Segundo Amilcar Guerreiro, a matriz energética brasileira é condicionada por cinco temas: geopolítica energética mundial, mudança do clima global, perfil sociodemográfico, perfil da indústria e competitividade da economia.

O gás de xisto possui potencial para mudar a geopolítica mundial e afetar o preço entre os energéticos. Suas maiores reservas se concentram nos Estados Unidos e na China. No Brasil, as perspectivas que se abrem para o gás não convencional no país são condicionantes, juntamente com o pré-sal, de, nos próximos anos, ocorrer uma evolução da economia e da matriz energética nacional.
Em relação às mudanças climáticas, o foco é a ampliação do controle das emissões de gases do efeito estufa, mediante consequências amplamente discutidas, como o aquecimento global. Amilcar Guerreiro afirma que: “Os Bric mais Japão e Estados Unidos são responsáveis por mais de 50% das emissões globais de GEE (2005). Excluindo o Brasil, 75% das emissões desses países são devidas à produção e ao uso da energia - índice muito próximo à média mundial - e 33% são devidos somente à produção de energia elétrica. No nosso caso, a elevada participação de renováveis na matriz, quase 45%, reduz muitíssimo essas proporções, para 12% e 1%, respectivamente.” Segundo ele, a biomassa proveniente da cana e a energia das hidrelétricas são as responsáveis por essa condição favorável. Por ter uma economia de baixo carbono, os desafios da energia no Brasil divergem dos demais países.
As alterações no perfil sociodemográfico são visíveis. O aumento da expectativa de vida e da urbanização e avanço do papel da mulher na sociedade, incluindo a redução do número de filhos, são mudanças que afetam o consumo de energia. Sobre isso, Guerreiro diz que: “O País vive um histórico período de bônus demográfico, em que a população em idade produtiva é relativamente maior do que a de idosos, jovens e crianças. Trata-se de mais um fator a impulsionar o crescimento econômico, fator que será tão mais relevante quanto melhor for a capacitação da força de trabalho. A perspectiva de crescimento da economia exerce pressão sobre a demanda de energia, apesar das iniciativas de eficiência energética”.
O consumo final energético da indústria nacional permanece estável há 25 anos. Segundo Guerreiro, a indústria de transformação perde participação na economia e os produtos manufaturados perdem importância na pauta de exportações. Tal fato ainda não reflete na economia, mas é de se esperar que essas mudanças no perfil da indústria afetem o consumo setorial de energia.
O aumento da competitividade é um fator de grande importância para um crescimento econômico. Medidas como redução dos juros e das tarifas de energia devem produzir resultados, provocando efeitos sobre o consumo de energia.
Amilcar Guerreiro conclui ressaltando que se inicia agora um novo ciclo de estudos do planejamento energético que levará ao Plano Nacional de Energia 2050. Tais estudos envolvem a discussão desses temas porque eles possuem conteúdo modificador e portador de futuro, com grandes desafios para o planejamento energético.
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Larissa Fereguetti
Engenheira, com mestrado e doutorado. Fascinada por tecnologia, curiosidades sem sentido e cultura (in)útil. Viciada em livros, filmes, séries e chocolate. Acredita que o conhecimento é precioso e que o bom humor é uma ferramenta indispensável para a sobrevivência.