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Cientistas constroem "máquina do tempo" para medir os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia

Engenharia 360
por Redação 360
| 13/01/2025 4 min
Imagem de Maria Clara Ferreira Guimarães, AmazonFACE, reproduzida via Superinteressante

Cientistas constroem "máquina do tempo" para medir os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia

por Redação 360 | 13/01/2025
Imagem de Maria Clara Ferreira Guimarães, AmazonFACE, reproduzida via Superinteressante
Engenharia 360

Sempre consideramos a Floresta Amazônica como o “pulmão do planeta”, contribuindo de forma significativa para a regulação do clima global. Porém, nas últimas décadas, com as mudanças climáticas e o desmatamento acelerado, será que a natureza ainda responde do mesmo modo? Os cientistas estão preocupados com os efeitos das mudanças climáticas e os altos índices de emissões de dióxido de carbono que ameaçam a integridade da Terra. Isso é o que moveu a iniciativa AmazonFACE (sigla em inglês para 'Enriquecimento de CO2 ao Ar Livre').

Tal experimento está sendo conduzido com foco no entendimento de como a floresta reage a todas essas alterações no planeta, considerando as implicações para a biodiversidade e seus ecossistemas. Os resultados podem nos trazer uma perspectiva das reações da Amazônia nas próximas décadas. Descubra mais detalhes desse projeto no artigo a seguir, do Engenharia 360!

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Entendo o que é AmazonFACE

O AmazonFACE é uma iniciativa científica bastante audaciosa que está sendo conduzida em colaboração entre equipes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o governo britânico - no total, 130 pessoas. Basicamente, ela consiste na construção de 96 torres metálicas implantadas em um raio de 80 quilômetros em região ao norte de Manaus. Se pudéssemos traduzir o que é essa tecnologia de ponta, diríamos que se trata de uma “máquina do tempo”.

projeto AmazonFACE
Imagem reproduzida de Audiovisual G20 via G1
projeto AmazonFACE
Imagem de Maria Clara Ferreira Guimarães, AmazonFACE, reproduzida via G1

Explicando melhor, o AmazonFACE deve coletar informações da atmosfera e simula o aumento de 50% na concentração de CO2 ao longo de uma década. O entendimento desse “movimento” do passado até o presente pode ajudar os pesquisadores a entender como será o futuro da floresta e avaliar como ela provavelmente vai se adaptar às mudanças climáticas. Parece simples, não é? Contudo, a execução é bastante complexa!

Estrutura do experimento

Para conduzir o experimento, os cientistas dependem de anéis gigantescos (30 metros de diâmetro) instalados no conjunto de torres (estes com 35 metros de altura). Dentro de alguns anéis vai dióxido de carbono líquido, regulado artificialmente para as simular diferentes condições climáticas que podemos ter nas próximas décadas. Então, por fim, algoritmos são utilizados para analisar as variáveis (como velocidade e direção do vento) e modelos computacionais para prever cenários futuros.

Ao comparar os indicadores, incluindo o crescimento das plantas, fluxo de umidade na atmosfera e reações dos animais, sabe-se das respostas da natureza.

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Na prática, espera-se que esses resultados melhorem os modelos computacionais existentes, permitindo previsões mais precisas sobre o futuro da Amazônia.

projeto AmazonFACE
Imagem reproduzida de Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia via G1

Fertilização por CO2

Um fenômeno que certamente os cientistas do projeto AmazonFACE devem observar é o da “fertilização por CO2”. A explicação é de que o dióxido de carbono pode aumentar expressivamente a taxa de fotossíntese e de crescimento das plantas, resultando em maior biomassa. Mas essa é uma teoria que ainda não possui evidências concretas em biologias como da Amazônia. E pode ser que mesmo agora não se tenha essa resposta em função de falta de nutrientes no solo, como fósforo.

Razões para testar a Amazônia

A Amazônia é um dos ecossistemas mais importantes do planeta. Sua biodiversidade é imensa e, até agora, vinha ajudando no ciclo de carbono no planeta. No entanto, a floresta está sob ameaça e fato é que não se sabe como ela está sofrendo com as mudanças climáticas, quiçá se não está morrendo por conta disso. Os cientistas têm mais incertezas do que certezas! E é óbvio que, independente das respostas que o AmazonFACE traga, nós já estamos sentindo os impactos dessas mudanças no dia-a-dia. 

Um olhar no futuro

Até agora, o AmazonFACE já recebeu cerca de R$ 32 milhões em investimentos do governo brasileiro e R$ 45 milhões do Reino Unido para condução do experimento. Parece muito? Mas não é! Pense no desafio logístico de levar equipes e equipamentos para uma região tão remota. Em contrapartida, o retorno em conhecimento pode ser maior se, com os dados coletados, for possível desenvolver estratégias mais eficazes para proteger a Amazônia e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

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A expectativa é de que as informações adquiridas (sobretudo dos mecanismos que controlam o funcionamento da floresta) enriqueçam modelagens futuras sobre o clima e preparem sociedades futuras. E mais do que isso, os resultados devem ter implicações diretas nas comunidades locais. Isso porque quaisquer mudanças nos ecossistemas afetam produções agrícolas, geração de energia, etc., causando migrações populacionais. 

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Fontes: G1, Superinteressante, The Conversation, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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