Como pode, num mundo de tantas inovações tecnológicas, termos ainda tantas pessoas passando por necessidades? Como bem sabemos, a educação sempre levou “luz” e esperança para aqueles que vivem em comunidades carentes. Ao mesmo tempo, hoje em dia, milhões de crianças enfrentam a escuridão - literalmente a escuridão - como obstáculo ao aprendizado, dependendo até de lamparinas de querosene para poder estudar à noite. Infelizmente, isso acaba limitando demais o futuro desses jovens e o progresso da sociedade.
Assim é a história de Innocent James, que cresceu em uma zona rural no norte da Tanzânia. Sua família não tinha acesso à eletricidade; e como muitos outros estudantes, precisou superar vários desafios para poder estudar e se formar. Um dia, ele teve uma ideia genial: reciclar sacos de cimento descartados para criar mochilas solares. É isso mesmo que você leu: mochilas solares! Confira mais sobre essa história no artigo a seguir, do Engenharia 360!
O que inspirou o trabalho de Innocent James
A falta de acesso à eletricidade é um problema generalizado na África, com cerca de 600 milhões de africanos sem energia elétrica. No entanto, isso também representa uma grande oportunidade para soluções inovadoras de engenharia!
Um dia, James refletiu sobre a situação das crianças de sua comunidade; elas pegavam livros na biblioteca de sua escola, mas não conseguiam ler em casa, depois das aulas, pela falta de iluminação. Ao mesmo tempo, ele viu uma reportagem falando de um professor universitário que usava uma jaqueta equipada com painel solar para carregar seu celular. Então, ele juntou os dois casos e resolveu bolar uma alternativa que fosse acessível, prática e sustentável. Assim surgiu a ideia das Soma Bags ou “mochilas de leitura”.
Vale destacar que o conceito central das Soma Bags é o upcycling, que é transformar resíduos que seriam descartados em produtos de valor.
O processo de criação das Soma Bags
James teve a ideia, para criar as Soma Bags - leves e duráveis -, de utilizar sacos de cimento coletados nas ruas e canteiros de obras. Essa solução parece ser perfeita, pois não gera custos adicionais e ainda reduz o lixo das ruas da cidade! E aí vem o “pulo do gato”, cada mochila é equipada com um pequeno painel solar flexível, costurado na parte externa, que carrega uma bateria durante o dia. Já à noite, essa energia é usada para alimentar uma lâmpada de LED (funcionamento de cerca de oito horas), permitindo que as crianças leiam e façam deveres depois das aulas, mesmo sem eletricidade em casa.
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Podemos dizer que a engenharia por trás das mochilas solares de James é tão simples quanto genial, não é mesmo? Isso elimina a dependência das famílias de terem lanternas a querosene, que além de custosas, representam risco de incêndios e problemas respiratórios.
O impacto social e ambiental do projeto
A saber, atualmente, cerca de 200 mil sacos de cimento são reaproveitados pelo projeto conduzido por Innocent James. A fábrica montada por ele está localizada na vila de Bulale, na região de Mwanza, empregando em torno de oitenta pessoas, majoritariamente mulheres, impulsionando o desenvolvimento econômico local. São aproximadamente 13 mil mochilas feitas por mês - e a demanda continua superando a capacidade de produção, refletindo a necessidade e relevância do produto.
Só em 2024, a empresa Soma Bags vendeu 36.000 mochilas para toda a África, distribuídas também como parte de bibliotecas móveis em carrinhos de livros. Até então, cada mochila era vendida entre US$ 4 e US$ 8 em xelins tanzanianos, valor semelhante ao custo de operar uma lanterna de querosene por apenas 15 dias. Porém, ao contrário da lanterna, a mochila solar é reutilizável por anos, segura e amiga do meio ambiente.
Reconhecimento internacional
Duas notícias animam demais James. A primeira é a quantidade de lixo que ele consegue recuperar via reciclagem. Depois, o desempenho escolar das crianças, que parece estar melhorando por conta das mochilas solares, que se mostraram uma fonte confiável de luz para que elas possam estudar à noite. Tem-se, enfim, uma maior facilidade de acesso à informação e à comunicação, permitindo que os jovens mantenham contato com amigos e familiares.
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O impacto positivo da ideia de James chamou a atenção de grandes instituições; sua iniciativa ganhou muitos prêmios internacionais. Agora, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Programa de Inovação Funguo do PNUD, com apoio da União Europeia e do governo britânico, apoia financeiramente o projeto.
As perspectivas para o futuro das mochilas solares
Esse exemplo de caso de Innocent James prova que a combinação ‘engenharia e propósito’ é mesmo poderosa para superar desafios sociais e ambientais. Ele nos mostra que uma inovação nem precisa vir de um plano complexo ou caro para transformar vidas.
Por hora, a Soma Bags pretende explorar ainda mais o sol como fonte de energia e toda solução sustentável e ecológica que vier. Suas peças devem continuar a ser vendidas como parte de uma franquia de carrinhos de biblioteca móveis; o plano é expandir a produção e levar luz para milhares de famílias em áreas rurais com energia acessível e sustentável. Ademais, tem-se o desejo de inspirar jovens empreendedores africanos a desenvolver suas ideias criativas.
Como disse Joseph Manirakiza, do PNUD: “Há uma safra de jovens na Tanzânia que percebeu que precisa tomar o futuro em suas próprias mãos. James representa um grupo de jovens usando seu talento para fazer algo significativo.”.
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Fontes: Ciclo Vivo, Só Notícia Boa.
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Eduardo Mikail
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