A SpaceX está oferecendo bilhetes para turistas viajarem no mesmo tipo de espaçonave que levará os astronautas da NASA à Estação Espacial Internacional (ISS). Por meio de uma parceria com a empresa de turismo espacial Space Adventures, quatro ingressos estão à venda para orbitar muito além da ISS em uma cápsula Crew Dragon.

Crew Dragon, cápsula que abrigará turismo espacial pela SpaceX em parceria com a Space Adventures.. Imagem: SpaceX.
Crew Dragon. Imagem: SpaceX.

Turismo espacial e a Space Adventures

O turismo espacial é definido como uma viagem espacial humana para fins recreativos. Existem vários tipos diferentes, incluindo o turismo espacial orbital, suborbital e lunar. Até o momento, o turismo espacial orbital foi realizado apenas pela Agência Espacial Russa.

E existe uma agência de turismo por trás do negócio: a Space Adventures, que, entre 2001 e 2009, enviou sete indivíduos particulares para a Estação Espacial Internacional a bordo da nave russa Soyuz, cobrando dezenas de milhões de dólares por viagem. Não é para qualquer um.

Agora, a empresa está pronta para retomar seus pacotes de viagem, mas junto à empresa do controverso Elon Musk. A Crew Dragon da SpaceX foi desenvolvida para levar os astronautas da NASA para a ISS e completou uma viagem para a ISS sem tripulação em março. Sua primeira missão (se é que podemos chamar assim ao tratar de turismo espacial) com a tripulação está prevista para este ano.

A viagem com turistas está programada para depois disso, no final de 2021 ou 2022, mas seguirá uma trajetória diferente. A missão orbitará a Terra por até cinco dias a uma distância entre duas e três vezes maior que a ISS, twittou o CEO da Space Adventures, Eric Anderson.

Planos da SpaceX não são assim tão recentes

O CEO da SpaceX, Elon Musk, brinca com a ideia de turismo espacial como um negócio há alguns anos, apesar de estar muito otimista sobre quanto tempo isso pode acontecer. A empresa anunciou no início de 2017 que havia aceitado pagamentos não revelados de dois clientes para uma viagem à Lua usando o Crew Dragon e o foguete Falcon Heavy.

Para quem não lembra, o Falcon Heavy foi testado usando o Tesla Roadster de Elon Musk como carga útil para o teste em fevereiro de 2018 e se tornou um satélite artificial do Sol. “Starman”, um manequim vestido com um traje espacial, ocupa o banco do motorista. Não há nenhuma aspiração que seja maluquice para essa empresa.

Tesla Roadster carga útil no Falcon Heavy. Fonte Insider
Tesla Roadster carga útil no Falcon Heavy. Fonte: SpaceX via Flickr.

A gente comentou sobre isso aqui, esperando que fosse ser cumprido o que a SpaceX havia divulgado na época, isto é, que a viagem aconteceria até o final de 2018. Mas em setembro de 2018, a empresa anunciou que pretendia enviar um desses passageiros – o bilionário japonês Yusaku Maezawa – pela Lua usando o Big Falcon Rocket, a ser construído. Ainda não está claro o que aconteceu com o segundo cliente, mas a polêmica era que Maezawa pretendia lançar um reality show para arrumar uma namorada que o acompanhasse na viagem.

Turismo espacial e custos mais do que estratosféricos

A Space Adventures disse que o preço da missão não será divulgado, e as duas empresas foram discretas outros detalhes, como que tipo de preparação os turistas terão que passar. Afinal, não é uma viagem muito convencional.

A presidente e diretora de operações (COO) da SpaceX, Gwynne Shotwell, disse em comunicado que a empresa está “satisfeita em trabalhar com a equipe da Space Adventures” em uma viagem de turismo pela Crew Dragon. “Esta missão histórica abrirá um caminho para tornar possível o voo espacial para todas as pessoas que sonham com isso“, disse ela. Mas será que contempla qualquer um mesmo?

O preço da missão não será divulgado, mas está dentro do alcance de outras oportunidades de voos espaciais orbitais“, diz Stacey Tearne, representante da Space Adventures. Os preços de outras viagens da Space Adventures variaram em torno de $ 20 milhões de dólares americanos para uma viagem à ISS, mas também há ingressos futuros de US $ 150 milhões para orbitar ao redor da lua.

Não é qualquer um a embarcar nessa.


Fontes: CNN. New Scientist. Space.com. The Verge.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Robôs que coexistem conosco no ambiente e desempenham funções para facilitar nossas vidas precisam de certas capacidades de interação. Um requisito é entender relações espaciais que permitam, por exemplo, posicionar objetos adequadamente e seguir nossos comandos. Aqui a gente explica um trabalho que apresentou uma rede neural convolucional para estimar probabilidades de posicionamento de objetos em pixels para um conjunto de situações no espaço a partir de uma única imagem de entrada. O diferencial? O método não requer dados de verdade para as probabilidades relacionais. O robô “imagina” os objetos.

Robô recebendo instruções do usuário para movimentar objeto.
Robô recebendo instruções do usuário para movimentar objeto. Fonte: Mees et al., 2020.

O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha, e divulgado no ArXiv, uma plataforma bastante comum onde cientistas disponibilizam seus resultados depois da aprovação em algum evento. Nesse caso específico, a novidade será apresentada no IEEE International Conference on Robotics and Automation (ICRA), em Paris, em junho. A gente já comentou aqui sobre a importância de eventos da área.

Instruções sem manual para o robôs

O treinamento de robôs para entender as relações espaciais e mover objetos pode ser muito difícil, pois as instruções do usuário não costumam delinear um local específico em uma cena maior observada pelo robô. Em outras palavras, se um usuário humano disser “coloque a caneca à esquerda do relógio”, o robô não recebe maiores detalhes. Por exemplo: a que distância do relógio o robô deve colocar a caneca e onde fica o limite exato entre diferentes direções (por exemplo, direita, esquerda, frente, atrás, etc.)? Fora nossos típicos brancos de comunicação, como “pega aquele trem ali no coiso”.

Objeto posicionado de diferentes maneiras em relação ao robô.
Robô realizando posicionamento do objeto. Fonte: Mees et al., 2020.

Devido a essa ambiguidade inerente das instruções, também não há uma base de dados perfeitamente correta que possa ser aplicada para modelarmos relações espaciais. E foi nesse aspecto que a equipe de pesquisadores resolveu inovar: a principal ideia desenvolvida foi que quando há dados dois objetos e uma imagem representando o contexto em que são encontrados, é mais fácil determinar a relação espacial entre eles.

Embora a identificação de uma relação espacial entre dois objetos não especifique onde os objetos devem ser colocados para reproduzir essa relação, a inserção de outros objetos na cena pode permitir ao robô inferir uma distribuição por várias relações espaciais. A adição desses objetos inexistentes (ou seja, “alucinados”, como diz o trabalho) ao que o robô está vendo deve permitir avaliar como a cena ficaria se realizasse uma determinada ação.

Antes de treinar uma rede neural convolucional para aprender relações espaciais baseadas em objetos imaginados, os pesquisadores precisavam garantir que ela fosse capaz de classificar as relações entre pares individuais de objetos com base em uma única imagem. Posteriormente, eles “enganaram” sua rede, apelidada de RelNet, para classificar cenas “alucinadas”, implantando recursos de alto nível de itens em diferentes locais espaciais.

Resultados e perspectivas do “delírio” robótico

Os pesquisadores avaliaram seu método em uma série de experimentos envolvendo robôs e usuários humanos reais. Os resultados desses testes foram altamente promissores, pois seu método permitiu que os robôs identificassem efetivamente as melhores estratégias para colocar objetos em uma mesa, de acordo com as relações espaciais descritas pelas instruções de voz de um usuário humano.

“Nossa abordagem permite que um robô siga as instruções de colocação em linguagem natural fornecidas por usuários humanos com coleta de dados ou heurísticas mínimas”, disse Mees, um dos autores do trabalho. “Todo mundo gostaria de ter um robô de serviço em casa que possa executar tarefas, entendendo as instruções em linguagem natural. Este é o primeiro passo para permitir que um robô entenda melhor o significado das preposições espaciais comumente usadas”. A verdade é que ninguém gosta de ser mal interpretado, mesmo que por robôs.

Fonte: ArXiv. TechXplore.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Cansou de estudar cálculo e precisa de um empurrãozinho para se motivar? Nós separamos uma lista de filmes e séries sobre matemática e que você consegue assistir na Netflix.

+FILMES

O homem que Viu o Infinito (2015)

O Homem que Viu o Infinito conta a história do matemático Srinivasa Ramanujan, um gênio matemático que cresceu em um local pobre da Índia. Ramanujan enviou seus trabalhos para G. H. Hardy, na Inglaterra, e, depois de muito esforço, conseguiu ir para a Universidade de Cambrige viver seu sonho. Mas a vida não foi nada fácil para ele: além de deixar a família na Índia, o gênio matemático precisa provar sua capacidade e viver com o preconceito sobre suas origens. Ainda, o filme tem a Primeira Guerra Mundial como pano de fundo dos seus dias em terras inglesas.

Gênio Indomável (1997)

Will, um jovem gênio da matemática, trabalha no setor de limpeza de uma universidade. Após mostrar sua afinidade com a matemática, Will arruma confusões e acaba preso. Como consequência, ele é obrigado a fazer terapia e a frequentar aulas de matemática. Depois de passar por vários terapeutas, ele se identifica com um que o incentiva a achar um direcionamento na vida.

Quebrando a Banca (2008)

Em Quebrando a Banca, Ben Campbell é um estudante brilhante do MIT que precisa pagar as contas. Para isso, ele recorre aos jogos de cartas e se junta a um grupo de alunos que vai para Vegas jogar de modo ilegal. O grupo é liderado por um professor de matemática. O problema é que os métodos que eles usam são quase infalíveis e eles começam a chamar a atenção na “Cidade do Pecado”. Vale destacar que o filme é baseado em registros ocorridos na década de 1990 e reportado pela revista Wired.

https://www.youtube.com/watch?v=PsK1c9ZBpuw

A teoria de tudo (2014)

A Teoria de Tudo é baseado na biografia do grandioso astrofísico Stephen Hawking. O filme trata de sua vida tanto acadêmica, de seus relacionamentos, das descobertas científicas e da difícil jornada ao lidar com uma doença degenerativa e superar a estimativa de vida que lhe foi dada pelos médicos. O filme rendeu o Oscar de melhor ator a Eddie Redmayne, que viveu Hawking.

O Contador (2016)

O Contador é um filme para quem gosta de números, mas também curte ação. Ele retrata a história de um homem que tem um transtorno do espectro autista e muita facilidade com números. Com um escritório de contabilidade que também serve de lavagem de dinheiro para muitos criminosos, ele descobre uma fraude gigantesca nos livros contábeis de uma empresa, o que coloca sua vida e de sua colega de trabalho em risco.

+SÉRIES

The Code (2011)

Há duas séries com esse nome na Netflix. Uma delas é quase um documentário e possui apenas três episódios. Nela, Marcus du Sautoy, um renomado professor de matemática, famoso por seus estudos em teoria dos números, explora o código matemático que está por trás da vida e do universo. O professor mostra vários padrões presentes na natureza, desde formações rochosas até o ciclo reprodutivo de cigarras.

Está nos números (2018)

Está nos números é um documentário que mostra como são feitas as previsões de tudo ao nosso redor. Segundo o catálogo da Netflix, ele “explora a confiabilidade de estatísticas e algoritmos, e de como eles informam nossas vidas“.

+ BÔNUS: NUMB3RS (2005)

Essa série não está na Netflix, mas é totalmente sobre matemática. Nela, o agente do FBI Don Eppes conta com a ajuda do seu irmão, Charles Eppes, para resolver alguns casos. Charlie é um gênio da matemática reconhecido em seu campo de trabalho. Ao descobrir que pode ajudar seu irmão, ele passa a aplicar a matemática nos diversos problemas que surgem na rotina do FBI.

Durante os episódios, Charlie explica teorias matemáticas complexas com exemplos simples, possibilitando o entendimento por parte da equipe, além de conciliar com a vida acadêmica e ouvir os conselhos de seu amigo Larry, um físico que o auxilia em alguns casos. Os problemas matemáticos que aparecem são baseados em pesquisas existentes e a série foi uma parceria da CBS com o Wolfram Research (o mesmo ligado ao WolframAlpha, site muito usado para resolução de problemas matemáticos). Neste link, é possível encontrar as teorias detalhadas usadas em cada episódio.

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Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

As cidades já são responsáveis ​​por 70% das emissões globais de dióxido de carbono e consomem dois terços da energia do mundo. Embora a rápida urbanização tenha sido o catalisador de soluções inovadoras em muitas áreas, incluindo moradia, transporte e infraestrutura geral, uma questão há questões frequentemente esquecidas: segurança alimentar e uma vida saudável. Aqui a gente explora uma lista divulgada pela ONU sobre como lidar com esses fatores diretamente relacionados com o poder transformador das cidades.

Infelizmente, a vida corrida (ou engarrafada) na cidade muitas vezes gera más escolhas alimentares. As áreas urbanas também são uma importante fonte de desperdício de alimentos, por mais duro que seja encarar esse cenário. E para piorar, a expansão urbana também está acontecendo em detrimento dos recursos naturais e espaços verdes, aumentando a vulnerabilidade das comunidades urbanas aos efeitos das mudanças climáticas, com a potencialização de eventos, por exemplo, chuvosos, causando estragos por aí.

Cidade com área verde integrada.
Cidade com área verde integrada. Imgem: Shuttersnap via Unsplash.

O papel da engenharia está diretamente relacionado à ideia de projetar cidades, por mais genérico que esse trabalho pareça. Isso envolve planejamento, alocação de recursos, sistemas de transporte e logística, drenagem urbana, sistemas de esgotamento sanitário e abastecimento de água, e a construção de prédios residenciais ou comerciais, com devido fornecimento de energia. Em meio a cabos e concreto, a gente pode acabar esquecendo do cliente principal, que somos nós mesmos, sujeitos a todo o poder transformador da vivência nas cidades, conforme mencionamos aqui.

No papel de engenheiras e engenheiros, cabe a nós também ter uma consciência que estimule o desenvolvimento de (ou a cobrança por) cidades saudáveis ​​e sustentáveis ​​para nós e para as gerações futuras. Nesse cenário, inclusive, devemos reavaliar o funcionamento dos nossos centros. A Organização das Nações Unidas, ONU, apoia os formuladores de políticas para que incorporem sistemas alimentares no planejamento das cidades e isso está diretamente ligado à nós engenheiras e engenheiros.

Aqui estão cinco maneiras pelas quais podemos tornar as cidades mais saudáveis ​​e mais sustentáveis:

1. Promover a agricultura urbana

Quando você pensa em agricultura, a maioria das pessoas associa isso a áreas rurais. Mas você sabia que mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo praticam agricultura urbana? Esse tipo de produção poderia ser uma abordagem diferenciada para agtechs, startups orientadas no setor da agricultura, que voltassem sua atenção para a produção dentro das cidades.

Em que isso ajuda no meio ambiente? Bem, além de preservar as terras agrícolas nas áreas urbanas, podemos reduzir as cadeias de suprimentos e a quantidade de dióxido de carbono emitida ao transportar alimentos das áreas rurais para as urbanas.

agricultura urbana pode melhorar a segurança alimentar nas cidades
Agricultura urbana. Imagem: agritecture.com

2. Incentivar dietas saudáveis

Estilos de vida e padrões alimentares são fortemente influenciados pelos tipos de alimentos disponíveis e sua acessibilidade. Nas cidades onde existe uma grande variedade de opções de fast food e conveniência, os alimentos disponíveis costumam ser densos em energia e altamente processados. Esta é uma tendência crescente, que a gente sabe que faz mal, mas acaba se permitindo.

Nos países de renda média baixa, o consumo de alimentos processados ​​com pouco valor nutricional aumentou 5,45% ao ano entre 1998 e 2012. Os governos nacionais e as administrações municipais dos países em desenvolvimento enfrentam o problema de ter que lidar com a desnutrição, mas também com os efeitos na saúde da obesidade que está aumentando a um ritmo alarmante. Alô, engenharia de alimentos, temos um problema aqui.

3. Reduzir e gerenciar o desperdício de alimentos

As pessoas nas áreas urbanas consomem até 70% do suprimento global de alimentos, mas grande parte é descartada. Prevê-se que o desperdício urbano de alimentos no varejo e no consumidor tenha aumentado em 35% entre 2007 e 2025. São estimativas da ONU, viu?

Embora as causas do desperdício de alimentos variem de uma região do mundo para outra, geralmente um planejamento inadequado de alimentos, embalagens inadequadas, armazenamento inadequado e todas as práticas culturais estão contribuindo para o problema. Novamente, isso é serviço para a gente aqui da engenharia solucionar.

Além disso, o desperdício de alimentos que não é tratado está enchendo os aterros. Eu ouvi Civil e Ambiental? Pois é: esse cenário não é apenas um desperdício de alimentos, mas também um de energia, dinheiro e recursos naturais, como área agricultável e água, usados ​​para produzir e processar os alimentos. Além dos custos vinculados ao manejo dessa comida desperdiçada, que se torna um resíduo que, se não for tratado e disposto de forma correta, pode se tornar um passivo ambiental.

biotecnologia na produção de alimentos engenharia 360
Imagem ilustrativa de biotecnologia na produção de alimentos. Imagem: explorebiotech.com

4. Aumentar os espaços verdes para ambientes mais saudáveis ​​e estilos de vida melhorados

 À medida que as áreas urbanas continuam a se expandir, os espaços verdes estão desaparecendo. Mais do que apenas pelo apelo estético, árvores e áreas verdes são essenciais para melhorar a qualidade do ar, mitigar as temperaturas urbanas, incentivar a atividade física e melhorar a saúde geral. É possível projetar, por exemplo, edifícios comerciais pensados em melhorar a qualidade de vida ou aumentar a quantidade de áreas verdes na cidade pensando em técnicas de drenagem com controle na fonte.

A poluição do ar, o aumento da temperatura local e o estilo de vida sedentário podem aumentar a probabilidade de doenças cardiovasculares e respiratórias, obesidade e alimentar a propagação de novos patógenos. A gente já até viu alguns sistemas de filtração de ar urbanos, mas será que é necessário chegar nesse ponto na hora de planejar parques e outros equipamentos urbanos? Novamente, associar práticas de plantio indoor, hortas comunitárias, dentre outras iniciativas similares podem influenciar tanto a segurança alimentar quanto a qualidade de vida em geral.

5. Reconectar cidades com áreas rurais circundantes

Nada funciona isoladamente, e isso não seria diferente para as áreas urbanas. As cidades dependem fortemente das áreas rurais vizinhas para fornecimento de alimentos, força de trabalho, abastecimento de água e disposição de resíduos, muitas vezes.

Planejar devidamente a cidade considerando região metropolitana e arredores rurais é extremamente válido para uma abordagem inclusiva. Temos ferramentas suficientes para trazer soluções inovadoras de conexão e logística que permitam o planejamento de centros urbanos integrados e o campo contemplado.

Segurança alimentar e saúde: ONU aponta 5 formas de tornar cidades mais saudáveis e sustentáveis
Vila de casas em uma colina em área rural. Fonte: Alexdotcom via Unsplash.

Fonte: FAO.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

A Engenharia Estrutural é um ramo da Engenharia Civil voltado para o uso de cálculo estrutural (como o próprio nome já diz). Apesar de ser um profissional bem conhecido, não é todo mundo que sabe exatamente o que ele faz ou como é a formação.

Antes de passar para o texto, nós entrevistamos Abram Belk, engenheiro civil e sócio-diretor da TQS, uma empresa de softwares para engenharia de estruturas e geotecnia. Belk nos conta qual o papel do engenheiro que trabalha com projeto estrutural, como foi a evolução do mercado da engenharia estrutural, como é feito o cálculo estrutural e a relação dos softwares com o BIM. Ele também comenta sobre como os softwares podem ajudar os estudantes, explica sobre a versão gratuita do TQS e dá dicas para quem quer se especializar na área de estruturas. Vem conferir no vídeo abaixo:

Confira também a entrevista em versão podcast:

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O que é Engenharia Estrutural?

A Engenharia Estrutural diz respeito ao uso do cálculo estrutural para a construção de projetos como edifícios, pontes e outros semelhantes. Para quem quer se especializar na área, há cursos de pós-graduação (nas modalidades de especialização, mestrado e doutorado).

O objetivo desse profissional é fazer um projeto no qual a estrutura consiga cumprir sua função sem entrar em colapso, sem vibrar de forma excessiva ou sem sofrer deformação. Essa estrutura não pode romper, ela deve ser segura e, ao mesmo tempo, econômica (ou seja, um projeto economicamente viável).

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O que faz o profissional?

Cabe ao engenheiro estrutural planejar, executar e fiscalizar a parte estrutural das obras. Há quem diga que, se a estrutura fosse o corpo humano, o arquiteto seria o responsável pela forma e pela aparência desse corpo, enquanto o engenheiro estrutural ficaria por conta do esqueleto e dos tendões.

estrutura BIM em software visualização 3D
Imagem: medium.com/@structuraldesigndrafting

Só por isso já é possível perceber o tamanho da responsabilidade do profissional de Engenharia Estrutural, certo? O problema é que muita gente acredita que um software vai conseguir fazer todo o trabalho, que basta saber usá-lo, colocar os dados e a mágica acontece, mas a história não é bem assim.

É preciso saber o que você está fazendo, saber o que está calculando, a importância de cada elemento da estrutura e estar em sintonia com os demais participantes do projeto: arquitetos, construtores, outros engenheiros (eletricistas e de instalações hidráulicas, por exemplo), etc. Com relação ao software, ele é uma ferramenta para auxiliar o profissional e é preciso saber escolher a ferramenta e ter boa base para usar.

Um profissional de Engenharia de Estruturas também deve conhecer o local no qual o projeto está. Se ele for projetar um edifício em uma área com muitos terremotos no Japão, é diferente de fazer um projeto para São Paulo. No caso de pontes, por exemplo, é preciso considerar elementos como condições do terreno, vento, água, tráfego local e outros.

estrutura BIM em software visualização 3D
Imagem: donaldmcintyredesign.com

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Fontes: SEAOC; ISTRUCTE; Live Science.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Eduardo Mikail

Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.

A questão das mudanças climáticas vem movimentando bilhões em ações mitigatórias por parte de grandes nomes da tecnologia. A Microsoft puxou a corrida para a descarbonização e a Amazon pegou a deixa, na figura do próprio Jeff Bezos, que individualmente declarou disponibilizar 10 bilhões de dólares para o mesmo fim.

Esta iniciativa global financiará cientistas, ativistas, ONGs – qualquer esforço que ofereça uma possibilidade real de ajudar a preservar e proteger o mundo natural“, disse Bezos, a pessoa mais rica do mundo, em um post no Instagram que revelou o Bezos Earth Fund. O nome é meio narcisista, mas a iniciativa é extremamente válida e um indicativo da seriedade vinculada à crise climática, que deve movimentar diversos profissionais, dentre os quais nós, engenheiros, a encarar o desafio.

https://www.instagram.com/p/B8rWKFnnQ5c/

Jeff, o Bezos mesmo

Os 10 bilhões de dólares do Bezos Earth Fund derivam da própria fortuna do Jeff Bezos (estimada em 130 bilhões de dólares). O dinheiro não saiu da Amazon, empresa da qual ele é fundador e CEO. Enquanto a Microsoft, na figura da própria companhia, disponibilizou um fundo de inovação de 1 bilhão para tornar a empresa carbono negativo, Bezos, na verdade, não envolveu a Amazon e, com isso, fez uma das maiores ações filantrópicas individuais já vistas com relação ao meio ambiente.

Dinheiro não compra carbono negativo. Ou compra?

O recurso disponibilizado pelo Bezos Earth Fund é impressionante, mas as implicações disso vão depender fortemente de onde, quando e como o investimento (nada pequeno) será aplicado. Bezos disse que começará a emitir as doações por volta do meio do ano, mas não forneceu detalhes adicionais sobre as áreas específicas em que pretende se concentrar.

Jeff Bezos no Paris Climate Agreement Engenharia 360
Jeff Bezos no Paris Climate Agreement. Imagem: masheable.com

A gente presume duas áreas principais, com base nas tendências para lidar com a emergência climática: primeiramente, apoiar grupos que fazem lobby por políticas como impostos sobre carbono ou subsídios que acelerariam o lançamento de tecnologias de energia limpa, veículos solares, eólicos e elétricos, etc. Em segundo lugar, financiar a pesquisa e o desenvolvimento de laboratórios ou universidades em áreas nas quais ainda não desenvolvemos maneiras acessíveis e escaláveis ​​de eliminar ou reduzir as emissões de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas. Estamos atentos a oportunidades, afinal, como profissionais de engenharia, nossa missão é solucionar problemas e a crise climática se apresenta como uma ameaça global e comum a todos.

Nem tudo são flores

No ano passado, houve um protesto que envolveu mesmo os trabalhadores da Amazon, comentando sobre o impacto ambiental da empresa. Isso foi parte de um movimento chamado de Tech Climate Strike, uma greve do pessoal da tecnologia sobre o clima.

O movimento envolveu alguns pedidos específicos, dentre os quais:

  1. Que a Amazon se comprometesse a se tornar uma companhia carbono neutro até 2030;
  2. O fim da venda da plataforma de computação na nuvem da Amazon Web Services para empresas de petróleo;
  3. Que a Amazon parasse de financiar qualquer político que negasse as mudanças climáticas.

Diante dessa pressão dentro da própria empresa e do cenário das companhias de tecnologia realizando ativismo climático, a gente fica um pouco na dúvida sobre quão ideal é a ação filantrópica de Bezos sem o nome da Amazon. De toda forma, entretanto, mantemos uma perspectiva positiva por ver disponibilização de fundos para lidar com a crise climática e prover oportunidades para que a gente trabalhe em tecnologias pensando no meio ambiente e nas gerações futuras.

Fontes: BBC. MIT Technology Review. The NY Times. Vox.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Com o passar dos anos, podemos notar que as usinas nucleares tiveram um aumento em números significante. Para se ter uma ideia, existem hoje cerca de 400 usinas nucleares espalhadas pelo mundo. Cerca de 14% da eletricidade do mundo advém dessas usinas. Mas, de fato, como funciona uma usina nuclear? Como é o seu processo? Hoje vamos entender um pouco sobre seu funcionamento.

imagem de usina nuclear
Usina nuclear. Créditos: www.tricurioso.com.

Como é gerada a energia numa usina nuclear?

A essa pergunta cabe uma reposta simples: reação nuclear. Essas reações são classificadas em dois modelos: fissão nuclear e fusão nuclear. O primeiro modelo é usado para gerar energia a partir de reatores nucleares. O outro modelo ainda não é utilizado devido questões de segurança e economia.

Nas usinas, o calor gerado a partir das reações é utilizado para transformar a água em vapor. Esse vapor é usado para ligar a turbina que é conectada a um gerador. Girando a turbina, começa então a produção da energia.

turbina de usina nuclear
Turbina de usina nuclear. Créditos: illumination.duke-energy.com

Fissão nuclear

A fissão nuclear nada mais é do que todo o processo de divisão de um átomo. Justamente esse processo de divisão gera uma grande quantidade de energia. Daí as usinas aproveitam essa energia liberada e a convertem em energia elétrica.

Lembrando das aulas de química do ensino médio, sabemos que um átomo tem um núcleo e elétrons orbitando em torno dele. O núcleo de um átomo consiste em neutros e prótons. Esse núcleo é mantido por uma força chamada força nuclear forte. E acredite: essa é a força mais forte encontrada na natureza.

Na fissão nuclear, são utilizados átomos de urânio por conta do seu grande tamanho atômico. Isso implica dizer que devido ao tamanho grande, significa que a força atômica dentro dele não é tão forte assim. Sendo assim é maior a possibilidade de dividir o núcleo.

Embora seja de natureza rara, o urânio, juntamente a sua radioatividade, fornece um fluxo constante de energia. Só para se ter uma ideia, um quilo de urânio produz energia equivalente à de três milhões de quilos de carvão.

Na fissão nuclear, são produzidos nêutrons de alta energia para bombardear os núcleos de urânio. O bombardeio faz com que o núcleo dos núcleos de urânio se separe.

Esse processo libera uma grande quantidade de energia e os nêutrons dentro dos núcleos de urânio também são liberados. Esses nêutrons então bombardeiam com outros átomos de urânio.

Imagem mostrando como ocorre a fissão nuclear
Fissão nuclear. Créditos: www.todamateria.com.br.

Esse processo se transforma em uma reação em cadeia, na qual cada bombardeio leva a mais bombardeios. Para garantir que essa reação em cadeia não saia do controle, os reatores nucleares usam barras de controle que absorvem nêutrons.

A fissão nuclear cria temperatura de até 520 ° F (270 ° C) no centro do reator nuclear. Abaixo podemos entender de maneira resumida como funciona uma usina nuclear:

Quais são os tipos de usinas nucleares?

As usinas nucleares são parecidas no tipo de combustível nuclear usado, mas diferentes na maneira como a água é aquecida e transformada em vapor.

Com base nessa classificação, as usinas nucleares podem ser divididas em duas:

  • Reator de água fervente (BWR)
  • Reação à água pressurizada (PWR)

Reator de água pressurizada (PWR): Um reator de água pressurizada é o tipo mais comum de usina nuclear. No reator de água pressurizada ou PWR, existem dois recipientes para água.

O primeiro recipiente está dentro do reator e é pressurizado usando um pressurizador. A pressão da água aumenta o ponto de ebulição da água.

Na PWR, a pressão é definida em 150 Mpa, o que faz com que o ponto de ebulição fique em torno de 340 ° C (644 ° F). A água entra no reator a 554 ° F (290 ° C) e o deixa a 608 ° F (320 ° C).

A água quente que sai do reator é passada através de tubos que são colocados no segundo recipiente. E a água no segundo contêiner não é pressurizada e, portanto, começa a ferver assim que a água quente passa pelos tubos, gerando vapor para girar a turbina.

Reator de água fervente (BWR): Um reator de água fervente não usa a abordagem de duas câmaras do PWR. Em vez disso, a água que flui através do reator é a mesma que gira a turbina.

Depois que a água entra no reator, ela se transforma em vapor, pois as temperaturas no reator atingem 285 ° C (545 ° F). A eficiência real de um reator de água fervente (BWR) é de cerca de 33 a 34%. 

imagem de usina nuclear
Usina nuclear. Créditos: britannica.com

Vantagens das usinas nucleares

Existem inúmeras vantagens em mudar de usinas de combustíveis fósseis para usinas nucleares. Listamos alguns abaixo:

  • Os avanços na exploração e mineração permitiram um suprimento de urânio de custo relativamente baixo;
  • O urânio tem uma densidade energética muito alta, muitas vezes mais que os combustíveis fósseis em peso;
  • As usinas nucleares são capazes de produzir um suprimento constante de energia;
  • Emissão zero de gases de efeito estufa;
  • Alta geração de energia para uma área relativamente pequena quando comparada com alternativas solares ou eólicas.

Desvantagens das usinas nucleares

Como nem tudo são flores, as usinas nucleares também têm suas desvantagens, mesmo não sendo muitas. Existem apenas duas que de fato são evidentes:

  • O custo inicial de uma usina nuclear que é muito alto e está na casa dos bilhões. 
  • Lixo radioativo que é um subproduto da reação nuclear.

Apesar das desvantagens, a energia nuclear é uma das formas mais confiáveis ​​de energia atualmente em uso. 

Com novos avanços na pesquisa de energia nuclear, como substituir o tório em vez do urânio, é possível garantir um suprimento constante de combustível nuclear para as próximas idades. Sendo assim, podemos concluir que as usinas nucleares são de vital importância para todos os segmentos da sociedade.

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Engenharia 360

Kaíque Moura

Engenheiro de Produção; formado pelo Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA); Pós-Graduando em Empreendedorismo e Inovação (IFPI); MBA em Management (iCEV); Técnico em Metrologia (IFRJ); Técnico em Serviços Jurídicos (IFPI) e Técnico em Mecânica (IFPI); profissional qualificado nas áreas de Gestão, Manutenção, Metrologia e Produção.

SpinLaunch, spacetech fundada pelo empresário Jonathan Yaney, tem um projeto inusitado: lançamento cinético, só que gigante. Criada em 2014, a SpinLaunch pretende lançar foguetes para o espaço utilizando uma centrífuga. As dimensões do projeto são assustadoras.

Lançamento cinético de foguetes

A aposta dessa spacetech é desenvolver uma centrífuga que tenha espaço para, digamos, um campo de futebol dentro, onde um foguete vai girar por cerca de uma hora, até que atinja a velocidade de 8 mil km/h. É.

Renderização ilustrativa do interior da centrífuga. Imagem: SpinLaunch.
Renderização ilustrativa do interior da centrífuga. Imagem: SpinLaunch.

A questão é que, concomitantemente a isso, o veículo e sua carga estarão sujeitas a forças gravitacionais até 10 vezes mais fortes do que a gravidade. Um foguete típico “só” tem que lidar com forças de cinco a sete vezes a gravidade durante sua jornada ao espaço. Depois de toda essa rotação, o foguete será lançado e, próximo à última camada da nossa atmosfera, liga-se o motor da espaçonave. Não sei quanto a vocês, mas me deu tontura.

A SpinLaunch espera que seu sistema substitua os propulsores de foguetes, que atualmente aumentam o poder de propulsão de um foguete para escapar da atração gravitacional da Terra, mas que constituem um dos componentes mais caros de um lançamento. Até boosters reutilizáveis, como os que alimentam o SpaceX Falcon 9, ainda exigem combustível custoso e manutenção contínua.

A engenharia da centrífuga gigante

O desenvolvimento de uma tecnologia audaciosa como lançamento cinético em uma escala tão grande é claramente desafiador. Até agora, a SpinLaunch foi capaz de rodar uma carga de teste de 4 kg em uma velocidade de 6 mil km/h e lança-la contra uma parede de aço. No que tange a um foguete, o trabalho (e o barulho) é muito maior.

Spinlaunch sistema de lançamento engenharia 360
Esquema ilustrativo do sistema de lançamento da centrífuga da Spinlaunch. Imagem: Spinlaunch.

A equipe levou oito meses, algumas bombas de vácuo no eBay e 500 mil dólares em aço para construir a sexta maior câmara de vácuo do mundo (em diâmetro). Esse primeiro modelo de centrífuga, com 12 metros de largura, ainda é pequeno demais para lançar um foguete no espaço. Mas mesmo assim, ele estabeleceu o design subjacente para o produto final, que precisa ser maior.

O protótipo da SpinLaunch também estabeleceu alguns dos mecanismos que a centrífuga final precisaria para funcionar. Um braço longo chamado de corda, por exemplo, conecta um rolamento a um motor, enquanto a carga útil se prende ao final da corda. Para manter tudo em uma peça única, apesar da tensão de ser lançada em círculos em um ritmo mais do que estonteante, a corda é construída com materiais com forte integridade estrutural, como Kevlar e fibra de carbono.

A centrífuga construída quebrou o recorde mundial do sistema rotacional mais rápido do mundo. Desde então, a equipe da SpinLaunch testou vários equipamentos espaciais na centrífuga: células solares, sistemas de rádio, lentes de telescópio, GPS, baterias, computadores e até um iPhone. Tudo isso pode suportar a força da centrífuga sem que se destrua.

Protótipo de 12 metros de diâmetro da centrífuga de lançamento. Imagem: SpinLaunch.
Protótipo de 12 metros de diâmetro da centrífuga de lançamento. Imagem: SpinLaunch.

Spacetechs que pensam alto

A SpinLaunch trouxe ideias audaciosas e um protótipo promissor, mas muito trabalho ainda precisa ser colocado em prática até que o projeto seja incorporado de forma comercial. Isso inclui construir a tal centrífuga de 91 m² com um braço que aguente o peso e o tamanho de um foguete.

Se o negócio der certo, espera-se que o custo de lançamento de foguetes pequenos seja barateado em até 20 vezes, de acordo com as previsões da spacetech. Isso sem contar que a maioria das empresas não consegue enviar nem dois foguetes para o espaço em um dia, enquanto a centrífuga gigante promete lançar até cinco. A gente aguarda.

Fonte: Wired.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

O 3DEXPERIENCE WORLD 2020 é um evento de Engenharia, Tecnologia e Inovação que reúne fabricantes, designers, engenheiros e empreendedores do mundo todo. Até o ano passado, ele era chamado SOLIDWORKS WORLD.

Neste ano, ele aconteceu entre os dias 09 a 12 de Fevereiro e o Engenharia 360 foi até lá conferir de perto o que rolou e trazer todo esse conteúdo para vocês.

Primeiro dia

Na verdade, no dia 09 foi só a abertura oficial e o credenciamento. Então, a gente considera o primeiro dia do 3DEXPERIENCE WORLD 2020 como o dia 10. Nossa aventura começou com a General Session, que falou sobre a Plataforma 3DExperience e sobre como os clientes estão usando esse recurso para transformar a vida das pessoas.

Um exemplo é da Magic Wheelchair, que cria fantasias para cadeira de rodas para crianças sem custo para as famílias. A cadeira de rodas passa de um equipamento e é transformada em tanques de guerra, dragões, carrinhos e muito mais, mudando a vida das crianças.

wheelchair 3DExperience World 2020
Imagem: @eduardomikail

Outro exemplo é das próteses biônicas da BioDapt. Em 2008, o snowboarder Mike Schultz, fundador da empresa, perdeu a perna em um acidente durante uma corrida na neve. Ele queria voltar aos esportes que amava, mas percebeu que não havia nada que permitia andar como antes. Com experiência em fabricação, ele criou o que precisava e foi aí que surgiu a empresa.

Atualmente, a BioDapt é uma empresa que projeta, fabrica e distribui componentes protéticos de membros inferiores de alto desempenho usados para esportes de ação e outras atividades similares. Schultz é medalhista em várias modalidades e segue treinando e competindo.

biodapt 3DExperience World 2020
Imagem: @eduardomikail

Nós também vimos sobre engenharia colaborativa. Charles Adler, um dos fundadores do Kickstarter, falou sobre como o site já foi uma via para transformar milhares de projetos em realidade.

Por último, nós também conferimos um pouco sobre como a Engenharia 4.0, a Indústria 4.0 e a Inovação 4.0 permitem a ampliação da conectividade entre dados, transformações e pessoas na resolução de problemas. Você pode conferir nossa cobertura completa do primeiro dia do 3DEXPERIENCE WORLD neste link.

Segundo dia

No segundo dia nós aprofundamos um pouco mais na plataforma 3DExperience e vimos como projetistas podem concentrar e centralizar as todas as informações e dados relacionados ao seu projeto. Ela também permite envolver o cliente e acompanhar a nova tendência de não fazer produtos para os clientes, mas com os clientes.

Nesse sentido, a 3DExperience é uma plataforma aliada no gerenciamento de dados do produto, conhecido como PDM. Em um mundo conectado e automatizado, ter esse gerenciamento é essencial para as empresas que querem conquistar mercado.

homem jovem experimentando realidade virtual no 3DExperience World 2020
Imagem: @eduardomikail

Nós também vimos muitos exemplos de como os usuários da 3DExperience usam a plataforma para desenvolver seus produtos e inovar no mercado. A Awake Boards, por exemplo fabrica pranchas elétricas e o projeto é feito na 3DExperience. O relógio Watch X também é projetado na mesma plataforma, mas quem faz isso são os próprios clientes. Eles também podem compartilhar seus projetos com outros usuários, melhorando sua experiência.

Já o YouTuber Brad Thompson usa a 3DExperience para construir figurinos e acessórios. Durante a apresentação ele mostrou uma armadura do Iron Man construída usando a plataforma 3DExperience e postou no YouTube um vídeo de todo o processo. Na descrição do vídeo há um link para quem quer testar a 3DExperience de forma gratuita por 7 dias.

Confira nossa cobertura completa do segundo dia do 3DEXPERIENCE WORLD 2020 neste link.

Terceiro dia

O último dia do 3DEXPERIENCE WORLD 2020 não foi menos emocionante. Nele a gente viu como os estudantes do mundo inteiro estão usando a plataforma para criar projetos e promover soluções, colocando a Engenharia em prática.

A educadora Danielle Boyer, por exemplo, contou como usa a plataforma para ensinar robótica para crianças, inspirando-as na área de ciência, tecnologia e Engenharia. Em concordância, Dean Kamen, fundador da DEKA e da organização FIRST, fez uma apresentação tocante sobre como aproveitou as oportunidades que surgiram em sua vida para criar soluções.

Kamen também falou bastante sobre como inspirar os estudantes e as crianças de modo geral vai fazer a diferença lá na frente. Afinal, são eles quem vão construir o futuro.

apresentação terceiro dia 3DExperience World 2020
Imagem: @eduardomikail

Eric Haddad, do canal 3DAeroventures no YouTube, falou sobre como deu vida a uma aeronave impressa em 3D e Sam Rogers, da Gravity Industries, mostrou muitos detalhes do Gravity Jet Suit, um traje impresso em 3D que te permite dar pequenos voos como o Homem de Ferro.

Ainda, Michael Mendonça falou sobre as próteses de mão projetadas na plataforma 3DExperience. Durante todo o evento rolou um Hackathon para que as equipes trabalhassem em próteses de mão. O resultado foi anunciado por Mendonça.

Nós também fizemos uma cobertura completa do terceiro dia do 3DEXPERIENCE WORLD 2020, a qual você confere neste link.

O que nós achamos do 3DEXPERIENCE WORLD 2020?

Participar de grandes eventos de Engenharia é importante para ficar por dentro de todas as novidades do mercado. Porém, também é mais que isso: ver a Engenharia ser aplicada em cada detalhe para transformar a vida das pessoas é emocionante.

https://www.instagram.com/p/B8YziVMF_eK/

Durante o evento, praticamente tudo que nós vimos tinha o objetivo de ser transformador, de solucionar algum problema para fazer aquilo que a Engenharia faz em sua essência: melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Então, voltamos para casa com as energias renovadas e um propósito de levar cada vez mais a Engenharia para todos. Esse também é nosso objetivo ao transmitir tudo que acontece em eventos como esse.

Vale ressaltar que, no ano que vem, o 3DEXPERIENCE WORLD 2020 acontecerá também em Nashville, entre os dias 07 e 10 de Fevereiro.

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Engenharia 360

Eduardo Mikail

Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.

Provavelmente, você não encontrará isso na descrição formal do cargo, mas um dos principais requisitos para o CEO (ou diretor executivo, que ninguém escreve na bio do Instagram) é que tenha carisma, autoridade e conforto para lidar com o público. Afinal, CEOs concentram boa parte do seu tempo com clientes e grandes audiências, o que exige que a carga operacional de trabalho seja direcionada para outra figura: o COO, ou diretor de operações.

Seja em entrevistas de campo na TV, em conferências do setor ou em viagens pelo mundo para se encontrar com funcionários e promover novos produtos, o CEO do século XXI precisa ser um comunicador, não apenas um gerente de uma organização. Melhor ainda, se o CEO for um verdadeiro visionário, dada a grande influência que essas figuras trazem até para a população mediana. A gente não nega ter o falecido Steve Jobs e sua oratória excelente como pôster-boy, ou então o Elon Musk, da Tesla Motors e SpaceX como alguém extremamente inspirador, por mais que ele pareça querer dominar o mundo (ou outros mundos).

Jeff Bezos, CEO da Amazon. Engenharia 360.
Jeff Bezos, CEO da Amazon. Foto: Getty Images.

No entanto, essa ênfase recente em dominar as conversas públicas e fazer espetáculos em press releases torna cada vez mais desafiador os CEOs tenderem para a outra parte do seu trabalho: fornecer o tipo de liderança e direção internas necessárias para as empresas atingirem as metas ambiciosas que esses diretores executivos figurões gastam tanto tempo discutindo e promovendo.

Chama o COO!

Devido a essa dinâmica corporativa cada vez mais comum, as empresas precisam confiar mais em outros executivos para construir as bases, estruturas e processos necessários para que uma organização seja bem-sucedida. E grande parte dessa responsabilidade agora está nas mãos do COO, o diretor de operações, que acaba não ficando tão popular quanto um CEO, mas que desempenha um papel igualmente importante.

A evolução do papel de COO é caracterizada pelo crescente destaque e influência de COOs como Sheryl Sandberg do Facebook, Joe Ianniello da CBS (agora CEO da empresa) e Rosalind Brewer da Starbucks.

Sheryl Sandberg COO Facebook
Sheryl Sandberg, COO Facebook. Foto: Alliance for DLD.

O papel do COO vem se moldando em função da necessidade, o que significa que a mudança de responsabilidades também está se tornando cada vez menos uma opção para a maioria das empresas. O entendimento de que COOs eficazes e bem treinados são necessários em todas as fases do crescimento de uma empresa agora significa que conselhos de administração e empreendimentos de risco (especialmente os do Vale do Silício) estão recrutando COOs mais cedo, inclusive durante a fase de fundação de uma empresa.

Essa mesma crença está levando as empresas a focar mais atenção na importância de associar os CEOs aos COOs de solução de problemas que podem apoiar uma cultura de inovação, agilidade e adaptação. Vamos ser justos: é algo bastante aplicável no cenário da engenharia.

Game of thrones do rosto da empresa

O título COO compreende um papel mais complexo e exigente do que nunca. As tendências emergentes do setor e a mudança de responsabilidades também o tornam incrivelmente ambíguo. Em algumas organizações, o COO ainda pode ser encarregado do papel tradicional de lidar exclusivamente com todas as funções administrativas, enquanto outros o consideram um campo de prova para possíveis CEOs. Eis a necessidade de separar essas atribuições.

Vale citar que as empresas podem procurar um COO para um cargo consultivo ocupado por um executivo experiente, capaz de fornecer orientação a um jovem CEO. Sandberg, por exemplo, desempenhou um papel crítico no Facebook, apoiando o CEO Mark Zuckerberg.

Mas a falta de uma definição clara do papel e das responsabilidades exatas do título é precisamente o motivo pelo qual alguns COOs lidam com tudo, desde recursos humanos e finanças a marketing, enquanto outros se concentram mais na supervisão da logística da cadeia de suprimentos e na estratégia de produtos.

No entanto, toda essa mutabilidade e dinamismo em torno do papel do COO não deve ocultar uma questão: o papel do COO é fundamental, mesmo que não necessariamente apareça para câmeras e eventos de lançamento.

Chefes de tudo um pouco

Simplificando, hoje os COOs devem ser capazes de lidar com todas as responsabilidades operacionais tradicionais enquanto lideram significativamente as iniciativas estratégicas mais importantes de uma empresa.

Obviamente, esse não é um mandato fácil de cumprir. E os líderes da empresa precisam pensar profundamente sobre como equipar melhor seus COOs com as ferramentas, a mentalidade e as habilidades que os ajudarão a serem simultaneamente ágeis e fundamentados o suficiente para ter sucesso.

De fato, argumentamos que os COOs estão em uma posição única para alcançar esses objetivos precisamente porque ficou tão claro que as operações e a inovação estão tão intimamente ligadas. E no caso de um CEO, se você é o rosto de uma empresa, precisa saber como ela funciona. Pelo menos no futuro próximo, o papel do COO será definido pela capacidade de se adaptar e liderar através de transições e mudanças imprevisíveis, enquanto o CEO tem de anuncia-las.

Fonte: Fairy God Boss. Quartz.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.