A aviação sempre foi considerada um dos meios de transporte mais seguros, mas com o avanço das mudanças climáticas, viajar de avião está se tornando mais arriscado. O aquecimento global não só intensifica condições meteorológicas extremas, como tempestades e ventos fortes, mas também aumenta significativamente a turbulência em ar limpo. Neste artigo do Engenharia 360, exploramos os principais desafios que as companhias aéreas e os passageiros enfrentam no cenário atual e quais soluções estão sendo discutidas para minimizar esses riscos. Confira!
1. O aumento da turbulência em ar limpo
A turbulência em ar limpo está se tornando mais frequente e severa devido ao aquecimento global. Estudos apontam que, desde 1979, a incidência desse fenômeno aumentou em 55% sobre o Atlântico Norte, e projeta-se que triplique até 2060. O principal motivo é a intensificação das correntes de jato, que são fluxos de ar que cortam a atmosfera a altitudes elevadas.
Essa mudança representa um perigo não apenas para os passageiros, mas também para as aeronaves, que sofrem impactos estruturais devido a movimentos bruscos e inesperados.
2. Tempestades mais severas e frequentes
As mudanças climáticas estão aumentando a ocorrência de tempestades intensas, que afetam diretamente a aviação. O granizo, por exemplo, já causou danos severos a aviões, como um caso recente documentado pela Australian Airlines, que teve o nariz de uma aeronave destruído. Além disso, chuvas torrenciais diminuem a visibilidade dos pilotos, tornando pousos e decolagens mais perigosos. O aumento da precipitação extrema é um fator preocupante, pois afeta tanto a operação das aeronaves quanto a infraestrutura aeroportuária.
3. Aeroportos em risco de inundação
Muitos aeroportos ao redor do mundo estão localizados em regiões baixas e próximas a corpos d'água. Com o aumento do nível do mar e chuvas mais intensas, aeroportos como o Salgado Filho, no Rio Grande do Sul, já enfrentam situações de inundações severas. Um estudo de 2021 revelou que pelo menos 100 aeroportos globais estão abaixo do nível do mar e podem ser seriamente impactados até o fim do século. Esse fenômeno compromete a segurança operacional e pode levar ao fechamento de terminais importantes.
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4. Impacto das altas temperaturas nas decolagens
Aumento da temperatura também influencia diretamente a capacidade de decolagem dos aviões. Com o ar mais quente e menos denso, as aeronaves precisam de mais pista e, em alguns casos, têm que reduzir a carga transportada. Estudos realizados em aeroportos da Grécia mostraram que, nas últimas seis décadas, a distância necessária para a decolagem aumentou 0,15% ao ano. Esse fenômeno já causa atrasos e restrições de operação em locais onde as ondas de calor são cada vez mais frequentes.
5. Viagens mais longas e custosas
A intensificação das correntes de jato afeta a duração dos voos, especialmente aqueles em direção ao oeste, que agora enfrentam ventos contrários mais fortes. Isso torna as viagens aéreas menos eficientes, aumentando o tempo de voo e o consumo de combustível. Além de elevar os custos das passagens, essa mudança impacta diretamente as emissões de carbono da indústria da aviação, criando um ciclo vicioso de agravação climática.
Possíveis soluções e alternativas
Diante desses desafios, a indústria aérea tem buscado soluções para minimizar os impactos das mudanças climáticas:
- Investimento em aeronaves mais eficientes: Novos modelos de aviões estão sendo projetados para resistir melhor à turbulência e operar com menor impacto ambiental.
- Uso de combustíveis sustentáveis: O setor aéreo tem como meta zerar as emissões de carbono até 2050, com a adoção de biocombustíveis e hidrogênio.
- Melhoria na infraestrutura aeroportuária: Muitos aeroportos estão investindo em drenagem aprimorada e estruturas elevadas para lidar com inundações.
- Desenvolvimento de roteiros inteligentes: A otimização das rotas aéreas pode reduzir a exposição às condições meteorológicas extremas.
A saber, em 2022, mais de 2.500 representantes do setor global de viagens aéreas anunciaram uma meta internacional de eliminar totalmente as emissões de carbono do setor até o ano de 2050. É uma meta ambiciosa, mas qualquer progresso nessa direção beneficiará o planeta.
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Embora os pesquisadores concordem que alguns dos danos que os seres humanos causaram ao planeta não podem ser revertidos, eles também afirmam que, com alguma cooperação e sacrifício, os seres humanos podem evitar as piores previsões reduzindo seu impacto no planeta hoje.
O papel da engenharia
A engenharia desempenha um papel fundamental na busca por soluções para os desafios climáticos na aviação. Engenheiros aeronáuticos estão trabalhando no desenvolvimento de aeronaves mais eficientes e sustentáveis, utilizando materiais mais leves e tecnologias de propulsão mais avançadas. Engenheiros civis estão projetando aeroportos mais resilientes, capazes de resistir a inundações e tempestades. E os parceiros meteorologistas estão aprimorando os sistemas de previsão do tempo para fornecer informações mais precisas e confiáveis aos pilotos e controladores de tráfego aéreo.
Resumindo, o futuro da aviação pode ser incerto, mas não precisamos nos desesperar antes da hora. Ao reduzir nossa dependência de viagens aéreas (cada vez mais perigosas), podemos ajudar a conter os piores efeitos da mudança climática causada pelo homem, reduzindo as emissões.
Fontes: National Geographic Brasil, Pensamento Verde.
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Eduardo Mikail
Somos uma equipe de apaixonados por inovação, liderada pelo engenheiro Eduardo Mikail, e com “DNA” na Engenharia. Nosso objetivo é mostrar ao mundo a presença e beleza das engenharias em nossas vidas e toda transformação que podem promover na sociedade.