Pesquisadores da Universidade de Tecnologia Hefei da China e de várias universidades do Japão desenvolveram recentemente um sistema unificado de detecção de emoções com base em gestos corporais. O sensor wireless é alimentado por inteligência artificial e foi intitulado EmoSense.

emosense
Imagem: techxplore.com

Gestos podem ser indicativos de emoções

Por mais que pessoas diferentes apresentem diversas formas de se expressar, não dá para negar que, em nossa vida cotidiana, percebemos gestos corporais “chave” que contêm expressões claras de humor. O grupo de pesquisadores observou que os gestos do corpo humano podem afetar sinais sem fio, produzindo padrões característicos que podem ser usados ​​para o reconhecimento de emoções.

Isso os inspirou a desenvolver um sistema que pudesse identificar esses padrões, reconhecendo as emoções das pessoas com base em seus movimentos físicos. Inclusive, esse tipo de coisa vem sendo explorada com um intuito bastante voltado para a inclusão de sensores de emoções em wearables e demais gadgets.

Em seu estudo, os pesquisadores se concentraram em responder a duas perguntas-chave da pesquisa: Primeiro, eles investigaram como os gestos corporais podem ser identificados através da análise dos padrões característicos que eles deixam nos sinais sem fio; em segundo lugar, eles se propuseram a desenvolver um sistema capaz de reconhecer emoções com base nos gestos corporais dos usuários.

Sensível, mas no strings attached

A maioria das ferramentas baseadas em visão ou baseadas em sensor para reconhecimento de emoções são desconfortáveis de usar, ou dependem de hardware especializado, o que dificulta sua aplicabilidade em ambientes da vida real. O novo dispositivo apresentado, por outro lado, é menos obstrutivo, pois funciona essencialmente analisando as respostas dos canais sem fio através de data mining.

Os pesquisadores avaliaram o desempenho do EmoSense em 3360 casos e o compararam com o de várias ferramentas existentes de reconhecimento de emoções baseadas em sensor e visão. Eles descobriram que o desempenho foi semelhante às outras abordagens, mesmo que não exija hardware caro e, portanto, seja mais fácil de implementar. Como ele trabalha analisando sinais sem fio, o EmoSense também pode gerar menos problemas relacionados à privacidade.

Aplicações para o EmoSense

Em meio a esse papo de emoção, vale racionalizar um pouco e discutir a aplicabilidade de dispositivos como o EmoSense. Os cientistas que o desenvolveram sugeriram um exemplo sobre feedback de audiência assistindo a um determinado programa, tal como uma comédia stand-up.

Mas, baseando-se em inteligência artificial, vale ressaltar que o algoritmo em que o EmoSense se baseia pode ser enganado por expressões que não exprimem de fato a emoção do usuário. Em outras palavras, o sistema se baseia principalmente em observações quantitativas sem considerar aspectos psicológicos mais complexos da emoção. Portanto, é importante esclarecer os possíveis cenários antes de realmente implantar o EmoSense.

E aí, como você se sente sobre isso?


Fonte: arXiv.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Nos últimos anos, vimos um boom de gadgets vestíveis voltados para o controle da saúde humana, como relógios que fazem eletrocardiograma, monitores de frequência cardíaca, roupas com dispositivos de medição, etc. Agora, também temos um pijama com detectores de sinais fisiológicos, o Phyjama.

O Phyjama consiste em um pijama (como o nome já diz), cujo tecido contém detectores fisiológicos que podem monitorar fatores como a frequência cardíaca e o ritmo respiratório durante o sono. O objetivo é que seja cada vez mais confortável pelo usuário (algo que os atuais métodos de medição não são, já que ninguém gosta de ficar ligado em vários eletrodos enquanto dorme).

Embora as roupas de dormir sejam naturalmente largas (por questões de conforto), logicamente, algumas partes ficam pressionadas durante o sono, já que ninguém dorme levitando. Essas regiões apresentam grande potencial de medição de sinais fisiológicos.

PHYJAMA
Imagem: sci-news.com

Obviamente, há o problema do fato de que esse sinal coletado pode ser um dado não tão confiável. Essa incerteza diminui quando é utilizado o sinal de diferentes partes do corpo de forma combinada, promovendo uma leitura mais precisa.

Desenvolver os sensores e incorporá-los ao Phyjama não foi uma tarefa simples. Como o conforto também foi considerado, foi preciso conseguir integrar os sensores ao tecido de modo não muito rude, além de pensar na combinação dos sinais e usar sensores que são ativados com base no contato físico e uma pressão sobre o tecido.

Durante a investigação da pesquisa, os cientistas verificaram que a combinação de sensores permitiu a detecção de sinais fisiológicos em diferentes posturas do corpo. Os testes com os usuários (em ambiente natural e artificial) mostraram que foi possível extrair picos de batimentos cardíacos com alta precisão e de frequência respiratória com menos de um batimento por minuto de erro, além de prever perfeitamente a postura durante o sono.

PHYJAMA
Imagem: techxplore.com

É claro que você não vai comprar e usar um Phyjama se não tem nenhum distúrbio ou nada a ser investigado (hipocondríacos, controlem-se!). O Phyjama foi desenvolvido com foco em pessoas que apresentam distúrbios do sono, como idosos. Os atuais gadgets vestíveis não se encaixam para essa população devido à necessidade de uso adequado. No caso do pijama, só é preciso vestir.

Os cientistas estão empolgados com o Phyjama. Além disso, é incrível acompanhar a evolução tecnológica, principalmente quando ela é voltada diretamente para a melhoria da qualidade de vida.


Fontes: University of Massachusetts; Techxplore.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Aeroportos são construções muito peculiares. Por vezes, nós podemos pensar que não tem nada muito “faraônico” em termos de design e que a obra de um aeroporto não passa de um projeto com pistas grandes, plataformas e um terraço legal, mas, na verdade, a coisa vai bastante além. Vem conosco, conhecer o maior aeroporto do mundo!

aeroporto
Imagem: CNN.com

Projetos enormes com os pés no chão

Por que esse crush com obras de aeroportos? Bem, para começar, tudo é concebido numa escala que tem que suportar aeronaves, muitas vezes de grande porte e, vale lembrar, em pousos e decolagens, elas atingem velocidades altas, demandando bastante espaço para deslocamento.

Outra coisa é o cuidado com as instalações elétricas. Apesar de a gente estar preocupado em locais estratégicos para carregar nosso celular entre conexões de voos, aeroportos precisam de uma infraestrutura muito robusta em termos de instalações que permitam transmissão adequada de informações, sinalização, iluminação, dentre outros. Olha essas treliças:

aeroporto
Imagem: fortunedotcom.com

E em meio a esse deslumbre obras gigantescas, comum a falecida arquiteta Zaha Hadid, responsável pelo design do maior aeroporto do mundo, a gente aproveita para contar sobre a sua inauguração.

Mais voos, mais espaço, mais aeroportos

O Aeroporto Internacional de Daxing (PKX), em Pequim deve começar seus primeiros vôos comerciais esta semana. O aeroporto, localizado a cerca de 50 quilômetros da Praça da Paz Celestial, no centro da cidade, deve se tornar o maior aeroporto do mundo.

O atual Aeroporto Internacional da Capital de Pequim (PEK) está atingindo a capacidade total, o que torna logisticamente impossível para as companhias aéreas adicionarem mais voos. Só que a demanda cresce, né? Somente em 2018, mais de 100 milhões de viajantes passaram por seus terminais, o que o torna o segundo aeroporto do mundo a atingir esse marco no tráfego de passageiros, depois de Hartsfield-Jackson Atlanta, nos Estados Unidos.

Inauguração do maior aeroporto do mundo

O muito aguardado aeroporto deve implantar um Airbus A380 como o voo inaugural, de acordo com a mídia estatal chinesa. A construção foi concluída em junho deste ano, mas o aeroporto só passou na inspeção final no início de setembro. Afinal, é muita coisa para checar, não é?

Esse aeroporto, de vários bilhões de dólares, projetado pela falecida   Zaha Hadid e seus parceiros, mede mais de 700,000m² de terminal e inclui quatro pistas. Em outros termos, o terminal é do tamanho de 97 campos de futebol e ainda é futurista, contando com robôs de atendimento ao cliente.

China inaugura o maior aeroporto do mundo
Imagem: architectsjournal.co.uk

Estrela-do-mar e a convergência entre os portões

Apelidado de “estrela-do-mar” pela mídia local por sua semelhança com a criatura marinha, o aeroporto foi projetado para minimizar quanto tempo os passageiros precisarão ficar caminhando entre portões, graças aos seus cinco concursos, que se juntam ao centro. Segundo a CNN, o Daxing foi projetado para que os passageiros não precisem andar mais do que oito minutos desde a segurança até os portões mais remotos. Isso, por vezes, é impraticável no metrô de São Paulo, pensem bem.

Espera-se que o aeroporto atenda 112 destinos em todo o mundo, movimentando cerca de 100 milhões de passageiros e 4 milhões de toneladas de carga anualmente. Será que a gente vai passar por lá?

China inaugura o maior aeroporto do mundo
Imagem: architectsjournal.co.uk

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Nota: Incêndios devastadores em 2023, no Havaí, resultam em dezenas de mortes, marcando o pior desastre desse tipo nos EUA em um século. Fica a questão, até que ponto as novas tecnologias, como IA, podem controbuir para amenizar ou até frear as mudanças climáticas?

O desastre é atribuído a condições climáticas extremamente secas e ventos fortes, que alimentaram as chamas. A mudança climática causada pelo homem agrava esses desastres naturais, conforme alertou a ONU. O incêndio foi agravado pela disseminação de gramíneas não nativas inflamáveis e pelo fornecimento irregular de energia, que dificultou os alertas.

O fogo destruiu uma área significativa, afetando estruturas e causando perdas financeiras significativas. A devastação ressalta os desafios enfrentados devido à “era da fervura global”.

incêndios havaí
Imagem Satellite image (c) 2023 Maxar Technologies, via CNN Brasil
incêndios havaí
Imagem reprodução CNN Brasil
incêndios havaí
Imagem Zeke Kalua County of Maui, CNN Brasil

No âmbito científico, delimitar com precisão os contornos da Inteligência Artificial (IA) pode ser um desafio. Muitas pesquisas optam por uma abordagem do tipo “vamos testar com IA e ver como se sai”. Um dos recentes ensaios envolveu o enfrentamento das mudanças climáticas, com resultados promissores. Entretanto, todo esse progresso não é isento de consequências. Saiba mais no texto a seguir, do Engenharia 360!

aquecimento global
Imagem de rawpixel.com em Freepik

Desafios e Responsabilidades no Uso da Inteligência Artificial

A IA não apenas desempenha um papel significativo no contexto das mudanças climáticas, mas engloba uma ampla gama de aplicações. Essas incluem aprimorar as previsões climáticas, apoiar a tomada de decisões em setores como indústrias, construção, transporte e alocação de energias renováveis. Ademais, essas contribuições ocorrem num momento de intensos debates sobre como avançar sem comprometer o bem-estar humano no planeta Terra, ou seja, sem impor transformações drásticas em nosso estilo de vida.

No entanto, a aplicação da IA requer cuidados. Não é como se ela fosse a tecnologia revolucionadora que vai resolver todos os nossos problemas de um dia para o outro e vamos viver felizes para sempre. Tudo tem um preço, e é amplamente conhecido que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. No caso da Inteligência Artificial, esse preço se refere, especificamente, à sua pegada de carbono.

Desafios e Soluções para a Pegada de Carbono da Inteligência Artificial

A pegada de carbono é a medida das emissões de carbono provenientes de indivíduos, atividades, processos e organizações. Naturalmente, surgem incertezas e perguntas sobre os critérios considerados nas escolhas feitas pelos algoritmos.

O desafio central é que, embora a IA possa oferecer soluções viáveis, ela consome quantidades consideráveis de energia, o que não é sustentável.

Rumo a uma Abordagem Sustentável com a Inteligência Artificial

O armazenamento e processamento de dados para treinamento de algoritmos demandam um grande número de máquinas ativas, geralmente de alto consumo energético. Para se ter uma perspectiva, o setor de tecnologia da informação rivaliza em emissões de carbono com a indústria de aviação, uma comparação pouco convencional, mas ilustrativa. Apesar de passar despercebido em muitos casos, a aviação é uma fonte considerável de emissões na atmosfera.

armazenamento inteligência artificial IA
Imagem de Freepik

Na Europa e no Canadá, por exemplo, existem centros de dados que consomem energia comparável a pequenas cidades. Pesquisa da Universidade de Massachusetts (EUA) indicou que o treinamento de modelos de IA de grande porte voltados para linguagem humana pode emitir cerca de 300.000 kg de dióxido de carbono equivalente. Isso representa aproximadamente cinco vezes as emissões de um carro nos EUA, levando em conta inclusive sua fase de fabricação.

As projeções apontam que até 2025, os centros de dados poderiam corresponder a até 10% do consumo global de eletricidade. No entanto, isso não implica que devemos abandonar o uso da IA para solucionar problemas diversos. Em vez disso, a abordagem ideal envolve adotar soluções viáveis, como a utilização de fontes renováveis para alimentar essas máquinas. A evolução sustentável é a chave em todas as dimensões dessa trajetória.

Veja Também:


Fontes: TechXplore, Cornell University.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

Pesquisadores desenvolveram um novo tipo de eletrodo para eletroencefalograma que pode fazer exatamente isso, sem aquele gel grudento que os eletrodos convencionais exigem. Além disso, o dispositivo não exige que o cabelo do usuário seja raspado.
interface cérebro-computador que não precisa de gel
Imagem: aficionados.com.br

Lendo sua mente

Aquele papo de controlar as coisas pelo cérebro está cada vez mais distante da ficção científica e próximo da nossa realidade. A pesquisa para esse novo tipo de eletrodo flexível pode, em um futuro não distante, ser um componente de interfaces cérebro-computador na direção de veículos, por exemplo. A criatividade alimenta as descobertas.

Uma das principais aplicações do eletroencefalograma é na investigação médica de condições neurológicas. O equipamento funciona por meio da detecção e organização de padrões no cérebro. Para conduzir um eletroencefalograma, os técnicos da área de saúde, em geral, utilizam um gel para aderir os eletrodos a diferentes regiões do escalpo do paciente.

Entretanto, quem já teve de lidar com esse tipo de procedimento entende as dificuldades depositadas sobre o usuário: possível irritação na pele, uma complicação imensa para tirar o gel que possa ter grudado no cabelo, dentre outras. Além dessa questão, há um fato que se volta para o desempenho do equipamento. No caso, o cabelo do paciente pode interferir nos sinais elétricos a serem detectados.

Eletrodo flexível gel-free para eletroencefalograma

Nessas circunstâncias, profissionais empenhados em inserir conceitos de engenharia na medicina colocaram nanofios de prata em uma esponja de melamina disponível no mercado. A equipe montou 10 eletrodos em uma tampa de silicone flexível e mediu seu desempenho quando usados por pessoas com cabeças raspadas ou com cabelo. Na pele sem pelos, os novos eletrodos registravam ondas cerebrais e convencionais. Além disso, a flexibilidade dos eletrodos permitiu que eles funcionassem de maneira semelhante tanto na pele com cabelo quanto sem, ao contrário dos dispositivos convencionais. Um voluntário usando o boné poderia controlar um carro de brinquedo com sua mente, fazendo-o avançar, retroceder, esquerda ou direita. Os eletrodos são mecanicamente estáveis através de diferentes ciclos e movimentos e também são resistentes ao calor e ao suor.

eletrodo flexível
Imagem: pubs.acs.com

A intenção do grupo de pesquisadores era desenvolver um eletrodo de eletroencefalograma que fosse flexível, robusto e que não demandasse o uso do famigerado gel. Esse equipamento poderia ajudar os pacientes, a princípio, gerando mais conforto no procedimento. Porém, de uma perspectiva mais visionária, o dispositivo poderia, no futuro, compor equipamentos que permitissem às pessoas controlar tecnologias com o próprio cérebro. Mais um paço para tornar sci-fi real.


Fonte: American Chemical Society.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Cientistas estão desenvolvendo novas abordagens para o controle aprimorado de mãos robóticas. Esse viés, em particular pensando em aplicações para amputados, combina o controle individual dos dedos e a automação para melhor compreensão e manipulação.
mão robótica | robô
Imagem: École Polytechnique Fédérale de Lausanne.

Uma mãozinha para a saúde                         

Essa prótese foi uma interdisciplinar de conceito entre neuroengenharia (termo novo por aqui) e robótica e testada com sucesso em três amputados e sete indivíduos saudáveis. A equipe que desenvolveu o projeto inclui uma série de profissionais de medicina e engenharia biomédica com especializações em microengenharia, neuroprotética e ramificações inovadoras.

A tecnologia envolvida nessa mão robótica mescla dois conceitos de dois campos diferentes. A implementação de ambos nunca havia sido feita antes para o controle robótico das mãos e contribui para o emergente campo de controle compartilhado em neuroprotética.

Em mais detalhes, o conceito de neuroengenharia envolve decifrar o movimento pretendido dos dedos da atividade muscular no toco do amputado para controle individual dos dedos da mão protética, o que nunca foi feito antes. O outro, da robótica, permite que a mão robótica ajude a segurar objetos e mantenha contato com eles para agarrar com robustez.

Segura essa

Quando você segura um objeto na mão e ele começa a escorregar, você tem apenas alguns milissegundos para reagir. A mão robótica tem a capacidade de reagir em 400 milissegundos. Equipado com sensores de pressão ao longo dos dedos, ele pode reagir e estabilizar o objeto antes que o cérebro perceba que está escorregando.

Inicialmente, um algoritmo aprende como decodificar a intenção do usuário e traduz isso no movimento do dedo da mão protética. O amputado deve executar uma série de movimentos das mãos para treinar o algoritmo que usa aprendizado de máquina. Os sensores colocados no amputado detectam atividade muscular e o algoritmo aprende quais movimentos das mãos correspondem a quais padrões de atividade muscular. Uma vez que os movimentos dos dedos pretendidos pelo usuário sejam entendidos, essas informações podem ser usadas para controlar dedos individuais da mão protética.


Fonte: École Polytechnique Fédérale de Lausanne. Nature Machine Intelligence.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Não é de hoje que eu, @eduardomikail, busco referências para estar sempre mudando meu ambiente de trabalho ou setup, tanto para me ajudar a ser mais produtivo quanto para dar um certo dinamismo e me inspirar durante o trabalho, e também estudos. E para me ajudar nessa tarefa um tanto quanto prazerosa, eu acompanho um perfil no Instagram chamado iSetups.

setup de trabalho e estudo
Foto: Carl Heyerdahl

Alguns pontos a serem considerados na hora de planejar esse layout são essenciais. Para isso, listo abaixo alguns deles:

1. Remover ao máximo interferências externas, todo e qualquer item ou objeto que possa distrair e desvirtuar sua atenção do seu foco/objetivo principal

setup de trabalho e estudo
Foto: Gabriel Beaudry

2. Um ambiente com decoração simples e minimalista ajuda a manter a mente mais focada

setup de trabalho e estudo
Foto: Jessy Smith

3. Fácil acesso a itens que você utiliza com maior frequência para o trabalho (caneta, papel, água, café…)

setup de trabalho e estudo
Fotos: iSetup

4. Iluminação adequada. Ambiente com baixa luz tendem a ser mais aconchegantes, mas ao mesmo tempo te levam para zona de conforto e consequentemente reduz a sua produtividade

setup de trabalho e estudo
Foto Jeff Sheldon

Além disso, vale ressaltar importância de se fazer pausas ao longo do dia, levantar, se alongar, e ativar a circulação. Afinal, a qualidade da nossa saúde impacta diretamente em nossa produtividade no trabalho e estudos.

Conversamos com a quiropraxista Dra. Ketlin Mattiello, da clínica Vita Quiro, que destacou que uma postura ruim pode ocasionar diversos efeitos negativos para a saúde a médio e longo prazo, e também impactar em seu humor e produtividade.

setup de trabalho e estudo
Fotos: iSetup
setup de trabalho e estudo

O jeito que você senta, se inadequado, pode fazer os músculos ficarem doloridos e enrijecidos, além de sobrecarregar a coluna vertebral e, consequentemente, fazer com que apareçam as dores nas costas, dores de cabeça e tensão no pescoço.

setup de trabalho e estudo

A Dra. Ketlin destaca a importância de se otimizar a sua estação de trabalho ou estudos. Se você utiliza muito computador, por exemplo, busque posicionar a tela de forma que possa enxerga-la inclinando levemente o pescoço para trás, nunca para frente.

Uma boa cadeira é essencial, principalmente para quem passa horas sentado na frente da tela. É importante que ela tenha suporte para lombar e permita que os ombros, quadris e joelhos fiquem em 90 graus.

setup de trabalho e estudo

E pra finalizar com uma dica extra, é muito comum passarmos horas do nosso dia trabalhando ou mesmo navegando nas redes sociais e WhatsApp, sem nos darmos conta da nossa postura, sobrecarregando assim nossa cervical. Então, tente sempre levar o smartphone na altura dos olhos enquanto o utiliza, combinado?

setup de trabalho e estudo

Procure cuidar da postura no trabalho desde já, coloque alertas no celular, post-it na tela do computador, o que for necessário para te ajudar a monitorar sua saúde corporal.

A manutenção periódica com um profissional quiropraxista pode trazer muitos benefícios a longo prazo.

E aí? Você tem mais alguma dica? Deixa aqui nos comentários!

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Engenharia 360

Eduardo Mikail

Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.

Engenheiros do MIT declararam ter desenvolvido um material 10 vezes mais preto do que qualquer coisa que foi relatada anteriormente. O material é feito dos versáteis nanotubos de carbono (CNT) alinhados verticalmente em uma superfície de papel alumínio gravado com cloro. A película captura mais de 99,96% de qualquer luz que entra, tornando-a o material mais preto já registrado.

Arte engenhosa ou engenharia artística

Enquanto a gente se contenta em apresentar pôster em congresso, os pesquisadores publicaram suas descobertas em um artigo científico na revista ACS-Applied Materials and Interfaces. Mas, em questão de exibir o material, investiram em apresentá-lo como parte de uma exposição na Bolsa de Nova York, intitulada “The Redemption of Vanity“. É um imenso viés art-science, olha só:

O material foi implementado como parte de uma obra de arte, uma colaboração entre Brian Wardle, professor de aeronáutica e astronáutica do MIT e seu grupo, e o artista residente Diemut Strebe do MIT. A obra consiste em um diamante amarelo natural de 16,78 quilates, estimado em 2 milhões de dólares americanos (!), que a equipe revestiu com o novo material de CNT ultrablack. O efeito é impressionante: a gema, normalmente facetada de maneira brilhante, aparece como um impressionante vazio preto.

preto
Imagem: the-redemption-of-vanity.com

Aplicações podem pintar

Deixando a parte artística de lado e incorporando a visão utilitária da engenharia, o pessoal do MIT indicou que o material tem suas aplicações. Alguns exemplos seriam cortinas ópticas que reduzem o brilho indesejado, para ajudar os telescópios espaciais a localizar exoplanetas em órbita. Bem específico, mas o material também vai além do preto convencional, logo, esperam-se aplicações sofisticadas.

De onde veio a luz

A ideia inicial da equipe de pesquisadores era testar algumas propriedades de condutividade elétrica usando CNTs. Contudo, em meio aos experimentos, sempre se deparavam com inconvenientes relacionados à deposição de óxido de alumínio quando exposto ao ar. Uma forma de remover essa camada seria adicionar sal (o famoso cloreto de sódio). Funcionou, mas a surpresa foi a cor do material resultante.

revestimento preto
Imagem: pubs.acs.com

All black

A equipe de pesquisadores avaliou a quantidade de luz refletida pelo materialde qualquer todos os ângulos possíveis. Os resultados mostraram que o material absorveu mais de 99,995% da luz que entra, de todos os ângulos. Em essência, se o material contivesse sulcos, não importa de que posição fosse visto, essas características seriam invisíveis, obscurecidas em um vazio de preto.

Os engenheiros não têm muita certeza do mecanismo que contribui para a opacidade do material, mas suspeitam que possa ter algo a ver com a combinação de alumínio gravado, que é um pouco enegrecido, com os nanotubos de carbono e sua disposição.


Fonte: MIT News.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

O papel da inteligência artificial (IA) nos diversos segmentos da ciência e tecnologia e suas derivações no nosso contexto social é inegável. Essa resposta no cotidiano é um fator importante quando IA é implementada nos negócios, na definição de políticas públicas, ou mesmo na hora de decidir, por exemplo, se um acusado de crime é culpado ou não. Mas isso é uma coisa boa? Um estudo recente do USC Institute for Creative Technologies junto com a University of Oxford indicou que a capacidade da inteligência artificial em detectar mentiras por meio de expressões faciais é falha. A gente explica.

reconhecimento emoções
Imagem: whatsnext.nuance.com

Qual o objetivo de termos algoritmos para “ler” expressões faciais?

Atualmente, os algoritmos de inteligência artificial estão sendo aplicados ​​em grupos bem direcionados, por exemplo: campanhas de marketing que visem selecionar candidatos a empréstimos ou contratar pessoas para empregos; previsão de ameaças por meio de estudos de Segurança Interna, dentre outros. Tudo isso levanta uma imensa questão moral quanto a feedback discriminatório para os algoritmos, mas aí é outra história. Vamos aos pixels.

Considerando a aplicabilidade de IA em reconhecer padrões, o grupo de pesquisa tentou minar a visão da psicologia popular de que, se pudéssemos reconhecer as expressões faciais das pessoas, poderíamos dizer o que elas estão pensando. Ousado, mas instigante à investigação, não é?

De toda forma, a própria equipe reconheceu estar usando suposições ingênuas sobre essas técnicas, porque não há associação tão clara entre expressões e o que as pessoas realmente estão sentindo, com base nesses testes.

Expressando emoções:

O time de pesquisadores abordou o fato de que nossas expressões faciais podem não revelar tão bem quanto sentimos. Então de que adianta reconhecer padrões que não indicam um dado exato?

emoções algoritmo
Imagem: pinimg.com

Algumas pessoas sorriem quando estão com raiva ou chateadas, mascaram seus verdadeiros sentimentos, e muitas expressões não têm muita relação com sentimentos internos, acabando por refletir convenções culturais ou de conversação. Inclusive sabemos que as pessoas podem mentir sem mostrar sinais óbvios disso, enquanto outras se autodelatam facilmente pela expressão.

As pessoas costumam expressar o oposto do que sentem para se ater às convenções ou para enganar completamente alguém. O problema é que os algoritmos, tal como a gente, não são tão bons assimilando essa duplicidade.

O experimento com o algoritmo leitor de expressões faciais:

O time de pesquisadores conduziu um experimento em que o objeto de estudo foram 700 pessoas submetidas a nada menos do que jogatina por dinheiro. Boa escolha para avaliar blefes e a famosa poker face.

Enquanto o pessoal estava jogando, os pesquisadores captaram como as expressões das pessoas captavam suas decisões, bem como quanto dinheiro eles ganhavam. Em seguida, o grupo de pesquisa arguia os jogadores quanto ao seu comportamento, por exemplo: quantas vezes você blefou? Você usou alguma expressão para tirar vantagem? Quantas vezes sua expressão era compatível com sua emoção?

Os cientistas examinaram as relações entre expressões espontâneas e momentos-chave no jogo. Sorrisos eram as expressões faciais mais comuns, independentes do momento do jogo ou do que os participantes estavam sentindo (sorriso amarelo, sorriso nervoso, sorriso sem jeito, sorriso feliz). Outra coisa é que os jogadores não eram nada acurados para entender as emoções dos demais.

Algoritmos mainstream:

Essas descobertas enfatizam os limites do uso da tecnologia para prever sentimentos e intenções. Os algoritmos de leitura de emoções comumente usados geralmente descontextualizam o que estão vendo. Além disso, a detecção de emoções por reconhecimento facial não é simples: mesmo um emoji pode não indicar sentimentos tão claramente.

 Nesse sentido, é importante destacar que quando empresas e governos reivindicam aplicar esses recursos, o consumidor deve ficar atento, porque muitas vezes essas técnicas têm suposições simplistas, que não foram testadas cientificamente, apesar de serem socialmente acreditadas.


Fonte: Interesting Engineering. USC.

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Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

Um cirurgião na Índia realizou uma série de cinco procedimentos de intervenção coronária em pacientes que estavam em mesas cirúrgicas a 32 quilômetros dele, por meio da manipulação de um robô. O evento marca a primeira cirurgia cardíaca de longa distância.

cirurgia
Imagem: EClinicalMedicine

O robô CorPath GRX:

A operação foi realizada em pacientes com aterosclerose, uma condição em que uma placa de gordura se acumula nos vasos sanguíneos e restringe o fluxo de sangue. No procedimento de desobstrução, um robô chamado CorPath GRX, controlado remotamente pelo cirurgião, inseriu um pequeno instrumento chamado stent para abrir os vasos sanguíneos no coração.

cirurgia
Imagem: EClinicalMedicine.

A estação de trabalho do médico foi conectada ao robô através de uma conexão de internet de alta velocidade. Havia também câmeras na sala de cirurgia para dar ao cirurgião vistas adicionais do procedimento.

O robô foi desenvolvido por uma empresa chamada Corindus e o relatório científico sobre o procedimento foi publicado na EClinicalMedicine. A cirurgia faz parte de um novo movimento chamado telemedicina.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=Gq377t3h4XQ

Telemedicina:

A telemedicina mescla os campos da robótica, realidade mista e comunicações para transmitir virtualmente especialistas médicos para locais remotos. O campo da telemedicina, contudo, não é tão novo. O Centro de Pesquisa Ames da NASA supervisionou uma das primeiras clínicas virtuais em 1999 para fornecer assistência médica aos astronautas com base na Estação Espacial Internacional. As forças armadas dos EUA também adotaram a telemedicina, em um esforço para cuidar de soldados feridos em campos de batalha distantes.

Enquanto isso, mais recentemente, pacientes na França estão atendendo às suas necessidades médicas nas cabines de Telessaúde e a crise do Ebola viu a Universidade da Virgínia empregar telemedicina no local. Claramente, este é um campo que veio para ficar e crescer.

Vale ressaltar, porém, que os avanços da engenharia na medicina, realidade virtual e inteligência artificial vêm crescendo em ritmos extraordinários e essa evolução poderá descentralizar os cuidados de saúde e ajudar na falta de enfermeiros e médicos. Você acha que esse tipo de desenvolvimento em robótica pode ser categorizado como engenharia humanitária?


Fonte: Business Wire.

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Engenharia 360

Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.