Água e engenharia estão conectados em uma série de segmentos: geração de energia, navegação, transporte de substâncias, solventes, resfriamento de máquinas, hidráulica de equipamentos, dentre muitos outros.

Todas essas demandas implicam em diminuição na disponibilidade e alterações na qualidade desse recurso. Nesse contexto, a engenharia busca formas inovadoras de aproveitar diferentes fontes, o que a gente apresenta a seguir:

Aproveitamento da água do mar

A dessalinização de água requer vários recursos e pode ser muito cara. Primeiro, a água precisa ser fervida, convertida em vapor e depois condensada. Isso requer uma quantidade significativa de combustíveis fósseis para produzir calor, o que potencializa um outro problema relativo à emissão de gases estufa.

Entretanto, a engenharia vem atuando em soluções alternativas, que se baseiam principalmente na utilização da pressão osmótica para dessalinizar a água. Com isso, há pesquisas voltadas para membranas com permeabilidade seletiva e osmose reversa ou comum. Você já viu como funciona a dessalinização a partir do grafeno?

aproveitamento água
Imagem: wikimedia.org

Aproveitamento da água de chuva

Já estamos bastante familiarizados com o aproveitamento de água de chuva, principalmente para usos menos nobres, tais como molhar o jardim de casa ou lavar o carro, por exemplo. A gente, inclusive, apresentou aqui alguns modelos de cisternas para armazenar água de chuva.

Em termos de engenharia, porém, é possível integrar a captação de água pluvial e sistemas de tratamento em residências ou estabelecimentos comerciais, ou fabris, permitindo fechar um ciclo dentro da própria edificação.

Se uma casa tiver uma fonte de água primária, a coleta da água da chuva fornecerá uma opção auxiliar para uma situação em que a fonte primária não esteja disponível. Além disso, é uma boa opção de armazenamento de água para agricultores lidarem com períodos de seca.

aproveitamento de água
Imagem: eartheclipse.com

Aproveitamento de água do ar

O ar, como sabemos, contém muitos elementos, e um deles é a água, que no dia a dia entendemos como sendo a umidade. Mas ela pode ser aproveitada? A resposta é sim.

Pensando nisso, pesquisadores do MIT desenvolveram um dispositivo que funciona a base de energia solar e usa uma grande área superficial porosa para capturar vapor de água e passá-lo entre duas zonas de temperatura, o que promove condensação.

As duas principais vantagens desse sistema são que ele pode coletar água sem o uso de eletricidade e a capacidade de produzir água em climas desérticos.

aproveitmento água

Imagem: mit.edu

Estas são algumas alternativas para o aproveitamento de água de fontes não tradicionais, isto é, que não vêm de mananciais superficiais ou subterrâneos, como estamos acostumados (rios ou poços).

Vale lembrar, que a água é um recurso finito ao ser considerado em termos de qualidade para consumo, então as soluções de engenharia devem se voltar não apenas para a sua obtenção, mas também para a manutenção da sua qualidade quando for devolvida ao ambiente e também ao uso consciente.


Fontes: Adaptado de Interesting Engineering.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Embora quase ninguém pense nisso na hora de lavar as mãos, tomar banho ou fazer qualquer outra tarefa que envolva água encanada, essa substância vital não chega até as residências por meio de mágica. Para isso, é necessário um complexo sistema de abastecimento de água.

abastecimento de água
Imagem: vix.com

Na verdade, o abastecimento de água varia não só de país para país, como também de região para região. Muitas vezes, uma mesma cidade pode ter várias formas de abastecimento diferentes e a isso depende das características do local e da busca pela melhor decisão por parte de profissionais da engenharia e do planejamento urbano.

Em muitos locais, o abastecimento de água é interrompido durante um determinado período do dia. Esse período pode ser definido com base em diversos critérios e até mesmo com o uso de softwares de otimização para determinar em quais horários é mais proveitoso interromper o sistema, considerando-se a necessidade de abastecimento, o custo do bombeamento (se houver) e mais fatores.

Essa questão é sempre um foco de muitas pesquisas. O que alguns engenheiros propõem em um artigo científico publicado recentemente é um modelo de explicação para esses sistemas de abastecimento com interrupção e como eles podem ser a solução para o cumprimento de metas internacionais de desenvolvimento humano ligado a água potável.

Todavia, a ideia de interromper o abastecimento pode parecer absurda para muitos engenheiros de países desenvolvidos. Afinal, o encher e esvaziar as tubulações pode deixar o sistema com flutuações na pressão e também suscetível a contaminação por água de chuva ou esgoto. Por outro lado, David Taylor, professor de Engenharia da Toronto Engineering e autor do artigo, acredita que, ao mesmo tempo que esses problemas existem, também há benefícios.

Taylor afirma que ao interromper o abastecimento durante a noite, quando ninguém (ou quase ninguém) está usando, você também reduz as perdas por vazamentos, um grande problema de muitos sistemas de abastecimento. Para compreender o processo, o professor trabalhou com empresas de abastecimento em Delhi durante seu doutorado.

Uma forma de entender o sistema seria construir um modelo computacional dele. Porém, Taylor percebeu que a prática é bem diferente da realidade e nem tudo é feito como realmente está no projeto. Então, ele partiu da seguinte pergunta: como seria o modelo do sistema se admitirmos que não sabemos quase nada sobre a rede?

No artigo, Taylor expõe seu modelo e descreve como ele poderia ser usado para análise de sistemas existentes. Basicamente, ele calibrou o modelo comparando os resultados com o de um modelo complexo. Sua conclusão foi de que há concordância entre os dois modelos, de modo que o mais simples também é capaz de fornecer informações úteis. Ele permite, por exemplo, que o efeito de alteração de um parâmetro seja imediatamente identificado. Além disso, ele é adimensional e trabalha com porcentagens.

A proposta do professor Taylor é de que ele seja usado para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Direito Humano à Água. Afinal, eles afirmam que a água deve estar disponível quando necessário, o que não significa 24 horas por dia. Assim, o modelo é uma ferramenta para decisão sobre o abastecimento que pode guiar a sociedade para o cumprimento das metas propostas.

abastecimento de água
Imagem: unoosa.org

Referências: Science Daily

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

A escassez de água afeta muitas regiões ao redor do mundo e espera-se que haja ainda mais complicações derivadas disso, devido à crise climática. Este sistema que captura umidade do ar, mesmo em regiões muito secas, pode ser uma solução.
umidade do ar
Imagem: news.mit.com

Uma nova tecnologia, desenvolvida por cientistas do MIT e da Universidade da Califórnia, poderia fornecer nova maneira de obter água limpa e fresca em praticamente qualquer lugar da Terra, atraindo água diretamente da umidade do ar, mesmo nos locais mais secos.

Alguma umidade há, afinal de contas, água está na composição da nossa atmosfera. O que esses cientistas buscaram foi uma maneira prática de extraí-la.

Como funciona o sistema?

O dispositivo, baseado em materiais relativamente novos e de alta superfície de contato, chamados de estruturas metal-orgânicas (MOFs), pode extrair água potável até do mais seco ar, por exemplo, com umidade relativa de apenas 10%.

Os métodos atuais para extrair água do ar, como aqueles desumidificadores que você já deve ter visto por aí, exigem níveis muito mais altos de umidade, por exemplo, 100% de umidade para métodos de coleta de névoa e acima de 50% para sistemas de refrigeração de coleta de orvalho. Além disso, esses sistemas também exigem grandes quantidades de energia, em geral, fornecida por meio da eletricidade.

Assim, o novo sistema poderia preencher uma necessidade não atendida de água, mesmo nas regiões mais secas e remotas do mundo.

A Universidade da Califórnia, em Berkeley, paralelamente liberou um vídeo de um sistema similar, que também não exige eletricidade:

Próximos passos:

O dispositivo foi testado em campo no ar seco de Tempe, Arizona, confirmando o potencial do método. Aumentar a eficiência dos sistemas é sempre um objetivo da engenharia e, portanto, a equipe pretende fazer isso e também ampliar o dispositivo.

O sistema foi desenvolvido por estudantes de graduação e pós-graduação do departamento de Engenharia Mecânica do MIT e de Química da Universidade da Califórnia, em Berkeley, mostrando mais uma vez o vínculo entre engenharia e pesquisa nas nossas aplicações cotidianas.

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Imagem: news.mit.com

Fonte: MIT News.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Geração de energia tem sido um assunto cada vez mais expansivo, e abrangente em diversas áreas. Separamos neste artigo 5 fatos que você precisa saber:

A energia pode sim ter preço negativo

Mas como assim preço negativo? Acontece que, com a instalação de energia solar residencial cada consumidor pode realizar a sua geração de energia energia, e a capacidade gerada pode ultrapassar a capacidade de consumo.

Assim, são gerados “créditos de energia” com a concessionária contratada, fazendo com que a energia tenha preço negativo.

5 fatos sobre Geração de Energia que todo engenheiro deveria saber

O maior complexo de geração de energia solar pode ser no deserto

Se o deserto Sahara fosse um país, ele seria o quinto maior do mundo, um pouco maior que o Brasil, porém menor que a China. E de acordo com estimativas da NASA, esta localização recebe em média entre 2000 e 3000 kWh por ano. Sem falar com as proximidades desta localização, o Marrocos poderia exportar energia para a Europa, uma vez que o deserto se encontra a 15Km de Gibraltar na Espanha.

Agora imagina usar estes dados para geração de energia solar? É o que tem sido feito desde 2009, porém teve uma pausa no projeto devido aos altos custos.

Atualmente, este projeto voltou a ser cotado, visando questões políticas, comerciais, e sociais, incluindo o rápido desenvolvimento daquela região.

5 fatos sobre Geração de Energia que todo engenheiro deveria saber

 

A geração de energia nuclear está em decadência mundial

A preocupação com a segurança sempre foi um assunto em pauta quando o assunto é geração de energia nuclear.

O Governo Alemão vai desativar todas as suas usinas até 2022, nos Estados Unidos 5 usinas de geração de energia já foram fechadas, e existe a previsão para se fecharem mais 4 nos próximos anos.

A razão deste fato é que novos tipos de energia renovável tem tomado o lugar da geração de energia nuclear, que além de todos os seus riscos, possui um custo alto.

5 fatos sobre Geração de Energia que todo engenheiro deveria saber

Itaipu Fornece 90% da energia consumida no Paraguai

Uma das características de Itaipu é a de ser uma usina binacional. Além de 90% da energia consumida no Paraguai, Itaipu fornece 15% da energia consumida no Brasil. É a segunda maior usina do mundo, perdendo apenas para a Usina de Três Gargantas, na China.

                                          5 fatos sobre Geração de Energia que todo engenheiro deveria saber

Geração de Energia eólica tem segundo lugar em relevância nas matrizes elétricas brasileiras

De acordo com a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), este tipo de geração de energia alcançou a marca dos 15GW de capacidade instalada.

As hidrelétricas continuam sendo a principal fonte de energia no país, com 104,5 GW de capacidade instalada. Em terceiro lugar está a Energia de Biomassa, com 14,8 GW de capacidade instalada.

5 fatos sobre Geração de Energia que todo engenheiro deveria saber

 

 

Referências:

ScienceAlert, CanalEnergia, Veja

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Beatriz Zanut Barros

Engenheira de Energia; formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; com Mestrado em Energia Renovável pela Universitat Politècnica de Catalunya, em Barcelona; profissional no setor de armazenamento de energia com vasta experiência em expansão de sistemas de transmissão e análise de mercado de energia em países latino-americanos.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta aproximadamente 44 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo aqueles com formas relacionadas de demência. Um dos principais desafios enfrentados por pacientes e profissionais de saúde é que o diagnóstico e o gerenciamento dessa condição nem sempre são realizados de maneira adequada. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Alzheimer
Imagem de Mohamed Hassan em Pixabay

A incerteza no diagnóstico do Alzheimer

Atualmente, existem várias ferramentas tradicionais de avaliação de memória disponíveis no mercado. No entanto, muitas dessas ferramentas apresentam desvantagens significativas em termos de precisão e confiabilidade. Vários fatores complexos podem interferir nos testes de memória, dificultando a abordagem adequada do Alzheimer e prejudicando a identificação precoce da doença.

Alzheimer
Imagem de brgfx em Freepik

A promissora contribuição da Inteligência Artificial

Pesquisadores da Faculdade de Engenharia e Ciência da Computação da Florida Atlantic University e de outros grupos de pesquisas diferentes descobriram que a Inteligência Artificial pode ser a chave para o diagnóstico correto do Alzheimer, bem como para o seu gerenciamento!

Para fazer a descoberta, eles empregaram uma nova aplicação de aprendizagem supervisionada de máquina e modelagem preditiva para demonstrar e validar a utilidade transversão do MemTrax como uma ferrameta de triagem de apoio à decisão clínica para avaliar o comportamento cognitivo. O MemTrax é um teste usado para diagnóstico de demência e Alzheimer.

A MemTrax na detecção de demência

Os resultados do estudo mostraram que o aprendizado de máquina supervisionado pode ser usado como uma abordagem moderna e como uma nova ferramenta complementar de valor agregado na avaliação da saúde cognitiva do cérebro e no tratamento e tratamento do paciente. Um dos motivos pelos quais isso acontece é porque o aprendizado de máquinas tem uma capacidade inerente de revelar padrões e informações significativas a partir de um grande arranjo de dados.

Alzheimer
Imagem reproduzida de krqe.com

Tecnologia e qualidade de vida

De maneira geral, este estudo evidencia como a tecnologia pode caminhar lado a lado com a humanidade para promover melhorias na qualidade de vida. O Alzheimer, que é a sexta maior causa de morte nos Estados Unidos, representa um grande desafio de saúde pública, com custos estimados em 290 bilhões de dólares neste ano, associados à demência.

As descobertas também abrem novas portas para pesquisas futuras e novas abordagens de Inteligência Artificial, ressaltando a importância da inovação tecnológica na luta contra doenças neurodegenerativas.


Fontes: Medical Xpress.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Mecanismo encontrado na erva chinesa ajuda a criar enzimas em laboratório, o que pode acelerar o desenvolvimento de medicamentos e até de uma supercola.

Cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura (NTU Cingapura) identificaram como uma classe especial de enzimas derivadas de plantas, conhecidas como peptídeo-ligases, trabalham para unir proteínas. Esse tipo de ligação é extremamente importante no desenvolvimento de medicamentos, por exemplo: em um tratamento de quimioterapia, busca-se que a droga quimioterápica se ligue especificamente a um anticorpo que reconheça marcadores de tumor, de modo a tomar as células cancerosas como alvo.

ligases | supercola
Imagem: phys.org

Essas enzimas, ligases peptídicas, podem grudar (trocadilho intencional) na engenharia por uma perspectiva da Engenharia Química e Biomédica. Por quê? Bem, elas são uma ferramenta útil em aplicações biotecnológicas e biomédicas, tais como rotulagem de proteínas, imagem e rastreamento de proteínas no corpo. Com isso, podem aparecer na indústria farmacêutica, para atuar como mediadora em diversos tratamentos.

Como funcionam as enzimas ligases?

Os cientistas da NTU Singapore mostraram que o segredo da propriedade de “supercola” de uma peptídeo ligase reside em duas regiões específicas da enzima que lhes dão a capacidade de se ligar a outras moléculas e de alterar a taxa em que ela funciona.

A equipe do NTU usou seu conhecimento recém-descoberto para desenvolver uma nova enzima peptídeo ligase, criada a partir de informações genéticas da violeta chinesa (Viola yedoensis), uma planta medicinal, com propriedades antibióticas e anti-inflamatórias.

enzima ligase
Imagem: chinaabout.net

A enzima peptídeo ligase criada artificialmente, também conhecida como peptídeo ligase recombinante, pode ajudar o desenvolvimento de drogas feitas a partir de componentes retirados de organismos vivos, pois supera as limitações dos métodos atuais, tais como subprodutos ou moléculas tóxicas que podem alterar função e eficácia do medicamento.

O que ocorre atualmente é que, durante o desenvolvimento de uma droga, as moléculas de proteína são “costuradas” quimicamente. Embora isso seja eficiente, o processo deixa subprodutos que podem alterar a função do produto final. As ligases peptídicas derivadas de plantas provaram ser uma supercola de proteína mais confiável do que as ligases derivadas de bactérias, ou o uso de substâncias químicas para ligar as proteínas.

Aplicações futuras:

A equipe registrou uma patente para criação de ligases a partir de proteases (outra enzima presente na planta), e também criou outro registro para a ligase recombinante em si. Nesse cenário, os pesquisadores estão desenvolvendo a enzima recombinante para a figura de um produto.

Os pesquisadores também estão trabalhando em parceria com escolas de medicina e instituições de saúde locais e estrangeiras para usar essa enzima recombinante em diagnóstico por imagem, como imagens de tumores cerebrais durante uma cirurgia.

ligases
Imagem: phys.org

Fonte: ScienceDaily. PNAS.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Todo mundo sabe que a tecnologia dos robôs vem substituindo algumas funções humanas há anos. Esse fato leva a uma grande preocupação sobre o crescente número de desempregos. Porém, nós podemos ficar tranquilos: uma pesquisa mostrou que a tecnologia demanda a criação de novos empregos e, consequentemente, novas habilidades.

A pesquisa realizada pelo ManPowerGroup, uma empresa de empregos, mostrou que os avanços tecnológicos vão gerar empregos em áreas diferentes. Para fazer essa descoberta, foram entrevistados dezoito mil empregadores de 43 países diferentes.

robôs
Imagem: cmte.ieee.org

De modo geral, inferiu-se que enquanto a tecnologia traz mais automação, aumentando a produtividade ao longo do caminho e reduzindo o número de funcionários em algumas áreas, também cria empregos em novas áreas. Então, cabe aos trabalhadores adquirir as habilidades necessárias para ocupar as vagas geradas.

Para isso, é claro, é preciso ter uma visão aberta da tecnologia. O primeiro passo é aceitá-la como uma ferramenta que promove a melhor qualidade de vida (e não como uma concorrente). Como engenheiros(as) e futuros(as) engenheiros(as), isso é mais que uma obrigação. Afinal, um(a) engenheiro(a) que não aceita os recursos tecnológicos que nos cercam precisam repensar a escolha da profissão.

novas habilidades
Imagem: bbc.com

A previsão é de que até 45% das tarefas realizadas sejam atualmente automatizadas pela tecnologia que já está disponível (ou seja, não precisa esperar a invenção de uma nova tecnologia). 83% dos empregadores entrevistados planejam ampliar o número de funcionários nos próximos anos.

Com relação às novas habilidades, nós já mostramos aqui no Engenharia 360 algumas profissões do futuro. Ainda, as funções de tecnologia da informação, recursos humanos e de atendimento ao cliente permanecem com alta demanda nos próximos anos. Analista de dados também está entre uma das profissões que deve ter elevada contratação.

Claro que não podem ficar fora da lista as profissões ligadas à criatividade, inteligência emocional e flexibilidade cognitiva. Afinal, um robô é capaz de fazer um trabalho mecânico repetitivo e até tomar decisões com base em aprendizado de máquinas, mas eles não são capazes (ainda) de lidar com as complexas emoções humanas. Então, seja por ser uma ponte entre a área de exatas e o social ou por estar na área de desenvolvimento e manutenção de recursos tecnológicos, a nossa tão amada Engenharia deve ficar em alta.


Fontes: Interesting Engineering.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Engenheiros mexendo com microalgas? É isso?

Sim. A gente costuma mencionar a versatilidade da engenharia e os diversos braços que ela pode usar para alavancar a ciência e tecnologia (trocadilho intencional) e isso é a mais pura verdade.

microalgas
Imagem: ytimg.com

Profissionais de engenharia envolvidos em pesquisa têm como objetivo abordar as ciências básicas por meio de uma perspectiva de utilidade. E isso inclui várias áreas, dentre as quais a biologia.

Estudos com microalgas são mais comuns do que parecem e alguns deles buscam usar microalgas para tratar efluentes (líquidos ou gasosos). A partir disso, é possível gerar energia na forma de biodiesel pela biomassa de algas, ou até mesmo na forma de calor de incineração de resíduos. Achou estranho? A gente explica.

Tratamento de efluentes com microalgas:

Algumas espécies de microalgas podem ser cultivadas em efluentes. Nesse contexto, o que antes seria esgoto, adquire um status de meio de cultura de organismos. Esses meios de cultivo alternativos são, por exemplo, esgoto sanitário, resíduos de agroindústria, dentre outros.

O interesse disso na perspectiva do tratamento é a remoção dos nutrientes contidos nesses efluentes (nitrogênio, fósforo, etc.), que poderiam ser contaminantes ambientais em um cenário de descarte, mas importantes para o desenvolvimento das microalgas. No caso, os constituintes do esgoto acabam atuando como alimento.

microalgas
Imagem: igem.org

Basicamente, as microalgas retiram os “poluentes” do efluente e utilizam eles para crescer. Desse modo, ocorre o tratamento do esgoto e uma melhora nos seus parâmetros de qualidade, permitindo, por exemplo, o descarte mais seguro para o meio ambiente.

Tudo isso acontece em um ambiente que permita a passagem de luz, ou seja, em um fotobiorreator. E daí vem a engenharia da coisa, em que há um sistema com variáveis controladas, manipulando os processos biológicos que passam a ter uma finalidade tecnológica.

Geração de energia:

Enquanto retiram os nutrientes dos efluentes, as microalgas se multiplicam rapidamente, promovendo o chamado aumento da massa de células. Mas e daí?

microalgas
Imagem: scielo.br

Conforme as microalgas crescem, são geradas grandes quantidades de óleo e biomassa em curto intervalo de tempo. Essa é uma alternativa à produção do que poderia ser alimento, por exemplo, para gerar biodiesel. Com isso, a gente foge da questão ética relacionada ao desmatamento e agricultura voltados para geração de biocombustível. No caso, realiza-se um ciclo fechado e, de certa forma, sustentável de tratamento de efluentes e geração de energia.

E a gente faz isso no Brasil?

Fazemos sim! Há uma série de pesquisas nesse setor acontecendo nas universidades do país, com o objetivo de migrar a tecnologia para locais específicos que apresentem essa demanda e tenham efluentes que possam ser tratados com as microalgas.

Abaixo, essa reportagem do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento Autossustentável Universidade Federal Tecnológica do Paraná ilustra um exemplo de uso das microalgas e uma equipe diversificada de engenheiros trabalhando juntos.

E você? Já trabalhou com microalgas?

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Mindset de crescimento é o pensamento de que estamos sempre em processo de aprendizado, e que se não somos considerados bons, ou inteligentes em determinado assunto agora, esta situação pode, sim, ser reversível com esforço e dedicação.

A matéria que eu mais senti dificuldade na faculdade foi eletromagnetismo, o pavor do meu curso. Enquanto o meu mindset estava fixo, e o meu subconsciente me dizia o quanto aquela matéria era difícil demais para mim e que eu não conseguiria aprender, realmente não consegui atingir notas boas. A partir do momento no qual eu resolvi sentar na mesa e entender que eu não tinha aprendido ainda, eu estava me tornando uma pessoa de mindset de crescimento. E os resultados? Chegaram, notas boas e aprovação foi consequência de esforço e rotina.

Mindset

Resolvi colocar o meu próprio exemplo, por ser uma situação próxima do que muitos passam dentro da universidade. Porém, os casos mais marcantes de estudos de mindset são com atletas. Os atletas estão sempre treinando para se tornarem melhores, e grande parte deles não era considerado “o melhor” desde a infância. Existiu todo um trabalho envolvendo treinos, esforço, e até mesmo um trabalho psicológico, para estas pessoas terem a consciência de que o aprendizado é constante e precisa de treino.

Michael Jordan é um exemplo de atleta com mindset de crescimento, e uma frase é a seguinte:

“Eu posso aceitar o fracasso. Todo mundo falha em alguma coisa. Mas eu não posso aceitar não tentar”.

Fracassar é normal, seja nos estudos ou nos negócios. O que nos diferencia é a nossa reação a determinada situação, e devemos levar tudo como aprendizado.

A Importância do Mindset de Crescimento na Engenharia

“Eu vim pra engenharia porque eu era muito bom em matemática na escola”

Quem nunca ouviu esta afirmação? Se você não conhece a pessoa que usou muito esta frase, é porque a pessoa era você. Mas qual o problema nela? O problema é que ela te condiciona a uma situação em que se você já era “inteligente”, você provavelmente vai continuar sendo “inteligente”. Este é um exemplo de mindset fixo, em que resulta em pessoas nas quais normalmente sentem mais frustração perante as dificuldades.

E como eu posso melhorar e ser uma pessoa de mindset de crescimento? Estudos apontam que apenas saber da existência dos dois tipos de mindset já ajuda a te tornar uma pessoa de mindset de crescimento. Envolve também ter humildade para reconhecer as dificuldades, e principalmente o esforço com a vontade de superar aquele obstáculo.

A Importância do Mindset de Crescimento na Engenharia

Fontes: Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso – Autora: Carol Dweck

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Beatriz Zanut Barros

Engenheira de Energia; formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; com Mestrado em Energia Renovável pela Universitat Politècnica de Catalunya, em Barcelona; profissional no setor de armazenamento de energia com vasta experiência em expansão de sistemas de transmissão e análise de mercado de energia em países latino-americanos.

A computação quântica é um dos Santos Graal da tecnologia atual. A cada dia (como você deve notar se acompanha as notícias do Engenharia 360) um novo passo é dado rumo a esse grande objetivo. Agora, eles estão cada vez mais próximos de confirmar a existência da exótica partícula quântica chamada férmion de Majorana, crucial para o futuro da computação quântica.

O férmion de Majorana foi proposto pelo físico italiano Ettore Majorana. Segundo ele, esse férmion é uma quasipartícula que é sua própria antipartícula. Ainda, pode dividir o estado quântico de um elétron pela metade e seguem estatísticas diferentes em comparação com os elétrons. Porém, ninguém ainda foi capaz de comprovar a sua existência.

férmion de Majorana
Imagem: airbus.com

Os férmions de Majorana existem na fronteira entre supercondutores especiais (chamados topológicos). Eles possuem uma lacuna supercondutora em seu interior e por fora há férmions de Majorana. Ainda, dois férmions de Majorana podem se combinar para compor um elétron, permitindo que os estados quânticos do elétron sejam armazenados de forma não local. Na computação quântica, isso significa uma tolerância a falhas.

Na busca incessante pelo férmion de Majorana, uma equipe de pesquisadores do MIT e da University of California Riverside desenvolveu um material heteroestruturado baseado em outro que pode ser usado para demonstrar a existência das partículas. Tais materiais heteroestruturados são compostos de camadas de materiais drasticamente diferentes que, juntos, mostram funcionalidades completamente diferentes quando comparadas às suas camadas individuais.

férmion de Majorana
Imagem: phys.org

A ideia da pesquisa em si não é nova. Em 2012, os pesquisadores do MIT previram que heteorestruturas do ouro podem se tornar supercondutoras topológicas sob algumas condições. Agora, o grupo atingiu todas essas condições e foi capaz de mostrar que é possível tornar o estado superficial do outro um supercondutor (algo que até então não havia sido mostrado).

Assim, pesquisa alavanca não só estudos na busca pelo férmion de Majorana, mas também a computação quântica. O artigo com a descoberta foi publicado na revista Physical Review Letters.


Fontes: Science Daily; University of California

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.