Recorrendo ao Google, temos algumas definições básicas que podem nos ajudar a entender o que é Engenharia Humanitária.
Alguns conceitos:
“Engenharia”: “o uso da ciência e da matemática para inventar, criar, projetar, desenvolver ou melhorar tecnologias“. Até aí, ok.
“Humanitário”: “aquele que se dedica a promover o bem-estar do homem e o avanço das reformas sociais”. Já essa parte parece sair do escopo das nossas queridas ciências exatas.
Entretanto, o maior objetivo da Engenharia Humanitária é justamente gerar tecnologia que promova o bem-estar da humanidade. Mas esse não seria o intuito de qualquer engenharia? Pois bem, sim.

Engenharia humanitária em maiores detalhes:
O que ocorre é que, no contexto da Engenharia Humanitária, o “bem-estar” está voltado para promoção de justiça social, utilizando os atributos que nos formam como engenheiros (civis, eletricistas, de produção, mecânicos, ambientais, químicos, etc) em áreas onde não há acesso a recursos básicos. Nesse sentido, há ênfase em soluções de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, geração e distribuição de energia, transporte e tráfego, dentre outros.

Tudo isso pode parecer muito simples e já “enraizado” nos conceitos da engenharia em si, mas vale lembrar que comunidades vulneráveis por desastres naturais ou conflitos armados, bem como tribos isoladas, por exemplo, apresentam características muito específicas e demandas singulares em diferentes segmentos, não permitindo a definição de “fórmulas” que atendam suas particularidades. Desse modo, é importante utilizar os artifícios de profissionais engenhosos e criativos, na busca por soluções humanitárias em logística, sustentabilidade e a obtenção e gestão dos mais variados recursos.
Como atuar na Engenharia Humanitária?
Por enquanto, esse conceito ainda não está consolidado na forma de cursos de graduação ou pós-graduação no Brasil. Mas, de um ponto de vista prático e mais imediato, ele é pode ser executado por meio de serviços ativistas em organizações não-governamentais (as famosas ONGs). Se você está cursando a graduação e tem interesse nisso, pode dar uma olhada se a sua faculdade inclui atividades de extensão, PET (programa de educação tutorial) ou mesmo grupos voluntários que possam integrar você nesse meio desde já!

Mas, só para mostrar que a ideia é realmente aplicável em maior escala, veja bem: para aqueles que se aventuram tanto no campo quanto na ciência, há algumas escolas e institutos voltados especificamente para a Engenharia Humanitária, principalmente nos Estados Unidos, onde essa especialização é mais concretizada.
Exemplos de cursos de Engenharia Humanitária como pós-graduação:
– Humanitarian Response Lab, do MTI;
– Darthmouth Human Engineering, do Darthmouth College;
– Humanitarian Engineering and Social Entrepreneurship, da Penn State University;
– Humanitarian Engineering, do Mines College;
– Humanitarian Engineering Center, da Ohio State University.
– Humanitarian Engineering, da Oregon State University.
Resumindo: que esses cursos têm em comum é que os projetos com os quais os alunos têm que lidar são diretamente ligados a questões humanitárias. Na perspectiva da engenharia, a solução de problemas generalizados de pobreza, segurança alimentar, segurança hídrica, corrupção, energia, e até mesmo tráfico de pessoas, passa a ter abordagens baseadas em ciência e designs inteligentes.
No fim das contas, a tal Engenharia Humanitária tem pose de “diferentona”, mas deriva de um conceito fundamental, não é?
Referências: thelevelmarket

Kamila Jessie
Engenheira ambiental e sanitarista, MSc. e atualmente doutoranda em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo. http://orcid.org/0000-0002-6881-4217