A pandemia em decorrência do novo coronavírus (COVID-19) causou impactos em todos os setores existentes. Tudo o que fazemos no cotidiano precisou ser paralisado, modificado e repensado.
Para a construção civil também não faltaram impactos. Especialmente para um setor que apresentava recuperação histórica importante, o impacto foi bastante lamentável.
A ascensão prevista para 2020
No início do ano, as projeções apontavam para um ano promissor. Os investimentos nas bolsas de valores para incorporadoras e construtoras, os índices de produtividade dos canteiros e índices de vendas de imóveis, entre outros indicadores, apontavam para um ano de retomada da construção.
O índice de confiança dos empresários da construção civil atingiu nível que não era alcançado desde 2011 e 2010, período em que o setor estava aquecido.
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A crise causada pela pandemia
Com o início da pandemia, houve muitos impactos. O principal, sem dúvida, foi a necessidade de paralisação em muitas cidades do país. Especialmente nas capitais, os canteiros ficaram paralisados por ao menos duas semanas.
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A partir da paralisação, já foram iniciados estudos para estabelecimento de um protocolo seguro à atividade de construção. Com o apoio dos SECOVI's (Serviço Social da Construção Civil) - especialmente do SECOVI-SP - e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), foi elaborada cartilha de boas práticas para orientação das empresas construtoras no país. Afim de orientar a todos para um retorno de atividades em segurança.
Apesar do retorno gradual nas atividades, o estrago já estava feito. Os índices da construção, que eram promissores no início do ano, já demonstravam uma queda absurda do setor.
A queda abrupta representava o caos causado e o cenário de insegurança para os negócios foram constatados em diversas pesquisas. A recuperação apresentada no último trimestre de 2019 e início de 2020 foi engolida pela crise.
A pandemia levou a paralisação não apenas das obras, mas também de toda a cadeia de suprimentos e suporte ao setor. A logística ficou dificultada e, mesmo após o retorno das atividades, permaneceram muitas limitações.
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Alguns estados, como o Ceará, por exemplo, tiveram uma paralisação maior. O retorno se deu apenas após o decreto presidencial que estabeleceu a atividade de construção civil como essencial para a economia.
A outra face da pandemia para a construção civil
Por outro lado, a pandemia permitiu um momento único de reflexão e análise do setor. Estamos conduzindo nosso processos da melhor forma possível? Nossas sistemáticas poderiam ser mais ágeis hoje? Nossos processos poderiam ser mais seguros? O que empresas construtoras estão realizando em prol da comunidade?
Estes e muitos outros questionamentos vieram à tona e as respostas foram aparecendo.
Muitas empresas construtoras e incorporadoras realizaram atividades de suporte às comunidades cumprindo uma atividade de responsabilidade social. Algo que vimos ser importantes em outro momento da história.
A urgência também permitiu a tração de novos sistemas construtivos, mais rápidos e sustentáveis, para atendimento da demanda de hospitais em várias regiões do país. A exemplo, podemos citar as obras hospitalares feitas pela Brasil ao Cubo, empresa de Santa Catarina, nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Foram construídos hospitais em 30 dias através da construção modular, algo que deve ser cada vez mais recorrente. A pandemia evidenciou a tecnologia construtiva e a capacidade brasileira de fazê-lá.
A digitalização do setor também foi acelerada. O CNJ deu, através dos Provimentos nº. 95 e 100, as diretrizes para que os cartórios de registro de imóveis pudessem realizar a averbação de imóveis de maneira totalmente digital e remota. Empresas como a Loft, realizaram vendas em que a averbação foi feita totalmente remota, de maneira virtual e em período reduzido. Num outro momento, para uma averbação, seria preciso ir 3 ou 4 vezes ao cartório e esperar um trâmite de 30 a 40 dias.
Na divulgação dos indicadores do primeiro trimestre do mercado imobiliário, a CBIC apresentou relatório com um dado importante: no mês de março, a maior parte das vendas foram feitas após o início da pandemia. Outro ponto identificado é que as empresas que já trabalhavam com venda em meio digital, sentiram pouco impacto.
Em estudo da revista Valor Econômico, foi identificado que a maioria das construtoras passaram a rever seus projetos. Com um novo comportamento do usuário, em função da pandemia, modificações nos próximos imóveis a serem lançados serão feitas. Espaços de home office em apartamentos, áreas de coworking em condomínios, apartamentos mais compactos, entre outras necessidades do mercado, estão sendo avaliadas e serão trazidas à tona.
O que fica para o período pós-pandemia?
A pandemia deixa para a construção um aprendizado enorme, assim como todos os outros setores. No entanto, para um setor que pouco evolui, o momento tem sido ímpar para adesão de ferramentas digitais, de industrialização da cadeia produtiva, da avaliação de como fazemos nossas edificações e para quem projetamos.
Ações coletivas de discussão das estratégias de mercado tem sido feitas constantemente, como é o caso da iniciativa PandeBuilding, que reúne os maiores especialistas do mercado para discussão do futuro das edificações pós pandemia.
A construção civil volta a crescer após a queda inicial. E agora, mais do que nunca, é o momento de estruturar as boas estratégias do setor.
Na sua visão, qual o legado da pandemia para o setor de construção civil? Deixe sua opinião nos comentários!
Fonte: CNI, CBIC, Valor Econômico.
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Matheus Alves Martins
Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.