O Acordo de Paris é um marco na luta contra as mudanças climáticas. Trata-se de um compromisso internacional, juridicamente vinculativo, que determina que os países devem reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), repensar seus modelos de desenvolvimento econômico e investir na adaptação às mudanças climáticas.
A saber, atualmente, 194 partes estão comprometidas com o Acordo, incluindo a União Europeia. No entanto, como veremos, nem todos estão no mesmo ritmo, e o desafio da implementação é tão complexo quanto necessário. Falamos mais sobre o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Os 4 pilares do Acordo de Paris
1. Entrada em vigor e adesão global
Com adesão de quase todos os países do mundo, o tratado é uma das maiores mobilizações diplomáticas em torno de um objetivo ambiental comum.
Assinado em 2015 por 195 países durante a COP21 em Paris, o entrou em vigor em 2016 e busca limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 °C em comparação com os níveis pré-industriais.
2. Metas claras e ambiciosas
O foco principal é limitar o aquecimento global. Para isso, o acordo prevê:
- Redução massiva das emissões de GEE;
- Revisão dos compromissos nacionais a cada 5 anos;
- Apoio financeiro e técnico aos países em desenvolvimento.
3. Ciclos de ação de cinco em cinco anos
A cada cinco anos, os países signatários devem apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são planos de ação climática com metas de redução de emissões e estratégias de adaptação aos efeitos do aquecimento.
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4. Revisões e conferências anuais
As metas e os avanços são debatidos anualmente nas Conferências das Partes da ONU (COPs). Essas conferências permitem a atualização das estratégias globais e servem como palco para cobranças e incentivos entre os países.
O progresso no cumprimento das metas climáticas
Apesar dos avanços diplomáticos e de algumas ações pontuais, os resultados práticos ainda são insuficientes. Em 2024, pela primeira vez, o planeta ultrapassou a média de 1,5 °C de aquecimento global em relação à era pré-industrial.
Esse marco histórico levanta questionamentos profundos: estamos falhando nas metas climáticas? O Acordo de Paris é realmente eficaz?
Falta de compromisso e ausência de sanções
Um dos maiores obstáculos é o caráter voluntário do tratado. Cada país define suas metas, sem que haja penalidades formais pelo não cumprimento. Isso faz com que a eficácia dependa da vontade política e da pressão da sociedade civil. Além disso, decisões políticas impactam diretamente o cenário global. A saída dos Estados Unidos do Acordo, por exemplo, foi um golpe nas negociações, afetando tanto a credibilidade quanto o financiamento climático.
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Estamos no caminho certo?
Quando o Acordo foi assinado, as projeções apontavam para um aumento de até 3,6 °C na temperatura global até o fim do século. Hoje, com todas as políticas implementadas e promessas feitas, esse número caiu para cerca de 2 °C - ou até 1,9 °C, em cenários mais otimistas.
Isso mostra progresso, sim, mas insuficiente. Estamos longe de alcançar a velocidade e a intensidade exigidas pela emergência climática.
A Engenharia tem potencial - e responsabilidade - de acelerar esse processo.
Chegamos ao ponto em que não basta assinar tratados: é preciso transformar a teoria em prática. A sociedade, os governos e os profissionais técnicos devem caminhar juntos. A sobrevivência do planeta pode depender disso.
O papel crucial da engenharia nas metas climáticas
A transição para uma economia de baixo carbono depende diretamente da inovação tecnológica, da aplicação de soluções sustentáveis e da reestruturação da infraestrutura global - todas áreas que envolvem engenheiros e engenheiras.
Engenharia Ambiental
A Engenharia Ambiental é uma das protagonistas quando falamos em adaptação às mudanças climáticas. Seus profissionais atuam diretamente na gestão de resíduos sólidos, tratamento de efluentes, preservação dos recursos hídricos, planejamento urbano sustentável.
Engenharia de Energia e Elétrica
O setor energético é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. A Engenharia de Energia e a Engenharia Elétrica têm papel crucial na transição para fontes renováveis, como solar, eólica e hidrogênio verde. Essas fontes precisam de sistemas eficientes de geração, armazenamento e distribuição — desafios para os quais a Engenharia oferece soluções concretas.
Engenharia Civil
A construção civil é uma das indústrias que mais consome recursos naturais e emite CO₂. Com a adoção de práticas sustentáveis, como construção a seco, uso de materiais recicláveis e certificações como LEED, a Engenharia Civil pode reduzir significativamente sua pegada de carbono. Além disso, ela é fundamental no desenvolvimento de infraestruturas resilientes às mudanças climáticas, como drenagens urbanas inteligentes e edificações adaptadas a extremos climáticos.
A situação do Brasil frente ao Acordo de Paris
O Brasil, com sua matriz energética relativamente limpa e imenso potencial em energias renováveis, tem papel estratégico no Acordo de Paris. No entanto, eventos recentes, como o aumento do desmatamento e os impactos das enchentes no Sul do país, colocam em xeque nossa atuação prática. O agronegócio, altamente dependente de estabilidade climática, já começa a sentir os efeitos das alterações no regime de chuvas, evidenciando os impactos econômicos das mudanças climáticas.
A expectativa é que a COP30, que será sediada em Belém do Pará, traga protagonismo ao Brasil e pressione por ações concretas - especialmente na Amazônia.
As perspectivas para o futuro da engenharia
Engenheiros e engenheiras têm papel fundamental como educadores e agentes de mudança. Ao projetar, construir e operar com consciência ambiental, esses profissionais mostram que desenvolvimento e sustentabilidade podem andar juntos. Além disso, a participação em eventos, ONGs, fóruns de debates e conselhos regionais pode ampliar a influência da Engenharia sobre as políticas públicas e privadas.
A violação do limite de 1,5 °C não significa que tudo está perdido. Pelo contrário: é um alerta vermelho. A próxima década será decisiva, e o Acordo de Paris ainda pode ser a bússola para uma rota de sobrevivência planetária.
Mas para isso, será necessário:
- Engajamento total dos países;
- Financiamento robusto para os mais pobres;
- Pressão popular por ações efetivas;
- E um protagonismo técnico e ético da Engenharia na construção desse futuro.
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Fontes: O Globo, CNN, National Geographic.
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Eduardo Mikail
Somos uma equipe de apaixonados por inovação, liderada pelo engenheiro Eduardo Mikail, e com “DNA” na Engenharia. Nosso objetivo é mostrar ao mundo a presença e beleza das engenharias em nossas vidas e toda transformação que podem promover na sociedade.