A SpaceX, spacetech fundada por Elon Musk, espera construir uma vila privada, a SpaceX Village, em Boca Chica, no extremo Sul do Texas, onde já conta com uma unidade da empresa. O problema? O local já é ocupado por uma comunidade de aposentados.

Starship - SpaceX Village
Placa de “Bem-vinda, SpaceX”, da praia de Boca Chica, em 2015. Foto: Bloomberg – https://www.bloomberg.com/news/articles/2015-09-09/elon-musk-making-enemies-fast-in-town-hosting-space-x-launches

Veja Também: Entenda funciona o sistema de abastecimento orbital dos foguetes Starship, da SpaceX

O objetido para a construção da SpaceX Village

O objetivo da SpaceX Village seria primeiramente hospedar os funcionários e executivos que estariam a trabalho no local, considerando que a SpaceX conta com uma base em Boca Chica. A ideia é criar um ambiente de trabalho “épico” e a gente sabe disso por causa de uma vaga para projeto postada e já apagada no site da SpaceX.

De acordo com a oferta, que buscava um profissional capaz de projetar a SpaceX Village, o local teria 100 quartos que poderiam ser agendados on-line e seriam organizadas atividades como torneios de vôlei, escaladas e passeios de caiaque, além de aproveitar a região próxima ao centro de lançamento de foguetes para eventos e festas. A famigerada “festa da firma”, nesse cenário, deve atingir níveis orbitais, com o perdão do trocadilho.

Os planos para convencer os moradores de Boca Chica

Nos últimos anos, a companhia de Elon Musk já convenceu (aí não sabemos se amigavelmente ou não) pelo menos metade dos moradores a vender seus terrenos e casas para a SpaceX. Porém, existem habitantes que realmente não estão dispostos a isso. E aí é que entra a polêmica, pois a empresa não pode (e nem deve) expulsar ninguém.

De acordo com fontes ouvidas pelo Business Insider, o próprio Elon Musk já realizou reuniões com a comunidade de aposentados para afirmar que, por conta da produção do Starship, há chances de o local se tornar “inóspito”. Por mais que seja realista, soa como ameaça, né?

Veja Também: A inovadora abordagem de design iterativo da SpaceX para lançar a Starship

Impaces no projeto

Mas a gente entende que essa questão de o local se tornar desagradável para habitação procede, visto que o design iterativo do Starship é uma indicação forte de que a SpaceX não tem pudor em explodir foguetes e incomodar a vizinhança. E Musk pretende transformar a unidade de Boca Chica em uma linha de produção de Starship, tornando factível sua aspiração de chegar a Marte.

Boca Chica - Local de lançamento dos foguetes que serão direcionados, eventualmente, para Marte. Foto: Business Insider.
Local de lançamento dos foguetes que serão direcionados, eventualmente, para Marte. Foto: de Dave Mosher em Business Insider – https://www.businessinsider.de/tech/das-starship-system-von-spacex-und-nasa-raketen-im-vergleich-2019-7/

Além disso, a spacetech contratou uma firma para investigar maneiras de retirar a comunidade de lá e incentivar os aposentados a assinarem o contrato de venda. Você atenderia a campainha nesse cenário?

Do lado dos residentes, algumas ONGs já se ofereceram para representá-los em um futuro processo, argumentando que eles têm o direito de ficar por lá. Ainda não existe uma previsão de que alguma solução surja.

Se você quiser ver um pouco de Boca Chica e da base da SpaceX lá, o vídeo abaixo, da NASA Space Flight, explora o lugar, com base na expansão da fábrica para produção do Starship:

Veja Também:


Fontes: Business Insider. The Atlantic.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

É bem provável que você já ouviu falar sobre as mudanças tecnológicas e Indústria 4.0 (nós já falamos sobre ela aqui no Engenharia 360, por exemplo). Com o mercado em constante transformação, os profissionais precisam acompanhar essas mudanças e também se adaptar a elas. É daí que surge o Profissional 4.0.

O que é o Profissional 4.0?

Para entender o que é o Profissional 4.0, é melhor começar pela Indústria 4.0. Esse termo, também conhecido como Quarta Revolução Industrial, está relacionado a inserção de conceitos tecnológicos como Internet das Coisas, fábricas inteligentes e computação em nuvem no meio industrial. Ou seja: a Indústria 4.0 envolve as inovações tecnológicas aplicadas nos processos industriais.

Imagem de robôs e tecnologias se conectando na Indústria 4.0
Imagem: expresscomputer.in

Então, para dar suporte a essa revolução, é necessário ter profissionais preparados e qualificados para a demanda do mercado: é aí que surge o Profissional 4.0. Mas quem pensa que esse profissional vai precisar apenas de conhecimentos tecnológicos está enganado: características como capacidade de adaptação, comunicação, empatia, inteligência emocional, criatividade e outras habilidades semelhantes farão toda a diferença.

Quais são as habilidades do Profissional 4.0?

Apesar de algumas já terem sido citadas acima, a lista de habilidades do Profissional 4.0 é maior e mais complexa. Isso acontece porque esse profissional precisa estar preparado não só para “colocar a mão na massa” tecnológica, mas também para lidar com todos os elementos que o cerca.

Em seu perfil no Linkedin, Júnior Rodrigues enumera algumas características do Profissional 4.0. Elas lembram as soft skills, largamente faladas hoje em dia (e que nós já mostramos 6 delas que são essenciais para profissionais de engenharia). É com base em algumas delas que nós puxamos o gancho para explicar. São elas:

Adaptação

É preciso que o profissional se adapte às mudanças do mercado, ou seja, é preciso estar aberto à transformação. Por ser uma revolução, a Indústria 4.0 propõe muitas mudanças e precisamos estar preparados para não só aceitá-las, mas também fazer parte delas.

Desenho de mulher representando profissional 4.0, trabalhando em conjunto com um robô para desenvolver novas tecnologias
Imagem: lynda.com

Resiliência

A definição de resiliência diz respeito a retornar à forma original após a deformação elástica (aquela que a gente aprende no ciclo básico da Engenharia). Porém, no contexto da Indústria 4.0, a resiliência está relacionada a retornar melhor que antes, superando os desafios impostos.

Comunicação

Saber se comunicar bem não é nenhum requisito novo no mercado. Afinal conseguir transmitir bem as informações é uma habilidade que já levou muita gente ao topo e a tendência é de que isso continue assim. Cercados de muita tecnologia, os profissionais precisarão saber passar informações de forma concisa e compreensível.

Relacionamento pessoal e empatia

Lidar com pessoas é uma tarefa difícil. Porém, conseguir equilíbrio em um ambiente, tornando-o mais humanizado, mais empático e mais agradável é essencial. É uma característica de verdadeiros líderes, daqueles que movem multidões e motivam uma equipe com apenas uma ação.

Colaboração

Esta habilidade é bem parecida com a anterior: é preciso criar um bom ambiente de trabalho, no qual as pessoas se sintam parte da organização, colaborando umas com as outras para o trabalho fluir. A colaboração também é importante para a produção, para atingir metas, para alcançar resultados e para a evolução como um todo.

imagem de equipe trabalhando em conjunto, com duas mulheres e três homens
Imagem: thetimes.co.uk

Habilidades tecnológicas

Atualmente, a tecnologia já é bem aceita em quase todos os negócios. Porém, além de aceitar trabalhar com as máquinas e com processos automatizados, é preciso mantê-los sempre atualizados, ficar por dentro das novidades e aproveitar ao máximo os benefícios que elas oferecem.

A Indústria 4.0 já mostrou que é uma revolução voltada para a tecnologia. Então, para sobreviver e ter destaque no mercado, você precisa incorporar os recursos tecnológicos nos processos produtivos e nas diferentes atividades que executa.

Aprendizado contínuo

Nos dias atuais, é praticamente impossível parar de aprender. Você aprende o tempo todo sobre uma nova tecnologia, sobre uma forma de otimizar o processo produtivo e sobre como lidar com pessoas. Manter esse aprendizado é importante para o profissional que deseja crescimento constante e permanência no mercado.

Tenho de ser bom em tudo?

Obviamente, não. É praticamente impossível dar conta de ter todas essas habilidades de forma perfeita e ao mesmo tempo. Porém, é sempre bom se esforçar para desenvolver as que você não possui.

Se você é a pessoa ideal para trabalhar com novas tecnologias, mas não sabe se comunicar bem ou não gosta de trabalhar em equipe, pode acabar um pouco apagado do mercado. O ideal é tentar desenvolver as novas habilidades e se esforçar para isso. O mesmo serve para aquela pessoa que sabe se comunicar e se adaptar bem, mas tem dificuldade com novas tecnologias.

No fim, a indústria está sempre em transformação e nós precisamos acompanhar essa evolução de mãos dadas com ela. À medida que surgem novas demandas, vamos nos adaptando. Em breve, a Indústria 4.0 pode ficar velha e o mercado pode demandar habilidades novas. Ninguém sabe o que esperar do futuro, mas o importante mesmo é não ficar para trás.

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Engenharia 360

Eduardo Mikail

Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.

Pela primeira vez na história, houve a ancoragem de um satélite em órbita. A empresa Northrop Grumman relatou que essa missão de atracar um satélite a 36.000 km acima da superfície terrestre foi uma conquista.

Vista do satélite IS-901, pelo MEV-1, durante a aproximação de cerca 20 metros para ancoragem. Terra em segundo plano. Imagem: Northrop Grumman
Vista do satélite IS-901, pelo MEV-1, durante a aproximação de cerca 20 metros. Terra em segundo plano. Imagem: Northrop Grumman

Uma alternativa para aumentar a vida útil de satélites

Lançado em um foguete Proton em outubro, o Mission Extension Vehicle-1 (MEV-1) tem uma história bastante longa de desenvolvimento em várias empresas. Ele foi trazido ao espaço pela SpaceLogistics, uma subsidiária da Northrop Grumman (que é uma grande empreiteira para a NASA). Após o lançamento deem outubro, MEV-1 usou propulsores elétricos para elevar sua órbita 290 km acima da órbita geossíncrona, isto é, centrada na Terra e compatível com nossa rotação.

Enquanto isso, um satélite de comunicações lançado em 2001 (Intelsat-901) foi retirado de operação em dezembro de 2019, devido à falta de combustível. Os operadores ordenaram que o satélite se movesse para uma “órbita de cemitério” acima do espaço geoestacionário. E foi nessa órbita que MEV-1 se conectou ao satélite de comunicações.

Vista do satélite IS-901 a partir da posição "espera distante" do MEV-1 durante a aproximação de aproximadamente 80 metros para ancoragem, com a Terra em segundo plano.
Vista do satélite IS-901 a partir da posição “espera distante” do MEV-1 durante a aproximação de ~80 metros para a ancoragem. Terra em segundo plano. Imagem: Northrop Grumman.

Pode dizer-se que esta foi uma primeira missão de demonstração, uma vez que o MEV-1 tem que ficar acoplado ao IntelSat 901 para seguir fornecendo combustível adicional que o este, anteriormente descartado, necessita. Por esta razão, MEV-1 vai ficar ancorado ao IntelSat durante pelo menos 5 anos, até que o cliente deixe de pagar pelos serviços de extensão de vida útil do satélite.

A Northrop diz que sua espaçonave MEV-1 usa um sistema de acoplamento mecânico que se conecta aos recursos existentes em um satélite, e foi projetada para vários acoplamentos e desencaixes e pode oferecer mais de 15 anos de serviços. O vídeo a seguir mostra a missão e, enquanto isso, a empresa planeja lançar o MEV-2 ainda este ano.

Manutenção de satélites e manejo do que seria lixo espacial

A Northrop Grumman também disse que este é o primeiro passo para estabelecer uma frota de veículos de manutenção via satélite, no sentido de robôs espaciais mesmo. No caso, eles não apenas prolongariam a vida útil de satélites que já estão em órbita, mas também forneceriam mudanças de inclinação e inspeções de veículos espaciais, realizariam reparos e montagens em órbita.

À medida que a órbita terrestre se torna mais congestionada (vide os polêmicos Starlinks), várias empresas estão trabalhando para desenvolver tecnologias tanto para veículos de serviço quanto para remover detritos orbitais do espaço. A ancoragem bem-sucedida que ocorreu no mês passado parece ser um passo positivo em direção a um futuro em que os voos espaciais se tornem mais sustentáveis e os veículos espaciais operem de forma mais ordenada.

Fonte: The New York Times.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Houve um tempo em que ser mulher e se interessar por uma carreira em engenharia era quase uma ofensa, afinal engenharia era “coisa de homem”. Houve um tempo em que cada turma de engenharia tinha uma, duas ou três mulheres.

Ao longo dos anos as mulheres foram entrando mais nos espaços, conquistando lugares antes não populados por elas e mostrando que sim, somos tão capazes quanto os homens.

mulher e homem olhando para computador
Imagem: hackernoon.com

Muitas vezes nos sentimos deslocadas ou sozinhas quando estamos em espaços dominados por homens. Quando eu fui contratada em uma das companhias nas quais trabalhei, havia apenas uma mulher gestora na divisão. Uma. Mas ela estava lá. Numa sala entre dois gerentes, um de cada lado. Em um setor com muitos outros gerentes, todos homens, mas ela estava lá, e inclusive tinha sob sua liderança um time quase todo de homens.

Inicialmente imaginei como ela se sentia naquele contexto, me questionei se seria difícil. Na primeira palestra que a assisti ministrar, ela mostrou essa foto:

foto de comparativo entre pés de bailarina
Imagem: ohmymag.com.br

Não precisava dizer mais. Foi difícil chegar ali. Mas ela chegou e não desistiu, e por não ter desistido, me ajudou a persistir também. E hoje, além do meu escopo de trabalho, eu participo da rede de mulheres interna da companhia, que promove eventos e ações para promoção da diversidade, no intuito de poder inspirar outras mulheres, assim como um dia fui inspirada: compreender que o caminho não será fácil, mas que eu posso chegar onde eu me propuser a ir.

Escrevo tudo isso para dizer que na busca pela diversidade a sua presença é fundamental. Cada espaço que você ocupa é uma mulher a mais para reforçar que existimos e queremos contribuir com o desenvolvimento deste país.

Se você está em um ambiente em que há poucas mulheres, seja você a agente de mudança e inspiração para as outras mulheres ao seu redor. Talvez não consigamos enxergar o quanto apenas nossa presença ali, às vezes simplesmente sentadas na nossa cadeira, mostra às outras mulheres que sim, é possível.

E a você, engenheira e futura engenheira, obrigada por nos ajudar a construir empresas cada vez mais bem representadas por mulheres como você: fortes, guerreiras e capazes de fazer a diferença. Afinal, não basta ser mulher, tinha que ser engenheira, não é?

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Engenharia 360

Jéssica

Engenheira industrial; formada pela Universidade Estadual do Norte Fluminense; com passagem pelo Instituto de Tecnologia de Rochester; tem experiência em cadeia de suprimentos (supply chain), e já atuou nas funções de Logística, Planejamento e Programação de Materiais.

Dia 08 de Março é celebrado o dia Internacional da Mulher e, neste ano, nós resolvemos celebrar a data falando um pouco sobre como está o mercado de trabalho para as engenheiras. Nesse sentido, analisamos os cenários nacional e internacional e ouvimos o depoimento de algumas mulheres contando suas histórias e os desafios enfrentados, além do posicionamento de algumas empresas.

mulher trabalhando em indústria representando engenheiras
Imagem: hbr.org

A diferença entre homens e mulheres em números

No Brasil, segundo o Censo da Educação Superior do Inep de 2019, divulgado em outubro de 2020 (e o último disponível para consulta até o momento), apenas 37,3% dos formandos em cursos de graduação da área de Engenharia, Produção e Construção são do sexo feminino. Isso indica que a maior parte dos prováveis ingressantes nesse mercado ainda é composta por homens (se nós considerarmos que todos os recém-formados colocam a profissão em prática).

Segundo Aparecido Siqueira, diretor do departamento de Recursos Humanos do Grupo A. Yoshii, “Em um segmento dominado por homens, a construção civil percebe um movimento positivo de mudanças. As mulheres passaram a ser uma mão de obra mais qualificada devido à persistência nos estudos e a presença de características como de organização e atenção aos detalhes.”

No cenário internacional, a situação não é muito diferente no quesito desigualdade: na Austrália, por exemplo, os dados liberados pelo The Australian Financial Review em 2019 mostraram que o número de mulheres com diploma de engenharia está diminuindo.

mulher e homem olhando para computador
Imagem: hackernoon.com

Uma reportagem da Revista Forbes de 2020 mostrou que o preconceito com relação ao viés de gênero ainda existe na área de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e que, se essa lacuna não existisse, haveria um aumento do PIB per capita na União Europeia em 0,7% a 0,9% em 2020 e em 2,2% a 3,0% em 2050.

A mudança é lenta

Os motivos citados para que a diferença entre o número de homens e mulheres na carreira de STEM são vários. Uma pesquisa online da Studio Graphene, uma empresa de inovação tecnológica, mostrou que quase metade das mulheres (49%) já sofreu alguma discriminação no local de trabalho e que um quinto (20%) renunciou a algum cargo por causa de discriminação ou assédio.

mulher engenheira negra representando engenheiras
Imagem: steemit.com

Com relação ao que pode ser feito, 58% das mulheres querem ver práticas mais flexíveis que apoiam os pais, uma vez que há certa marginalização de mulheres que retornam ao trabalho após terem filhos e possuem horários mais complexos. Ainda, 54% apoiam currículos “anônimos” durante os processos de recrutamento, evitando preconceitos.

Em 2019, nós publicamos um texto que relata uma pesquisa que mostrou que, dentre os 41 países pesquisados (o que não inclui o Brasil), Portugal era o principal para mulheres em tecnologia, com 36,56% dos graduados em STEM do sexto feminino (não é exatamente comparável com o Brasil porque a porcentagem citada no início do texto só envolve engenharia, produção e construção). Nos Estados Unidos, a situação é pior ainda e só 24,24% dos graduados em STEM são mulheres.

“Eu me formei em Engenharia Química. Iniciei minha carreira como estagiária em uma fábrica de papel de uma multinacional, onde fui efetivada e trabalhei por quase quatro anos diretamente com a produção. Optei por buscar outras oportunidades por não encontrar perspectiva de crescimento e por perceber que a empresa ainda não estava preparada para ter mulheres em cargos de liderança. Hoje trabalho como engenheira de aplicação, sendo responsável pela área de controles avançados de processos na América do Sul. As fábricas ainda têm pouca presença feminina sendo que muitas vezes sou a única mulher em reuniões. Entretanto, na empresa em que trabalho e nos clientes que visito não sinto diferença de tratamento.”

Nathália de Castro Leme, Engenheira de Aplicação da Valmet.

Tudo isso mostra que, apesar de já termos melhorado muito no quesito igualdade nos últimos anos, esse processo está lento e ainda não é o ideal. Espera-se que nós caminhemos para a igualdade de uma forma mais rápida e que a importância da igualdade entre homens e mulheres não seja lembrada só no dia 8 de Março, mas todos os dias.

mulher engenheira olhando para horizonte
Imagem: techstory.in

Lembrando que a busca é por igualdade, não por tratamento diferenciado. No caso de quem precisa de horários mais flexíveis, por exemplo, isso se aplica aos dois lados: se ambos tiverem maior flexibilidade de horário, eles podem dividir melhor as tarefas e dar conta tanto do trabalho como da casa e dos filhos.

“Iniciei minha carreira na empresa na execução de obras em Londrina, como estagiária. Na época, com 19 anos, o contato com engenheiros, mestres e todo o efetivo de obra era constante. Pela cultura promovida na empresa, sempre me senti apoiada e incentivada a crescer profissionalmente. Se houvesse situações de preconceito, eu sei que teria o suporte para mostrar as minhas capacidades. Na construtora, várias mulheres trabalham na engenharia e no canteiro de obras. Sempre há respeito, oportunidades de crescimento e incentivo. Há três anos surgiu a oportunidade de iniciar no departamento de pesquisa e desenvolvimento, uma área mais administrativa, e abracei a oportunidade com a certeza de que minha passagem pela obra foi muito bem aproveitada.”

Letícia Catenance da Costa, Engenheira de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo A. Yoshii

E você, qual a sua história? Deixe nos comentários!

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Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Drones já são praticamente populares entre nós e essa tecnologia acaba de dar mais um passo para ser autônoma: alguns pesquisadores desenvolveram um drone com capacidade de mapear o ambiente ao seu redor usando a ecolocalização.

Os pesquisadores responsáveis pela façanha são engenheiros e matemáticos da Purdue University (nos Estados Unidos). O drone criado por eles possui um alto-falante e quatro microfones. Quando um microfone recebe um eco, a diferença de tempo entre a emissão e a recepção do som é gravada. Com isso, o drone consegue calcular a distância percorrida pelo som após bater em uma parede. O desafio é a classificação precisa dos ecos, que visa garantir que as paredes realmente estão lá.

esquema de ecolocalização do drone morcego
Cada microfone ouve os ecos de duas paredes. Virtualmente, o som vem dos pontos de espelho s1 e s2. Imagem: Boutin and Kemper (2020)

Em testes, o drone conseguiu mapear de forma precisa as paredes de uma sala e evitar colisões. Ainda, ao verificar cada microfone em relação aos outros, a tecnologia teve sucesso em descartar os falsos positivos, que seriam obstáculos “fantasma”, enquanto voava pela sala.

É um drone, um morcego ou um bat-drone?

Tal tecnologia lembra um morcego porque esses animais se deslocam emitindo ondas sonoras e calculam quanto tempo elas levam para retornar e se houve alguma perturbação no caminho. Uma perturbação pode significar um obstáculo ou algum alimento.

morcego emitindo sinal e recebendo retorno de ecolocalização de presa
Ecolocalização de morcegos. Imagem: batconservationireland.org

A pesquisa está ligada a dois problemas comuns na engenharia: localização e mapeamento. Eles representam determinar onde você está e a forma do seu ambiente, respectivamente. O trabalho foi publicado do SIAM Journal on Applied Algebra and Geometry.

Mireille Boutin, professora da universidade, afirmou que essa “é considerada uma parte muito abstrata da matemática, mas se aplica a problemas de engenharia muito práticos. Isso mostra o quão pouco clara pode ser a fronteira entre matemática aplicada e abstrata, e que a engenharia é realmente multidisciplinar”.

Até o momento, a configuração de quatro microfones é suficiente para mapear salas. A ideia dos pesquisadores é aumentar a faixa do microfone para a detecção de objetos menores.

Esse novo tipo de drone pode elevar ao desenvolvimento de melhores câmaras de automóveis e também auxiliar pessoas com deficiência. No caso do carro, ele poderia mapear seus arredores sem se mover. Para pessoas, ele poderia ser transportado, auxiliando na mobilidade pelos ambientes.

Fontes: TechXplore; Futurism.

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Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Aqui no Engenharia 360 nós já mostramos pontes consideradas bem “diferentonas”, mas a ideia dos Engenheiros da Vienna University of Technology (TU Wien)desenvolveram um método de construção de pontes que lembra a abertura e o fechamento de um guarda-chuva.

Ponte método de construção de guarda-chuva
Imagem: Divulgação TU Wien

Normalmente, as pontes são construídas “passo a passo”, com estruturas que vão manter a construção de pé. Isso leva tempo e é justamente nesse aspecto que os pesquisadores de Viena têm uma grande vantagem em seu método: ele é rápido e, ainda, mais barato e com menor impacto ambiental.

Mas isso não começou agora, a metodologia já foi patentada em 2006 e os primeiros testes começaram em 2010. A técnica envolveu vigas ocas sendo montadas em um píer na posição vertical. As vigas seriam unidas no topo e, então, seriam desdobradas suavemente para baixo. O vídeo dessa façanha você confere logo abaixo:

O método da ponte “guarda-chuva” não é recente

A primeira implementação foi realizada sobre o Rio Lafnitz, entre a Áustria e a Hungria. Ela foi montada verticalmente (e não horizontalmente) e, como prevê a técnica, foi abaixada com juntas hidráulicas dobráveis. Bem parecido com o que acontece quando você fecha seu guarda-chuva.

Após o rebaixamento da estrutura, ela pode ser preenchida com concreto para completar os componentes estruturais da ponte. Esse novo método não só é mais rápido, como também mais barato e a durabilidade é a mesma que dos outros métodos, se não for melhor, segundo o professor Johann Kollegger, do Instituto de Engenharia Estrutural da Universidade.

Kollegger também afirmou que: “a construção de pontes usando andaimes geralmente leva meses. Os elementos para o método de redução equilibrada, por outro lado, podem ser configurados em dois a três dias e o processo de redução leva cerca de três horas.” Há quem afirme que essa é uma potencial forma de construção de pontes no futuro. Será? Deixe sua opinião nos comentários!

Fontes: Tu Wien; Daily Mail; Interesting Engineering.

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Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Para quem é apaixonado em engenharia e arquitetura, New York City (NYC) é um colírio para os olhos, especialmente a ilha de Manhattan, um dos bairros da cidade. Na ilha se encontra uma enorme quantidade de arranha-céus, parques, monumentos, museus, muitos estilos diferentes de arquitetura e diversas pontes. Listamos 10 coisas que você não pode deixar de visitar quando for a NYC!

1 – Central Park

Nada mais óbvio para começar essa lista como o famoso e grandioso Central Park! Ele contém 340 hectares, 3,41 Km², 4 Km de comprimento e 0,8 Km de largura. Tudo isso no meio da selva de pedras, no coração da cidade. É uma atração muito popular entre os moradores e turistas pelo seu silêncio e descanso que ele oferece em meio da loucura de NY. A vista aérea do parque é uma imagem sensacional, e se você estiver no interior dele ou caminhando no entorno, consegue ter ótimas perspectivas para admirar os prédios da cidade.

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Imagem: ny.curbed.com
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Vista dos edifícios a partir do Central Park (Imagem: @juliawsott)

2 – Empire State Building

O Empire State Building é um ícone da cidade e da skyline de Manhattan. Quando inaugurado em 1931, ganhou o posto de maior prédio do mundo, com 102 andares e 443 metros de altura. Manteve esse posto durante quase 40 anos até a construção das Torres Gêmeas. A execução desse edifício foi tida como uma maravilha do mundo moderno por ter sido grandiosa e extremamente rápida: apenas 13 meses, o que foi considerado um marco na engenharia e tecnologia da época.

É possível visitar o Empire State Building para conhecer seu interior e ter uma visão 360° incrível da cidade nos seus 86° e 102° andares. No interior do edifício também se encontra uma exposição muito legal, que traz fotos e vídeos da época da construção, muitas informações e curiosidades sobre o edifício e diversas etapas dos projetos originais.  

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Imagem: timeout.com
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Vista das ruas de NYC (Imagem: @juliawsott)

3 – Bryant Park

Pertinho do Empire State Building, se encontra o Bryant Park, um destino maravilhoso para moradores e visitantes. Conhecido como a Praça da Cidade de Manhattan, o parque é famoso por seus jardins exuberantes, atividades gratuitas e refeições ao ar livre. Localizado ao lado da Biblioteca Pública de Nova York e cercado por arranha-céus icônicos, o Bryant Park é visitado por mais de 12 milhões de pessoas a cada ano e é um dos espaços públicos mais movimentados do mundo!

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Imagem: bryantpark.org

4 – Flatiron Building

Conheci esse prédio através do arquiteto Ted Mosby na série How I Met Your Mother! Quem aí também lembra? O Flatiron Building, originalmente Fuller Building, foi um dos primeiros arranha-céus construídos em NYC, e tem esse nome por ter a forma semelhante a um ferro de passar roupas. Foi projetado nessa forma triangular para aproveitar as pequenas dimensões da extremidade do terreno. Está localizado entre a Fifth Avenue, a Broadway e a 23rd Street. Possui 87 metros de altura e 22 andares. Quando inaugurado em 1902, foi um dos prédios mais altos do mundo. O bairro em torno do edifício foi chamado de Distrito Flatiron (Flatiron District) após a sua construção. Foi designado em 1979 como um edifício do Registro Nacional de Lugares Históricos, bem como em 1989, um Marco Histórico Nacional. É realmente muito bonito!

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Flatiron building (Imagem: @juliawsott)

5 – Rockfeller Center

O Rockfeller Center é um complexo de 19 edifícios comerciais localizado no centro de Midtown Manhattan. O complexo ocupa uma área de 89.000 m² e atualmente é uma das principais atrações turísticas de NYC. No inverno, a praça principal é decorada com uma árvore de natal enorme e também possui uma grande pista de patinação. Ali também está presente a sede da NBC onde é gravado o famoso programa Saturday Night Live.

Uma das melhores vistas da cidade se encontra ali, no observatório chamado “Top of the Rock”. Se liga nessa belezura!

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Imagem: rockfellercenter.com

6 – Brooklyn Bridge

A Brooklyn Bridge, que interliga a ilha de Manhattan com o Brooklyn, é considerada uma das mais antigas pontes de suspensão dos Estados Unidos. Ela se situa sobre o rio East e contém uma extensão de 1.834 metros. Ao ser finalizada em 1883, era a maior ponte de suspensão do mundo, e a primeira a utilizar-se de cabos. Foi a primeira ponte de aço suspensa do mundo e suas imensas torres de suporte já foram as estruturas mais altas de toda a cidade de New York.

Uma maneira de visitar a ponte é cruzar ela a pé, onde se consegue ter uma vista maravilhosa de Manhattan e seus arranha-céus!

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Fonte: USA today

7 – High Line Park

O High Line é um parque na parte oeste de Manhattan, construído através de um projeto de revitalização incrível de uma linha de trem abandonada prestes a ser demolida. Você pode passear pelos jardins, ver arte, assistir a uma performance, saborear comida deliciosa ou se conectar com amigos e vizinhos – tudo enquanto desfruta de uma perspectiva única da cidade de Nova York.

Através da união da comunidade para a reformulação da linha férrea, foi criado esse espaço incrível para que todos possam desfrutar. Desde então, o parque tornou-se uma inspiração global para as cidades transformarem zonas industriais não utilizadas em espaços públicos dinâmicos.

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Linha férrea abandonada (Imagem: thehighline.org)
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Local revitalizado (Imagem: thehighline.org)
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Parte da extensão do parque (Imagem: thehighline.org)

8 – The Vessel

Ao lado do High Line, se encontra o The Vessel, uma obra de arte interativa que tem a aparência de uma colmeia. Ela foi criada para que o público possa desfrutar de novas perspectivas da cidade nas diferentes alturas e ângulos distintos enquanto sobem as escadas. O Vessel é composto por 154 lances de escada interconectados, quase 2500 degraus e 80 patamares. É uma experiência única e linda!

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Vessel com os lindos prédios ao redor (Imagem: @juliawsott)
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Fonte: visitenovayork.com

9 – Estação, memorial e museu do 11/9

Essa é uma área da cidade cheia de significados e emoções, e a engenharia e arquitetura envolvida nesse lugar é um espetáculo. Primeiramente, o memorial do ataque terrorista às Torres Gêmeas: são 2 piscinas gigantes localizadas exatamente no local das torres. Elas trazem o nome das quase 3 mil vítimas e significam o vazio que nunca será esquecido. Embora as pegadas permaneçam vazias, o design da praça circundante inclui belos bosques de árvores, afirmações tradicionais de vida e renascimento. Essas árvores, como o próprio memorial, exigem o cuidado e nutrição daqueles que as visitam e as cuidam. Elas servem como representações vivas da destruição e renovação em seus próprios ciclos anuais. O resultado é um memorial que expressa a perda de vida incalculável e sua regeneração consoladora.  

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Imagem: @juliawsott

Embaixo das piscinas foi construído um museu que expõe, além dos horrores do 11 de setembro, os diversos projetos das antigas torres inauguradas em 1973, assim como estruturas remanescentes do ataque. É muito incrível a forma que as novas construções (memorial e museu) se conectaram com as torres.

As piscinas ficam exatamente no lugar onde elas estavam e embaixo delas está o museu, que contém muitos elementos originais vindos das torres, como as paredes diafragma, que tiveram de ser construídas ao entorno dos prédios pois o solo era encharcado devido à proximidade com o Rio Hudson. Com o colapso das torres as paredes do entorno ficaram fragilizadas e um desmoronamento do solo e uma inundação pelas águas oriundas do rio poderiam ter materializado uma devastação digna de filmes de catástrofe, mas que foi evitada.  

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É possível observar as 2 piscinas e o museu ao meio (Imagem: www.911memorial.org)

No mesmo local, vale a pena a visita na estação World Trade Center chamada de “The Oculos”, com uma arquitetura impressionante! A estação Oculus in New York foi inaugurada em 2016 de forma silenciosa e sem muito alarde. Com quase sete anos de atraso, a Oculus in New York não só chama atenção pela arquitetura como também pelos custos da construção. A estação é considerada a mais cara do mundo, com um custo de 4 bilhões de dólares!

Contudo, a estação para os trens PATH é considerada futurista e, claro, atrai desde sua inauguração muitos turistas. Além disso, o Oculus em New York será também um shopping e uma passagem para os pedestres que querem economizar o caminho no Financial District. Hoje, o Oculus é só uma grande estação, mas no futuro várias lojas e restaurantes devem fazer parte do projeto que fica bem ao lado do Ground Zero.

10 – One World Trade Center

Nesse mesmo local está presente o maior prédio do hemisfério ocidental, o One World Trade Center, com 541 m. Foi inaugurado em 2014 e trouxe muita beleza para o sul de Manhattan e para a skyline da cidade, e é símbolo da resiliência americana após os ataques terroristas. Foi construído para ser um dos mais seguros do mundo. Para mais detalhes sobre esse edifício, acesse o artigo que o Engenharia 360 fez sobre ele!

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Imagem: archinect.com/

É claro que essa lista traz apenas algumas das maravilhas da arquitetura e engenharia de NYC. Vale muito a pena a visita nessa selva de pedras! Compartilhe conosco quais cidades você gostaria de ver aqui no Engenharia 360!

Fontes: 9/11 Memorial and Museum; Loving New York; Bryant Park; The High Line; Hudson Yards New York; Wikipedia;

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Engenharia 360

Júlia Sott

Engenheira Civil, formada pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do RS; estudou também na Stanford University; passou um período trabalhando, estudando e explorando o Vale do Silício, nos Estados Unidos; hoje atua como analista de orçamentos ajudando a implantar novas tecnologias para inovar na construção civil.

Atualmente, as baterias de lítio são amplamente utilizadas em dispositivos eletrônicos como smartphones, notebooks e muitos outros aparelhos. Embora ofereçam um desempenho superior em relação às baterias mais antigas, a durabilidade das baterias de lítio ainda é uma limitação para os consumidores. Em busca de alternativas mais eficientes, os cientistas descobriram que as baterias de potássio têm o potencial de competir com as de lítio, trazendo benefícios em termos de custo e desempenho. Mais informações neste artigo do Engenharia 360!

Como funcionam as baterias de lítio?

As baterias de lítio consistem em dois eletrodos: um cátodo, geralmente composto de óxido de lítio cobalto, e um ânodo feito de grafite. O processo de carregar e descarregar a bateria envolve o movimento de íons de lítio entre esses dois eletrodos, gerando a energia necessária para alimentar os dispositivos.

Ciclo de funcionamento de uma bateria de íons lítio
Imagem reproduzida de Aranha (2018).

Segundo TechXplore, em publicação de 2020, substituir o óxido de lítio cobalto por óxidos de potássio cobalto poderia resultar em uma redução do desempenho das baterias, já que o potássio possui uma densidade energética inferior à do lítio. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Rensselaer Polytechnic Institute, nos Estados Unidos, sugere que isso pode ser contornado ao substituir o ânodo de grafite por potássio, melhorando o desempenho das baterias de potássio e tornando-as tão eficientes quanto as tradicionais de lítio.

Segundo noticiou o site, a substituição dos óxidos de lítio cobalto por óxidos de potássio cobalto acarretaria a diminuição do desempenho, uma vez que o potássio é menos denso em energia. Para contornar esse problema, os pesquisadores do Rensselaer Polytechnic Institute, nos Estados Unidos, tentaram aumentar o desempenho substituindo o ânodo de grafite pelo potássio.

O professor Nikhil Koratkar, especialista em engenharia mecânica, aeroespacial e nuclear, afirma que “em termos de desempenho, isso poderia rivalizar com uma bateria tradicional de íons de lítio”.

Quais as vantagens das baterias de potássio?

Uma das grandes vantagens do potássio é que ele é muito mais barato e mais abundante que o lítio. Um problema é que há depósitos de metal no ânodo (os chamados dendritos). Eles são formados devido à deposição não uniforme de potássio à medida que os ciclos de carga e descarga acontecem.

De acordo com as informações fornecidas pelo instituto Rensselaer no mesmo ano, “Se crescerem demais, eles eventualmente perfuram o separador de membrana isolante destinado a impedir que os eletrodos se toquem e causem curto-circuito na bateria. O calor é criado quando uma bateria entra em curto e tem o potencial de incendiar o eletrólito orgânico dentro do dispositivo.”.

A solução para o crescimento de dendritos

Nessa pesquisa desenvolvida, a qual foi publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences, os pesquisadores solucionam esse problema se baseando no fato de que o uso das baterias de potássio a uma taxa de carga e descarga elevada pode aumentar a temperatura dentro interior de forma controlada, incentivando os dendritos a se “autorrepararem” a partir do ânodo.

Para que isso seja possível, Koratkar afirma que “a ideia é que, durante a noite ou sempre que você não estiver usando a bateria, você teria um sistema de gerenciamento de bateria que aplicaria esse calor local que faria com que os dendritos se recuperassem”. Os mesmos pesquisadores já mostraram antes o mesmo efeito na bateria de lítio, mas baterias de potássio podem ser mais eficientes, seguras e práticas.

bateria de lítio comum em smartphone
Bateria de lítio de smartphone, comumente usada. | Imagem reproduzida de dignited.com

Qual o potencial das baterias de potássio para o futuro?

As baterias de potássio não apenas oferecem uma solução para a durabilidade das baterias de dispositivos móveis, mas também têm o potencial de melhorar o desempenho de notebooks, veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia renovável, como os utilizados em energia solar e energia eólica. O avanço nas tecnologias de baterias pode resultar em dispositivos mais eficientes e sustentáveis.

Veja Também:


Fontes: Rensselaer Polytechnic Institute, PNAS.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

A construtibilidade é definida pelo Construction Industry Institute (CII) como “o uso ótimo do conhecimento e experiência nas fases de planejamento, projeto, suprimento, e operações de campo de forma a se alcançar os objetivos gerais do empreendimento“.

O engenheiro, autor e professor Aldo Dórea Mattos ainda nos alerta sobre o termo “construtibilidade”. O termo não existe no dicionário brasileiro, trata-se de uma apropriação e tradução do termo inglês “constructability”. Pode buscar no dicionário!

A construtibilidade é inerente à uma análise de nível gerencial que vai desde a etapa preliminar do projeto, planejamento à execução de uma obra. É a aplicação do conhecimento técnico e da experiência dos profissionais ao longo dessas fases.

Mãos de pessoas em uma mesa analisando e apontando para folhas de projetos.
Imagem: freepik.com

A análise de construtibilidade deve iniciar na fase inicial do planejamento, seguir durante o ciclo de planejamento até a fase de implementação do programa ou projeto proposto. Esta análise tem grande potencial de redução de impactos sobre o tempo e o custo de uma obra.

O objetivo desta abordagem é ter análise contínua durante a vida do projeto para possibilita a otimização o planejamento dos custos e do cronograma, ao tempo que mitiga os riscos.

Maquete eletrônica de edificação sobre folhas de projetos e gráficos.
Imagem: projekt.la-k.de

Imagine na fase de projetos, em uma realidade atual, de digitalização dos processos. Em um ciclo de projetos em BIM, se não houver análise e avaliação dos fluxos de trabalho corretamente, na comunicação e interoperabilidade entre os projetistas, os problemas ocorrerão. Por isso, a análise da construtibilidade é relevante.

Pense que durante o planejamento de uma obra com estrutura pré-moldada de concreto, foi feito um cronograma e orçamento para o transporte das peças até o canteiro. Mas durante o transporte, exista um trecho da estrada que o caminhão ou a peça não passe. Ou ainda que, ao chegar no local, o canteiro não possua espaço para acomodação dos materiais.

Nesse tipo de avaliação é que está o esforço da análise de construtibilidade. É preciso pensar em tudo e imaginar o que pode dar errado, afinal, a lei de Murphy não dá folga.

Homens de capacete em canteiro de obra olhando para a mesma direção.
Imagem: i.pinimg.com

De acordo com a recomendação de boas práticas da CII, a RT-034 Constructability Implementation, os benefícios de uma implementação eficaz da construtibilidade são:

  • Redução do custo total do projeto em 4.3%, em média.
  • Redução do cronograma final do projeto em 7.5%, em média.
  • Melhora da qualidade do projeto (manutenção, confiabilidade e operabilidade).
  • Melhoria de segurança do projeto e diminuição dos impactos ambientais.
  • Minimização do retrabalho e do replanejamento do projeto.
Homem desenhando seta apontada para cima em indicação de crescimento num gráfico.
Imagem: contioutra.com

A CII ainda estabelece os níveis de implantação da análise de construtibilidade em nível organizacional, sendo eles:

  • Nível 1 – Sem Programa
  • Nível 2 – Aplicação de suportes selecionados
  • Nível 3 – Programa Informal
  • Nível 4 – Programa Formal
  • Nível 5 – Programa formal abrangente

São vários os aspectos a se considerar, no entanto, podemos sintetizar que é as estratégias são ligadas na identificação criteriosa e análise do caminho crítico da construção, priorizar atividades críticas, identificar possíveis interferências entre trabalhos no campo, utilizar conceitos de projetos simples e padronizar processos. Além de tudo, uma das ideias centrais é incentivar o pensamento fora da caixa, objetivando encontrar práticas inovadoras que tragam ganho em algum aspecto em alguma etapa e do projeto no geral.

Maquete com homens em miniatura trabalhando em maquete sobre folha de projeto.
Imagem: amazonaws.com

Verifica-se que o conceito é comum também com estratégias de gestão do Project Management Institute (PMI) e da Association for the Advancement of Cost Engineering (AACE).

Recomendações importantes sobre o assunto podem ser encontradas nas Práticas Recomendadas da AACE 30R‐03 Implementação de Construtibilidade em Projetos e 48R‐06 Revisão de Construtibilidade em Cronogramas.

Veja Também:


Fonte: CII, AACE, Buildin, PMKB, BlogTek.

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Engenharia 360

Matheus Martins

Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.