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O que é BIM? Exemplos, conceito e importância!

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por BIM na Prática
| 30/03/2021 | Atualizado em 06/12/2022 6 min

O que é BIM? Exemplos, conceito e importância!

por BIM na Prática | 30/03/2021 | Atualizado em 06/12/2022

BIM passou de futuro para se tornar realidade para quem está entrando no mercado da construção. Mas você sabe de verdade o que significa BIM?

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BIM passou de futuro para se tornar realidade para quem está entrando no mercado da construção. Mas você sabe de verdade o que significa BIM?

Podemos dizer já que passaram-se os anos em que saber BIM era uma escolha para os profissionais de engenharia e arquitetura. Desde 2021, o uso da metodologia passou a ser obrigatório em obras públicas no Brasil e, com isso, acelerar ainda mais a adoção do BIM no mercado.

Mas, afinal, a metodologia BIM é um software? É uma evolução do AutoCad? Por que ele está sendo tão falado ao redor do mundo? É justamente para desmistificar alguns mitos e descomplicar esse conceito, que decidimos criar esse post de estreia aqui no Engenharia 360.

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modelo BIM com nuvem de pontos
Modelo BIM - construção virtual | Fonte: Wikimedia Commons

O que é BIM

"BIM é uma série de processos, métodos, softwares e tecnologias usados para melhorar a comunicação e a cooperação durante as fases de um empreendimento, desde a concepção arquitetônica até a manutenção do edifício. O modelo no caso, simplificando a ideia, se trata de uma versão digital completa da construção." - BIM na Prática.

Para trazer primeiramente uma definição oficial sobre a sigla, podemos pegar a que está registrada em um dos primeiros documentos governamentais sobre o tema. É o caderno BIM, da Secretária de Estado do Planejamento de Santa Catarina, que inclusive traz 2 definições possíveis:

  1. Building Information Modeling (caráter verbal), que seria uma metodologia que cria um processo para a gestão da informação, desde a concepção até a gestão da edificação pronta.
  2. Building Information Models (caráter de substantivo), seriam os modelos (projetos) digitais, 3D e ricos de informação (não se limitando a representações espaciais de elementos) e que consistem na base do processo BIM.

Para esclarecer então: BIM não é igual a Revit

Uma vez entendido que o conceito BIM como substantivo se refere unicamente ao modelo BIM, construí-lo é somente uma etapa de todas que a metodologia abre com suas informações inseridas no modelo. 

E para esta etapa específica de modelagem, existem vários softwares que permitem a construção e manipulação destes modelos. O Revit é somente um deles, porém existem diversos outros, como:

  1. Archicad, da Graphisoft (Hungria), muito famoso na Europa e EUA;
  2. Edificius, da ACCA (Itália), bem disseminado na Europa e vencedor de prêmios como melhor software OpenBIM do mundo;
  3. QiBuilder, da AltoQI (Brasil, que vem buscando adaptar seu portfólio de soluções a metodologia.

E além de softwares distintos, é importante frisar que existem também metodologias ou estratégias de modelagem diferentes. Cada uma feita para potencializar a aplicação desejada do modelo (estudo preliminar, orçar, etc) em menos tempo.

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Por isso, fique atento, já que existe uma profusão de cursos online que prometem tornar você um especialista em BIM, porém estão somente ensinando você a usar uma ferramenta e para uma finalidade.

Entendendo BIM com exemplos

Seguindo os conceitos apresentados, Building Information Modeling seria o conceito mais amplo de BIM. Pois ele seria uma soma de processo, métodos e softwares utilizados em toda jornada de um empreendimento, da concepção até sua eventual desativação.

Dessa forma, inserimos um volume de informações gigantesco nos projetos, que antes eram somente linhas e hachuras, respeitando processos construtivos e se adaptando de acordo com o momento do empreendimento.

Assim, um mesmo modelo pode ser usado para diferentes finalidades, na medida que ele avança no volume de informações e detalhamento:

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  1. Estudos de viabilidade;
  2. Estudos de eficiência energética;
  3. Simulação de custos (orçamentação);
  4. Simulação de prazo (planejamento);
  5. Extração de quantitativos para diferentes cenários de construção;
  6. Estudo de projetos de engenharia;
  7. Detecção de interferências de projeto;
  8. Colaboração entre equipes multidisciplinares;
  9. Acompanhamento durante a execução da obra;
  10. Criação de modelos em realidade aumentada;
  11. Manutenção pós obra;
  12. E muitas outras finalidades.

Tendo em vista tantas frentes de trabalho em cima de um mesmo modelo, sendo atualizado e recebendo informações de diferentes profissionais, como gerir isso? Explicaremos em outros conteúdos mais para frente sobre essa dinâmica de trabalho.

Mas o que é crucial introduzir logo de início, para entender esse processo de construção e manipulação da informação, é o conceito da interoperabilidade BIM. Ou seja, diferentes pessoas (e softwares) enriquecem o modelo de informação e utilizam a informação dos outros.

Esse fluxo de trabalho também muda a forma de colaboração entre os envolvidos em uma obra. A gestão de um projeto passa a ser muito mais colaborativa entre arquitetos, projetistas complementares, orçamentistas, engenheiros de obra e demais envolvidos

Portanto, conhecimentos de obra e habilidades pessoais serão cada vez mais importantes para os profissionais da nova indústria da construção. Além disso, abre-se uma grande oportunidade de mercado da para práticas de qualidade  em gestão de projetos, ainda pouco explorado pelo setor.


A importância do BIM

De acordo com informações do Blog Ipog, são muitas as justificativas que levam os projetistas a apostarem no BIM para melhorar seus projetos e obras, desde a etapa de planejamento à operação de sistemas. Para começar, a possibilidade de geração de modelos 3D e até 4D melhores, antes mesmo da concepção, levantando informações mais precisas, fundamentais na tomada de decisões. Isso vale para dados topográficos e mesmo estimativas de curtos.

Desse jeito, é possível compreender e sequenciar com maior precisão todas as fases e planos de construção, pensando em evitar retrabalhos. A depender do software utilizado dá para avaliar sistema estrutural do empreendimento, fazer diversas simulações, testar parâmetros - sobretudo relacionando com as normas regulatórias nacionais vigentes -, monitorar cronograma de manutenção, e muito mais. Nem precisa dizer o quanto isso impacta na produtividade, resultados e valor agregado das obras!

Ferramentas BIM mais utilizadas

  • Revit: programa da Autodesk, trata-se de um software pago, com opção de avaliação; capaz de importar, exportar e vincular dados de outros softwares nos formatos (IFC, DWG™ e o DGN) e de gerar visualizações 3D.
  • ArchiCAD: programa pago - com licença especial para estudantes -, usado normalmente na projeção, documentação e colaboração em projetos de obras; capaz de gerar excelentes renderizações.
  • Autodesk BIM 360: solução para conexão de informações em nuvem, com diversas aplicações para gestão de documentos e tarefas, e integração com os documentos Revit, CAD e Navisworks para uma compreensão ampla de projetos.
  • Navisworks: solução para BIM 5D, fazendo compilação de informações registradas e geração de orçamentos.
  • Synchro 4D: solução para integração de modelos com cronogramas, com acompanhamento em tempo real de impactos de cada mudança de projeto.

A construção digital da edificação

Trazendo de uma forma ainda mais clara, uma boa analogia para explicar o processo BIM é dizer que estamos construindo virtualmente o prédio inteiro no computador antes de ser mexida a primeira pá de terra no terreno.

Assim como ocorre na prática, todas as disciplinas de projeto ficam integradas e “sobrepostas”. Dessa forma, conseguimos uma boa visualização de problemas com antecedência, para discutir soluções de projeto entre os especialistas.

Assim podemos, aos poucos, acabar com a cultura do “isso eles resolvem na obra”. Resolvendo de forma antecipada, reduz custos, otimiza o tempo de execução e garante a melhor decisão técnica para os problemas.

Isso tudo pois, agora, ao invés de representarmos objetos construtivos como linhas, eles se tornam geometrias tridimensionais com informações atreladas a eles. O software de modelagem entende elas como uma janela, uma parede de alvenaria, um bloco estrutural e assim por diante.

E na esfera das informações, é possível inserir o custo de um bloco representado, sua condutividade térmica, seu isolamento acústico e diversas outras informações. Assim, é possível criar simulações no modelo, para gerar análises que antes não eram possíveis no Cad.

Central de água modelada em um software BIM
Modelo BIM de uma central de Água | Fonte: BIM na Prática

Edificações inteligentes

Dando alguns passos a frente das possibilidades iniciais do BIM, é interessante trazer uma analogia que já citamos em nosso blog:

  • Pense no carro como um paralelo de uma obra, mesmo os carros mais antigos possuem indicadores que mostram os níveis de combustível e velocímetro. 
  • Mas os carros mais modernos já indicam os níveis de fluido de óleo, freio, pressões de pneus, consumo em tempo real e funcionamento de peças mecânicas do motor também.
  • Nota-se que mesmo que o usuário não tenha conhecimentos de mecânica, ele saberá operar e realizar as manutenções do carro baseado nos apontamentos feitos pelo sistema.

Analogamente, o mesmo  serviria para uma construção inteligente (saiba mais sobre elas aqui). Em um futuro com o BIM disseminado e avançado, será possível:

  1. Os brises aberturas se adequassem às suas necessidades de luz e energia em um determinado momento do dia automaticamente;
  2. O sistema de elevadores informasse quando uma manutenção é necessária;
  3. Os extintores de incêndio alertassem sobre seus próprios prazos de validade;
  4. Os geradores informarem sobre sua queda de desempenho frente ao consumo de energia das máquinas de refrigeração;
  5. Leitores de temperatura trazerem dados para avaliar a queda de isolamento térmico dos materiais, na medida que envelhecem.

Na prática, essas opções “futuristas” já são possíveis, porém ainda pouco disseminadas e com isso com preço elevado. Mas com a metodologia BIM e seus bancos de dados evoluindo, em poucos anos isso pode se tornar realidade comum no Brasil. Já pensou puxar esse mercado?

Conclusão

Enfim, a ideia é contextualizar você o que é o BIM, ampliando a visão de que ele seja somente uma ferramenta para projetos. E sim abrir o horizonte de possibilidades que ele permite.

Em breve escreveremos mais, sobre comunicação de ferramentas, aplicações específicas, algumas lendas criadas, trabalho entre equipes BIM e muito mais!

Mas por isso queremos ouvir você: quais temas você gostaria de saber mais sobre a metodologia BIM? Escreva pra gente nos comentários!

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Paulo Maragno | BIM na Prática

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