Neste fevereiro de 2025, o Oscar, prêmio da academia de cinema americana, homenageou com a estatueta de melhor filme o longa “O Brutalista”, vagamente inspirado na vida e obra do arquiteto húngaro Marcel Breuer. Apesar de ter agradado ao público, a obra caiu em desprezo entre os historiadores especialistas em design. Primeiro, eles questionaram se esse profissional de fato era brutalista, depois porque a inteligência artificial teria sido usada para gerar renders considerados modelos digitais ruins. Para completar, há diversas distorções com o que poderia ter acontecido na vida real.
Sabe-se que ex-alunos e ex-professores da Escola Bauhaus, como Walter Gropius, antes do ápice da Segunda Guerra, seguiram sobretudo rumo à América. Eles chegaram a países como os Estados Unidos como profissionais famosos, sendo recebidos em cargos de prestígio em lugares como a Universidade de Harvard.
Controvérsias à parte, não se pode tirar méritos do filme. E podemos nos aprofundar no seu tema para aprender ainda mais. Afinal, o que foi o Brutalismo, na prática? Confira no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Surgimento do Estilo Brutalismo
O estilo arquitetônico Brutalismo surgiu na primeira metade do século XX, com o auge nas décadas de 1950 e 1970, resistindo até os dias atuais, influenciando diversas formas de arte e design. Chegou a ser considerado como parte do Movimento Moderno. E no Brasil ganhou força com protagonistas como Paulo Mendes da Rocha, João Vilanova Artigas e Lina Bo Bardi.
São exemplos de obras brutalistas no Brasil:
- Tribunal de Justiça do Estado do Piauí
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- Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia
- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
- Ginásio do Clube Atlético Paulistano
WikiArquitectura - https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/ginasio-do-club-atletico-paulistano/
- Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
- CEASA de Porto Alegre
Vale destacar que o nome 'Brutalismo' deriva da palavra francesa 'brut', que significa 'cru' ou 'bruto'.
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Características construtivas do Brutalismo
As obras em estilo brutalista exploraram bastante o concreto como o material central. Inclusive, os designers fizeram questão de deixar a textura e a superfície do concreto bem visíveis, muitas vezes sem revestimento ou acabamento adicional. Então, recapitulando, a essência do brutalismo seriam as estruturas maciças e o concreto aparente. Além disso, podemos destacar a funcionalidade acima da ornamentação e o impacto visual poderoso.
Não à toa, os edifícios brutalistas eram associados a instituições públicas, como universidades e sedes governamentais - arquitetura como ferramenta para igualdade social e bem-estar público.
Veja Também: Modernismo brasileiro, Paulo Mendes da Rocha e a nova monumentalidade
Características arquitetônicas do Brutalismo
Durante décadas, os críticos tiveram dúvidas em como avaliar o Brutalismo - tem quem ame e quem odeie. Especialistas alegam que o estilo é “frio” e “opressor”. Mas, apesar disso, ele tem sido renovado e revalorizado continuamente ao longo dos anos no mundo do Design.
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Identificaram um exemplar, até que é fácil. Basta reconhecer estas características:
- O brutalismo frequentemente apresentava formas simples e geométricas, com blocos retangulares, Torres, cubos e cantos angulares pronunciados.
- As estruturas tendiam a ser massivas e imponentes, dando a impressão de monumentalidade.
- Quase sempre as edificações possuíam o layout de espaços internos simples e bem definidos, com integração com o ambiente e circundante.
- Também era raro a inclusão de elementos decorativos extravagantes ou fachadas ornamentadas, até porque a ênfase era dada na estrutura em si.
- Os edifícios eram projetados para atender às necessidades práticas das pessoas que os utilizavam.
- Para finalizar, vigas e colunas eram muitas vezes deixadas visíveis.
Fato é que a presença dominante do Brutalismo criava um senso de lugar e identidade, mesmo que muitos não conseguissem compreender.
Brutalismo como expressão social
Ao longo do tempo, o Brutalismo sofreu derivações dos seus significados. Vários edifícios e objetos foram - forçadamente - classificados como tal, via recorte temporal ou aproximação plástica.
Interpretações à parte, a arquitetura brutalista serviu como expressão da vida social e política de uma época; foi a expressão de uma era, rompendo com o passado e desafiando o tradicional. Muitos projetistas governamentais adotaram o estilo para seus projetos habitacionais - talvez porque pensassem que se tratava de um modelo simples de erguer ou a tentativa de expressar igualdade e coletivismo. O problema é que essa falta de ostentação e extravagância foi interpretada erroneamente como alienação e falta de personalidade ou identidade, quando, na verdade, era pura autenticidade e inovação.
Fontes: Wikipédia, O Globo, ArchDaily, Casa Cor.
Imagem de capa: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Museu_de_Arte_Moderna,Rio_de_Janeiro(2001).jpg
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.