Um grupo de pesquisadores da Universidade Rice, em Houston, usou impressão 3D para criar material (quase) plástico à prova de balas. O material, baseado em tubulanos, uma estrutura teórica prevista em colaboração com a UNICAMP, resistiu a tiros a 5,8 km/s e se provou altamente compressível.
Tubulanos: mas o que é isso?
Os materiais surgiram quando os cientistas decidiram testar uma estrutura teórica chamada "tubulane" (tubulano). Essa estrutura foi prevista em 1993 pelo químico Ray Baughman, da Universidade do Texas em Dallas, e pelo físico brasileiro Douglas Galvão, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) ambos co-autores principais do artigo científico publicado na revista Small. A gente se aproveita para um jabá duplo: valorizar estudos teóricos e também as pesquisas realizadas em universidades públicas brasileiras.
Os tubulanos são estruturas microscópicas teóricas compostas por nanotubos de carbono reticulados. No caso, os pesquisadores procuraram testar se essas estruturas teriam as mesmas propriedades quando dimensionadas o suficiente para serem impressas em 3D. E aconteceu.
Demonstrações experimentais das propriedades dos tubulanos:
Os grupo de pesquisa testou as propriedades dos tubulanos
por meio de um experimento que consistiu em disparar uma bala viajando a 5,8
quilômetros por segundo através de dois cubos. Um cubo foi feito de um polímero
sólido (controle) e o outro de um polímero impresso com uma estrutura de
tubulano.
Os pesquisadores relataram que o bloco de polímero sólido foi deixado com "rachaduras que se propagaram por toda a estrutura". O cubo de tubulano, no entanto, interrompeu o projétil por sua segunda camada. Elon Musk, corre aqui!
Existem outros materiais teóricos que ainda possuem impasses na sintetização, o que torna suas propriedades impraticáveis. O emprego de impressão 3D permitiu a criação e o teste das propriedades dos tubulanos, derivadas da topologia e não do tamanho, o que é um indicativo incrível de como novas tecnologias podem se conectar estreitamente.
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Fonte: Small.
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Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.