocado inalterado, mas aumentando a capacidade dos injetores e bombas de combustível. Apesar desse desafio técnico, o etanol apresenta vantagens significativas em termos de redução de emissões de gases poluentes e impacto ambiental.
Etanol versus Gasolina: Qual é a melhor opção?
A escolha entre etanol ou gasolina como combustível mais vantajoso depende de vários fatores, incluindo o preço relativo dos dois combustíveis, o consumo de combustível do veículo e a eficiência energética de cada um.
Resumidamente, a vantagem do etanol sobre a gasolina está relacionada principalmente ao seu preço em relação à gasolina. Se o preço do etanol estiver consideravelmente mais baixo em relação à gasolina (geralmente com uma proporção de até 70% do preço da gasolina), o etanol pode ser mais vantajoso, pois seu poder calorífico é menor do que o da gasolina e, portanto, o consumo de etanol pode ser maior para percorrer a mesma distância.
Por outro lado, se o preço do etanol estiver próximo ou acima de 70% do preço da gasolina, é mais provável que a gasolina seja mais vantajosa, devido à maior eficiência energética da gasolina e, consequentemente, ao menor consumo por quilômetro percorrido.
É importante notar que a decisão entre etanol e gasolina também pode ser influenciada por fatores ambientais e de sustentabilidade, uma vez que o etanol é considerado um biocombustível e pode ter impactos ambientais e sociais positivos em relação à gasolina, que é derivada do petróleo.
O etanol como energia limpa e renovável
Considerado um combustível renovável, o etanol, quando derivado da cana-de-açúcar em específico, não tem grandes impactos nas emissões de gases do efeito estufa se queimados em motores de combustão interna. Isso se deve ao fato de o CO2 gerado durante a queima do combustível ser absorvido via fotossíntese durante o crescimento da cana-de-açúcar e a possibilidade de utilizar os resíduos sólidos resultantes da produção do etanol como fonte de energia (elétrica ou térmica), reduzindo drasticamente o consumo energético do processo.
Quando avaliado todo o seu ciclo de vida, o consumo de combustíveis fósseis ainda é alto, devido à utilização de máquinas movidas a óleo diesel, pesticidas e grandes quantidades de água para irrigação que, normalmente, não são reaproveitadas. Assim, é possível esperar que com avanços tecnológicos no cultivo e processamento da cana-de-açúcar, o impacto ambiental do etanol como combustível seja ainda menor.
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No cenário mundial, o Brasil tem se destacado como o país desenvolvedor da fabricação de etanol mais avançada em termos de tecnologia. A produção mundial desse combustível é da ordem de 40 bilhões de litros, e o Brasil é responsável pela fabricação de 15 bilhões de litros. Essa posição de destaque é resultado de investimentos, pesquisas e políticas públicas que incentivaram o uso do etanol como alternativa aos combustíveis fósseis.
Incentivos e desafios para a expansão do etanol
O Proálcool (Programa Nacional do Álcool), estabelecido na década de 1970, foi a primeira resposta do governo brasileiro para a crise do petróleo, promovendo a indústria de etanol. A pesquisa e investimentos na produção de etanol, entre 1974 e 1979, além do desenvolvimento de veículos movidos a etanol associado a políticas públicas, determinaram o sucesso do programa.
No início da década de 1990, ainda existia grande receio por parte dos consumidores em comprar carros movidos a álcool, pois haviam lidado com a escassez de etanol e tinham grande incerteza sobre a competitividade dos preços em relação à gasolina. Nos anos 2000, o aumento da quantidade de veículos flexfuel no mercado não garantiu a demanda por etanol.
É importante ressaltar que as políticas de incentivo feitas de forma descoordenada e baseadas em um horizonte de curto prazo geram instabilidade ao setor. Mesmo depois de anos de consolidação da indústria de etanol, sem a garantia de que essas políticas de incentivo sejam de fato instrumentos relevantes e utilizados de maneira clara, a indústria do álcool sempre será inferiorizada.
Imagem de mrsiraphol em Freepik
Outro grande desafio é por parte das usinas que querem reduzir a quantidade dos subprodutos (bagaço e vinhaça) gerados durante a fabricação de etanol. Uma opção tem sido utilizar o bagaço como combustível durante o processo produtivo. Realizar uma fermentação contínua, reduzindo a quantidade de vinhaça em até 75%, também é uma alternativa.
Quebra de paradigma: O futuro do etanol
Como visto, o etanol surge como uma limpa, eficiente e barata opção contra a utilização e o consumo do petróleo. Contudo, ainda existem transtornos, como grandes latifúndios monocultores e o próprio preconceito dos consumidores pela falta de informação ao pensar que carros movidos à álcool perdem potência ou têm desempenho inferior aos veículos movidos a gasolina. Além disso, o grande domínio dos países capitalistas ao difundirem o padrão de que o petróleo ainda é a única fonte de energia com alto potencial de uso eficácia real também representa um obstáculo significativo na adoção mais ampla do etanol como alternativa viável.
Para que ocorra uma verdadeira quebra de paradigma em relação ao uso de combustíveis, é necessário uma abordagem abrangente, que inclua educação e conscientização dos consumidores, políticas públicas estáveis e coerentes que incentivem o uso de biocombustíveis, investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e sustentáveis, além de um compromisso global para a transição energética rumo a uma economia de baixo carbono.
Somente com esforços conjuntos de governos, indústria e sociedade civil é possível superar os desafios e consolidar o etanol e outras fontes de energia limpa como parte integral de um futuro energético mais sustentável e ambientalmente responsável. Essa mudança de paradigma não apenas contribuirá para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas também impulsionará o progresso rumo a um modelo energético mais seguro, diversificado e resiliente para as gerações futuras.
E você, engenheiro, qual é sua opinião sobre o uso do etanol no Brasil? Deixe seu comentário abaixo!
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Engenheira Mecânica e Pós Graduanda em Gerenciamento de Projetos. Mineira curiosa que se divide entre a engenharia, a leitura, a escrita e a música.
Não carrego certezas, mas sigo querendo aprender.
Crew-1: SpaceX vai enviar quatro astronautas para o espaço
por Kamila Jessie | | ATUALIZADO EM 3min
SpaceX se prepara para o lançamento da primeira missão tripulada operacional da Crew Dragon, enquanto a cápsula é certificada para missões com humanos
Ainda deve estar fresco na sua memória o primeiro lançamento da SpaceX com tripulantes humanos durante o Launch America. O que vale apontar aqui é que a missão Demo-2 que os levou não foi concluída ainda, afinal, eles precisam voltar. Trata-se de um teste da cápsula Crew Dragon, visando mostrar sua capacidade de transportar humanos para o espaço e, após o retorno desses astronautas, será, de fato, realizada a primeira missão sem o “Demo” no nome, a Crew-1, levando quatro tripulantes para fora do nosso planeta.
Os astronautas pioneiros a viajar na Crew Dragon, Bob Behnken e Doug Hurley, vêm realizando tarefas vitais desde então, enquanto a cápsula permanece ancorada no módulo ISS Harmony. A Dragon é monitorada ativamente da estação de controle de missões da SpaceX e também pelos astronautas. Após a conclusão da missão Demo-2, a Dragon ganhará uma certificação de espaçonave de nível humano.
Teste de habitabilidade da Crew Dragon está incluído na Demo-2
Espera-se que os astronautas Bob e Doug retornem à Terra no início de agosto. Antes do retorno, eles realizarão um teste de habitabilidade do Crew Dragon, visando demonstrar que é possível que quatro viajantes estejam lá com conforto. Essa parte é meio questionável, vamos combinar.
Durante o teste de habitabilidade, quatro dos cinco astronautas atualmente trabalhando no laboratório em órbita vão ficar dentro da Crew Dragon por 24 horas. Além disso, também executarão procedimentos de emergência para avaliar a adequação da espaçonave e que possíveis melhorias poderão ser feitas para futuras tripulações.
Missão Crew-1
A próxima missão da SpaceX, Crew-1, enviará quatro astronautas a bordo da Crew Dragon em meados ou no final de setembro. A tripulação incluirá três astronautas da NASA (Victor Glover, Michael Hopkins e Shannon Walker) e um astronauta japonês da JAXA (Soichi Noguchi). A cápsula da missão Crew-1 está em produção e os astronautas já estão em treinamento. Sua missão será de seis meses, um período maior do que o da missão demo de Bob e Doug.
Once Demo-2 is complete, and the SpaceX and NASA teams have reviewed all the data for certification, SpaceX will launch Crew Dragon’s first six-month operational mission (Crew-1) later this year. The Crew-1 spacecraft is in production and astronaut training is well underway pic.twitter.com/SVMQMkK6AB
A SpaceX está comprometida em realizar seis missões tripuladas operacionais, sob um acordo de US $ 2,6 bilhões que a empresa assinou com a NASA em 2014. Por “missões operacionais”, podemos entender “missões pós-certificação”.
SpaceX sem desperdícios
Recentemente, contudo, houve uma modificação de contrato anunciada pela NASA, que exige que a SpaceX participe de treinamento conjunto adicional com equipes de busca e salvamento das forças armadas dos EUA, que seriam enviadas da Base Aérea de Patrick na Flórida e outros locais para recuperar astronautas no caso de um abortamento de emergência durante lançamento. A SpaceX, a NASA e as equipes militares de busca e resgate realizaram exercícios de treinamento conjuntos que antecederam o Crew Dragon Demo-2. Essas sessões de treinamento continuarão antes das próximas seis missões do Crew Dragon sob contrato com a NASA.
Primeiro estágio do foguete Falcon 9 recuperado em um navio zangão após lançamento da missão Demo-2. Foto: SpaceX via Twitter.
Como a SpaceX é pioneira no reaproveitamento de foguetes e houve boosters de Falcon 9 utilizados até cinco vezes, em troca dos novos requisitos da NASA, a empresa conseguiu autorização para reutilizar a Crew Dragon e o primeiro estágio do Falcon 9. Isso foi permitido nas missões tripuladas da NASA a partir da Crew-2. Enquanto isso, a Crew-1, primeiro voo operacional de astronautas com a spacetech de Elon Musk, está programado para usar cápsula e foguete novos.
Qual sua opinião sobre a NASA trabalhar com empresas privadas? Conta para a gente nos comentários!
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.
Sete universidades brasileiras estão entre as dez melhores da América Latina
por João Paulo Pinzon | | ATUALIZADO EM 2min
No início de julho, foi divulgado pela Times Higher Education (THE) o tradicional ranking das universidades latino-americanas. Nesta edição de 2020, o número de instituições brasileiras entre as 10 melhores do ranking pulou de seis para sete.
O ranqueamento da THE é constituído no estudo de cinco indicadores, sendo: ensino, pesquisa, visão internacional, citações e transferência de conhecimento para a indústria. Assim, as 166 instituições que são avaliadas recebem uma nota para cada um dos critérios que detém pesos diferentes na composição da nota final.
Confira o Top 10
PUC Chile (Pontifícia Universidade Católica do Chile) – Chile
USP (Universidade de São Paulo) – Brasil
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) – Brasil
Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey – México
UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) – Brasil
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) – Brasil
PUC Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) – Brasil
Universidade do Chile – Chile
UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) – Brasil
Unesp (Universidade Estadual Paulista) – Brasil
No ranking de 2019, se faziam presentes seis universidades brasileiras. Contudo, este ano a UFSC saiu da décima segunda para a nona colocação, tornando-se a única instituição, dentre as dez, localizada na região sul do Brasil.
A UFSC é a terceira melhor universidade federal do Brasil, de acordo com o ranking do Times Higher Education. (Imagem: Divulgação/UFSC)
O primeiro lugar do ranking pertenceu por muito tempo à USP, entretanto desde o ano passado, a PUC Chile ultrapassou a universidade paulista tomando o primeiro lugar. O motivo desta modificação infelizmente não sabemos, uma vez que a THE não divulga as notas dadas a cada um dos indicadores estudados.
Fundada em 1888, a Pontifícia Universidade Católica do Chile contém mais de 20 mil estudantes, localizada na capital Santiago. (Imagem: PUC Chile/Divulgação)
Neste ano também foi considerado empate entre a UFMG e a Unifesp, visto que ambas ocupam a quinta posição de acordo com o ranking do THE.
O Brasil é o país mais presente na lista, não apenas nas dez melhores, como também é o que contém maior número de instituições listadas. Só para se ter uma noção, a avaliação é feita em 12 países, e o Brasil lidera o número de universidades com 61, seguido pelo Chile, com 30.
Outras universidades que merecem visibilidade
Além destas já citadas, outras universidades brasileiras bem listadas foram a UFRJ que ficou no décimo segundo lugar, a UFRGS na décimo terceira colocação e a UnB na décima quarta posição. Logo, estas universidades podem surpreender ano que vem, semelhante à UFSC este ano.
Engenharia de Produção na UFRGS em formação e Técnico em Automação Industrial. Não sou inteligente, mas sou disciplinado e acredito que unicamente a disciplina é o que leva-nos ao sucesso. Para mim, a base da sociedade moderna é a conjuntura da educação e inovação.
Quais as relações entre a COVID-19 e o saneamento?
por Kamila Jessie | | ATUALIZADO EM 4min
Existem vínculos entre saneamento e a disseminação de coronavírus, cujo mapeamento evidencia desigualdades no setor.
A pandemia de COVID-19 tem colocado em evidência fragilidades estruturais dos sistemas de saúde. Essa vulnerabilidade é potencializada pelas desigualdades no saneamento, que abrange o abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e resíduos sólidos e também a drenagem urbana. Nesse contexto, saneamento básico é uma pauta que deve ser considerada ao avaliar o controle da disseminação de doenças, inclusive a causada pelo novo coronavírus.
Aglomerado urbano desordenado, no México. Foto: humanrights2water.org
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento indicam que, apesar de 83,62% dos brasileiros serem atendidos com abastecimento de água tratada, a não-universalização desse serviço incute em 35 milhões de pessoas sem água no país. Além disso, apenas 53% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto, do qual só 46% é tratado.
A baixa cobertura de sistemas de esgotamento sanitário e tratamento de efluentes domésticos expõe as pessoas a doenças – não apenas respiratórias, mas também gastrointestinais, ainda responsáveis por mortes no mundo inteiro. Esperamos que esse alerta sirva como impulso às autoridades para a tomada de medidas que contemplem populações vulneráveis.
Na posição de engenheiras e engenheiros, principalmente, queremos ver tecnologias sendo implementadas para a melhor qualidade de vida de todos. O conhecimento, afinal, está disponível e em crescente desenvolvimento e água e saneamento são questões de direitos humanos.
Como lavar as mãos quando não tem água?
A pandemia de COVID-19 vem sendo encarada também como uma crise de higiene. Uma abordagem ampla do saneamento, chamada WASH (water, sanitation and hygiene) inclui água como um fator em destaque e também a higiene, relacionada principalmente a hábitos. Aí damos ênfase principalmente a comunidades vulneráveis, que são grupos com maior risco de problemas de saúde como resultado das barreiras que enfrentam aos recursos sociais, econômicos, políticos e ambientais.
Muitas vezes, essas comunidades indispõem de abastecimento de água coletivo ou mesmo água tratada, de modo que políticas como #laveasmãos não geram efeitos. Igualmente, #fiqueemcasa não é muito eficaz ou realista com grande parte da população, principalmente quando falamos de unidades familiares com muitas pessoas, aglomeradas em instalações com pouca infraestrutura.
— The Sanitation & Hygiene Fund (@SHFund__) March 27, 2020
De acordo com o Relatório Conjunto de Monitoramento da OMS/ UNICEF, em 2017, cerca de 3 bilhões de pessoas careciam de uma instalação básica para lavar as mãos com água e sabão. Além disso, quase 3/4 da população em países menos desenvolvidos não possuíam uma pia sequer. E não é só em casa: em 2016, quase 900 milhões de crianças em todo o mundo careciam de um serviço de higiene básica na escola. Da mesma forma, uma em cada seis unidades de saúde em todo o mundo não possuía serviço de higiene, o que significa que elas não tinham instalações de higiene das mãos nos pontos de atendimento, expondo as pessoas às mais diversas fontes de disseminação de doenças.
E o que fazer diante disso? A gente quer priorizar lideranças, orçamentos e compromisso para definir e alcançar metas inclusivas e de progresso sustentado, não apenas focando em surtos atuais. Primeiro, o problema tem que se tornar visível para que então a gente corra atrás da reforma. E, cá entre nós, consiga emprego e um mínimo de paz na consciência dos profissionais do saneamento, que convivem com o descaso diante dessa realidade todos os dias, por anos a fio.
Monitorando esgoto
Muitos profissionais de epidemiologia, inclusive no escopo da engenharia sanitária e da computação, vêm se dedicando à modelos preditivos de surtos da COVID-19. Isso tem sido desenvolvido com base em diferentes tipos de monitoramento.
Sendo uma doença respiratória, pode parecer estranho pensar em efluentes como algo a monitorar, mas a verdade é que há estudos mapeando material genético do novo coronavírus no esgoto e, resultados sugerem que esses dados podem permitir prever picos até dez dias antes do que resultados médicos. Esse tipo de análise tem sido feito no Brasil também, e dados indicaram que a disseminação dos casos não é homogênea.
Quem sabe esse boost em monitoramento de microrganismos por meio de ferramentas moleculares pode ser aproveitado também para mapear e prever a disseminação de doenças de veiculação hídrica? As chamadas “doenças tropicais negligenciadas” poderão ganhar mais atenção das autoridades. Pelo menos esperamos que sim.
Outro olhar para tecnologias de desinfecção
A pandemia vai, sem dúvida, fazer a gente repensar o planejamento das cidades e, além disso, mudanças são esperadas com relação a WASH, desde infraestrutura até comportamento.
Na esfera do saneamento, a inativação de microrganismos é objetivo no tratamento de água e efluentes em geral, mas não é só com álcool em gel que a gente deve incorporar nossa própria higiene. Muitas das técnicas adotadas em grandes estações de tratamento vêm sendo estudadas para descontaminação de superfícies. Exemplos são a desinfecção com UV germicida, oxidação por agentes químicos, dentre outros mecanismos, como a mudança de fase, que podem ser integrados no nosso dia-a-dia como uma sanitização complementar.
De forma alguma vamos ter a ousadia de tirar conclusões “positivas” diante de uma pandemia, mas da perspectiva da engenharia, é possível que os avanços para conter a disseminação de patógenos possa melhorar sistemas de desinfecção e tornar os ambientes mais seguros. Já pensando em saúde pública, vamos torcer e nos manifestar para que a cobertura de saneamento básico se torne finalmente uma prioridade dos tomadores de decisão, minimizando as desigualdades nesse cenário.
Também vale conferir o papo que o Engenharia 360 teve com os engenheiros sanitaristas e ambientais Fernando Magalhães e Fernando Mortara. Você pode assistir a live abaixo:
Conta para a gente sua opinião sobre o cenário do saneamento no Brasil! Você acha que a pandemia vai gerar alguma mudança nesse setor?
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.
Campus Party 2020: confira o que está rolando no evento | Cobertura 360 [Atualizado]
por Redação 360 | | ATUALIZADO EM 4min
A Campus Party 2020 ocorre entre os dias 9 e 11 de Julho e nós vamos contando tudo por aqui, fique de olho!
A Campus Party ocorre pela primeira vez de forma totalmente digital e gratuita (com o benefício voltado para os Médicos sem Fronteiras – MsF). Neste ano, ela é realizada de forma simultânea em mais de 30 países entre os dias 9 e 11 de Julho, com palestrantes nacionais e internacionais, e nós, do Engenharia 360, vamos contar um pouquinho do que acontecer por lá, então fique de olho, porque este texto vai ser atualizado à medida que tivermos novas informações.
O que é o evento Campus Party?
Segundo o site da Campus Party, “O maior evento multidisciplinar sobre inovação e criatividade, dedicado aos criadores do futuro. Centenas de eventos com transmissão ao vivo. Palestrantes nacionais e internacionais. Conteúdos on-line, entrevistas, painéis, workshops e networking durante três dias de experiências ao vivo e sob demanda.”
No total, serão mais de 5 mil palestras e a organização espera receber cerca de 10 milhões de participantes. A versão é online por um motivo que todos nós já sabemos: a pandemia de covid-19. Isso permitiu que ela seja gratuita. Os participantes podem fazer doações para o Médicos sem Fronteiras durante as transmissões.
No Brasil, há três transmissões: “Amazônia”, “Brasília” e “Goiás”. Para assistir, basta criar um cadastro no site da Campus Party. É rápido, simples e não há nenhum custo. Você pode assistir as palestras de qualquer lugar no mundo, basta escolher a transmissão (mas elas estarão no idioma do local).
Alguns dos palcos são: Green Deal (energia limpa e sustentável), Joy of Live (entretenimento digital), Living Better (saúde e ciência), New Horizons (educação e cidades inteligentes) e Work Life (emprego e economia).
Segundo o G1, as atrações mais esperadas são:
09/07, às 11h: Don Tapscott, presidente-executivo do Instituto de Pesquisa em Blockchain discute a segunda era da internet
10/07, às 10h: a engenheira Monique Morrow fala sobre o conceito de “realidade estendida”, e como realidades aumentadas e virtuais expandirão o conhecimento coletivo;
10/07, às 12h: Tim Berners Lee, um dos inventores da World Wide Web, Al Gore, político americano responsável por leis de expansão da internet nos EUA, e Vinton Cerf, co-desenvolvedor do protocolo TCP/IP discutem o futuro da internet;
10/07, às 14h: Sharron McPherson, cofundadora do Centro para Tecnologias Disruptivas, debate o futuro do aprendizado na África
11/07, às 11h: Edward Snowden discute o tema desta edição: “Como reiniciar o mundo”;
11/07, às 12h: Jon ‘maddog’ hall, presidente do conselho do Instituto Profissional Linux, discute o uso de open culture em novas empresas;
11/07, às 13h: Alishba Imran, Isabella Grandic e Nina Khera, três adolescentes envolvidas com empreendedorismo e pesquisa científica, discutem seus projetos e trabalhos e como ajudar a impulsionar a humanidade para o futuro;
11/07, às 14h: Phil Campbell, que já trabalhou como diretor de criação em franquias de filmes como O Poderoso Chefão e James Bond, fala sobre o processo de design durante uma pandemia;
11/07 às 15h30: Ricardo Cappra, renomado cientista de dados, debate como observar fatos e usar os dados para tomar decisões melhores.
Dia 09/07
Pela manhã, uma das atrações foi Radia Perlman, que falou sobre a internet: “A internet: podemos sobreviver sem ela? Podemos sobreviver com ela?” (em tradução literal). Perman abordou sobre o tema: “A Internet mudou definitivamente a sociedade, com tanta rapidez e profundidade que é difícil imaginar como era a vida antes de a Internet se tornar onipresente. Algumas das mudanças são maravilhosas. Alguns são aterrorizantes. No entanto, os problemas podem ser vistos pelos alunos de hoje como oportunidades de pesquisa.”
Na parte da tarde, no palco Green Deal, Anna Luisa Beserra, fundadora da startup “Safe Drinking Water for All“, apresentou um pouco do seu projeto, que visa democratizar o acesso à água potável e saneamento. Ela contou desde quando começou a participar de concursos de água e saneamento, aliado ao seu sonho de ser cientista, até a fundação da startup e o projeto que é feito hoje. No palco Joy of Life, Bia Granja, Co-fundadora e CCO da YOUPIX, falou sobre o novo normal da influência e como as pessoas estão redescobrindo a forma de se comunicar à distância.
No palco Work Life, Rafael Torales, especialista em trabalho remoto, fala sobre como Home Office não é o novo normal e trabalhar de casa não é o futuro, mas uma situação que estamos vivendo agora e precisamos nos adaptar.
Dia 10/07
Pela manhã, no palco Global Main Stage, a engenheira Monique Morrow abordou as facetas da Realidade Estendida, falando sobre como a sociedade busca soluções voltadas para o bem-estar humano.
Na parte da tarde, Tim Berners Lee, Al Gore e Vint Cerf se reuniram com David Pogue para falar sobre o futuro da internet. No palco Work Life, Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, contou sua trajetória no ambiente empreendedor e deu dicas para quem quer abrir um negócio ou dar aquele up no empreendimento.
Já no palco New Horizons, Luciano Driemeier, gerente de Mobilidade de Novos Negócios da Ford América, falou sobre “o poder de fazer diferente: adaptações e inovações em tempo de pandemia”. Um dos pontos que ele cita é o perfil do consumidor e a mobilidade em um mundo VUCA (vulnerabilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade), com as indústrias mudando seu foco justamente para o consumidor.
Outro assunto que Driemeier comentou foi sobre carros autônomos e as novas tecnologias da Ford de autolimpeza e desinfecção – um tema relevante se pensarmos na pandemia de coronavírus. Nesse sentido, ele também chamou atenção sobre “como pensar no carro do futuro?” e sobre como a tecnologia deve estar a favor do ser humano, colocando as necessidades humanas no centro.
Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.
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