É preciso reconhecer que a engenharia não tem medo de ousar. Um exemplo é gigantesca obra da ponte marítima que acabou de ser inaugurada na China. Ela faz parte de um projeto ambicioso que pode acelerar a economia de várias cidades na região e mostra que, mais uma vez, a engenharia vence as barreiras geográficas. Porém, há várias polêmicas envolvendo a obra que pode ser, na verdade, um grande elefante branco. Neste texto, você fica por dentro da construção e das controvérsias da maior ponte marítima do mundo.

Imagem: g1.globo.com
+ A maior ponte marítima do mundo
Como o próprio nome diz, a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau liga as cidades de Hong Kong, Macau e Zhuhai. Há de tudo um pouco no projeto: ilhas artificiais, túnel subaquático, trechos de estrada e três pontes.
Com 55 quilômetros de extensão, a mega obra mostra que limites, para os engenheiros, só existem no cálculo. As três pontes que formam a estrutura podem suportar ventos de até 340km/h.
O trecho submerso de 6,7 quilômetros de extensão e fica entre duas ilhas artificiais. Ele foi projetado para que a obra não interfira no comércio marítimo e, assim, os navios podem circular normalmente. Afinal, não adianta melhorar um lado e prejudicar o outro.
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Imagem: chinadaily.com.cn
A estrutura é capaz de resistir a terremotos e tufões.Foram usadas 400.000 toneladas de aço na construção. Isso seria suficiente para erguer 60 torres Eiffel.
Além de ser uma grandiosidade na área de civil, a obra mostra que a tecnologia não ficou de fora do projeto. Há câmeras que podem identificar até os motoristas sonolentos pelo bocejo. Os dorminhocos precisam ficar espertos (e boca fechada!), pois as autoridades são alertadas se o bocejo ocorre por três vezes. Câmeras de vigilância também foram instaladas para evitar ataques terroristas.
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O design da ponte também foi inspirado em vários elementos simbólicos. No vídeo abaixo, você confere um pouco mais sobre eles e sobre como foi o processo de construção.
+ Vantagens e polêmicas
Grandes obras tendem a ser polêmicas e esta não ficou de fora. A primeira objeção é com relação ao custo, que foi de mais de 20 bilhões de dólares. Além disso, foi uma obra demorada, com 9 anos de duração, incluindo 2 anos de atraso, e que resultou na morte de, no mínimo, 18 operários e em vários feridos.
Dentre as vantagens está o fato de que 11 cidades serão integradas economicamente, formando um novo polo hi-tech. O local será chamado de Grande Baía e, qualquer semelhança com a Baía de São Francisco, no Vale do Silício, ou com a Baía de Tóquio, no Japão, não é coincidência. O objetivo indireto é criar um local que possa competir com essas regiões.

Imagem: bbc.com
Outra vantagem é a redução do tempo de viagem. Antes, era necessário aproximadamente 3 ou 4 horas para ir de carro de Hong Kong para Zhuhai. Agora, o tempo de viagem é de cerca de meia hora. Porém, há trajetos alternativos para esse caminho (como balsas e linhas ferroviárias) que já reduziam o tempo de viagem. Ou seja, esse não era um objetivo no qual valia investir e ficou mais como um impacto positivo obra.
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Porém, atravessar a ponte não é tão fácil assim. É preciso ter uma habilitação especial para dirigir por ali e ainda há pedágio. Nesse sentido, há dúvidas se ela será capaz de recuperar seus custos se não houver muitos carros circulando. Sem considerar que os custos de manutenção são elevados.

Imagem: g1.globo.com
No quesito ambiental, a ponte também não foi bem vista. Os grupos ambientalistas alertam que a construção pode ter causado sérios impactos negativos na vida marinha (incluindo o golfinho branco chinês, que está em risco de extinção).
Do ponto de vista político, a polêmica gira em torno da China querendo ampliação de seu poder em uma área com potencial. É uma forma de tentar controlar as regiões autônomas de Hong Kong e Macau. Vale lembrar que Hong ficou muitos anos sob o domínio britânico e perdeu boa parte da sua cultura chinesa. Ainda, em todo esse meio político está inserida a boa e velha rivalização com os Estados Unidos e a vontade de superá-los no quesito tecnologia.
Se deixarmos as polêmicas de lado, a obra é realmente impressionante. O problema é que, em grandes construções, essas controvérsias precisam ser ponderadas e questionadas. É preciso saber a necessidade real de uma obra e se vale todos os impactos que gera. Caso contrário, ela vira um grande e desajeitado elefante branco.
Confira mais vídeos sobre a maior ponte marítima do mundo:
Referências: BBC; ABC News; Business Insider.
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Larissa Fereguetti
Engenheira, com mestrado e doutorado. Fascinada por tecnologia, curiosidades sem sentido e cultura (in)útil. Viciada em livros, filmes, séries e chocolate. Acredita que o conhecimento é precioso e que o bom humor é uma ferramenta indispensável para a sobrevivência.