Engenharia 360

O impacto da pandemia na construção civil: como o setor retoma o crescimento

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por Matheus Martins
| 06/07/2020 | Atualizado em 30/12/2021 5 min

O impacto da pandemia na construção civil: como o setor retoma o crescimento

por Matheus Martins | 06/07/2020 | Atualizado em 30/12/2021

A pandemia causou grande queda na construção civil, mas deixa um legado para o futuro

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A pandemia causou grande queda na construção civil, mas deixa um legado para o futuro

A pandemia em decorrência do novo coronavírus (COVID-19) causou impactos em todos os setores existentes. Tudo o que fazemos no cotidiano precisou ser paralisado, modificado e repensado.

Para a construção civil também não faltaram impactos. Especialmente para um setor que apresentava recuperação histórica importante, o impacto foi bastante lamentável.

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A ascensão prevista para 2020

No início do ano, as projeções apontavam para um ano promissor. Os investimentos nas bolsas de valores para incorporadoras e construtoras, os índices de produtividade dos canteiros e índices de vendas de imóveis, entre outros indicadores, apontavam para um ano de retomada da construção.

Gráfico da série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em janeiro de 2020
Série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em janeiro de 2020 demonstrava o otimismo do mecado. Imagem: CNI.

O índice de confiança dos empresários da construção civil atingiu nível que não era alcançado desde 2011 e 2010, período em que o setor estava aquecido.

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A crise causada pela pandemia

Com o início da pandemia, houve muitos impactos. O principal, sem dúvida, foi a necessidade de paralisação em muitas cidades do país. Especialmente nas capitais, os canteiros ficaram paralisados por ao menos duas semanas.

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A partir da paralisação, já foram iniciados estudos para estabelecimento de um protocolo seguro à atividade de construção. Com o apoio dos SECOVI's (Serviço Social da Construção Civil) - especialmente do SECOVI-SP - e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), foi elaborada cartilha de boas práticas para orientação das empresas construtoras no país. Afim de orientar a todos para um retorno de atividades em segurança.

Capa da cartilha de boas práticas contra o coronavírus em obras elaborada pela CBIC.
Capa da cartilha de boas práticas elaborada pela CBIC. Imagem: CBIC.

Apesar do retorno gradual nas atividades, o estrago já estava feito. Os índices da construção, que eram promissores no início do ano, já demonstravam uma queda absurda do setor.

A queda abrupta representava o caos causado e o cenário de insegurança para os negócios foram constatados em diversas pesquisas. A recuperação apresentada no último trimestre de 2019 e início de 2020 foi engolida pela crise.

Gráfico da série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em abril de 2020.
Série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em abril de 2020 representando a queda abrupta do setor na pandemia. Imagem: CNI.

A pandemia levou a paralisação não apenas das obras, mas também de toda a cadeia de suprimentos e suporte ao setor. A logística ficou dificultada e, mesmo após o retorno das atividades, permaneceram muitas limitações.

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Alguns estados, como o Ceará, por exemplo, tiveram uma paralisação maior. O retorno se deu apenas após o decreto presidencial que estabeleceu a atividade de construção civil como essencial para a economia.

A outra face da pandemia para a construção civil

Por outro lado, a pandemia permitiu um momento único de reflexão e análise do setor. Estamos conduzindo nosso processos da melhor forma possível? Nossas sistemáticas poderiam ser mais ágeis hoje? Nossos processos poderiam ser mais seguros? O que empresas construtoras estão realizando em prol da comunidade?

Estes e muitos outros questionamentos vieram à tona e as respostas foram aparecendo.

Muitas empresas construtoras e incorporadoras realizaram atividades de suporte às comunidades cumprindo uma atividade de responsabilidade social. Algo que vimos ser importantes em outro momento da história.

Registro de colaborador de empresa construtora entregando cesta básica em ação social.
Registro de colaborador de empresa construtora em ação social. Imagem: CBIC.

A urgência também permitiu a tração de novos sistemas construtivos, mais rápidos e sustentáveis, para atendimento da demanda de hospitais em várias regiões do país. A exemplo, podemos citar as obras hospitalares feitas pela Brasil ao Cubo, empresa de Santa Catarina, nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Foram construídos hospitais em 30 dias através da construção modular, algo que deve ser cada vez mais recorrente. A pandemia evidenciou a tecnologia construtiva e a capacidade brasileira de fazê-lá.

Fachada do Hospital M'Boi Mirim ampliado para mais 100 leitos. Brasil ao Cubo.
Hospital M'Boi Mirim ampliado para mais 100 leitos. Obra feita em construção modular durou 33 dias. Imagem: startupi.com.br

A digitalização do setor também foi acelerada. O CNJ deu, através dos Provimentos nº. 95 e 100, as diretrizes para que os cartórios de registro de imóveis pudessem realizar a averbação de imóveis de maneira totalmente digital e remota. Empresas como a Loft, realizaram vendas em que a averbação foi feita totalmente remota, de maneira virtual e em período reduzido. Num outro momento, para uma averbação, seria preciso ir 3 ou 4 vezes ao cartório e esperar um trâmite de 30 a 40 dias.

Na divulgação dos indicadores do primeiro trimestre do mercado imobiliário, a CBIC apresentou relatório com um dado importante: no mês de março, a maior parte das vendas foram feitas após o início da pandemia. Outro ponto identificado é que as empresas que já trabalhavam com venda em meio digital, sentiram pouco impacto.

Gráfico do histórico de vendas imobiliárias em março. Comparação de vendas em período de pandemia e pré-pandemia
Gráfico do histórico de vendas imobiliárias em março. Comparação de vendas em período de pandemia e pré-pandemia. Imagem: CBIC.

Em estudo da revista Valor Econômico, foi identificado que a maioria das construtoras passaram a rever seus projetos. Com um novo comportamento do usuário, em função da pandemia, modificações nos próximos imóveis a serem lançados serão feitas. Espaços de home office em apartamentos, áreas de coworking em condomínios, apartamentos mais compactos, entre outras necessidades do mercado, estão sendo avaliadas e serão trazidas à tona.

O que fica para o período pós-pandemia?

A pandemia deixa para a construção um aprendizado enorme, assim como todos os outros setores. No entanto, para um setor que pouco evolui, o momento tem sido ímpar para adesão de ferramentas digitais, de industrialização da cadeia produtiva, da avaliação de como fazemos nossas edificações e para quem projetamos.

Ações coletivas de discussão das estratégias de mercado tem sido feitas constantemente, como é o caso da iniciativa PandeBuilding, que reúne os maiores especialistas do mercado para discussão do futuro das edificações pós pandemia.

Gráfico da série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em junho de 2020.
Série histórica do Índice de Confiança do Empresário da Construção em junho de 2020 apresenta início de retomada. Imagem: CNI.

A construção civil volta a crescer após a queda inicial. E agora, mais do que nunca, é o momento de estruturar as boas estratégias do setor.

Na sua visão, qual o legado da pandemia para o setor de construção civil? Deixe sua opinião nos comentários!

Fonte: CNI, CBIC, Valor Econômico.

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Matheus Alves Martins

Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.

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