Uma das decisões que impactam planos de engenharia é a escolha de revestimentos. Aliás, existem vários tipos de pavimentos que podem ser usados em uma obra, com características específicas e aplicações ideais. Neste artigo do Engenharia 360, vamos explorar os principais utilizados em projetos (flexíveis, rígidos, semi-rígidos e invertidos), buscando entender quais as suas principais vantagens e desvantagens, bem como suas aplicações comuns. Confira!

Tipos de pavimentos em projetos de engenharia

1. Flexíveis

Começamos esta lista de tipos de pavimentos citando os pavimentos flexíveis – também conhecidos como pavimentos asfálticos. Eles são compostos por camadas (superiores de misturas betuminosas com cerca de 15 a 40 cm de espessura e inferiores de materiais granulares) que sofrem deformação elástica conforme a aplicação de carregamento. Explicando melhor, se a carga é distribuída em parcelas equivalentes sobre as camadas, por exemplo, tem-se uma distribuição eficiente de tensões.

Esse pavimento oferece um ótimo custo-benefício por sua fácil implantação e manutenção. Inclusive, os pavimentos flexíveis podem ser redimensionados através de reforço estrutural, como recapeamentos, segundo as necessidades do tráfego e das solicitações. Porém, com relação a essa questão da manutenção, ela poderá ser frequente dependendo das condições de uso e clima que podem provocar oxidação do ligante asfáltico e mais.

tipos de pavimentos
Imagem de Mike Bird em Pexels

Mas por que ainda usar asfalto dentre tantos tipos de pavimentos? Afinal, vemos tanto isso em rodovias, vias urbanas e estacionamentos. É que esse pavimento apresenta melhor flexibilidade e absorve melhor as tensões. E a camada de revestimento pode ser reciclada parcial ou totalmente, o que a torna uma opção mais sustentável em comparação ao concreto Portland.

Veja Também: A engenharia de pavimentação asfáltica

2. Rígidos

Dando sequência à nossa lista de pavimentos, queremos citar os pavimentos rígidos, geralmente constituídos por concreto (espessura variando de 15 cm a 40 cm) caracterizados por sua elevada rigidez em relação às camadas inferiores (fundação ou camada de base tratada com ligante hidráulico). Eles são duráveis, resistentes, suportam bem impactos (mais do que os pavimentos flexíveis) e absorvem praticamente todas as tensões provenientes do carregamento aplicado.

Os pavimentos rígidos são ideais para corredores de ônibus, cruzamentos e áreas com alta concentração de carga estática e pontos de frenagem, como portos e aeroportos. Eles requerem pouca manutenção quando bem aplicados. No entanto, reparos localizados podem ser necessários de tempos em tempos, e eles podem ser difíceis e caros. Aliás, o próprio custo de implantação pode ser de duas a três vezes mais do que o pavimento flexível. Portanto, é preciso avaliar.

tipos de pavimentos
Imagem reproduzida de Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento

3. Semi-rígidos

Os pavimentos semi-rígidos são um tipo híbrido de pavimento que combina características de pavimentos flexíveis e rígidos. Por exemplo, ele pode ser composto de revestimento asfáltico com camadas de base cimentada ou materiais granulares tratados com ligantes hidráulicos. Sua espessura total pode variar de 20 cm a 50 cm. E a principal vantagem é o custo, que tende a ser menor do que o do pavimento rígido.

Também vale citar que os pavimentos semi-rígidos são menos suscetíveis à ação de óleos e combustíveis, o que os torna uma opção mais indicada para corredores de ônibus modernos, onde as paradas são de concreto e os intervalos são semi-rígidos. Considerando tudo isso, podem ser aplicados em vias urbanas e em rodovias – claro que devidamente dimensionados e projetados.

tipos de pavimentos
Imagem reproduzida de Master Plate Pisos Industriais

4. Invertidos

Para finalizar nossa lista de tipos de pavimentos, lembramos dos pavimentos invertidos. Na verdade, ele é um tipo de pavimento semi-rígido onde cada camada de revestimento é de asfalto, sendo a base de material granular e a sub-base de material comentício – ou seja, materiais de diferentes rigidezes. Essa configuração inverte a ordem tradicional das camadas – daí o nome “pavimentos invertidos”. E o somatório desses sistemas possui características específicas e vantagens, como maior aderência, redução da distância de frenagem, absorção de gases poluentes, entre outras.

Os pavimentos invertidos são perfeitos para áreas industriais e rodovias de lato tráfego. Contudo, apesar das suas vantagens, não é um modelo de pavimento muito utilizado no Brasil. E por quê? Uma das hipóteses é a falta de tecnologia e experiência na execução em larga escala. Por outro lado, é uma tendência que vem ganhando espaço, especialmente em projetos que buscam aliar funcionalidade e sustentabilidade.

tipos de pavimentos
Imagem reproduzida de CTENG

Saiba mais sobre as diferenças dos principais tipos de pavimentos utilizados na engenharia na ilustração a seguir:

Lembre-se: ao escolher o tipo de pavimento para um projeto de engenharia, é fundamental considerar diversos fatores, como as características geotécnicas e geométricas do local, o sistema de drenagem superficial, o tráfego esperado e as solicitações a que o pavimento será submetido.

Veja Também:


Fontes: 3DM Engenharia, MP Terraplanagem Engenharia Construções.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

O concreto é uma das melhores invenções já realizadas na área da construção civil. A versatilidade desse composto permitiu a execução das mais incríveis obras de engenharia. Podemos ver sua empregabilidade em quase todo lugar, das menores às maiores estruturas. Normalmente, os projetistas preferem manter os tons naturais do material. Mas não precisa ser, necessariamente, assim. Existe o concreto colorido!

O concreto do tipo colorido ou pigmentado é um recurso ainda pouco explorado pelos profissionais brasileiros. Há certa resistência de aceitação sobre a sua aplicação em ambientes comerciais ou residenciais, principalmente por parte dos clientes. Talvez isso ocorra devido ao pouco conhecimento que se tem sobre essa técnica. Continue lendo este artigo do Engenharia 360 para saber mais!

O concreto colorido ou pigmentado é um processo ainda pouco utilizado em projetos brasileiros. Imagem de concreto em produção
O concreto colorido ou pigmentado é um processo ainda pouco utilizado em projetos brasileiros. I Imagem de Pixabay

O que é concreto colorido

O concreto colorido nada mais é do que um material utilizado na forma aparente e com adição de corantes. Geralmente, as cores mais vistas são o ocre, o vermelho, o marrom e o preto – tendo melhor resultado combinado ao cimento branco. Os corantes em verde e azul, por exemplo, só são possíveis pela combinação de óxido de cromo e cobalto. Porém, isso pode custar 50% mais caro. Então, a decisão do projetista de qual a cor utilizar vai depender desse e de outros fatores.

Quando se consegue combinar adequadamente essa técnica à estratégia visual do projeto, o resultado é maravilhoso. O concreto colorido agrega muito valor às obras, dando um charme especial aos ambientes. No geral, os projetos de reurbanização são os que, atualmente, mais o utilizam. Os usos vão desde pisos a calçadas e marcações de áreas específicas. Mas existem muitos outros bons exemplos, inclusive de uso em fachadas aqui no Brasil.

Praça das Artes, em São Paulo.
Praça das Artes, em São Paulo. (imagem de Paulisson Miura em Flickr)
concreto colorido em Praça das Artes, em São Paulo
Praça das Artes, em São Paulo. I Imagem de Gabriel de Andrade Fernandes em Flickr

Pigmentação do concreto colorido

Sobre o processo, a pigmentação, ele deve ser feito preferencialmente direto na betoneira, após a dosagem dos demais materiais que compõem o concreto. O indicado é misturar de um a um quilo e meio de pigmento para cada cinquenta quilos de cimento – melhor é o tipo Ari ou Pozolânico, que causa menos eflorescência. Toda essa mistura deve ser feita por agitação e pode ser realizada ainda na indústria ou na própria obra.

concreto_colorido_05-blog-da-engenharia
Para uma boa qualidade, deve-se ter um maior controle técnico, desde a produção da massa até a execução da estrutura. | Imagem de AKuptsova em Pixabay
concreto colorido Exemplo de emprego do material em fachadas: Cidade da Justiça, em Barcelona
Exemplo de emprego do material em fachadas: Cidade da Justiça, em Barcelona. | Imagem de Wikimedia – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciutat_de_la_Just%C3%ADcia,Juan_Gris%28II%29.jpg

Teoricamente, não há diferença de desempenho do concreto convencional para o colorido. Porém, alguns profissionais acreditam que a sua resistência seja menor, a não ser que se aumente a quantidade de cimento à mistura, o que reduziria a intensidade da cor. Para uma boa qualidade, deve-se ter um maior controle técnico, desde a produção da massa até a execução da estrutura.

É preciso ter muito cuidado também com a homogeneidade. O pigmento deve ser agregado por inteiro à massa. Depois, será preciso verificar a qualidade das fôrmas e realizar o processo de vibração do concreto. A cura pode durar em torno de sete dias – umedecendo, pelo menos em dois dias, com uma quantidade de água suficiente para cristalizar completamente o cimento. Após este período, pode-se aplicar uma proteção mecânica, como um verniz incolor.

Passo a passo do processo

Vantagens e desvantagens do concreto colorido

O concreto colorido pode ter um custo três vezes maior, em comparação com o convencional. A elaboração do seu traço é muito difícil, requer mais atenção. Para garantir uma boa mistura, as dosagens devem ser precisas, para evitar diferenciação de tons.

A inserção errada de pigmentos, de água ou cimento tende a alterar as propriedades do concreto. Algumas substâncias aglomerantes utilizadas são poluentes. Além disso, é comum aparecer eflorescência em materiais porosos ou mal compactados – mostrando coloração apagada ou esbranquiçada na superfície da peça.

concreto colorido Hotel Unique, em São Paulo - o processo de pigmentação permitiu que uma parede tivesse uma determinada uma cor do lado interno e outra do lado externo. (
Hotel Unique, em São Paulo – o processo de pigmentação permitiu que uma parede tivesse uma determinada uma cor do lado interno e outra do lado externo. | Imagem de Thomas Hobbs em Wikimedia

Então, se é tão difícil garantir um processo eficiente, natural e homogeneizado, porque os projetistas ainda deveriam utilizar o concreto colorido?

A beleza estética, de visual alegre e agradável, é apenas um dos diferenciais desse material. Com o uso do concreto colorido pode-se reduzir uma das etapas da obra, a do revestimento. Isso diminuiria o tempo de execução do projeto, amenizando seus custos finais. Por não precisar de revestimentos, como pintura, a peça apresentará maior durabilidade, sem tanta manutenção. E, além disso, o concreto colorido apresenta boa resistência contra a poluição, contra a ação solar e outras intempéries.

Veja Também: Entenda a alta dos preços de materiais de construção civil


Fontes: Téchne, Archifeeds, Mapa da Obra.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

A Engenharia Civil é um campo em constante evolução, exigindo que os profissionais se mantenham atualizados e dominem novas habilidades para se destacar no mercado. Com a crescente demanda por projetos inovadores e sustentáveis, torna-se crucial buscar conhecimento e aprimorar as competências técnicas e interpessoais.

Neste guia completo do Engenharia 360, apresentamos uma lista de opções de cursos para engenheiros civis que desejam impulsionar suas carreiras e alcançar o sucesso profissional. Explorando as áreas mais relevantes para o cenário atual da construção civil. Confira!

cursos para engenheiros civis
Imagem de Polina Tankilevitch em Pexels

1. Gestão de Projetos

Domine as melhores práticas de gestão de projetos com este curso, aprendendo a organizar, agilizar e aumentar a eficiência de projetos. Ideal para engenheiros civis que assumem cargos de gerência, coordenação ou liderança em projetos.

2. Gestão de Negócios

Aprimore suas habilidades de gestão de negócios com este curso abrangente, explorando temas como estatísticas, orçamento, tendências digitais e muito mais. Perfeito para engenheiros civis que desejam se destacar em áreas como planejamento, finanças e comunicação.

3. Estratégias e Habilidades para Negociações de Sucesso

Este curso pode ser encontrado nas mais renomadas escolas, como a Universidade de Michigan. Desenvolva suas habilidades de negociação, tornando-se um negociador eficaz na lida com clientes, fornecedores e outros profissionais da área de construção civil.

4. Gestão de Custos

Domine os princípios da gestão de custos com este curso, aprendendo a controlar custos de maneira eficiente e otimizar os recursos em projetos. Ideal para engenheiros civis que buscam aprimorar seus conhecimentos em orçamentos, planejamento financeiro e tomada de decisões estratégicas.

5. Sustentabilidade Aplicada aos Negócios

Aprenda a integrar conceitos de sustentabilidade em seus projetos de Engenharia Civil com este curso, abordando aspectos econômicos, ambientais e sociais da construção civil moderna.

6. Gestão e Gerenciamento de Obras

Domine as melhores práticas de gestão e gerenciamento de obras com este curso, aprendendo a planejar, executar e acompanhar projetos de Engenharia Civil com eficiência e qualidade.

7. Introdução à Comunicação

Aprimore suas habilidades de comunicação com este curso engenheiros civis, aprendendo a se comunicar de forma clara, concisa e persuasiva em diferentes contextos profissionais.

8. Liderança e Gestão de Pessoas

Desenvolva suas habilidades de liderança e gestão de pessoas com este curso, aprendendo a liderar equipes de maneira eficaz, motivar colaboradores e alcançar resultados excepcionais.

9. Inovação em Gestão

Domine as ferramentas e técnicas de gestão inovadora com este curso, aprendendo a pensar de forma criativa, solucionar problemas de forma estratégica e impulsionar a inovação em projetos de Engenharia Civil.

10. Experiência do Cliente

Aprenda a criar experiências excepcionais para seus clientes com este curso, aprimorando seus conhecimentos em marketing, qualidade e atendimento ao cliente.

11. Cidades Sustentáveis

Domine os conceitos de cidades sustentáveis com este curso, aprendendo a projetar e implementar soluções inovadoras de Engenharia Civil para cidades mais verdes, inteligentes e resilientes.

Vá além dos cursos: Transformação digital na Engenharia Civil

Aprofunde-se também em tendências tecnológicas que revolucionam a Engenharia Civil, como IoT, Inteligência Artificial, modelagem 3D, blockchain e robótica. Explore soluções como BIM, Business Intelligence, softwares de gestão e ERP para otimizar seus projetos e aumentar sua competitividade no mercado.

São instituições de ensino que disponibilizam cursos online para engenheiros civis:

  • Coursera
  • Sienge
  • Alison
  • AEA
  • Sebrae EAD
  • SENAI EAD
  • Fundação Bradesco
  • FGV Online
  • IPED
  • Catálogo ABNT
  • Fundação Vanzolini
  • Veduca
  • Unieducar
  • Learncafe
  • Cursos Online SP
  • Edx
  • Lynda
  • Autodesk

Investir em aperfeiçoamento profissional é fundamental para o sucesso de qualquer engenheiro civil. Com os cursos e as dicas deste guia completo, você estará no caminho certo para se destacar em um mercado cada vez mais exigente e competitivo.

Veja Também:


Fontes: Sienge, Noventa, Orçafascio.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

A reação álcali-agregado (RAA) é um processo químico deletério que ocorre no concreto, envolvendo óxidos de potássio e de sódio (K₂O + Na₂O).

No Brasil, essa patologia é particularmente preocupante, pois 60% das obras não realizam testes laboratoriais para preveni-la, e estruturas jovens com apenas 5 a 10 anos já apresentam sinais da RAA.

Esta reação causa degradação e tem sido estudada desde 1940, quando STANTON, na Califórnia, identificou que fissuras e expansões no concreto eram originadas pelos hidróxidos alcalinos presentes em diversos componentes do concreto, como cimento, água de amassamento, aditivos químicos, adições pozolânicas e alguns tipos de minerais nos agregados. Continue lendo este texto do Engenharia 360 para saber mais!

Reação Álcali-Agregado
Imagem reproduzida de QuimaTecnica

História e Impacto

ANDRIOLO (2000) relata os casos de barragens afetadas pela reação álcali-agregado no Brasil. O primeiro caso de reação álcali-agregado observado no país foi o da barragem de Jupiá em Três Lagoas-MS.

Stanton

Em 2005 houve também o desabamento do Edifício Areia Branca, em Jaboatão dos Guararapes (região metropolitana de Recife-PE), ocorrido no dia 14 de outubro de 2004, cuja causa provém da degradação dos materiais das peças de fundação, em virtude do contato com agentes agressivos e água subterrânea provenientes de sumidouros que provocaram a reação.

Reação Álcali-Agregado
Usina Hidrelétrica de Jupiá (Engenheiro Souza Dias) | Imagem reproduzida de Duque Visconde em Wikipédia – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HidreletricaJupia.jpg

Essa reação lenta e com um quadro irreversível, expande fissuras no concreto, com ou sem gel, diminui a resistência do concreto e causa a consequente ruptura da estrutura.

Reação Álcali-Agregado
Reação álcali-agregado | Imagem reproduzida de ResearchGate

O tempo necessário para localizar essa reação depende de vários fatores, destacando-se o tipo de proporção dos agregados, o teor de álcalis do cimento, a composição do gel, a temperatura e a umidade. Hensen, em 1944, explicou que a expansão e a ocorrência do gel é pressão osmótica. Em 1981, PAULON disse que a pressão hidráulica causava expansão e ruptura do concreto.

Veja Também: 9 Patologias na Construção Civil: Causas, Sinais e Soluções

Tipos de Reação Álcali-Agregado

Reação Álcali-Agregado
Estrutura comprometida por reação álcali-agregado | Imagem reproduzida de Blog do Professor Edson

Existem três tipos principais de RAA, cada uma com características e consequências distintas:

Reação Álcali-Sílica (RAS)

No Brasil, é a reação que mais vemos nas construções. A sílica amorfa está presente em agregados como opala, calcedônia, cristobalita, tridimita, certos tipos de vidros naturais (vulcânicos) e artificiais, e o quartzo.

A sílica reage íons hidroxila com os álcalis sódio e potássio, formando um gel sílico-alcalino, que começa a absorver água e a se expandir, sendo assim, o volume dessa reação aumenta e e causa fissuras.

Reação Álcali-Agregado
Imagem de Mizumoto (2009) reproduzida de Helayne Pinheiro LinkedIn

Reação Álcali-Silicato (RASS)

É uma reação que está basicamente relacionada à presença de quartzo tensionado, quartzo microcristalino a criptocristalino e minerais expansivos do grupo dos filossilicatos, um gel sílico-alcalino, causa a expansão da estrutura, causando fissuras, e consequentes rupturas drásticas.

Reação Álcali-Carbonato (RAC)

Por fim, esta reação é a mais rara de todas e acontece quando certos calcários dolomíticos são usados como agregado em concreto e são atacados pelos álcalis do cimento, originando uma reação denominada dolomitização.

Trata-se de uma reação bem complexa, cujas conseqüências são bem mais graves, mas ainda existem várias divergências sobre o provável mecanismo da reação.

Na reação álcali-carbonato diferentemente das demais não é formado gel expansivo; ocorre a expansão do mineral Brucita (Mg(OH)2). Além disso, também há a formação de carbonatos cálcicos e silicato magnesiano.

Prevenção e Recuperação

Prevenção é a chave para evitar a RAA. Métodos incluem o uso de agregados inertes, adição de escórias, pozolanas ou sílica ativa, e limitação da quantidade de álcalis solúveis no concreto. A quantidade recomendada de álcalis é de no máximo 3 kg por metro cúbico de concreto.

Recuperações, por mais que tenha um custo elevado, são feitas com alguns produtos já disponíveis no mercado:

  • Selamento, com fissuras úmidas: são mais usados o poliuretano e o microcimento.
  • Selamento, com fissuras secas: são mais usados o poliuretano, microcimento e o epóxi.
  • Nas construções estruturais, com fissuras úmidas: são mais usado o microcimento.
  • Nas construções estruturais, com fissuras secas: são mais usados o microcimento e o epóxi.

Microcimentos, os mais utilizados, conseguem distribuir as tenções em uma estrutura, com momento fletor, que tem por qualidades resistência e elasticidade.

Lítio é um elemento químico de símbolo Li, número atômico 3 e massa atômica 7, contendo 3 prótons e 3 elétrons, está sendo usado para experimentos, com enfase na diminuição da reação em estruturas, estudos estão sendo realizados.

Considerações Finais

A RAA é uma patologia séria que compromete a durabilidade e a segurança das estruturas de concreto. No Brasil, muitos projetos não realizam testes de laboratório para prevenir essa reação, resultando em prejuízos financeiros e riscos à vida humana. A conscientização e o conhecimento sobre a RAA são essenciais para a prevenção e mitigação dos seus efeitos deletérios.


Fonte: Comitê de Especialistas do Ibracon para Reações Expansivas em Estruturas de Concreto/2º semestre de 2005, Total Construção, Wikipédia.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Cristiane Silva

Redatora colaboradora do Engenharia 360.

Já conversamos em outro momento aqui, no Engenharia 360, sobre o potencial da reciclagem de veículos e seus componentes. Inclusive, na oportunidade citamos que muitas empresas brasileiras já têm apostado nessa ideia, ganhando destaque no mercado. Agora queremos compartilhar outro bom exemplo de caso. Uma cidade de Santa Catarina está liderando uma revolução ambiental, transformando lixo em cimento. Saiba mais no artigo a seguir!

lixo em cimento
Imagem divulgação via NSC Total

Solução sustentável e parceria com gigante da indústria

No coração do Alto Vale do Itajaí está localizado o tranquilo município de Vidal Ramos, de apenas 6 mil habitantes, conhecido por suas belezas naturais. Recentemente, sua administração tomou uma iniciativa para tentar resolver um problema crítico de resíduos e, de quebra, contribuir para uma das empresas que há mais de uma década gera empregos na região, a gigante Votorantim Cimentos.

Agora, grande parte do lixo gerado pelos moradores, ao invés de ir para aterros sanitários, é destinado para reciclagem, sendo destruídos e virando matéria-prima para a produção de cimento.

lixo em cimento
Imagem divulgação via NSC Total

Veja Também: Conheça o tijolo ecológico RePlast, produzido com plástico retirado dos oceanos

Tecnologia para melhorar o coprocessamento em Vidal Ramos

Em 2011, foi inaugurada em Vidal Ramos uma unidade de fábrica Verdera para processamento do lixo gerado no município. A localização foi estrategicamente escolhida para abastecer a região Sul, incluindo o estado de Santa Catarina e partes do Rio Grande do Sul.

Tecnologia by-pass de cloro

A cidade catarinense passou então a ser pioneira no uso da tecnologia by-pass de cloro. A mesma funciona como um filtro, que consegue retirar de um forno o cloro em excesso proveniente dos resíduos. Aliás, esse modelo permite o reaproveitamento ou reciclagem final de uma maior quantidade de tipos de resíduos, incluindo plásticos, pneus, tecidos, etc. Depois, eles são destinados de forma sustentável para a Votorantim Cimentos.

A adoção do coprocessamento tem sido chave para minimizar os impactos ambientais na produção de cimento. Nesse caso, os resíduos não recicláveis entram como substitutos parciais do combustível que alimenta parcialmente os fornos de cimento em vez do uso de combustíveis fósseis. Durante a queima, eles são completamente destruídos, transformando-se em energia que ajuda na produção do clínquer (do calcário e argila), a principal matéria-prima do cimento. Assim, a produção seria significativamente mais limpa.

lixo em cimento
Imagem de Leonardo Rodrigues, divulgação via NSC Total

Impacto ambiental e social

Em 2023, a Verdera, por meio do trabalho feito em todas as fábricas, conseguiu destinar para a fabricação de cimento 1 milhão de toneladas de resíduos – equivalente a 1.257 piscinas olímpicas – no Brasil e na América do Norte. Vale destacar que o coprocessamento não altera a qualidade do cimento produzido e é praticado de forma segura e ambientalmente adequada para trabalhadores do setor e para quem vive no entorno das fábricas. Com os resíduos sendo completamente destruídos, elimina-se qualquer potencial de poluição.

Veja Também: Lixo de construção pode virar biocombustível – Veja como!

Legislação brasileira

Para concluir nossa explicação, queremos citar que a tecnologia adotada em Vidal Ramos está conforme a Lei nº 12.305/10, de Política Nacional de Resíduos Sólidos, relacionada com a reciclagem e reutilização. Ela orienta, por exemplo, como deve ser hierarquizada a gestão desses materiais e exige plano de gerenciamento dos municípios.

Uma das coisas que a lei esclarece é que materiais como isopor, embalagens laminadas, materiais contaminados e certos tipos de plásticos não podem ser reciclados, mas podem ser destinados como combustível alternativo para a produção industrial. O coprocessamento é considerado uma opção de tratamento, com a compostagem e a incineração.

lixo em cimento
Imagem divulgação via NSC Total

Em 2022, o Brasil destinou de forma inadequada cerca de 33,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Então, pelo que se pode notar, ainda há muito a ser feito rumo a um futuro mais verde. Que o caso de Vidal Ramos e a tecnologia de coprocessamento inspire outras cidades e empresas. Porque, sim, isso tem tudo a ver com mitigar impactos sobre o meio ambiente, desenvolvimento econômico e sustentabilidade.

Veja Também:


Fontes: NSC Total.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

A engenharia está cada dia evoluindo mais e mais. Os projetistas estão quase em pé de guerra para saber quem consegue criar as maiores estruturas arquitetônicas do mundo. Todo ano, um país diferente anuncia a construção de outra obra faraônica. Existe o edifício mais alto, o mais inclinado, o mais rotacionado, o mais longo e o mais largo ou o edifício mais largo do mundo. Pois, este último é o Novo Centro Global do Século – ou, em inglês, New Century Global Center. Confira como ele é a seguir, neste artigo do Engenharia 360!

o edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Gila Kahaku

O surgimento do New Century Global Center

O Global Center é um ótimo exemplo de até onde a engenharia civil contemporânea pode chegar. Esse é o maior edifício do mundo em termos de área tocando o chão.

Tal obra está localizada em Chengdu, uma cidade da província de Sichuan, no centro da China. É uma metrópole de crescimento rápido, repleta de arranha-céus e com uma população de cerca de 14 milhões de habitantes. Infelizmente, apesar de muito bonita, a região sofre com um problema gravíssimo: a poluição. E como uma forma de escapar do ar venenoso, as pessoas têm se fechado dentro de ambientes construídos, como o do novo centro.

Nos anos 2000, o magnata Deng Hong teve a ideia de erguer um empreendimento tão grande e com instalações tão variadas capaz de ser considerado como uma cidade artificial. Em parceria com a sua empresa, a Entertainment and Travel Group, ele inaugurou, em 2013, o New Century Global Center. Esta é só uma pequena parte do grande planejamento urbano estabelecido para a província, que incluirá a construção do Centro de Arte Contemporânea de Chengdu, projetado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid.

Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Trip and Travel Blog

O edifício de Deng Hong demorou três anos para ficar pronto. Atualmente, ele supera a marca de importantes obras em arquitetura e engenharia civil. Por exemplo, sua superfície é mais longa do que a do aeroporto de Dubai ou de Pequim. Outro empreendimento previsto para a China é o Sky City. Esse edifício também deve superar grandes edificações do planeta. Ele terá 30 metros a mais que o Burj Khalifia, nos Emirados Árabes. Essas são respostas para a expansão urbana acelerada no Oriente.

Veja Também: Os 10 arranha-céus mais altos do mundo

Design inspirado na cultura oceânica

O New Century Global Center possui um milhão e setecentos mil m² de área. Suas medidas impressionam. São 500 m de comprimento, 400 m de largura e 100 m de altura, equivalentes a 30 andares. Dentro disso, seria possível colocar 25 campos de futebol, ou 20 Óperas House de Sidney, ou mesmo 4 Vaticanos. O grande volume apresenta uma estrutura ondulada de vidro espelhado e aço, forma que foi inspirada nas ondas do mar, nas gaivotas voando e mais.

Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Mattew Nieder Hauser

Veja Também: Conheça a piscina mais profunda do mundo

Dentro do edifício mais largo do mundo

No interior do novo centro de Chengdu existe, por exemplo:

  • um lobby, com 65 m de altura;
  • dois shoppings centers, somando 400 mil m² de lojas;
  • um parque de diversões, contendo uma réplica de aldeia mediterrânica;
  • um “navio pirata”;
  • um ringue da patinação, de tamanho olímpico;
  • um Hotel Intercontinental cinco estrelas, com mil quartos, todos com vistas para o mar;
  • um rio artificial, com 500 metros de comprimento;
  • um cinema com 14 salas;
  • um complexo universitário;
  • um museu de arte;
  • uma torre de negócios, com 720 mil metros quadrados de escritórios;
  • um bazar árabe; e mais de 15 mil vagas de estacionamento.
Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Navjot Singh
Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Travel Ociraptor

Atração é o que não falta no complexo. Porém, o que mais chama a atenção dos visitantes é mesmo o Paradise Island Oceanic Park.  São 5 mil m² de área de praia artificial, com capacidade para seis mil banhistas.

A grande piscina oferece as maiores ondas já produzidas artificialmente. Dispositivos reproduzem a brisa marinha e a luz solar. E uma tela com mais de 150 m, ao fundo, projeta imagens de paisagens, simulando o nascer e pôr da grande estrela.

Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Navjot Singh
Confira os números impressionantes do edifício mais largo do mundo
Imagem reproduzida de Mattew Nieder Hauser

Mergulhe ainda mais na grandiosidade do New Century Global Center com esses vídeos:


Fontes: WikiarquitecturaWikipediaNew York Post, Revista Exame.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

No mês de maio de 2024, alguns portais de notícias citaram o exemplo urbano das cidades-esponja; e nós, do Engenharia 360, acreditamos que este tema é bastante atual e seu debate é muito conveniente diante da tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul. O estado está enfrentando sua pior crise ambiental. Por isso, muitos especialistas estão trazendo à tona esse debate sobre as soluções mais eficazes para a gestão de águas pluviais.

Uma coisa é certa, as infraestruturas tradicionais de contenção de águas já não servem mais para a complexidade dos problemas enfrentados, como de inundações urbanas – sobretudo mediante às mudanças climáticas. Implementar o conceito das cidades-esponja, seja no Rio Grande do Sul ou em outros estados, poderia reduzir significativamente o risco de enchentes em diversas cidades brasileiras, talvez evitando tragédias como as que estamos testemunhando nos últimos anos.

cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de NSC Total

O conceito de cidades-esponja

O conceito das cidades-esponja tem ganhado muito destaque. Ele foi lançado pelo arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu e faz relação com o desenvolvimento de infraestruturas para lidar com água da chuva – absorvendo, armazenando e redistribuindo adequadamente -, minimizando o impacto das enchentes. Tal modelo prioriza a retenção da água no solo em áreas específicas, reduzindo o escoamento superficial e o risco de inundações, além de promover a sustentabilidade e a resiliência urbana a longo prazo.

Yu teve essa ideia depois da tragédia de 2012 em Pequim, que vitimou 80 pessoas. Essa cidade sofre demais com os efeitos das monções. E a sugestão do projetista é trabalhar com o paisagismo para protegê-la. Em sua proposta está, por exemplo:

  • construção de mais áreas permeáveis,
  • criação de canais para desaceleração do fluxo da água e zonas alagáveis.
  • implantação de sistemas de drenagem natural,
  • e mais, como jardins de chuvas, valas de infiltração e bueiros ecológicos.
cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de BBC Brasil
cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de NSC Total

Veja Também: Confira exemplos de intervenção de engenharia urbana para promover a inclusão nas cidades

Como funcionam as cidades-esponja

Todas essas estruturas que foram propostas por Kongjian Yu para Pequim são, obviamente, muito estudadas pela engenharia e arquitetura. Porém, por dizersas vezes negadas pelos gestores políticos. Esse conjunto é muito necessário e deveria fazer parte dos planos de saneamento de qualquer cidade, principalmente como Porto Alegre, que está tão vulnerável às águas do Estuário Guaíba.

Tentando entender como funcionam as cidades-esponja, resolvemos resumir o conceito em três etapas:

  1. Retenção: “Segurar” a água da chuva em parques, jardins, telhados verdes e mais, reduzindo o volume que escoa para as ruas, canalizações e rios.
  2. Desaceleração: Tentar fazer com que essa água, antes saindo desses tanques de retenção até o seu destino, diminuam sua velocidade e, assim, sua força, dando mais tempo para a absorção.
  3. Armazenamento e reutilização: Usar e abusar das cisternas e outros sistemas de coleta para diminuir essa quantidade de água que iria para a rede pluvia e, incluive, guardar parte dela para irrigação, lavagem de ruas e descarga de vasos sanitários, sobretudo pensando nas estações seguintes, que podem apresentar períodos de seca.
cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de BBC Brasil

Exemplos de caso

Já citamos antes o caso da China. Mas vale ainda dizer que, em 2015, o governo implementou um projeto-piloto para várias cidades, com resultados positivos. Em Houtan Park, por exemplo, uma área industrial degradada foi transformada em parque-esponja que filtra a água, reduz a velocidade do fluxo do rio e cria um habitat para a vida selvagem.

O conceito das cidades-esponja também foi adotado por outros países, como Tailândia e Indonésia. Projetos urbanos na mesma linha podem ser visto em Berlim, Copenhague e Nova York, que têm implementado telhados verdes, jardins de chuva e pavimentos permeáveis para melhorar a gestão de águas pluviais e reduzir o risco de enchentes.

cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de NSC Total

Veja Também: O que é Urbanismo Tático que Transforma Ruas em Espaços de Convívio?

Benefícios das cidades-esponja

Os pesquisadores urbanos, analisando os casos práticos de implementação de soluções para cidades-esponja, já identificaram alguns benefícios do conceito lançado pelo arquiteto Kongjian Yu. Como, por exemplo:

  • Melhoria da qualidade da água: A infiltração da água no solo das cidades ajuda a filtrar e purificar a água, reduzindo a poluição e protegendo os recursos hídricos.
  • Redução do efeito “ilha de calor“: As áreas verdes e a presença de água contribuem para a regulação da temperatura ambiente, diminuindo o efeito “ilha de calor” nas cidades.
  • Promoção da biodiversidade: A criação de habitats naturais atrai diversos animais e plantas, aumentando a biodiversidade urbana.
  • Melhoria da qualidade de vida: As áreas verdes e a infraestrutura sustentável proporcionam um ambiente mais agradável e saudável para os habitantes.
cidades-esponja contra enchentes
Imagem divulgação Turenscape reproduzida de NSC Total

Cidades-esponja no Brasil

Por incrível que pareça, o Brasil tem, sim, excelentes exemplos de cidades-esponja, como São Paulo, Niterói e Belo Horizonte. Jardins de chuva, áreas permeáveis e telhados verdes são alguns exemplos de técnicas que estão sendo utilizadas para absorver a água da chuva e reduzir o risco de inundações.

Agora, por que esta não é uma realidade em todas as cidades brasileiras? Bem, desconhecimento da maioria dos gestores já é a primeira causa. Muitos não conhecem as opções e nem mesmo se dão ao trabalho de consultar especialistas da área da engenharia e arquitetura para encontrar as melhores respostas para os problemas de enchentes e inundações. Outros deixam de realizar as manutenções dos sistemas implementados – que é o que supostamente teria acontecido em Porto Alegre.

É difícil convencer algumas autoridades de que o custo das mudanças é um investimento necessário, sem contar de que é preciso aumentar a aposta em soluções sustentáveis e baseadas na natureza. Também é preciso haver uma melhor coordenação entre diferentes níveis de governo e setores da sociedade. Certamente, sem superar essas barreiras, não iremos em frente e as consequências são estas que já conhecemos, devastadoras!

Veja Também:


Fontes: NSC Total, BBC, G1, Educa Mais Brasil.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

Planejar a construção ou reforma de uma casa é uma tarefa complexa que exige atenção a diversos detalhes. Entre os elementos mais importantes que compõem a estrutura e o design de uma residência, destacam-se as portas e janelas. Esses componentes são essenciais não apenas para a estética da casa, mas também para garantir a segurança, privacidade e funcionalidade dos espaços.

Neste artigo do Engenharia 360, vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre as medidas e modelos de portas e janelas, proporcionando um guia completo para fazer as escolhas certas para sua obra.

Certifique-se dos Tamanhos

A escolha dos tamanhos corretos para portas e janelas é crucial para garantir a funcionalidade e a estética da sua casa. A maioria dos modelos disponíveis no mercado segue medidas padrão, facilitando a compra e instalação. No entanto, é importante definir essas medidas com antecedência – sobretudo em projeto – para que o responsável pela construção possa adequar os espaços corretamente.

Medidas Padrão de Portas

  • Porta de entrada: A largura padrão é de 80 cm, mas pode variar entre 90 cm e 100 cm para uma presença mais imponente e facilitar a passagem de móveis.
  • Portas internas (salas, cozinhas e quartos): A largura padrão é de 70 cm, mas adicionar 10 cm para um total de 80 cm pode aumentar a acessibilidade.
  • Portas de banheiros: A largura mínima é de 60 cm, podendo chegar a 70 cm para maior conforto.

Medidas Padrão de Janelas

Embora as medidas de janelas não sejam tão padronizadas quanto as portas, existem algumas dimensões comuns que são amplamente utilizadas:

  • Cozinhas: 0,60 x 0,80 m
  • Banheiros: 0,60 x 0,60 m
  • Quartos e salas: 1,20 x 1,20 m

Posição das Portas e Janelas

A posição das portas e janelas é um aspecto fundamental a ser considerado durante o planejamento da obra. Sua localização influencia diretamente a iluminação natural, a ventilação e a privacidade dos ambientes.

Portas

Ao posicionar as portas, busque um equilíbrio entre privacidade e acessibilidade. Em áreas de alta circulação, como salas e cozinhas, portas mais largas são recomendadas para facilitar o fluxo de pessoas e a movimentação de móveis. Para quartos e banheiros, a privacidade deve ser priorizada, posicionando as portas de maneira estratégica para evitar visibilidade indesejada.

Janelas

Para as janelas, a posição deve ser escolhida de acordo com a necessidade de iluminação natural e ventilação. Janelas voltadas para o nascente ou poente podem proporcionar uma luminosidade agradável durante o dia, mas é importante considerar o uso de cortinas ou persianas para controlar a intensidade da luz. Em quartos, evite posicionar janelas diretamente em frente à cama para não ser despertado pelo sol da manhã.

Escolha do Modelo e Material

As portas e janelas podem ser confeccionadas em diversos materiais, cada um com suas características específicas. A escolha do material deve levar em conta tanto a estética quanto a funcionalidade, além da durabilidade e manutenção.

Materiais Comuns

  • Madeira: Traz sofisticação e elegância. É ideal para ambientes internos, mas exige manutenção regular para evitar danos causados por umidade e pragas.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Squadra PVC
  • Aço: Extremamente resistente e seguro, é ideal para portas de entrada. Requer tratamento contra ferrugem.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Colorado Materiais para Construção
  • Alumínio: Leve e durável, não enferruja e é uma excelente opção para áreas externas e molhadas.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Vidromax
  • PVC: Versátil e resistente à umidade, é perfeito para janelas e portas em áreas molhadas, como banheiros e cozinhas.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Condomeeting
  • Ferro: Muito resistente, porém sujeito à corrosão. É ideal para projetos que exigem alta segurança.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de M2TS Portas

Tipos de Portas

  • Portas de abrir: Tradicionais, podem ser usadas em qualquer ambiente.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Padovani
  • Portas de correr: Excelente para economizar espaço, ideal para closets e áreas de serviço.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Cosmad Materiais e Construção
  • Portas pivotantes: Modernas e elegantes, são ideais para entradas principais, oferecendo um design diferenciado.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Vert Portas

Tipos de Janelas

  • Janelas de correr: Práticas e economizam espaço, ideais para quartos e salas.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Telhanorte
  • Janelas basculantes: Com abertura para fora, são perfeitas para cozinhas e banheiros.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Esqua Esquadrias de Alumínio
  • Janelas fixas: Oferecem iluminação sem ventilação, ideais para salas e corredores.
modelos e medidas de portas e janelas
Imagem reproduzida de Esquadrias Brasil Grupo VETX

Acabamentos

O acabamento de portas e janelas é essencial para garantir a estética e a durabilidade das peças. Certifique-se de que o profissional contratado para a instalação seja qualificado para realizar um trabalho de qualidade, com atenção aos detalhes.

Cuidados com a Madeira

Para portas e janelas de madeira, a manutenção regular é fundamental. A madeira maciça com tratamento impermeabilizante é ideal para áreas externas, enquanto as portas semi-ocas e ocas são mais indicadas para áreas internas devido à sua menor resistência.

Tipos de Acabamento

  • Verniz: Protege a madeira e realça sua beleza natural.
  • Stain: Penetra na madeira, proporcionando proteção sem formar uma película.
  • Tinta esmalte: Oferece uma camada protetora e pode ser utilizada para dar cor às esquadrias.

Vidros

Portas e janelas com vidro adicionam elegância e iluminação aos ambientes, mas é importante escolher o tipo de vidro adequado para cada espaço.

Tipos de Vidro

  • Transparente: Ideal para salas e cozinhas, permite a máxima entrada de luz.
  • Fosco: Oferece privacidade sem bloquear completamente a luz, excelente para banheiros e quartos.
  • Fumê: Reduz a intensidade da luz e proporciona um visual moderno.
  • Jateado: Oferece privacidade e um toque decorativo diferenciado.

Medidas de Portas e Janelas na Planta Baixa

Ao definir as medidas de portas e janelas na planta baixa, siga as recomendações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para garantir padronização e compatibilidade com os produtos disponíveis no mercado.

Portas Internas

  • Altura: 2100 mm ou 2440 mm
  • Largura: 600 mm, 700 mm, 800 mm ou 900 mm
  • Espessura: 35 mm ou 40 mm

Portas Externas

  • Altura: 2100 mm ou 2440 mm
  • Largura: 800 mm, 900 mm, 1000 mm ou 1100 mm
  • Espessura: 35 mm, 40 mm ou 45 mm

Altura Ideal de Janelas

A altura ideal de uma janela deve permitir uma boa visualização do exterior, seja de pé ou sentado. A distância entre o piso e a parte inferior da janela (peitoril) deve ser de 1,10 m. Para uma janela de 1 m de altura, a altura total do chão até o topo será de 2,10 m.

Janelas Grandes

Janelas do chão ao teto são uma tendência moderna que proporciona uma conexão visual com o exterior, além de permitir a entrada de luz natural abundante. Essas janelas são ideais para salas de estar e áreas comuns, criando um ambiente iluminado e agradável.

Vantagens de Janela Projetante em Cozinha

Em cozinhas com espaço limitado, as janelas projetantes são uma excelente escolha. Elas se abrem para fora, garantindo ventilação e iluminação sem ocupar espaço interno. Além disso, são fáceis de limpar e manter, tornando-se uma opção prática e funcional.

Janelas Personalizadas

Para um toque exclusivo na sua casa, considere a possibilidade de fazer janelas personalizadas sob medida. Esse tipo de projeto permite explorar designs únicos, como janelas de canto que proporcionam uma vista panorâmica e uma estética diferenciada.

Esquadrias de Madeira: Cuidados Básicos

Escolha

Opte por espécies de madeira duráveis e resistentes, como freijó, cedro-rosa, cabreúva e jatobá. Certifique-se de que a madeira foi seca em estufa para evitar empenamento e garantir a longevidade das peças.

Compra

Escolha fornecedores de confiança e verifique a qualidade da madeira antes da compra. Prefira produtos que já passaram por tratamento contra pragas e umidade.

Instalação

Contrate profissionais especializados, como carpinteiros ou marceneiros, para garantir uma instalação correta. Proteja as peças com cupinicida e seladora antes da instalação.

Manutenção

Esquadrias de madeira expostas ao sol e à chuva exigem manutenção regular. Aplique verniz, stain ou tinta esmalte periodicamente para proteger a madeira e manter sua beleza e funcionalidade.

Escolher as portas e janelas ideais para sua casa vai além da estética. É preciso considerar funcionalidade, durabilidade, segurança e o impacto que esses elementos terão no dia a dia dos moradores. Ao seguir as dicas e orientações apresentadas neste artigo, você estará preparado para fazer escolhas informadas e acertadas, garantindo que sua obra seja um sucesso em todos os aspectos.

Veja Também:


Fontes: Manual da Obra, Guia do Consumidor, Homify.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

Ao visitar fábricas, estações de tratamento e outros negócios, percebemos que certos equipamentos e locais possuem características diferenciadas. Seja um nome ou uma pintura diferente, podemos entender que tal produto ou ambiente que tem essa diferenciação quer, na verdade, informar algo, ou seja, não está ali por acaso.

As cores das tubulações, por exemplo, não são apenas estéticas: elas têm um significado crucial para a segurança e a eficiência dos processos. Aliás, de acordo com estatísticas de mercado, a sinalização de cores adequada pode reduzir acidentes em até 70%.

Vamos considerar o processo industrial da maioria das fábricas. É fácil identificar que certos ambientes possuem pintura destacada e tubulações com cores específicas. Como profissionais da área da engenharia, é interessante que saibamos responder “O que passa por dentro dessa tubulação?” ou “Por que as cores são diferentes se por dentro está passando o mesmo fluído?”, mesmo que as legendas estejam já inelegíveis. Este artigo do Engenharia 360 traz alguns esclarecimentos!

norma cores de tubulações
Imagem reproduzida de IA de Freepik

Veja Também:

ABNT NBR x NR: entenda a diferença entre essas normas!

Significado das cores das tubulações

A saber, a sinalização de segurança é tratada na NR-26. Esta norma trata das fixações de cores padrão que devem ser usadas nos locais de trabalho para a prevenção de acidentes, identificando os equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações empregadas para a condução de líquidos e gases, e advertindo contra riscos.

O que diz a NR-26

A NR-26 inicial trazia detalhes sobre o uso de cores e outros recursos diversos para identificação, incluindo sinalização para identificação de substâncias perigosas, de recipientes para movimentação de materiais e rotulagem preventiva. Mas a última versão (Redação dada pela Portaria MTP n.º 2.770, de 05 de setembro de 2022) está bem mais enxuta e diz que:

26.3.2 As cores utilizadas para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais.

26.3.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes.

26.3.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível a fim de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador.

Devido ao item acima, entende-se que a NR-26 indica que devemos ter obediência a normas técnicas oficiais vigentes. No Brasil, as normas técnicas oficiais têm como consulta a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a mesma que elabora a Norma Brasileira (NBR).

norma cores de tubulações
Imagem reproduzida de IA de Freepik

Veja Também: Profissionais de engenharia agora têm acesso gratuito e ilimitado às Normas ABNT

Emprego das cores nas tubulações

Neste ponto do texto, devemos focar nosso entendimento no que diz a norma ABNT NBR 6493 sobre o emprego das cores para identificação de tubulações, que mostra o emprego de cores na identificação de tubulações para a canalização de fluidos e material fragmentado ou condutores elétricos, para facilitar a identificação e evitar acidentes.

norma cores de tubulações
Imagem reproduzida de IA de Freepik

Resumidamente as cores determinadas pela norma podem ser vistas no quadro abaixo:

Enfim, conhecimentos sobre normas – principalmente no que envolve segurança – são importantes no primeiro contato com processos que direto ou indiretamente ofereçam algum risco a integridade física das pessoas. Por isso, é de vital importância que todos cumpram as regras e normas de segurança, para que assim tenhamos um processo seguro.

Veja Também:


Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Kaíque Moura

Engenheiro de Produção; formado pelo Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA); Pós-Graduando em Empreendedorismo e Inovação (IFPI); MBA em Management (iCEV); Técnico em Metrologia (IFRJ); Técnico em Serviços Jurídicos (IFPI) e Técnico em Mecânica (IFPI); profissional qualificado nas áreas de Gestão, Manutenção, Metrologia e Produção.

O avanço das tecnologias tem nos trazido muitas alegrias. Uma que talvez nem pudéssemos imaginar é poder rever nossos entes queridos já falecidos. Isso hoje é considerado possível graças ao surgimento da tecnologia de IA (Inteligência Artificial). Só ela pode ultrapassar completamente a barreira entre o mundo físico e o digital. E algumas empresas já se deram conta disso e estão tornando a ideia das “videochamadas com os mortos” um “produto” a ser explorado pela indústria.

No artigo a seguir, do Engenharia 360, exploramos essa fascinante e controversa tecnologia, considerando suas implicações culturais, éticas e a revolução do mercado das deepfakes. Confira!

Tecnologia de IA
Imagem gerada pela IA de Microsoft Bing

A ascensão da clonagem digital

Clonagem digital“, é assim que os cientistas estão chamando esta nova vertente, por assim dizer, do trabalho com Inteligência Artificial. O começo dessa história partiu de Zeyi Yang, repórter da MIT Tech Review. Ele realizou uma entrevista para a emissora NPR destacando essa nova investida da indústria na China. Parece que os enlutados estavam dispostos a pagar alto para adquirir réplicas digitais dos seus entes queridos já falecidos.

Um dos pioneiros dessa tecnologia é Sun Kai, cofundador da Silicon Intelligence em Nanjing. Em 2019, ele perdeu sua mãe; foi quando o empresário pediu que sua equipe criasse um avatar digital dela. O resultado parece pouco rudimental e repetitivo, mas trouxe um conforto significativo à família. Seguindo o exemplo da Silicon Intelligence, a empresa Super Brain também passou a investir em avatares 3D realistas e modelos de diálogos simulados com base em dados coletados da vida das pessoas.

Veja Também: Além da Vida: como a Realidade Virtual permite experiências de quase morte (EQM)

A tecnologia de IA para clonagem digital

A aceitação dessa tecnologia de IA para clonagem digital depende muito, claro, das questões de tradição e crenças culturais de um povo. Os chineses, por exemplo, reverenciam demais os seus antepassados e a prática de comunicação com os espíritos dos mortos. Por isso, os cientistas conseguiram uma brecha para desenvolver a clonagem digital, combinando Grandes Modelos de Linguagem (LLMs). A Super Brain, por exemplo, lançou o conceito da “moldura fotográfica de IA” de animação para tablet Android.

A saber, quanto mais dados – fotos, vídeos, gravações de áudio e textos – são inseridos na IA, mais precisa e convincente será a réplica.

Tecnologia de IA
Imagem gerada pela IA de Microsoft Bing

Até agora, o que se conseguiu foram modelos de avatares mais rígidos e robóticos. Mesmo assim, as pessoas receberam bem os resultados, porque estão tristes e com saudades; então, meio que as imperfeições acabam sendo quase que ignoradas. Além disso, as aplicações da clonagem digital podem ir além do luto, como criação de experiências interativas com figuras históricas ou celebridades. Mas o foco ainda é, sem dúvidas, o suporte emocional e psicológico para pessoas em situações difíceis.

Veja Também: Descubra o implante ocular inovador que pode transformar a maneira como experimentamos a realidade virtual

Implicações éticas, sociais e legais

A criação de avatares digitais de falecidos levanta questões éticas. Existe, em primeiro lugar, a reflexão sobre a memória da pessoa que já partiu, a exploração de imagem de quem não tem mais voz, o consentimento da família, a autenticidade da criação, o potencial manipulação e a privacidade de dados. ‘Respeito’ é uma palavra muito citada nos debates.

No Brasil, ainda é preciso a regulamentação ou frameworks regulatórios desse tipo de tecnologia. A legislação atual deve evoluir para incluir a autorização prévia da pessoa falecida ou de seus herdeiros, prevenindo a manipulação da imagem e personalidade após a morte de maneira que desrespeite a memória do indivíduo.

Tecnologia de IA
Imagem gerada pela IA de Microsoft Bing

O futuro da clonagem digital

Os especialistas de mercado acreditam que a tecnologia de IA para clonagem digital dos mortos deve evoluir para, em breve, conseguir criar avatares mais realistas e interativos. Assim, desse modo, conquistando cada vez mais pessoas ao redor do mundo, transcendendo fronteiras culturais e introduzindo uma nova maneira de lidar com o luto. Contudo, outros alertam que ainda é preciso que a psicologia e a antropologia investiguem mais como essas interações afetam o processo de luto e a saúde mental dos enlutados.


Fontes: Olhar Digital, IBDFAM, Terra.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.