Engenharia 360

Conheça algumas formas de armazenar água de chuva

Engenharia 360
por Larissa Fereguetti
| 13/10/2016 | Atualizado em 09/07/2021 4 min

Conheça algumas formas de armazenar água de chuva

por Larissa Fereguetti | 13/10/2016 | Atualizado em 09/07/2021
Engenharia 360

Os modelos meteorológicos estão prevendo chuvas para as próximas semanas, o que é um alívio para quem sofreu com a situação de seca no ano passado. De tal forma, surge a oportunidade de economizar na conta de água utilizando alguns dispositivos que captam e armazenam a água da chuva. Existem várias técnicas para coletar e armazenar a água da chuva e a aplicação de cada uma delas depende de fatores como custo, objetivo do uso, área disponível, dentre outros. Hoje nós vamos conhecer algumas dessas técnicas.

Imagem: thenaturesblend.com

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Antes de passar para as técnicas, vamos entender um pouco mais sobre a água da chuva (água pluvial). Primeiro, você deve eliminar da mente a ideia de que a água pluvial é potável por ter passado por um processo de evaporação. Quando as gotas de chuva descem, elas passam pelos poluentes presentes na atmosfera e chegam ao solo com o pH alterado e a presença de várias substâncias que encontra pelo caminho. A chuva ácida é um exemplo disso.

Se a água passa por telhados ou calhas, a qualidade pode ser pior ainda. Esses locais tendem a acumular sujeira (folhas, gravetos, fezes de animais e até os próprios animais mortos), tornando a água totalmente imprópria para o consumo humano. Então, para que serve a água pluvial?

A água pluvial pode ser armazenada para usos mais simples, como regar o jardim, lavar carros e pisos e usar como descarga em vasos sanitários. Caso a qualidade seja muito inadequada, ela pode receber tratamentos simples que permitam tais usos. Em todos os casos, a água pluvial não é indicada para ingestão, banho, lavagem de louças e atividades semelhantes. Cientes disso, já podemos conhecer algumas técnicas de coleta e armazenamento de água.

As cisternas utilizadas para armazenar água pluvial ganharam destaque nos últimos anos por meio do movimento denominado “Cisternas Já”, o qual objetiva capacitar a população sobre a captação e armazenamento dessa água. Consistem em dispositivos que permitem coletar e armazenar a água de chuva sem muita complicação.

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Imagem: imguol.com

Funcionamento de uma minicisterna. Imagem: imguol.com

Pela imagem acima é possível perceber que uma mini cisterna, por exemplo, possui uma estrutura simples, a qual pode variar de acordo com as necessidades do projeto. É possível optar por construir a própria cisterna ou comprar a estrutura pronta. O custo de construir uma mini cisterna varia entre R$150,00 e R$300,00.

A água que vem do telhado passa, inicialmente, por um filtro para retirar as sujeiras. Na primeira chuva do período, a água lava o telhado, carregando as impurezas consigo e, por isso, é descartada. Há versões em que a tubulação da água suja é substituída por uma torneira, que fica aberta quando ocorre a primeira chuva. A água das demais chuvas é encaminhada para o reservatório. Há um extravasor para quando o reservatório enche.

É importante tomar alguns cuidados básicos. O primeiro deles é estar ciente de que água parada é um foco de proliferação do mosquito da dengue, então deve-se tampar o reservatório da cisterna e colocar telas nas tubulações que possam oferecer passagem ao mosquito. Outro cuidado é sobre a proliferação de microrganismos. É importante manter a cisterna sempre limpa, por mais que a água não seja usada para usos potáveis. O recomendado é utilizar 10mL de água sanitária para cada 100L de água, a cada 2 dias. Ainda, é preciso ficar atento ao filtro, verificando se ele está funcionando adequadamente.

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Em contrapartida à simplicidade das cisternas, há projetos mais elaborados, os quais são chamados de “projetos de dimensionamento de reservatórios de água pluvial”. Em alguns projetos é possível instalar um sistema de bombeamento que leva a água do reservatório para uma caixa de água (separada da caixa de água potável!), a qual é interligada a tubulações como o vaso sanitário e a máquina de lavar roupa. Há, ainda, a opção de captar a água por meio de um telhado verde, do qual é encaminhada para o reservatório.

Imagem: revistacasaeconstrucao.uol.com.br

Projeto de reservatório de água pluvial com bombeamento para uma caixa de água. Imagem: revistacasaeconstrucao.uol.com.br

Alguns autores usam o termo cisterna para denominar apenas o local de armazenamento da água e tratam o projeto no todo como o dimensionamento do reservatório, outros autores projetam uma cisterna antes do reservatório e há os que tratam apenas como reservatório. Não há um consenso sobre os termos ou sobre o melhor projeto, o ideal é verificar algumas referências e escolher as que melhor atendem às necessidades do caso. Como todo projeto, é preciso verificar a viabilidade antes de construir.

Imagem: www.glengenharia.com.br

Projeto de reservatório de água pluvial para um prédio. Imagem: www.glengenharia.com.br

Há uma infinidade de materiais de consulta disponíveis na internet que ensinam a fazer desde o cálculo da precipitação média na área do projeto até a instalação completa. Para auxiliar no dimensionamento, é possível utilizar a norma ABNT 15.527/2007 (Água de chuva – aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis – requisitos). Tal norma traz alguns métodos de cálculo para dimensionamento de reservatórios.

Se você é engenheiro/quase engenheiro, já pode colocar seus conhecimentos em prática e tentar construir uma cisterna ou um reservatório em casa (e isso vale para qualquer engenharia, você viu a simplicidade de alguns projetos!). Os benefícios você vai sentir ao longo do tempo, como a redução no valor da conta de água e tranquilidade caso ocorra uma situação que exija redução do consumo, em casos de seca ou problemas no abastecimento de água, por exemplo.

Referências: Rainwater harvestingIPTEcocasaUol; ABNT 15.527/2007

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

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