A impressão 3D vem nos surpreendendo ao produzir peças complexas, desde micro-satélites, até casas. Mas essa tecnologia não se limita a essa abordagem. Atualmente, a impressão 3D perpassa áreas da medicina e, em um ousado experimento, foi capaz de produzir um coração a partir de tecido biológico!
O coração artificial produzido por impressão 3D combina completamente com as propriedades imunológicas, celulares, bioquímicas e anatômicas do paciente doador do tecido. Até agora, os cientistas da medicina regenerativa, um campo diretamente relacionado com tecnologia e engenharia biomédica, tinham apenas conseguido imprimir tecidos simples, sem vasos sanguíneos. Mas o cenário mudou e cientistas da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, conseguiram imprimir um coração vivo e palpitante a partir de tecido humano.
Como foi realizada a impressão 3D do coração
O produto de impressão 3D foi gerado depois de ter sido feita uma pequena biópsia do tecido adiposo (sim, da gordurinha) do paciente, remoção das células e separação do colágeno e outros biomateriais. Tudo foi reprogramado e diferenciado para células cardíacas e células de vasos sanguíneos. O passo seguinte foi processar os biomateriais para serem convertidos em “biotintas”. No caso, essas “biotintas” consistem em substâncias feitas de açúcares e proteínas que podem ser usadas para impressão 3D de modelos de tecidos complexos.
O produto final foi um coração impresso em 3D, com cerca de 3 centímetros, equivalente ao tamanho do órgão em um rato ou coelho, por exemplo.
Objetivos futuros da pesquisa
Os próximos passos da pesquisa estão relacionados a amadurecer
o coração impresso em 3D, de modo que ele seja capaz de desempenhar seu papel
principal: bombear. Considerando os resultados presentes, por mais que as
células impressas sejam capazes de se contrair, o coração impresso em 3D ainda
não bombeia sangue.
Contudo, a gente reforça como é extremamente importante valorizar esse avanço na impressão 3D associado à medicina e engenharia biomédica. Isso porque a biocompatibilidade dos materiais é crucial para eliminar o risco de rejeição do implante pelo paciente que venha a recebê-lo.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
LEIA MAIS
Em um cenário ideal, um futuro breve promete a possibilidade impressoras 3D de órgãos espalhadas em hospitais, funcionando rotineiramente. Essa contribuição de engenharia, apesar de ainda estar na nossa imaginação como um objetivo a ser alcançado, seria de grande ajuda, considerando a escassez de doação de órgãos, o custo e as dificuldades intrínsecas ao procedimento.
Fonte: Advanced Science
Comentários
Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.