O primeiro caso de coronavírus no Brasil foi oficialmente confirmado no último dia 26, logo após o Carnaval, e já se fala sobre como isso vai afetar a economia (e também a Engenharia e a Indústria). Um exemplo claro é dos outros países espalhados pelo mundo que já vivem uma situação de epidemia e tiveram sua economia impactada.
Alguns pesquisadores afirmam que problemas como clima, guerras e predadores sempre foram preocupações da humanidade, mas nenhum outro traz tanto temo como as epidemias. Essa não é a primeira grande epidemia que o mundo vai enfrentar e também não é a última.
Quando uma nova doença surge, a maior parte da população é suscetível, de forma que o número de infectados tende a ser elevado, principalmente se a taxa com que ela é transmitida é elevada. As consequências disso são várias e nós vemos claramente ao acompanhar o caso do coronavírus (COVID-2019, causada pelo vírus SARS-CoV-2).
A Coreia do Sul, grande produtora de carros, eletrônicos e máquinas, tem vários casos da doença registrados. O Japão também já registrou centenas de infecções. Na Europa, a grande preocupação é com a Itália (de onde veio o infectado para o Brasil). Esses quatro países (incluindo a China), representam cerca de 27% do PIB global, segundo a CNN.
A Apple, por exemplo, já alertou que o fornecimento mundial de iPhone ficaria restrito. Outras grandes empresas fizeram alertas semelhantes, como Microsoft, Toyota e United Airlines. Estima-se que as transportadoras globais podem perder quase 30 bilhões de dólares em receita, segundo a International Air Transport Association. Assim, indústrias do mundo todo podem sofrer algum impacto.
E o coronavírus no Brasil?
A tendência é de que, se a economia global sofre um grande impacto, o Brasil vai acompanhar a onda. Para complementar, a China é o principal cliente das exportações brasileiras. Por aqui, o preço do petróleo já foi impactado e a Petrobrás prevê um impacto financeiro por causa do coronavírus.
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Por falta de componentes que vem da China, as fábricas da LG, da Samsung e da Motorola, todas no estado de São Paulo, tiveram a produção suspensa. As cotações de soja, petróleo e minério de ferro diminuíram com o medo da desaceleração da economia na China. Dentre tudo que o Brasil exporta para a China, 30% é de soja, 24% de petróleo e 21% de minério de ferro, segundo o G1.
Adolfo Sachsida, Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, afirmou ao O Globo que o avanço da epidemia pode afetar o crescimento do país. Por enquanto, as projeções permanecem as mesmas. A estimativa de crescimento do PIB era de 2,31% há um mês, depois passou para 2,23% e já chega a 2,2%.
Todos esses fatores fazem com que a Indústria e, consequentemente, a Engenharia no Brasil (uma vez que diversos setores dependem da indústria, desde a civil a automação) e no mundo todo sejam afetadas. Linhas de produção dependentes de matérias-primas de vários países podem parar, como montadoras, eletroeletrônicos e produtos farmacêuticos (como algumas já pararam em São Paulo).
Temos motivo para pânico?
Até o momento, não. Apenas um caso foi confirmado no Brasil e ele veio de fora, ainda não foram registrados casos por contato em território nacional (isso pode mudar a qualquer momento). Além disso, o que o Ministério da Saúde e outros profissionais da área falam é que o vírus possui uma taxa de mortalidade baixa se comparado a outras doenças, quem está em risco são as mesmas pessoas que estariam em risco em uma gripe comum.
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O que a gente pode fazer, no momento, são práticas que deveriam ser sempre feitas: lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações, ficar em casa se estiver doente (para não disseminar a doença) e outras. Além disso, a orientação atual é de que você só vá para o hospital se estiver com sintomas agravados (como falta de ar). Na maioria dos casos, os sintomas são de uma gripe ou resfriado leve e ir para um hospital só aumentaria a disseminação do vírus.
Ou seja, entrar em pânico não é uma boa escolha e pode afetar também o mercado (principalmente se todos começarem a comprar e estocar alimentos como se esperassem uma epidemia zumbi apocalíptica). Se todo mundo parar de trabalhar ou parar de realizar suas tarefas normais por ter um caso registrado apenas no país, aí sim as coisas podem ficar piores. Também não vale divulgar fake news, o que só colabora para o pânico (você pode checar informações oficiais em sites como o Ministério da Saúde, o CDC e a WHO).
Quanto ao impacto direto na Engenharia, na indústria e na economia de modo geral, infelizmente, a gente precisa aguardar para saber o que vai ser. Pode ser que a doença só se manifeste no Brasil no inverno, pode ser que o surto seja contido aqui e em outros locais no mundo, pode ser que várias coisas aconteçam ao longo dos próximos meses. A gente precisa fazer nossa parte e torcer para que esse impacto seja mínimo (tanto para as pessoas quanto para a economia).
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.