Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou em sua rede social, o TruthSocial, que tem a intenção de assinar uma ordem executiva contra a obrigatoriedade do uso de canudos de papel, declarando que o país deve seguir “de volta ao plástico”. Essa fala reacendeu o debate sobre sustentabilidade e poluição plástica.

Afinal, será que a postura de Trump está correta? Ou podemos encarar essa decisão como um retrocesso em relação aos esforços individuais e de muitos governos para reduzir o uso de plásticos descartáveis? Bem, especialistas no assunto se dizem preocupados com os efeitos nocivos de atos como este sobre a vida marinha, a saúde humana e o meio ambiente. Discutimos o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!
O velho dilema ambiental versus econômico
Os canudos de papel surgiram como uma alternativa dita ecológica aos canudos tradicionais, de plástico - tudo para que se pudesse cumprir metas de sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Especialmente nos Estados Unidos, o governo Biden sempre foi a favor do material, visando reduzir a poluição dos plásticos. No entanto, pesquisas recentes apontam que talvez os canudos de papel ainda não sejam a melhor resposta para os nossos problemas.
O plástico tem problemas para se decompor, ficando por centenas de anos na terra e na água, ameaçando vidas. Mas, por outro lado, alguns cientistas afirmam que os canudos de papel que são hoje fabricados contêm altos índices de PFAS (substâncias per e polifluoroalquil), conhecidas como "químicos eternos", que poluem o meio ambiente e representam riscos à saúde humana. Esse discurso acabou dando apoio à política de desregulamentação proposta por Trump, revertendo políticas ambientais e de ESG (Environmental, Social and Governance).
O impacto ambiental do plástico descartável
A poluição plástica é um dos maiores desafios ambientais do nosso tempo. Estudos mostram que:
- Cerca de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos todos os anos.
- Os canudos representam uma pequena fração, mas ainda são encontrados em grande quantidade em praias e dentro de animais marinhos.
- A produção de plástico é altamente poluente e contribui para as mudanças climáticas.
Canudos de plástico, portanto, poluem os oceanos - embora representem apenas uma fração dos resíduos plásticos que chegam ao meio ambiente. A saber, das 380 milhões de toneladas de resíduos plásticos produzidos todos os anos (dados de 2025), cerca de 43 milhões de toneladas vêm de produtos de consumo que incluem plásticos descartáveis de alimentos e bebidas. Por isso, os canudos se tornaram o emblema da poluição plástica, símbolo de uma escolha que um indivíduo pode fazer e que também tem impacto.
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A título de curiosidade, em 2022, a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente começou a negociar um Tratado Global sobre Plásticos com 170 países, para abordar a questão da poluição plástica ao nível mundial, e pretende implementá-lo até o final de 2024.
A regulamentação dos canudos nos Estados Unidos
Curiosamente, apesar do que disse Trump, não existe uma lei federal que obrigue as empresas e as pessoas a usarem canudos de papel nos Estados Unidos. Existem, sim, restrições isoladas, implementadas por alguns municípios de forma independente - como no Brasil, em que várias capitais proíbem que supermercados entreguem sacolas plásticas nas compras, incentivando o uso de sacolas retornáveis e caixas recicladas. Desde 2018, estados como Califórnia e Washington aprovaram leis restringindo o uso de plásticos.
Donald Trump chama atenção para as medidas adotadas nos últimos anos para a eliminação gradual de plásticos descartáveis em operações federais até 2035. Especialistas em lei americana garantem que nada que ele fizer deve afetar as decisões estaduais e municipais, mas pode desencorajar os esforços daqueles que apoiam ações de preservação da natureza e combate ao impacto ambiental. O presidente busca agora apoio da indústria petroquímica e de setores de produção de plástico para maiores esclarecimentos.
A saber, empresas como Starbucks e McDonald's já adotaram a substituição de canudos plásticos por opções biodegradáveis, independentemente de qualquer legislação. Então, todos podem continuar fazendo o que a sua consciência manda e a economia pode seguir um caminho mais sustentável mesmo sem regulações governamentais.
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O estudo sobre o ciclo de vida da poluição
Certa vez, pesquisadores da Tailândia realizaram um estudo sobre o ciclo de vida da poluição de plásticos na natureza. Após avaliar as emissões de gases do efeito estufa atribuídas aos canudos, eles descobriram que os canudos de PLA (ou bioplástico) produzem mais emissões desde cultivo e colheita até o processamento dos materiais necessários para a sua fabricação. E no fim, parece que esses canudos nem eram tão biodegradáveis como se pensava.
Olha que interessante, os cientistas asiáticos determinaram que a quantidade de gases de efeito estufa liberados durante o ciclo de vida dos canudos de papel fica entre o mesmo que os canudos de plástico. Segundo estudos do Reino Unido, os canudos de papel ainda emitem mais gases quando apodrecem em aterros sanitários. E é importante lembrar que nem canudos de papel e nem de plástico podem ser reciclados.
Conclusão
Por mais doido que pareça, talvez as ideias de Donald Trump não estejam totalmente erradas quando se trata da questão do plástico. Diante das evidências apresentadas neste texto, podemos concluir que a solução não é substituir canudos de plástico por canudos de papel - nem mesmo pelos de bambu -, mas ir em busca de alternativas mais sustentáveis.
Uma ideia que damos para você: tenha em cada canudos reutilizáveis (de metal, vidro ou silicone) ou canudos sem PFAS. E uma solução melhor? Não use canudos! Seja consciente sobre seu consumo desnecessário de descartáveis! E lembre-se: embora a redução do uso de plásticos descartáveis seja importante, outras ações podem ter um impacto maior na luta contra as mudanças climáticas, como a redução do consumo de combustíveis fósseis.
Veja Também: Jovem brasileira apresenta plástico biodegradável nos EUA
Fontes: CNN Brasil, BBC, G1.
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Eduardo Mikail
Somos uma equipe de apaixonados por inovação, liderada pelo engenheiro Eduardo Mikail, e com “DNA” na Engenharia. Nosso objetivo é mostrar ao mundo a presença e beleza das engenharias em nossas vidas e toda transformação que podem promover na sociedade.