A Terra está passando por severas transformações climáticas. Especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) alertam sobre o aumento de fenômenos meteorológicos extremos que ameaçam a segurança das pessoas. O alarmante aumento do nível do mar, acompanhado por um expressivo número de furacões e ciclones nos últimos anos, é uma preocupação crescente.
Um exemplo recente é o aumento das tempestades que frequentemente atingem o sul dos Estados Unidos, Cuba e ilhas vizinhas, com categorias próximas a cinco na escala Saffir-Simpson. Em 2020, o “Ciclone Bomba” afetou o sul do Brasil, trazendo chuvas torrenciais e ventos de até 120 km/h. As previsões indicam a possibilidade de mais ciclones severos nos próximos meses e anos.
Infelizmente, eventos como esses podem se repetir no futuro. Embora seja difícil prever a reação da natureza, podemos melhorar o planejamento de nossas obras de Arquitetura e Engenharia para mitigar ou até impedir que desastres naturais comprometam a segurança das pessoas. A população também deve se informar sobre como reagir a ciclones e adotar melhores práticas de segurança. Debatemos mais sobre o tema no artigo a seguir, do Engenharia 360!
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Danos comuns causados pelos desastres naturais
Eventos como os que foram citados na introdução deste texto - tipo os ciclones - costumam causar grandes estragos. Eles derrubam árvores e provocam inundações de centros urbanos, destruição de redes elétricas, destelhamento de casas e queda de estruturas. O rastro de destruição e as montanhas de entulhos resultantes disso são mesmo impressionantes. Moradias acabam cedendo e vidas são perdidas.
Na maioria das vezes, boa parte disso poderia ser evitada se sempre fossem cumpridas as normas de bom desempenho para edificações. E, também, se todos estivessem sempre atentos nas características dos terrenos onde são construídos estes prédios – afinal, deslizamento de terra é coisa comum de acontecer com fortes chuvas.
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Uma dúvida comum é se a qualidade dos materiais utilizados é a causa dos problemas.
No Brasil, boa parte das casas é feita de alvenaria e acredita-se que estas construções sejam mais fortes por isto; mesmo assim, muitas acabam sendo afetadas pelos desastres naturais. Já nos Estados Unidos, por exemplo, a tradição é construir casas de madeira – principalmente visando ambientes termicamente mais agradáveis no período do inverno. Só que elas não suportam bem abalos sísmicos e rajadas de vento de tempestades mais violentas. Então, talvez possamos dizer que o segredo estaria nos métodos adotados!
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Soluções de arquitetura e engenharia para mitigação
É crucial que grandes obras, como edifícios e muros, sejam projetadas por profissionais qualificados. Imóveis projetados por arquitetos e engenheiros devem seguir normas técnicas rigorosas.
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- Dimensionamento Estrutural: Elementos estruturais devem ser adequadamente dimensionados e suportados por fundações robustas.
- Impermeabilização: As paredes devem ser bem impermeabilizadas, com drenagem adequada para evitar acúmulo de água.
- Resistência a Ventos: Telhados devem ser reforçados com travamentos, e portas e janelas devem ser lacradas e fabricadas com materiais de alta resistência.
"Há vários fatores que devem ser observados na hora de construir uma residência, dentre eles: análise do solo (...); escolha do sistema estrutural mais conveniente e apropriado (...); definição do sistema de vedação no que se refere às paredes; e, por fim, a escolha da cobertura.",
"Então, qualquer coisa que acontecer no projeto, se não for bem executado, o profissional (arquiteto ou engenheiro) é que vai responder, civil e criminalmente."
- arquiteta Marina Proto e engenheira civil Daiana Rodrigues, em reportagem de Jornal IBIA.
Investimentos em tecnologia
Muitas construtoras têm investido mais em tecnologia para a realização de ensaios de seus modelos de edifícios, prevendo a reação dos elementos a possíveis deslizamentos de terra, cargas de vento de ciclones e muito mais. É possível que, após diversos cálculos, chegue-se a um consenso para a mudança do material construtivo sugerido no início do planejamento. Ou mesmo que tenha que se mudar o formado do modelo para aumentar a resistência do edifício.
Claro que, posteriormente, no momento da obra ou de uma reforma futura, possam ser diagnosticados outros problemas. Daí, só mesmo esses profissionais qualificados é que poderão definir as soluções adequadas – como o reforço ou o preenchimento de pilares e vigas com ferragens expostas.
No Brasil, a Norma 15.575/2003 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – orienta os projetistas sobre as definições quanto ao melhor desempenho das edificações a ventos e chuvas, como de ciclones - avaliando categorias como segurança, sustentabilidade e habitabilidade.
Medidas básicas para situações de risco
Reforçando a mensagem deste texto, não é indicado construir ou realizar a manutenção de casas sem a orientação de um profissional competente!
Ampliações, por exemplo, exigem mais atenção, pois não é toda a estrutura que aguenta sobrecarga. Uma pessoa realmente experiente saberá identificar problemas na edificação que precisam ser solucionados com urgência – como ação de pragas, corrosões e umidade. Lembrando que tudo precisa estar de acordo com as normas técnicas construtivas, mas também com o código de obras do município. Se o alvará não foi liberado, já um indicativo de que a área do terreno apresenta algum risco de morte – como por deslizamento, por exemplo.
A saber, famílias de baixa renda – de acordo com a Lei 11.888/2008 – têm direito a assistência técnica pública e gratuita para projetos e construções com acompanhamento de profissionais habilitados. Portanto, não há desculpas!
Deslizamento de terra
Se você está em uma área de risco, evacue a sua residência ao primeiro sinal de problema e ligue para a Defesa Civil, no número 199. Você mesmo pode fazer uma inspeção visual periódica da área. Se identificar partes ocas no terreno, buracos de grandes proporções, diferenças de coloração e rachaduras, saia do local com antecedência.
Enchente
Sempre que uma área estiver inundada, evite circular por ela. Se puder, fique em casa e desligue os sistemas de luz, água e gás da sua residência. E, se precisar de ajuda, ligue para o Corpo de Bombeiros, no número 193.
Vendaval
Novamente, durante a passagem de uma tempestade, desligue os sistemas e fique dentro de casa. Antes do vendaval, indica-se fechar bem portas e janelas – em caso de ciclones e furacões é preciso reforçar com tampões.
Não é recomendado ficar próximo de fiações, árvores, estruturas que não ofereçam segurança ou mesmo de objetos de decoração que possam cair. Recolha do lado de fora vasos, bancos, churrasqueiras e tudo que possa voar contra a sua casa ou de vizinhos. E, se alguma árvore atingir a rede elétrica, contate logo a Secretaria de Segurança do seu município.
Granizo
Neste caso, sempre tente se abrigar no local mais seguro possível. Não fique embaixo de árvores ou de coberturas que possam furar ou quebrar – como de vidro e de fibra. Aliás, tenha cuidado também com todas as construções mal acabadas. E evite ficar próximo de placas de propaganda ou coisas simulares.
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Enfim, os desastres naturais são uma realidade e sua frequência tem aumentado. No entanto, com planejamento adequado e a orientação de profissionais qualificados, podemos mitigar os impactos desses eventos.
Comente abaixo: que outras dicas você daria em casos de eventos extremos da natureza?
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Fontes: NSC Total, UFSC, Jornal IBIA, Cimento Itambé, Construct.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.