O Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, em Paris, é um paradigma das artes e da engenharia. Ele foi inspirado em tendências de construção específicas, como o high-tech, que estava em alta nos anos de 1970. Até por isso, a maioria das propostas apresentadas neste período, sobretudo em concursos públicos, foram mais arrojadas.

Assim como no Brasil, o estilo brutalista abrilhantou na Europa, especialmente na Inglaterra. Obras de Smithons, por exemplo, expunham a canalização e dutos de ventilação sem qualquer revestimento. Veja mais a seguir, neste artigo do Engenharia 360!

Centro Georges Pompidou
Imagem de Leland em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Centre_Pompidou#/media/File:Pompidou_center.jpg

Contexto da obra do Centro Georges Pompidou

Georges Pompidou foi um presidente francês eleito em 1969, atuando até 1974. Ele é quem encomendou esta construção para Paris, o projeto final foi escolhido em concurso e desenhado por Renzo Piano e Richard Rogers, ambos quase desconhecidos na época. Enfim, o design começou a ser materializado entre 1971 e 1977, na Place Beaubourg, no coração da cidade. Dizem os especialistas que foi o ponto de partida para outros empreendimentos grandiosos – como a Ópera da Bastilha e o novo edifício da Bibliotheque Nationale François Mitterrand.

Centro Georges Pompidou
Imagem de Zairon em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_Georges_Pompidou#/media/Ficheiro:Paris_Montmartre_Blick_aufs_Centre_Georges-Pompidou.jpg

A intenção era eternizar a imagem de Paris. Assim surgiu o Centro Georges Pompidou, com uma “pegada pop art”, que o fez ser, desde então, tão popular quanto universal, seduzindo os espectadores desde seu exterior. Aliás, revelando, sem vergonha alguma do lado de fora, o que geralmente ficava oculto no interior das outras edificações.

Desenho e decisões projetuais mais impactantes

Renzo e Richard decidiram explorar em seu projeto ao máximo as possibilidades oferecidas pela alta tecnologia da época. Assim foi estruturado um plano ousado de conexões, tubos e cabos de aço. Basicamente, a ideia era externar diversos itens da estrutura de infraestrutura do edifício. Resumindo, esse seria o aspecto visual da obra.

Centro Georges Pompidou
Imagem reproduzida de História e Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo I

O novo palácio da cultura foi pensado para exposições temporárias e para uma biblioteca. O interessante é que todos estes elementos expostos acabam revelando sua função através das cores, quanto o interior permanece livre e desobstruído. O destaque maior vai para a escada da fachada oeste, pintada de vermelho, com uma vista surpreendente para Paris.

Centro Georges Pompidou
Imagem reproduzida de Guia de Destinos – Melhores Destinos

Compreendendo o esquema da mega estrutura

A mega estrutura do Centro Georges Pompidou é composta por elementos em aço. São 166 m de comprimento, 66 m de largura e 42 m de altura, com a volumetria de aspecto futurista que lembra a engenharia dos estaleiros. No lugar da fachada tradicional, tem-se uma trama complexa composta por tubos metálicos ligados entre si e impostos sobre as paredes envidraçadas.

Centro Georges Pompidou
Imagem de Reinraum em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Centre_Pompidou#/media/File:Pompidou_Centre_building_technology.jpg
Centro Georges Pompidou
Imagem reproduzida de História e Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo I

Acessando o edifício, os visitantes são conduzidos até a zona principal de exposição, com a escada rolante instalada numa tubulagem revestida de vidro transparente e com marcações “cadenciadas” – como numa viagem ao túnel do tempo. Os tubos de ventilação vermelhos lembram o tombadilho na popa de um navio. Ou seja, nada parece convencional aos olhos do observador. Inexplicavelmente essa miscelânea alegre até que faz sentido no fim das contas; e a sedução é completa pelo espelho d’água da Place Igor Stravinsky.

Centro Georges Pompidou
Imagem reproduzida de Guia de Destinos – Melhores Destinos

Reflexão final: O futuro da engenharia e do Georges Pompidou

A engenharia do Centro Georges Pompidou é um lindo exemplo de como a criatividade e a inovação podem ser aplicadas na construção de um edifício icônico. Não há nada igual a essa exposição estrutural e flexibilidade espacial. 

É importante lembrar o desafio de enfrentar a tradição de esconder elementos utilitários. Os vãos livres e pisos modulares, e o uso de madeiras inovadoras com treliças de aço e placas de vidros, que permitiram a criação de um sistema leve. Tudo isso e mais reflete a filosofia modernista de dar função às peças e ainda mostrar como as coisas funcionam. 

Centro Georges Pompidou
Imagem de DiscoA340 em Wikipédia – https://nl.wikipedia.org/wiki/Centre_Pompidou#/media/Bestand:Panorama_of_the_Centre_Pompidou.jpg

Por falar em futuro, uma notícia que saiu no começo de março de 2025 nos portais de notícias é de que o Centro Pompidou em Paris fechará por cinco anos para grandes obras de renovação. Os visitantes terão de correr se quiserem aproveitar entrada gratuita para ver a coleção permanente pela última vez. O museu abriga hoje uma vasta coleção de arte contemporânea e será temporariamente realocado para exposições no Grand Palais e internacionalmente.

Veja Também: Os 12 maiores monumentos da engenharia de Paris


Fontes: O Globo, História da Arquitectura Contemporânea, h.f. ullman, Hurgen Tietz, 2008.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

Atualmente, por conta da urgência em combater o aumento das temperaturas e necessidades e as ilhas de calor nas cidades, além de reduzir as emissões de CO2 e o consumo de energia, os projetistas têm sugerido demais a construção de edifícios com fachadas verdes, incluindo com jardineiras e jardins verticais. Imagine então fazer a barreira climática e sonora de residências utilizando grandes vasos de plantas frente a janelas comuns. Essa foi a estratégia adotada para o edifício de Eduardo François, chamado de Flower Tower para Paris, de 2004.

Em princípio o conceito dessa engenharia é bastante simples; surpreendente mesmo é seu propósito, de funcionar praticamente como uma extensão da reurbanização da Hauts Malesherbes, cujo projeto é de Christian Portzamparc. Confira mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!

edifício Flower Tower em Paris
Imagem de Cahtls em Wikipédia – https://fr.wikipedia.org/wiki/Tower-Flower#/media/Fichier:Vue_du_jardin_Claire_Motte_Paris.jpg

Características de projeto 

O Flower Power é um edifício de volume quadrado com estrutura de finas lajes marcantes de concreto. Três dos quatro lados são cobertos por sacadas com grandes vasos brancos instalados. Nesses vasos estão plantados bambus (mais precisamente 380), que não só enfeitam como contribuem para o conforto térmico das residências.

edifício Flower Tower em Paris
Imagens de Edouard François reproduzida de ArchDaily

Vale destacar porque os bambus foram escolhidos para este projeto para o Flower Tower. É que esta planta não costuma florescer; mas, quando floresce, percebe-se que todos os vasos produzem juntos as flores, criando um efeito visual. Já do lado de dentro a planta dos apartamentos também é incomum, sem divisórias, permitindo que os residentes organizem o espaço como desejam, parecendo que suas casas fossem parte de um bosque.

edifício Flower Tower em Paris
Imagem de Edouard François reproduzida de ArchDaily

Apelo visual

Os vasos gigantes de bambus floridos “pendurados” nas sacadas do Flower Power foram inspirados nas tradicionais jardineiras parisienses, sendo em si mesmos “tesouros botânicos”. Porém, segundo especialistas em design, esse efeito tem bem mais coerência do que um agrupamento aleatório de jardineiras, embora menos “disciplinado”. Isso porque as plantas, como seres vivos, crescem em ritmos diferentes, às vezes além do andar se sobrepondo à fachada da sacada de cima.

Um benefício adicional das plantas é que elas emitem um constante som de folhas ao vento, encobrindo o barulho das ferrovias e estradas próximas.

edifício Flower Tower em Paris
Imagem de Fred Romero em Wikipédia – https://mni.wikipedia.org/wiki/%EA%AF%90%EA%AF%A5%EA%AF%8F%EA%AF%9C:Paris_-_Tower_Flower_%2824658951940%29.jpg

Soluções de Engenharia

Como dissemos anteriormente, algo que chama mais atenção do que os vasos de plantas na fachada do Flower Tower são as seções finas de lajes de concreto. 

edifício Flower Tower em Paris
Imagem de Fred Romero em Wikipédia – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Paris_-_Tower_Flower_%2824586856169%29.jpg

Neste caso do Flower Tower, os engenheiros optaram por usar, para compor a estrutura, o modelo de lajes planas sem vigas que se apoiam diretamente em pilares (lajes planas tensionadas). O objetivo foi criar maior dramatização, dando a impressão de que as faces do edifício vão quebrar pelo peso dos vasos nas extremidades. Isso além do desafio natural desse sistema, que é sofrer com cisalhamento nos pilares.

Para garantir a resistência dessa estrutura foi utilizado o concreto ductal de altíssima performance. A saber, esse concreto é desenvolvido pela fabricante de cimentos Lafarge. A sua característica principal é a maleabilidade, que permite que seja usado justamente em seções finas, quase sem reforço.

Veja Também: Conheça aqui o edifício residencial mais verde do Brasil

Sobre o concreto Ductal

O concreto ductal utilizado no Flower Tower foi elaborado ainda nos anos de 1990. São características desse material:

  • Resistência mecânica (110 a 200 MPa em compressão)
  • Alta durabilidade (abaixo de 2% de porosidade, baixa permeabilidade)
  • Qualidade de acabamento (sem agregados graúdos, granulometria < 600μm) 
  • Resistência à abrasão
  • Resistência a choques
  • Fluidez
  • Redução do tempo de obra
  • Pode ser pigmentado
  • Resistência à compressão e tração na flexão
  • Alta durabilidade

Fontes: Tudo sobre Arquitetura (Richard Rogers e Philip Gumuchdjian, Editora Denna Jones, Rio de Janeiro), Archdaily.

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Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

Na primeira metade do século XX, um famoso arquiteto fino-americano encantou o mundo com seus projetos. Estamos falando de Eero Saarinen, formado pela Universidade de Yale. O profissional chegou a fazer sociedade com outro nome de peso do design, Charles Eames, desenvolvendo uma série de móveis bastante vanguardistas e premiados.

Mas neste texto queremos compartilhar com você a história de um de seus projetos na área de engenharia civil, que é o icônico Terminal da TWA ( Trans World Airlines) no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. Construído nos primórdios da aviação comercial. Esta obra é símbolo das rápidas transformações tecnológicas impulsionadas, em grande parte, pela Segunda Guerra Mundial. Aliás, mais importante que isso, essa é uma das estruturas em concreto mais complexas e lindas do mundo, um dos projetos arquitetônicos mais modernos. Confira outros detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Terminal da TWA
Imagem de Acroterion em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/File:TWA_Flight_Center_2015_NY2.jpg

A história do Terminal da TWA 

Na década de 1950, a Trans World Airlines trabalhava para expandir sua frota comercial, criando planos de descontos e pagamentos estendidos com foco na classe média norte-americana. Em quantas viagens aéreas entraram em ascensão, o Port of New York Authority instituiu um plano para expandir o aeroporto JFK – na época chamado de Aeroporto Idlewild -, até então ocioso. Este foi o primeiro de uma série de terminais diferenciados e descentralizados no anel viário, projetado por diversos arquitetos.

Esta obra-prima de Eero em concreto acabou por se tornar a nova peça decorativa do aeroporto pelos anos seguintes. Segundo o próprio autor, esse era para ser um “local de movimento”. Já para os investidores, de “publicidade, publicidade e publicidade”. De fato, o arquiteto tomou a ênfase da companhia aérea na atenção do público desde o início, em um terreno da estrada de acesso principal do aeroporto. 

Terminal da TWA
Imagem de Warren LeMay em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/TWA_Hotel#/media/
File:TWA_Flight_Center,_John_F._Kennedy_International_Airport,_Jamaica,_
Queens,_New_York_City,_NY_(48589234017).jpg

Implantação e estudo volumétrico

Com o terreno escolhido, Eero Saarinen começou a desenvolver o projeto do Terminal da TWA. Como arranjo volumétrico, ele optou por uma simetria de quatro segmentos curvos de cobertura com cascas de concreto. Aliás, vale destacar que essas curvas são sem emendas dos pilares que a sustentam. Suas separação na cobertura é feita por estreitas claraboias.

Terminal da TWA
Imagem reproduzida de Archdaily
Terminal da TWA
Imagem reproduzida de Archdaily

Qualquer semelhança com uma concha é só mera coincidência. Na verdade, esses quatro arcos de barris – este é o nome oficial – formam um grande guarda-chuva sobre as áreas de passageiros. A conclusão dessa obra foi em 1962. O interessante é que um ano depois Eero deu uma entrevista associando o seu trabalho aos dos designers barrocos, que “estavam tentando ver aonde podiam chegar numa arquitetura não estática”. Autores recentes associam essa construção aos projetos de cenários teatrais: “Você entra e sente que está flutuando!”.

Terminal da TWA
Imagem reproduzida de História e Teoria da Arquitetura Urbanismo e Paisagismo II

Podemos fazer uma associação diferente para essas curvas dinâmicas, como se fossem asas de avião voando. Pedimos desculpas por lhe decepcionar, mas o próprio arquiteto dizia que era inspirado numa casca vazia de toranja que ele partiu ao meio e que ele abstraiu em seu desenho. Ele insistia que uma abstração da ideia era o voo em si.

Interiores

Parece que a fluidez do exterior deste terminal foi levada também para os interiores. A abóbada de cobertura permitiu a criação de um layout interno espaçoso, praticamente sem limitações espaciais. Como afirmou certa vez Saarinen, um “ambiente total”, onde as curvas  podem ser percebidas das estruturas ao mobiliário (plástico) – mesmo “mundo das formas”.

Terminal da TWA
Imagem reproduzida de museume.org
Terminal da TWA
Imagem de Wallyg, Flickr, reproduzida de CAP Talk

Tudo foi cuidadosamente tratado pensando na experiência do usuário. O TWA ficou como um grande abrigo dinâmico. Destaque para as inúmeras rampas curvilíneas e patamares, corredores tubulares de chegada e partida ligeiramente arqueados para reforçar a experiência de viagem nos passageiros. Saarinen parece ter seguido claramente uma linha mais futurista.

O acesso principal se dá por uma marquise em balanço, progredindo para os guichês. Uma área de espera afundada oferece visão das operações do aeroporto através de uma pele de vidro.

Terminal da TWA
Imagem de Richard Kwabena Slote em Wikipédia – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:TWA_Terminal_at_Kennedy_Airport.jpg

Estrutura

Sem dúvidas, o design de Eero Saarinen para o Terminal da TWA Flight Center foi inovadora para a época, e até hoje influencia a engenharia. Ele não apenas incorpora materiais modernos como o concreto, mas também implementa uma estética radical para um período da história ainda tentando se desvencilhar das amarras de um passado classista.

Terminal da TWA
Imagem de Balthazar Korab em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/TWA_Flight_Center#/media/File:Trans_World_Airlines_Terminal,_
John_F._Kennedy_(originally_Idlewild)_Airport,_New_York,_New_York,_1956-62._Construction_krb_00588.jpg

O maior desafio desta obra foi mesmo moldar essa estrutura em forma de asa em concreto armado apoiada por quatro pilares em forma de Y. As grandes abóbadas são suportadas por apenas dois pontos, entre os quais aparecem então os rasgos de entrada de luz (clareza estrutural). Já os grandes painéis de vidro sob essa estrutura são suportados com aço e apresentam uma cor púrpura. Essas paredes de vidros são inclinadas ao exterior como se pretendesse que os espectadores a imaginassem estar olhando para fora de um avião.

Veja Também: Conheça estes megaprojetos de Engenharia e Arquitetura


Fontes: Tudo Sobre Arquitetura (Richard Rogers e Philip Gumuchdjian, Editora Denna Jones, Rio de Janeiro), Archdaily.

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Engenharia 360

Redação 360

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A obra na sua casa mal começou e o dinheiro acabou? Sabe qual foi o problema? Falta de planejamento! Todo engenheiro de sucessos sabe o quanto essa fase da empreitada é importante, principalmente para que os custos fiquem dentro do estimado. Pensando nisso, selecionamos algumas dicas básicas para você seguir com seus planos sem tropeços nas contas. Se liga!

1. Elabore uma planilha de orçamentos e serviços

Para não perder o foco na sua obra, não tem outro jeito. É preciso fazer uma planilha de orçamentos e serviços muito bem completa e detalhada. Afinal, são muitos detalhes e imprevistos que podem ocorrer durante a reforma ou construção. Sem um ponto de partida, pode ser bem difícil atingir as metas desejadas.

Nesta planilha deve constar tudo o que precisa para ser executado e comprado, e a relação final precisa dar uma estimativa do preço aproximado do serviço. Na dúvida, vale consultar as informações com um profissional, ele vai saber explicar melhor as fases mínimas da obra, da estrutura aos acabamentos.

planejamento projetos de engenharia
Imagem de Mikhail Nilov em Pexels

2. Tente prever o imprevisto

Quando se trata de construção civil, imprevistos podem acontecer – isso inclui as alterações climáticas e aumento no preço das commodities. Geralmente, a fase de execução das fundações e alteração de subsolo é a mais afetada. Outra fase bastante delicada é a de mudanças estruturais e reformas.

3. Faça uma reserva

É aconselhável guardar à parte um capital correspondente a cerca de 10% do orçamento total da obra. O valor é para custear as surpresas no meio do caminho.

Cuidado! Por algum motivo, certos investidores têm a tendência de levantar apenas o valor das tarefas mais evidentes. Contudo, o cenário real é bem mais complexo. Por exemplo, há os custos indiretos, diária de caçamba para remoção de entulho, impostos e taxas (incluindo alvarás), eventuais necessidades de terraplanagem, aterramento, instalações elétricas e hidráulicas, gasolina para deslocamento de equipe, etc. Tudo isso precisa também ser estimado.

planejamento projetos de engenharia
Imagem de Tima Miroshnichenko em Pexels

4. Organize na planilha as tarefas da fase pré-obra

Antes mesmo de se construir alicerces ou derrubar paredes, há muitas etapas preliminares – e que também precisam ser previstas; elas vão viabilizar a construção ou reforma. A elaboração de estudos (como de impacto ambiental) e encaminhamento de documentação (como para aprovação de projeto) devem somar até 12% do valor total de uma obra. Ademais, a implantação do próprio canteiro pode consumir 4% dos custos gerais, desde limpeza de terreno até demolições e retiradas de entulhos.

planejamento projetos de engenharia
Imagem de Mikhail Nilov em Pexels

Considerações finais

Mesmo com muito planejamento, imprevistos podem surgir. Por isso, é bom manter as economias por margem de segurança. 

planejamento projetos de engenharia
Imagem de Mikhail Nilov em Pexels

Não se esqueça de que, se for contratar um engenheiro para fazer o projeto e acompanhar sua reforma ou construção, isso pode somar entre 5% a 15% dos custos – variando de acordo com a localização da obra. Cada serviço listado em contrato precisará ser discriminado na planilha de orçamento. Já se decidir tocar todo o serviço sozinho, prepare-se para arcar com as demandas e responsabilidades. Não esqueça que burlar a lei e exercer ilegalmente uma profissão é crime.

Observação importante: as tarefas com estimativas de custos por metro quadrado de instituições como Sinduscon ou FBGE servem de boa referência antes de começar a construção.

Veja Também: Dicas para elaborar Projetos de Engenharia Civil


Fontes: Guia da Construção (Editora Escala, Construir Mais por Menos, Número 1).

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A Inteligência Artificial (IA) está transformando diversos setores, e a arquitetura não é exceção. Com o avanço da tecnologia, surgem ferramentas de IA inovadoras que auxiliam arquitetos a otimizar a distribuição espacial em seus projetos, tornando-os mais eficientes, sustentáveis e criativos. O Engenharia 360 selecionou quatro ferramentas de IA que estão revolucionando a forma como os arquitetos projetam e planejam espaços. Confira!

1. Finch

Finch é uma ferramenta de IA desenvolvida para aprimorar o planejamento espacial em projetos arquitetônicos. Utilizando algoritmos avançados, ela analisa dados relacionados ao uso do espaço, comportamento dos usuários e requisitos funcionais para propor layouts eficientes. Com a capacidade de simular diferentes cenários, o Finch permite que os arquitetos visualizem e avaliem diversas opções de distribuição espacial, facilitando a tomada de decisões informadas.

ferramentas de IA
Imagem reproduzida de Finch

Principais características do Finch:

  • Análise de dados em tempo real: Processa informações atualizadas sobre o uso do espaço para ajustar continuamente as propostas de layout.
  • Simulação de cenários: Permite testar diferentes configurações espaciais e avaliar seu impacto no fluxo de pessoas e na funcionalidade do ambiente.
  • Integração com softwares de design: Compatível com ferramentas de design arquitetônico populares, facilitando a incorporação de sugestões do Finch no processo de projeto.

2. Architectures

Architectures é uma plataforma de design generativo que utiliza IA para criar soluções arquitetônicas inovadoras. A ferramenta explora uma ampla gama de possibilidades de design, considerando fatores como iluminação natural, ventilação, acústica e ergonomia. Ao gerar múltiplas alternativas de layout, o Architectures permite que os arquitetos selecionem as opções que melhor atendem aos objetivos do projeto.

ferramento de IA
Imagem reproduzida de Architectures

Principais características do Architectures:

  • Geração de múltiplas alternativas: Cria diversas opções de design com base em parâmetros definidos, promovendo a exploração criativa.
  • Análise de desempenho: Avalia o desempenho de cada alternativa em termos de conforto ambiental e eficiência energética.
  • Feedback interativo: Oferece sugestões em tempo real, permitindo ajustes imediatos no design conforme necessário.

3. maket

Maket é uma ferramenta de IA focada na visualização e análise espacial de projetos arquitetônicos. Utilizando modelos 3D e realidade aumentada, o maket permite que os arquitetos explorem virtualmente os espaços planejados, identificando potenciais problemas de circulação, iluminação e funcionalidade antes da construção física. Essa antecipação contribui para a criação de ambientes mais eficientes e agradáveis.

ferramento de IA
Imagem reproduzida de maket

Principais características do maket:

  • Modelagem 3D detalhada: Cria representações tridimensionais precisas dos espaços, facilitando a compreensão espacial.
  • Realidade aumentada: Permite a visualização imersiva do projeto no ambiente real, auxiliando na identificação de ajustes necessários.
  • Análise de fluxo: Estuda o movimento previsto de usuários dentro do espaço, otimizando a circulação e acessibilidade.

4. Spacio

Spacio é uma solução de IA dedicada à gestão inteligente do espaço em projetos arquitetônicos. A ferramenta analisa dados sobre ocupação, uso e necessidades dos usuários para propor distribuições espaciais que maximizam a funcionalidade e o conforto. Além disso, o Spacio oferece insights sobre a utilização do espaço ao longo do tempo, auxiliando na adaptação e evolução dos ambientes conforme as necessidades mudam.

ferramento de IA
Imagem reproduzida de Spacio

Principais características do Spacio:

  • Análise de ocupação: Monitora e avalia os padrões de uso do espaço, identificando áreas subutilizadas ou sobrecarregadas.
  • Propostas de reconfiguração: Sugere alterações no layout para melhorar a eficiência e a satisfação dos usuários.
  • Relatórios de desempenho: Fornece dados sobre a eficácia do uso do espaço, apoiando decisões estratégicas de gestão.

Perspectivas para o futuro da arquitetura com a IA

As ferramentas de IA apresentadas neste artigo são apenas alguns exemplos do potencial da tecnologia para transformar a arquitetura. Com o avanço da IA, podemos esperar o surgimento de novas ferramentas e soluções que auxiliarão os arquitetos a criar projetos cada vez mais inovadores, eficientes e sustentáveis. A distribuição espacial, elemento fundamental na arquitetura, será otimizada através destas ferramentas de IA, permitindo aos arquitetos criarem espaços que não apenas atendam às necessidades funcionais, mas também proporcionem experiências sensoriais e emocionais únicas.

Veja Também: Ferramentas para Humanizar Textos de IA para Engenharia


Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Engenharia 360

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Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

Os engenheiros têm verdadeiro fascínio pela história dos arranha-céus que considerou não só dimensões como também questões de segurança e exploração. E em nosso site vale destacar a evolução das metrópoles norte-americanas, como Nova York, especialmente no período da virada do século XIX para o século XX, após o Grande Incêndio de Chicago.

Os projetos daquela época, símbolo de poder e prosperidade testaram e expuseram novas técnicas de construção e novas tipologias arquitetônicas (para prédios de vários andares), mudando a história da engenharia. E, sim, o surgimento dessas obras não foi a mero acaso, nem por motivos estéticos.

Pelo contrário, o surgimento dos arranha-céus está ligado a questões econômicas e um desejo de crescimento para as alturas das grandes cidades no mundo. Claro que a especulação imobiliária, que faz aumentar o preço do metro quadrado dos terrenos, também impulsionou e impulsiona até hoje essa expansão. Assim, quanto mais eficaz é a exploração de um terreno, mas gigantescas são as obras de construção civil. Debatemos mais o assunto neste artigo do Engenharia 360!

O incêndio de Chicago

Para além de Nova York, Chicago foi a cidade que impulsionou o surgimento de um novo movimento arquitetônico.

Em outubro de 1871, um grande incêndio (o Grande Incêndio de Chicago) devastou a região, reduzindo a maior parte das edificações existentes em escombros. As consequências desse incêndio foram as piores que se pode imaginar; mas um ponto positivo que a engenharia tirou de tudo isso foi o aprendizado com a reconstrução. Chicago depois disso se tornou mais moderna, com lindos e gigantescos arranha-céus, a exemplo do Marshall Field Wholesale Store de Henry Hobson Richardson, o primeiro edifício de esqueleto de aço.

 Grande Incêndio de Chicago
Imagem de John R. Chapin em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chicago-fire1.jpg
 Grande Incêndio de Chicago
Imagem reproduzida de Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Chicago-fire2.jpeg

Um protagonista da revolução de engenharia foi Louis Sullivan. Ele foi um dos representantes da chamada ‘Escola de Chicago’, o movimento que gerou o novo modelo de arquitetura representativa dessa fase de transição de Chicago.

Arquitetura Chicago e História dos Arranha-céus
Exemplar da Escola de Chicago – Imagem reproduzida de Wikipédia – https://gl.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Carsons_Pirie_Scott_%26_Co.jpg

A Escola de Chicago

A Escola de Chicago foi a primeira grande tentativa de estudo dos centros urbanos combinando conceitos teóricos e pesquisa de campo. Chamada também de ‘Estilo Comercial’ representa um estilo de construção que substitui a madeira por ferro, sendo produzida em série com edifícios erguidos mais rápido e de forma mais prática.

Os edifícios desse movimento de arquitetura apresentavam uma reestruturação das fachadas, preferencialmente seguindo uma quadrícula rigorosa. As janelas eram oblongas (mais compridas do que largas) e acentuadas por esbeltos pinázios (elementos verticais). Percebe-se um equilíbrio entre os elementos horizontais e verticais.

Um novo modelo de planta baixa surgiu também, com um gabarito maior. Foram desenvolvidos projetos de elevadores elétricos. E sob influência do modernismo, as formas das edificações foram ficando cada vez mais neutras.

Arquitetura Chicago e História dos Arranha-céus
Exemplar da Escola de Chicago – Imagem de J. Crocker em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Chicago_%28
arquitetura%29#/media/Ficheiro:2010-03-03_1856x2784_chicago_chicago_building.jpg

O engenheiro estrutural Fazlur Khan introduziu um novo sistema tubular (colunas externas interconectadas e devidamente espaçadas que resistiam a forças laterais em qualquer direção por meio do balanço desde a fundação); a maior parte das fachadas são então janelas.

A saber, o Home Insurance Building foi o primeiro arranha-céu do mundo construído em Chicago em 1885, mas demolido em 1931. Além disso, um dos mais conhecidos nomes desta escola foi Frank Lloyd Wright, que mesmo sem admitir seguir esta vertente, ajudou a impulsionar a arquitetura moderna na cidade e nos Estados Unidos.

Arquitetura Chicago e História dos Arranha-céus
Home Insurance Building – Imagem de Chicago Architectural Photographing Company em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Home_Insurance_Building#/
media/Ficheiro:Home_Insurance_Building.JPG

O concurso do Chicago Tribune

Um momento também bastante importante para a história de Chicago foi o lançamento do concurso do Chicago Tribune, em 1922, para o novo edifício da editora. Na propaganda, os dizeres de que este deveria ser o edifício mais bonito do mundo. Isso atraiu não só designers americanos quanto europeus como Walter Gropius e Adolf Loos. 

Arquitetura Chicago e História dos Arranha-céus
Concurso Chicago Tribune – Imagem de Chicago Tribune em Wikipédia – https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chicago_Tribune_Sun_Dec_3_1922_
page_3_%28Tribune_Tower_design_competition%29.jpg

Infelizmente, a proposta vencedora foi uma das mais conservadoras. Porém, todas as demais propostas ganharam destaque em periódicos da época, servindo de inspiração para projetos de outros engenheiros e arquitetos.

Por exemplo, Eliel Saarinen, o segundo colocado, apresentou a proposta de um edifício com extrema verticalidade. As fachadas eram estruturadas de modo a destacar as esquinas com pinázios. Além disso, a verticalidade sugerida seguia uma ideia de escalonamento, com intervalos relativamente pronunciados o que dava a elegância ao corpo do prédio,  “coroado” por uma torre central dominando todo o complexo.

Arquitetura Chicago e História dos Arranha-céus
Proposta de Eliel Saarinen – Imagem de Eliel Saarinen em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Eliel_Saarinen%27s_Tribune_Tower_
design#/media/File:Eliel_Saarinen_Tribune_Tower_design_1922.jpg

Veja Também: Conheça Chicago: sua história, arquitetura e urbanismo


Fontes: História da Arquitetura Contemporânea (h. f. Ullmann, de Jürgen Tietz, ano 2008).

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Engenharia 360

Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

Será que alguma vez foi necessário resumir o Movimento Moderno? Bem, talvez foi preciso, sim, para explicar sua “simplicidade” e convencer as pessoas de que seus princípios têm mais do que lógica, mas coerência com os novos tempos. Foi isso que fez o arquiteto suíço Le Corbusier em 1926 em uma publicação especial.

Le Corbusier traduziu a engenharia e arquitetura moderna em cinco pontos: planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita. E isso, por algum motivo, serviu praticamente de guia para vários profissionais por muitas décadas – que encararam as orientações como se fossem uma cartilha de regras -, ainda impactando produções até os dias atuais. Entenda melhor o caso no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Explicações dos cinco pontos da construção moderna 

Os cinco pontos da nova construção civil são o resultado de pesquisas realizadas nos anos iniciais da carreira de Le Corbusier. O texto final foi publicado na revista L’Esprit Nouveau. Tais conceitos abordados permitiram tornar os elementos construtivos do projeto independentes uns dos outros, possibilitando maior liberdade de criação, assim foi dito pelos engenheiros e arquitetos na época.

O objetivo de Le Corbusier era adequar melhor as construções das cidades aos novos tempos, às novas necessidades impostas pela modernidade, com um olhar no futuro. Era uma nova perspectiva e ideia para a ocupação dos terrenos.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem reproduzida de ResearchGate

1. Planta Livre

O conceito de planta livre se traduz por um modelo de planta baixa que não possui barreiras estruturais significativas, permitindo que possa ser personalizada de acordo com as necessidades e preferências do projetista ou seu cliente. Isso seria possível porque, nesse caso, as paredes não exercem função estrutural; assim, as colunas de sustentação ficam visíveis e independentes. É a situação ideal para lofts, apartamentos e espaços de escritórios.

Vale destacar que, com planta livre, os ambientes parecem maiores e mais claros. O mobiliário é que assume a definição de destinação de cada espaço. Fechamentos podem ser feitos com drywall. E o único desafio é obter privacidade e isolamento acústico por conta da ausência de paredes.

2. Fachada Livre

Mais uma vez, por conta da independência da estrutura, a fachada pode ser projetada sem impedimento – sendo totalmente fechada, com aberturas em diferentes tamanhos ou posições, ou ainda total com pele de vidro.

3. Pilotis

Esse sistema, com coluna substituindo paredes na sustentação, serve para elevar os prédios do chão, permitindo o trânsito por debaixo dos mesmos. Então, o espaço térreo fica mais livre, proporcionando visão ampla e mais espaço físico. Áreas assim podem ser usadas nas residências como zonas de circulação de pessoas e garagens. De todo modo, é um jeito de gerar maior conexão entre o espaço público da rua e o espaço privado do edifício.

4. Terraço jardim

Com terraço jardim, o telhado se transforma em espaços de lazer úteis para os usuários. É uma forma de se “recuperar” o solo ocupado pelo prédio, “transferindo” para cima o que havia embaixo. Por exemplo, muitas plantas, bancos de jardim, áreas de interação social, contemplação e muito mais.

5. Janelas em fita

Por último, a possibilidade também de ter a janela livre, permitindo que, dos interiores, as pessoas tenham relação desimpedida com a paisagem. De quebra, os ambientes ganham mais iluminação. Pode-se brincar com as possibilidades, criando geometrias variadas, como rasgos diferentes e muito vidro.

O exemplar mais notável de Le Corbusier: Ville Savoye

Se quer entender os cinco pontos da construção destacados por Le Corbusier, você precisa conhecer seu projeto para Ville Savoye, em Poissy, do ano de 1932. Essa casa, localizada nos arredores de Paris, é, provavelmente, o melhor exemplo de engenharia moderna.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Alessio antonietti em Wikipédia – https://it.wikipedia.org/wiki/Villa_Savoye#/media/File:Villa_savoye_veduta_.JPG

A planta livre desta habitação demonstra bem a coerente exploração das novas possibilidades oferecidas pelo uso do concreto nas estruturas. Veem-se muitas colunas e paredes levemente curvadas, que ostentam essa liberdade da função de suportar o peso.

É possível que Le Corbusier tenha partido de um sistema regular, mas, durante o desenvolvimento do projeto, tenha sentido o impulso não só de adaptar as paredes às posições das colunas, mas também de deslocar as colunas em relação às paredes para obter a configuração correta.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem reproduzida de Archi-Monarch
5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem reproduzida de WikiArquitectura

Para muitos, a Ville Savoye é uma “máquina branca”, uma “nave espacial” que aterrissou em outro planeta em meio à natureza da França. Talvez esse possa ser, afinal, o resumo da arquitetura do século XX.

A saber, são outros designers expoentes do movimento moderno ao lado de Le Corbusier: Mies van der Rohe, Frank Wright e Oscar Niemeyer.

Exemplos do Modernismo no Brasil

O discurso de Le Corbusier sobre os cinco pontos da nova arquitetura se tornou bem popular. Com o passar das décadas, apesar das novas tecnologias, materiais e necessidades da sociedade, pudemos ver o “passo a passo” sendo repetido em muitos projetos ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Confira exemplos:

1. Edifício Copan em São Paulo

Projetado por Oscar Niemeyer com apoio do arquiteto Carlos Alberto Cerqueira Lemos, entre os anos de 1951 e 1966. O prédio é imponente, de linhas curvas, com fachada livre e repleto de janelas, é considerado uma área difícil do Brasil em estrutura de concreto.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Pablo Trincado em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Copan#/media/Ficheiro:Edif%C3%ADcio_Copan_-_frente.jpg

2. Museu de Arte da Pampulha (MAP) em Minas Gerais

Outro projeto de Niemeyer inspirado na ideia de fachada livre – esse modelado por planos espelhados. Possui pilotis na entrada.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Rodrigo Denúbila em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_da_Pampulha#/media/
Ficheiro:Museu_de_Arte_da_Pampulha_1.jpg

3. Palácio do Alvorada em Brasília

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Robotmensch em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pal%C3%A1cio_da_Alvorada,_Presidential_residence,_1957.jpg

4. Palácio Capanema no Rio de Janeiro

Conhecido também como Ministério da Educação e Cultura (MEC). O icônico palácio Capanema possui base em pilotis, fachadas envidraçadas e ainda recebeu terraço jardim desenhado por Burle Marx.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Henrique Liberal em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Capanema_Palace#/media/
File:Vista_da_fachada_sul_do_Pal%C3%A1cio_Gustavo_Capanema.jpg

5. Congresso Nacional em Brasília

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Leandro Ciuffo em Wikipédia – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Congresso_Nacional_Brasil.jpg

6. Catedral de Brasília

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Prandrade em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Catedral_Metropolitana_de_Bras%C3%ADlia_2.jpg

7. Casa de Vidro em São Paulo

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de PCPetrachini em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Vidro#/media/Ficheiro:Casa_de_Vidro_13.jpg

8. SESC Pompeia em São Paulo

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Thomas Hobbs em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Sesc_Pompeia#/media/Ficheiro:SESCPompeia.jpg

9. Museu de Arte de São Paulo (MASP)

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Wilfredor em Wikipédia – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:MASP_Brazil.jpg

10. Museu de Arte do Rio de Janeiro

Para finalizar, trazemos para este texto um exemplo mais atual, o projeto do Museu de Arte do Rio de Janeiro, de Bernardes + Jacobsen Arquitetura, do ano de 2013. Esta obra une, por meio de uma cobertura em linhas fluidas e forma abstrata, três construções de características arquitetônicas distintas. Ela faz parte de um grande plano de intervenção na região central e antiga da cidade.

Na área de pilotis, encontra-se um grande foyer e exposições de esculturas. O fechamento da nova fachada é por perfis de vidro translúcido, tornando visível o sistema estrutural de colunas recuadas e revelando justamente os pilotis.

5 pontos modernismo Le Corbusier
Imagem de Mario Roberto Durán Ortiz em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_de_Arte_do_Rio#/media/
Ficheiro:Pra%C3%A7a_Mau%C3%A1_11_2015_Rio_708.JPG

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Fontes: Livro Lições de Arquitetura (Herman Hertzberger, 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1999).

Imagem de capa: https://de.wikipedia.org/wiki/Villa_Savoye#/media/Datei:Villa_Savoye_2015.jpg

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

Nos últimos anos, a inovação na construção civil tem se tornado cada vez mais alinhada com as necessidades do meio ambiente e da sociedade. A busca por alternativas sustentáveis para a construção de habitação popular é um reflexo direto dessa mudança de paradigma. Nesse contexto, surgem soluções que não apenas resolvem o problema da falta de moradias dignas, mas também oferecem uma alternativa ecológica e socialmente responsável.

Entre as principais inovações, destacam-se os blocos de plástico reciclado e as telhas feitas de caixas de leite, que têm ganhado destaque na construção de moradias populares, proporcionando um impacto positivo tanto no meio ambiente quanto nas comunidades carentes. Mas como esses materiais se tornaram uma realidade no mercado da construção civil? E como eles contribuem para a criação de habitações mais seguras e sustentáveis? Vamos explorar tudo isso a seguir, neste artigo do Engenharia 360!

habitação popular
Imagem divulgação Teto Brasil, Estadão, via UOL

Alternativas de materiais para habitação popular

Blocos de plástico

Uma inovação na construção civil é o uso dos blocos de plástico reciclado. Esses blocos, leves e duráveis, podem ser montados rapidamente, permitindo que uma casa seja erguida em até quinze horas, dependendo da equipe de voluntários. A facilidade de montagem é uma das principais vantagens, já que os blocos são comparados a peças de LEGO, o que torna o processo de construção ágil e acessível.

Esses blocos são fabricados a partir de plásticos reciclados, retirados de garrafas PET e outros resíduos plásticos, contribuindo para a diminuição do lixo no meio ambiente. De acordo com os especialistas envolvidos no projeto, as peças têm uma durabilidade de mais de vinte anos, oferecendo uma solução de longo prazo para as famílias que antes viviam em barracos de madeira ou em situação de vulnerabilidade.

materiais sustentáveis
Imagem divulgação Teto Brasil via Terra
materiais sustentáveis
Imagem divulgação Teto Brasil via CicloVivo

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Telhas recicladas

Além dos blocos de madeira, as telhas de caixas de leite são outro exemplo de como o desperdício de materiais pode ser transformado em uma solução eficaz e sustentável para a construção de moradias. Essas telhas são fabricadas a partir da reciclagem de caixas de leite e de creme dental, materiais que de outra forma seriam descartados de maneira inadequada no meio ambiente.

A produção dessas telhas recicladas contribui para a remoção de cerca de cinquenta mil unidades de resíduos de caixas de leite do meio ambiente, tornando-se uma solução não apenas para a construção, mas também para o reaproveitamento de materiais que poderiam poluir os oceanos e aterros sanitários. O uso dessas telhas também ajuda a reduzir o custo da construção, tornando as moradias mais acessíveis às famílias de baixa renda.

materiais sustentáveis
Imagem reproduzida de Ecoeficientes
materiais sustentáveis
Imagem reproduzida de Autossustentável

A implementação e os benefícios sociais

As alternativas sustentáveis, como o uso de blocos de plástico e telhas de caixas de leite, fazem parte de um movimento mais amplo que busca reduzir o impacto ambiental da construção civil, um dos setores mais poluentes do mundo. Ao reaproveitar materiais descartados e criar soluções acessíveis e duráveis, o projeto de moradias sustentáveis representa um avanço significativo na busca por soluções habitacionais para as populações mais vulneráveis.

Além disso, essas iniciativas podem servir como um modelo para outras partes do mundo que enfrentam problemas semelhantes de déficit habitacional e escassez de recursos. O uso de materiais recicláveis e processos de construção rápida é uma estratégia que pode ser escalada para atender a uma demanda global por moradias sustentáveis e de baixo custo.

Projeto Eco Sustentáveis

A primeira residência construída com esses materiais pelo ‘Eco Sustentáveis’ foi entregue em Carapicuíba, São Paulo, no segundo semestre de 2023. Desde então, o projeto tem se expandido. Cada habitação popular é construída com a ajuda de voluntários e uma equipe técnica especializada, e as comunidades locais são envolvidas no processo, garantindo que as necessidades específicas de cada região sejam atendidas.

O impacto social dessas moradias é significativo! Ao oferecer uma moradia segura e sustentável, essas construções proporcionam condições de vida mais dignas para as famílias, além de melhorar a qualidade de vida ao reduzir a exposição a condições climáticas adversas. As casas não apenas substituem as moradias de madeira e barro, mas também promovem a inclusão social e a conscientização ambiental nas comunidades.

O contexto da habitação popular no Brasil

No Brasil, a habitação popular tem sido um desafio persistente, com milhões de pessoas vivendo em condições precárias em favelas e assentamentos irregulares. A falta de infraestrutura, aliada a um crescente déficit habitacional, exige soluções urgentes e inovadoras. De acordo com dados da ONU, as condições de moradia precárias são diretamente responsáveis por agravar os impactos das mudanças climáticas, colocando os moradores em situações de vulnerabilidade extrema, como enchentes e desabamentos.

A saber, a TETO Brasil, uma organização não governamental, tem desenvolvido um projeto pioneiro de construção de moradias sustentáveis em favelas e áreas de vulnerabilidade. Em parceria com a organização chilena TECHO, o projeto tem utilizado materiais recicláveis, como blocos de plástico e telhas feitas de caixas de leite, para criar casas que são rápidas de montar, duráveis e ecologicamente responsáveis.

materiais sustentáveis
Imagem divulgação Teto Brasil via Portal Sustentabilidade
materiais sustentáveis
Imagem divulgação Teto Brasil via Jornal O São Paulo

O futuro das moradias sustentáveis

A utilização de blocos de plástico e telhas feitas a partir de caixas de leite representa uma revolução na forma como abordamos a habitação popular, inclusive no Brasil. A utilização de materiais reciclados, a inovação na montagem e a preocupação com o impacto social são elementos essenciais para a criação de moradias dignas e sustentáveis.

A engenharia civil tem um papel fundamental nessa transformação. Ao buscar soluções inovadoras e sustentáveis, os engenheiros podem contribuir para a construção de um mundo mais justo e equilibrado, onde todas as pessoas tenham acesso à moradia digna e o meio ambiente seja preservado.


Fontes: Terra.

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Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

O Flatiron Building, localizado em Nova York, é um dos edifícios mais exóticos da engenharia. Foi inaugurado em 1902 e, naquela época, era considerado o arranha-céu mais alto do mundo, tendo 87m de altura ou 22 andares –  comparando com o que se tem hoje na cidade parece pouco, pois só o One World Observatory está a 543 m de altura.  Não se pode visitar os seus andares, já que são de escritórios particulares. Mesmo assim, esse é um ponto turístico bastante procurado.

Sabe o que chama atenção das pessoas com relação a esse prédio? O formato! Sua volumetria é pontuda, com uma planta triangular, destoando da malha aparente perfeita de Manhattan. Veja mais detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Flatiron Building
Imagem de Imelenchon em Wikipédia – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Edificio_
Fuller_%28Flatiron%29_en_2010_desde_el_Empire_State.jpg

A história do Flatiron Building

A história do edifício Flatiron começa com Daniel H. Burnham, projetista “filho” do movimento da Escola de Chicago. Ele era muito famoso na época e, por isso, foi convidado para elaborar tal projeto – que infelizmente foi bastante ridicularizado pelos jornais, que o descreveram como “meramente fácil” ou “causador de problemas”. Curiosamente, em 1989,a construção foi nomeada como Marco Histórico Nacional. Hoje o patrimônio vale cerca de 190 milhões de dólares.

A saber, esse foi o primeiro arranha-céu mais alto de Nova York, o primeiro foi o Tower Building, com 11 andares. Mas ele foi demolido em 1913.

O que mudou nesse período? Com o incêndio de Chicago em 1871, começou uma revolução na engenharia novos materiais e técnicas passaram a ser explorados. Havia mais do que o desejo de embelezar as cidades, mas usar as estruturas como símbolo de poder dessa Nova Era Industrial e o que Burnham tentou fazer foi unir todos os conhecimentos (de design e engenharia) para criar o partido arquitetônico mais harmonioso para a cidade.

Flatiron Building
Imagem de M.P. Tillema em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/File:Flatiron_Building.JPG

O formato resultante do sistema de grelha

No começo do século XX, as cidades americanas cresciam rapidamente. O sistema urbano tipo grelha era aplicado na sua forma mais elementar. Por um lado, isso ajudou a dar certa ordenação a ampla gama de soluções arquitetônicas que eram apresentadas para Nova York. Essa fria e determinada regularidade contrasta hoje com energia pulsante da cidade.

Mas o que queremos destacar aqui neste texto é que, por conta até mesmo da geografia, chegou-se um ponto que essa regularidade não podia ser mais levada adiante. De repente, em meio a um padrão surgiram as irregularidades, uma ruptura que desafiou os urbanistas. Assim surgiu o Flatiron, que se manifesta no tecido de Nova York da forma mais conveniente possível, preenchendo um lote em forma de Cunha – o que justifica o seu nome.

O lado positivo é que o Flatiron Building quebra qualquer monotonia espacial provocada por essa ordenação em grelha (tabuleiro de xadrez).

Flatiron Building
Imagem reproduzida de Estilos Arquitetônicos
Flatiron Building
Imagem de Biblioteca do Congresso Americano em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/File:Flatiron_Building_Construction,_New_York_Times_-_Library_of_Congress,_1901-1902_crop.JPG

A engenharia e construção do Flatiron

Infelizmente, não demorou para as pessoas começarem a admirar a arquitetura do Flatiron Building. Logo os residentes locais expressaram genuíno interesse pela obra, por sua estrutura moderna e aerodinâmica. Isso porque a estrutura criou uma espécie de túnel de vento acima das ruas onde está localizada.

Mas antes disso, a obra foi concebida com base no princípio da coluna grega clássica, com base, corpo e capitel. Essa divisão pode ser muito bem percebida pelo revestimento de fachada, entre tijolos pálidos e terracota. Mesmo sendo um projeto imobiliário especulativo, com intenção de locação –  primeira tentativa dos construtores antes de investir no novo Business Center no norte de Wall Street -, não se poupou no requinte e qualidade escultura. A saber, o espaço interno foi planejado com 20 pequenos escritórios por andar, com portas comunicantes.

Flatiron Building
Imagem reproduzida de Angel Muñiz em X
Flatiron Building
Imagem de D. H. Burnham & co em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Flatiron_Building#/media/File:Typical_floor_of_the_Flatiron_Building.jpg
Flatiron Building
Imagem de nautical2k em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/File:Flatiron_Building_252930243_a57b1b3f78.jpg

Avanços na construção civil

Não poderíamos concluir este texto sem citar os avanços construtivos empregados no Flatiron. Até então as estruturas em aço eram moldadas em uma rede de caldeiras no canteiro de obras. Mas na obra de Burnham, o aço era pré-moldado. Todos os acessórios e rebites foram realizados utilizando ferramentas pneumáticas. Também se fez uso de tecnologia melhorada de britadeiras, capazes de aplicar 75% de rebites a mais por dia.

Veja Também: New York City: 10 locais para visitar na cidade que encanta engenheiros e arquitetos


Fontes: Wikipédia, Wikiarquitectura, Livro Lições de Arquitetura (Herman Hertzberger, 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1999)

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

A engenharia arquitetura como conhecemos hoje só existe por conta da Bauhaus (Staatliches Bauhaus). Essa foi uma escola de arte vanguardista na Alemanha, fundada no ano de 1919, só chegando ao final um pouco antes da Segunda Guerra. Seu idealizador, Walter Gropius, queria criar um espaço de ensino que debatesse e desenvolvesse projetos práticos nas áreas de artes visuais, especialmente arquitetura e artesanato.

No início, as aulas-oficinas eram realizadas na República de Weimar, até que houve uma mudança no governo local e ela passou para Dessau e mais tarde para Berlim. Só o nazismo impediu a continuidade desse projeto. Mesmo assim, o trabalho da Bauhaus impactou o desenvolvimento artístico europeu, norte-americano e até brasileiro, destino de muitos exilados de guerra. Leia mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!

bauhaus
Imagem reproduzida de Wikipédia
bauhaus
Imagem de Ralf Herrmann em Wikipédia – https://en.m.wikipedia.org/wiki/File:Bauhaus_weimar.jpg

A influência da Bauhaus no Brasil

A escola Bauhaus influenciou bastante a América do Sul, tendo um dos seus maiores representantes, o notável Oscar Niemeyer. Inclusive, segundo especialistas, o projeto para Brasília foi inspirado nas tendências modernas e funcionalistas inauguradas pelos “bauhausianos”.

Plano de ensino da Bauhaus

Entendo o seguinte: a Bauhaus não era igual a nenhuma outra escola que já existia naquela época ou mesmo existe nos dias de hoje. Ela propunha uma verdadeira revolução nas artes e no design. O trabalho artesanal era valorizado (escultura e pintura), assim como a industrialização e o desenho de produto, e até mesmo a dança, o teatro e a fotografia.

bauhaus
Imagem reproduzida de tecnolumen

No início do curso, o aluno era estimulado em sua liberdade de criação, com acesso a materiais variados, da pedra ao vidro. Sobretudo sem ouvir histórias do passado, a ideia era que a pessoa fosse guiada por princípios racionais e não herdados do passado. Só depois de uns três ou quatro anos de estudo é que eram transmitidas aulas teóricas com ensinamentos de história.

O mais interessante do currículo dessa escola é que todas as áreas da vida foram abordadas. Quase tudo relacionado às artes era debatido, reformado, reformulado ou aprimorado – inclusive a concepção de projetos arquitetônicos e métodos construtivos em engenharia. Nem mesmo de itens para casa ou brinquedos ficava de fora dessa lista.

A saber, a Bauhaus tinha uma forte ligação com o movimento Art and Crafts e a Deutscher Werkbund. E ainda hoje seus produtos são valorizados, vistos como atuais com a sua modernidade. Um exemplo clássico é o bule de chá de Marianne Brandt, de 1924.

bauhaus
Imagem reproduzida de Goethe-Zentrum Brasília

Arts and Crafts

O estilo Art and Crafts surgiu na Inglaterra na década de 1880, chegando rapidamente a outros países como os Estados Unidos. Seus precursores pareciam tanto quanto radicais. Eles realmente acreditavam que a industrialização ou a produção por maquinário era um mal para a qualidade das artes. Para eles, as obras “verdadeiras” eram feitas à mão com ornamentos simples. Claro que essa visão foi contestada pela Bauhaus, mas o conceito que permaneceu foi de se criar para uma finalidade adequada ao seu lugar.

bauhaus
Imagem reproduzida de ArchiMinimal

No começo, parecia que só se poderia valorizar ou só se poderia sentir o “prazer de possuir algo” se isso fosse feito à mão, moderado, orgânico e até vernacular. Tais pensamentos inspiraram nomes como Frank Lloyd Wright, Eliel Saarinen e Louis Sullivan. O problema é que seus projetos, muitas vezes de casas bem situadas em subúrbios ajardinados, eram para poucos.

bauhaus
Imagem reproduzida de Wright in Wisconsin – https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Bauhaus.JPG

Depois da Primeira Guerra, já se tinha o desejo e a necessidade de reconstrução. A indústria estava a todo vapor, produzindo cada vez mais e mais. E o que a Bauhaus propôs foi a união entre os dois mundos: produzir para as massas, mas com qualidade artística. Ou seja, uma arte mais acessível a todos.

Os ensinamentos da Bauhaus aplicados à Engenharia Civil

O primeiro grande exemplar da Bauhaus foi o próprio edifício da escola em Dessau, projetado por Walter Gropius, em 1926. A obra já materializou muito do seu ideal para a construção civil. Seu próprio volume expressava as diferentes funções para as quais era destinado. A ala das oficinas era banhada de luz pela pele de vidro, permitindo uma iluminação otimizada. Já a fachada do bloco habitacional dos estudantes destacava-se pelas varandas individuais à frente dos quartos. A cobertura em terraço – a “joia da coroa”, era sinônimo de arquitetura moderna.

bauhaus
Imagem de Mewes em Wikipédia

As reivindicações da Bauhaus passaram a ser refletidas pouco a pouco em outras produções. O construtivismo, bastante orientado pela estética, foi substituído por uma produção artística que se reclamava de uma organização rigorosamente científica. Enfim, o processo de criação e produção não era mais individual, mas coletivizado. 

bauhaus
Imagem reproduzida de Arquitetura – Viva Decora

Infelizmente, as propostas da Bauhaus não agradaram a todos; mas seus ensinamentos influenciaram a engenharia até os dias de hoje. O que temos na contemporaneidade é uma diversidade de projetos que exploram a tecnologia aliada ao design e à manufatura para conferir escalabilidade às produções. O importante é criar soluções funcionais e acessíveis para nossa vida, atendendo ao máximo as necessidades de estudos com qualidade, eficiência e segurança.

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Fontes: História da Arquitectura Contemporânea (h.f.fullman, Tetz Jürgen), Wikipédia.

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