Ao lado de outras crises horríveis que o Brasil tem enfrentado atualmente, emerge o alerta assustador de emergência hídrica, emitido pelo Governo Federal. Segundo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), o déficit de chuvas já é considerado severo. O alerta diz respeito principalmente aos estados que se localizam na bacia do Rio Paraná: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
No site do Monitor de Secas, é possível verificar em mapas o forte agravamento da situação. No primeiro trimestre deste ano, o volume de chuva na região que abastece o Sistema Cantareira, por exemplo, foi o mais baixo desde 2016, ao final da última crise hídrica. Em 2014, o volume do Sistema Cantareira atingiu 3,6% de sua capacidade.
Por isso, a Sabesp começou a operar bombeando água do chamado 'volume morto'. Isto é, uma reserva de 480 bilhões de litros de água situada abaixo das comportas das represas do Cantareira, cujo uso era inédito até então. A saber, por dia, o Sistema Cantareira abastece por volta de 7,5 milhões de pessoas, o que corresponde a 46% da população da Região Metropolitana de São Paulo.
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Falta de chuvas no começo do ano já sinalizava agravamento
As chuvas de verão são importantes para garantir a reserva de mananciais para os meses mais secos do ano. De fato, houve poucas chuvas nos primeiros meses de 2021, de acordo com análise de Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP).
No domingo, dia 13 de junho de 2021, o Cantareira operava com 46,6% de sua capacidade. A marca é de dez pontos percentuais a menos do que foi registrado no mesmo dia de junho de 2013, período que antecedeu a última crise hídrica.
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Além disso, há grande risco de a seca se prolongar em 2022! Afinal, a previsão é de que a falta de chuvas continue até o fim do ano. Contudo, segundo a Sabesp, não existe a possibilidade de desabastecimento.
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Ações poderiam ter prevenido situação de vulnerabilidade
De acordo com o alerta emitido pelo comitê de órgãos do Governo Federal, o Sudeste enfrenta a pior seca em 91 anos! Segundo especialistas, três fenômenos agravam a falta de chuvas no país:
- O desmatamento da Amazônia;
- O aquecimento global causado por queima de combustíveis fósseis; e
- O padrão climático La Niña.
O cientista Paulo Artaxo é doutor em física atmosférica pela Universidade de São Paulo (USP), e há 37 anos se dedica ao estudo de fenômenos climáticos da Amazônia. Segundo ele, a seca pode ter múltiplas consequências, desde a falta de água nas torneiras, o aumento da conta de luz, o risco de apagão e impactos econômicos.
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“Estamos em uma trajetória que está colocando em xeque a economia brasileira. A economia quase que exclusivamente baseada em carne e soja pode não ser mais viável em 10 anos. Qual é o futuro do Brasil que queremos? O futuro como exportadores de carne e soja está comprometido. Queremos um país com riscos de vulnerabilidade tão fortes, que pode quebrar com uma seca? Além disso, se os países não pararem de queimar combustível fóssil, o Brasil está perdido.”
Paulo Artaxo
De modo geral, a vulnerabilidade em que a crise hídrica nos coloca também poderia ser evitada com o investimento em fontes alternativas de energia, que não dependam tanto do clima. Segundo Artaxo, a atenção a esses outros fatores é determinante para que a situação não piore ainda mais! O pesquisador afirma também que:
“O que tem de fazer são duas coisas: parar o desmatamento da Amazônia e fazer pressão nos países desenvolvidos para que eles reduzam a emissão de gases de efeito estufa com a queima de combustíveis fósseis. Sem isso a gente vai ficar enxugando gelo".
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Fontes: G1; Monitor de Secas.
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Eduardo Mikail
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