A medicina cardíaca infantil é uma das áreas mais complexas da ciência, sobretudo por conta da fragilidade dos pacientes e os riscos envolvidos nos procedimentos. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, liderados pelo bioengenheiro John A. Rogers e pelo cardiologista Igor Efimov, desenvolveram um dispositivo temporário e controlado pela luz para ser utilizado no tratamento de distúrbios cardíacos, minimizando riscos e invasividade. Estamos falando do menor marca-passo do mundo, com o superpoder poder de salvar vidas. Confira detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!

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Imagem de Universidade de Northwestern reproduzida de Metrópoles

A história por trás do menor marca-passo do mundo

Você sabia? Cerca de 1% dos bebês que nascem no mundo possui algum tipo de malformação cardíaca, e muitos deles necessitam de marca-passos temporários.

O projeto que levou ao desenvolvimento do menor marca-passo do mundo nasceu, então, da necessidade de criar soluções menos invasivas para crianças com distúrbios cardíacos. Como se pode imaginar, não se pode utilizar o mesmo tipo de dispositivo em adultos e crianças. Sabendo disso, em 2021, os cientistas já haviam desenvolvido um modelo com tamanho aproximado ao de uma moeda, que vinha trazendo bons resultados para a medicina. Infelizmente, ainda havia muita dificuldade da sua aplicação em recém-nascidos e crianças pequenas. Isso impulsionou o aprimoramento da tecnologia.

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Imagem de Universidade de Northwestern reproduzida de Metrópoles

Confira na imagem a seguir a evolução da tecnologia de marca-passo utilizado em cirurgias pediátricas:

Como funciona o marca-passo biodegradável

Agora o novo marca-passo disponível criado pela equipe norte-americana possui as seguintes dimensões: 1,8 mm de largura e 3,5 mm de comprimento – menor que um grão de arroz. Além disso, o equipamento não necessita de fios e baterias tradicionais. A comunicação se dá por radiofrequência. E a ativação é feita por um adesivo colado na pele que emite luz infravermelha, controlando o ritmo cardíaco automaticamente ao detectar quedas na frequência dos batimentos.

A melhor notícia é que o novo dispositivo pode ser implantado nos pacientes sem necessidade de cirurgia, sendo apenas por meio de uma simples injeção. Este é, sem dúvidas, um avanço significativo em relação aos métodos utilizados até agora.

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Imagem de Universidade de Northwestern reproduzida de Metrópoles

Detalhes técnicos

Que tal uma explicação mais detalhada? O pequeno marca-passo recém criado utiliza os fluidos corporais dos pacientes como eletrólitos para gerar pulsos elétricos que regulam o ritmo do coração.

Vale destacar que o dispositivo não depende de baterias ou antenas externas, sendo alimentado por uma célula galvânica que se ativa em contato com esses fluidos – aliás foi isso que permitiu a miniaturização drástica do design. E caso você não tenha entendido, todos os seus componentes são biocompatíveis e biodegradáveis. Isso significa que o conjunto deve ser, pouco a pouco, dissolvido no corpo. Após cumprir a sua função, não há necessidade de uma cirurgia para remoção, um procedimento que representa risco elevado, especialmente em crianças.

Lista de vantagens

  • Implantação minimamente invasiva (via injeção)
  • Sem necessidade de fios ou baterias externas
  • Ativado por luz infravermelha e célula galvânica
  • Biodegradável e biocompatível, dissolve-se no corpo naturalmente
  • Redução de riscos de infecção e complicações
  • Tamanho ultracompacto, ideal para recém-nascidos e crianças
  • Excelente para uso temporário, sem necessidade de cirurgia para remoção

Claro que a maior vantagem de todas é, de fato, a miniaturização do dispositivo. Lembrando que, em procedimentos cardíacos pediátricos, quanto menor o equipamento, menor o impacto no corpo da criança – incluindo riscos de infecção. Com a inovação tecnológica, pode-se obter um ganho maior em segurança e eficiência para pacientes que precisam de suporte temporário no pós-operatório ou enquanto aguardam marca-passo permanente.

Aplicações futuras além da cardiologia pediátrica

Embora tenha sido criado para tratar distúrbios cardíacos infantis, o marca-passo biodegradável pode ir muito além da cardiologia pediátrica. Seu design inovador e a ativação por luz infravermelha abrem caminho para:

  • Controle da dor
  • Regeneração de nervos
  • Tratamento de feridas
  • Sincronização de múltiplos estímulos cardíacos
  • Integração com válvulas cardíacas artificiais e outros implantes

A saber, a possibilidade de sincronizar vários dispositivos com precisão permite o desenvolvimento de terapias complexas e personalizadas, revolucionando o tratamento de diversas condições médicas.

Perspectivas para o futuro da medicina bioeletrônica

O trabalho desenvolvido pela equipe da Northwestern University representa um marco na chamada medicina bioeletrônica – área que une a engenharia, biologia e tecnologia para criar soluções médicas mais inteligentes, eficazes e personalizadas.

A expectativa é de que logo o projeto esteja finalizado e o dispositivo possa enfim ser produzido em escala e disponibilizado para hospitais e clínicas ao redor do mundo, sobretudo unidades de tratamento intensivo neonatal e centros especializados em cardiologia pediátrica. Antes disso, estão sendo realizados testes com camundongos, porcos e tecidos humanos de doadores falecidos, visando comprovar a eficácia da tecnologia. O próximo passo é apresentar o projeto para os devidos órgãos técnicos responsáveis pelas aprovações regulatórias e condução de ensaios clínicos em ambientes hospitalares reais.

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Living Heart: Projeto de simulação 3D de coração humano

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Fontes: Metrólpoles, CanalTech.

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Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

Se você pretende crescer profissionalmente, aprender Inglês continua sendo uma das habilidades mais valorizadas no mercado – especialmente em áreas como engenharia, tecnologia e negócios. Atualmente, a fluência no idioma é mais do que um diferencial: é um requisito para quem busca as melhores oportunidades.

Imagine-se em uma entrevista e o recrutador pergunta: “What is your plan for the next five years?”. Você está preparado para responder com confiança?

Muitos profissionais ainda perdem boas oportunidades por não dominarem outros idiomas. A boa notícia é que, com as ferramentas e recursos disponíveis hoje, é possível aprender e praticar o idioma de forma eficaz, sem sair de casa. Confira as dicas do Engenharia 360!

A importância do inglês na engenharia
Imagem meramente ilustrativa gerada por IA de Gemini

Por que a faculdade não é suficiente?

Embora algumas instituições de ensino superior ofereçam disciplinas de Inglês, a realidade é que a graduação muitas vezes não prepara o estudante com a profundidade necessária para a comunicação profissional eficaz. Focamos em conhecimentos técnicos específicos da nossa área, mas negligenciamos uma ferramenta linguística que abre portas para um universo de oportunidades. Aliás, inúmeras pessoas que perderam excelentes chances de carreira por não possuírem o nível de idiomas exigido em entrevistas e dinâmicas de grupo.

Sabe aquele antigo ditado acadêmico sobre a importância de sair da faculdade com outros idiomas além da sua língua materna? Ele continua extremamente relevante hoje em dia! Brincadeiras à parte, a verdade é que o aprendizado contínuo, incluindo o domínio do Inglês, é indispensável no mercado de trabalho atual.

Veja Também: Inglês é importante na engenharia?

Estratégias modernas para aprender Inglês em casa

1. Use aplicativos modernos e interativos

Os aplicativos evoluíram muito e hoje oferecem experiências personalizadas e eficazes para o aprendizado de idiomas. Confira alguns dos melhores:​

  • Duolingo: continua sendo uma opção popular, com lições gamificadas que tornam o aprendizado divertido.​
  • Papora: oferece aulas ao vivo ilimitadas com professores nativos, além de um curso de autoaprendizagem com mais de 100 lições disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana.
  • Busuu: permite interações com falantes nativos, oferecendo correções de pronúncia baseadas em inteligência artificial.
  • Outros apps: Cambly, Italki, Verbling, HelloTalk, Tandem (para praticar conversação com falantes nativos).
  • Ferramentas de IA para prática de pronúncia: ELSA Speak, SayHi.

2. Assista a séries com propósito

Assistir a séries é uma excelente maneira de melhorar a compreensão auditiva e expandir o vocabulário. Algumas recomendações para diferentes níveis:​

Iniciantes:

  • Friends: diálogos simples e situações do cotidiano.
  • The Good Place: vocabulário acessível e humor leve.

Intermediários:

  • Stranger Things: linguagem contemporânea e expressões idiomáticas.
  • Suits LA: spin-off da série Suits, com diálogos mais complexos.

Avançados:

  • The Crown: vocabulário mais formal e sotaques britânicos.​
  • Dexter: Resurrection: trama envolvente com linguagem técnica e coloquial.

Plataformas de streaming com ferramentas de aprendizado:

  • Netflix (com extensões como “Language Learning with Netflix & YouTube”), Amazon Prime Video.

3. Pratique com vídeos e podcasts

O YouTube e plataformas de streaming oferecem uma infinidade de conteúdos educativos. Canais como BBC Learning English e English Addict with Mr. Steve são ótimos para aprimorar a escuta e a pronúncia.

4. Interaja nas redes sociais

Siga perfis que compartilham dicas de ideiomas, participe de grupos de estudo e tente escrever postagens em Inglês. A prática constante ajuda a internalizar o idioma e a ganhar confiança.​

5. Crie seu próprio dicionário

Anote palavras e expressões novas que aprender, seja em um caderno físico ou em aplicativos como Anki ou Quizlet. Revisar regularmente esse vocabulário é fundamental para a memorização.

6. Brinque e exercite o idioma

Considere a interatividade e o vocabulário! Mesmo que você não seja um gamer ávido, acompanhar gameplays com comentários em Inglês no YouTube pode ser uma forma divertida de aprender vocabulário e expressões informais.

  • Jogos de aventura com Narrativa Forte: Life is Strange, Tell Me Why.
  • MMORPGs (jogos online massivos): Final Fantasy XIV, Guild Wars 2 (interagindo com outros jogadores).
  • Jogos de simulação e estratégia: Stardew Valley, Cities: Skylines (lendo descrições e interagindo com a comunidade).
  • Jogos de quebra-cabeça com elementos de história: Portal 2, The Witness.
A importância do inglês na engenharia
Imagem meramente ilustrativa gerada por IA de Gemini

Bônus | Dicas extras para aprender Inglês

Crie conteúdo e interaja em Inglês

A ideia de postar frases em outros idiomas nas redes sociais evoluiu. Você pode participar ativamente de discussões em Inglês, comentar em posts de seu interesse, e até mesmo criar pequenos vídeos ou posts sobre seus hobbies ou opiniões. Inclusive, a prática da escrita e da formulação de ideias em uma língua extrangeira, mesmo que inicialmente simples, contribui significativamente para a sua fluência.

Explore recursos interativos e personalizados

A leitura de livros com recursos visuais ainda é útil para iniciantes, mas agora temos aplicativos de leitura com dicionários integrados, narração em áudio e exercícios de compreensão. Além disso, plataformas de aprendizado de idiomas oferecem aulas virtuais ao vivo com professores nativos e exercícios personalizados com foco em suas necessidades e nível de proficiência. Soluções com IA também oferecem feedback instantâneo sobre sua pronúncia e gramática.

Incorpore o Inglês em suas atividades diárias digitais

Transforme seu ambiente digital em um espaço de aprendizado. Mude o idioma da interface do seu celular, computador e redes sociais para Inglês. Leia notícias e artigos online em outros idiomas sobre temas que você acompanha. Utilize aplicativos de anotações e listas de tarefas em Inglês. Essa imersão digital gradual ajuda a familiarizar-se com o idioma de forma natural e constante.


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Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

O dióxido de carbono, ou CO2, é considerado um dos maiores vilões do meio ambiente, responsável por grande parte do aquecimento global e tantos desequilíbrios ambientais. O mesmo sai dos escapamentos de carros, das chaminés das indústrias e até nas nossas respirações. E os cientistas querem mudar esse cenário, transformando um problema em oportunidade. Como? Convertendo esse gás, através de um processo chamado hidrogenação, em produtos químicos e combustíveis renováveis, como metanol e metano. Falamos mais sobre isso no artigo a seguir, do Engenharia 360!

Uso de catalisadores na produção de metanol

Antes de explicarmos a hidrogenação do dióxido de carbono, precisamos falar sobre metanol. Esse combustível, antes obtido apenas a partir de fontes fósseis, tornou-se viável produzir a partir do CO2. Isso foi ainda nos anos de 1940, com o catalisador CuZnAL (CZA), sinônimo de eficiência para a indústria, mas com diversas limitações, como a baixa seletividade. Sempre incomodou os cientistas o problema da agregação das partículas catalíticas que ocorre ao longo do tempo. Por isso, os pesquisadores passaram a trabalhar em uma solução ainda mais eficaz e durável.

Os novos catalisadores, mais promissores que os CZAs, são responsáveis por quebrar as ligações fortes do CO2 e permitir a formação de novas substâncias, como metanol com alta eficiência. Eles são compostos por cobre, óxido de zinco, óxido de manganês e um suporte especial chamado KIT-6; há também modelos à base de óxido de índio. Ademais, pode operar em temperatura relativamente baixa (180 ºC).

transformando CO2 em combustíveis sustentáveis
Imagem reproduzida de Zr Catalyst Co em Alibaba

Explicando o processo de hidrogenação do CO2

O processo de hidrogenação de CO2 é químico e envolve a combinação de dióxido de carbono com hidrogênio sob condições controladas para produção de compostos orgânicos, como o metanol, além de metano e outros hidrocarbonetos mais complexos. Aliás, nesse contexto, os catalisadores são responsáveis por acelerar as reações de modo eficiente e econômico.

O metanol resultante pode ser usado em uma ampla gama de aplicações, desde plásticos, solventes industriais e combustíveis líquidos. Já o metano, injetado em soluções para substituir gasolina e combustíveis de aviação e transporte marítimo – que são meios de transporte responsáveis por uma parcela significativa das emissões globais de gases de efeito estufa.

A saber, os chamados e-combustíveis, ou combustíveis sintéticos gerados a partir da hidrogenação do CO2, surgem como grandes alternativas aos combustíveis fósseis. Eles são especialmente relevantes em setores difíceis de eletrificar.

transformando CO2 em combustíveis sustentáveis
Imagem de fio de aço em Freepik

Perspectivas para um futuro sustentável

As notícias são ótimas no setor de pesquisa para o desenvolvimento de novos catalisadores para a produção de metanol a partir de CO2. Um exemplo é o consórcio internacional liderado por especialistas de instituições como a Universidade de São Paulo, University College London e Universidades da França, Itália e Estados Unidos, que estão analisando diferentes abordagens de hidrogenação. Segundo consta seu testemunho, o auxílio de Inteligência Artificial, computação quântica e outras tecnologias deve acelerar a descoberta de soluções mais duráveis e eficientes.

Neste momento, os cientistas estão focados em entender como capturar o CO2 de fontes industriais ou diretamente do ar e usá-lo como matéria-prima para a produção de diversos produtos e combustíveis – ou seja, criar soluções reais para um problema ambiental. No Brasil, quem lidera essa pesquisa junto da UPS é o Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) em parceria com a FAPESP e a Shell.

Os desafios incluem o uso exclusivo de energia renovável no processo, a redução do custo de novos catalisadores e a compreensão aprofundada das reações ao nível molecular, sítios ativos e mecanismos envolvidos.

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Fontes: CNN Brasil, Agência FAPESP.

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Em tempos de mudanças climáticas, milhões de pessoas sofrem com escassez de água. Agora imagine poder extrair água potável do próprio ar ao nosso redor, mesmo em regiões áridas ou até desérticas, onde as chuvas são fenômenos raros. Já ouvimos tanto essa promessa dos cientistas, mas parece que desta vez isso pode se tornar realidade através de uma nova proposta: a coleta de neblina. Essa tecnologia seria simples, eficiente e de baixo custo; uma alternativa viável e sustentável da engenharia para o combate à crise hídrica, levando esperança a centenas (ou até milhares) de comunidades ao redor do mundo.

transformação neblina em água potável
Imagem meramente ilustrativa gerada por IA de Freepik

Em que consiste a técnica de coleta de neblina

Já conversamos aqui, no Engenharia 360, sobre tecnologias para gerar água limpa e saudável a partir da umidade do ar. Acontece que a escala desse projeto é diferente, é maior, podendo beneficiar centenas ou até milhares de famílias. A coleta de neblina, ou “fog harvesting”, é uma técnica que consiste em capturar a umidade presente no ar através de grandes estruturas, como telas ou redes. Claro que essas redes ficam expostas ao vento e são feitas de materiais especiais, capturando as gotículas de água e favorecendo a condensação.

Basicamente funciona assim: as gotas escorregam pelas redes verticais até toneis de armazenamento. Ou seja, todo esse processo ocorre de modo natural, pela física, sem requerer eletricidade. Por isso mesmo, pode ser instalado em locais remotos, como regiões da Eritreia, Etiópia e Gana.

Benefícios da tecnologia de redes de coleta de neblina

Além de eficaz, a tecnologia é acessível. Um coletor de 40 metros quadrados pode custar cerca de US$ 1.500 (aproximadamente R$ 8.500 em 2025) e gerar até 200 litros de água por dia, dependendo das condições climáticas da região. A média de produção gira em torno de 2,5 litros de água por metro quadrado por dia. Com essa estimativa, um sistema de 17 mil metros quadrados (o equivalente a dois campos e meio de futebol) conseguiria suprir toda a demanda hídrica de uma comunidade de cerca de cem mil habitantes.

transformação neblina em água potável
Imagem meramente ilustrativa gerada por IA de Freepik

Exemplos de casos de aplicações globais

Marrocos

A maior instalação de coleta de neblina do mundo em funcionamento está localizada em Aït Baamrane, no sudoeste do Marrocos, uma região que sofre com escassez de chuva durante quase o ano todo. Porém, durante seis meses, uma neblina densa vinda do Oceano Atlântico paira sobre as suas montanhas. Os engenheiros resolveram aproveitar esse fenômeno natural. Eles instalaram uma rede de 1.700 metros quadrados para coleta de água. O resultado? Uma média de 35 mil litros captados por dia, suficientes para abastecer mais de mil pessoas, além de irrigar plantações locais.

Chile

Outro exemplo é uma instalação feita no deserto do Atacama, no norte do Chile. Por lá, chove menos de um milímetro por ano e o solo seco é um desafio para as comunidades mais isoladas. A principal fonte de água da região sempre foi as reservas subterrâneas profundas, formadas há mais de 10 mil anos. Mas seu reabastecimento é lento demais diante da urgente necessidade por água. Pensando nisso, os engenheiros instalaram coletores em Alto Hospicio, cidade com várias famílias em situação de vulnerabilidade. Agora conseguem-se 10 mil litros por metro quadrado em poucos dias, abastecendo casas e irrigando áreas agrícolas e verdes.

Potencial urbano da distribuição de água de neblina

O desenvolvimento da técnica de coleta de neblina envolveu o conhecimento de engenharia ambiental, civil e hidráulica, incluindo estudo de ventos e topografia. Seu potencial de adaptação para ambientes urbanos foi revelado em uma publicação da revista científica ‘Frontiers in Environmental Science’. Prédios, viadutos, parques e áreas verdes em zonas costeiras e montanhosas seriam os locais ideais para a instalação das redes de captação de umidade. O volume gerado poderia ser suficiente pelo menos para diminuir o uso de água potável para a irrigação de jardins urbanos e promover um ambiente mais saudável para a vida.

transformação neblina em água potável
Imagem meramente ilustrativa gerada por IA de Freepik

O problema é que, como é de se imaginar, precisaríamos contar com a disponibilidade de neblina – e de outras fontes de água, como cisternas, durante os meses mais secos. A logística de distribuição dessa água coletada precisa ser pensada com inteligência; pode-se usar tubulações, reservatórios estratégicos ou até transporte por caminhões, dependendo da geografia e da infraestrutura local. É essencial desenvolver materiais que aumentem a eficiência da condensação, resistentes às condições adversas. E, ademais, realizar a manutenção constante das redes para manter sua eficiência.

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Fontes: G1, DW.

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Os tubos de concreto desempenham um papel fundamental em obras de drenagem, coleta de esgoto, abastecimento de água, condução de efluentes industriais, etc. Ou seja, esses elementos – quase sempre invisíveis aos nossos olhos – são indispensáveis para o saneamento básico e a infraestrutura urbana em sociedades modernas. Agora, já parou para pensar em como esses gigantes da engenharia são fabricados? Continue a leitura desse artigo do Engenharia 360 e descubra todos os detalhes!

tubos de concreto
Imagem reproduzida de Construsinos

A importância dos tubos de concreto para a engenharia

Como bem sabemos, o concreto é um dos materiais mais explorados pela engenharia. Pode-se dizer que a popularidade cresceu demais ao longo de séculos por conta da sua eficiência e resistência, superando opções tradicionais, como a madeira. Logo os profissionais perceberam que construir com concreto levava a produções mais rápidas e seguras. Um exemplo prático são as obras de saneamento básico, se valendo de tubulações subterrâneas para o transporte de água potável, água pluvial, drenagem e esgoto.

Hoje, os tubos de concreto também são utilizados em obras de construção de fossas e poços. A saber, a utilização desses tubos evita a contaminação do solo e da água, garantindo a segurança do meio ambiente e a saúde pública. Sem isso, a água que consumimos seria contaminada durante o transporte, causando sérios problemas de saúde.

tubos de concreto
Imagem reproduzida de Dicas, Matérias e Muito material de Infra

Os tipos de tubos de concreto mais comuns na engenharia

Os engenheiros escolhem os tubos de concreto para seus projetos com base na finalidade para qual esses elementos são utilizados (natureza da obra e exigências técnicas envolvidas). A saber, os tubos podem ser classificados por diâmetro, estrutura (com ou sem armadura), reforço (em aço ou fibra) e também encaixe (junta elástica ou junta rígida). Especialmente falando dos diâmetros, podem variar entre 200 mm e 1.500 mm, conforme o que é estabelecido pela ABNT.

Entre as principais normas envolvidas estão:

  • NBR 8890/2018
  • NBR 15396/2006
  • NBR 15645/2009
  • NBR 16085/2012

De todo modo, é crucial sempre selecionar produtos de qualidade para garantir a eficácia das tubulações e galerias, evitando problemas como infiltrações, contaminações, obstruções e rompimentos. Também é fundamental adquirir tubos de empresas especializadas e com experiência comprovada, que investem constantemente em tecnologia, logística e sustentabilidade.

Como funciona a fabricação dos tubos de concreto

A fabricação dos tubos de concreto utilizados pela engenharia é um processo relativamente simples. Resumidamente, o segredo está no bom adensamento do concreto – processo pelo qual os elementos sólidos da massa se consolidam em torno de estruturas metálicas moldadas, unindo-se de forma homogênea, sem falhas ou bolhas de ar. Isso é o que garante a resistência e durabilidade dos tubos!

tubos de concreto
Imagem reproduzida de Britagem Vogelsanger
tubos de concreto
Imagem reproduzida de Guarani Tubos

Moldagem

Na fase um, o concreto é despejado em fôrmas metálicas e recebe vibradores eletromecânicos, ajudando a remover o ar incorporado, permitindo que os agregados (pedras e areia) se acomodem de modo ideal. Depois, roletes são utilizados para comprimir o concreto por meio de êmbolos giratórios, promovendo o adensamento da mistura. Então, com a vibrocompressão, a estrutura do tubo fica mais estável, compacta e durável – perfeita para obras exigentes, ou melhor, para situações onde a qualidade deve ser elevada.

Vale destacar que, durante o processo, utiliza-se a força centrífuga sobre as fôrmas giratórias, onde o concreto é distribuído de maneira uniforme pelas paredes do molde, o que garante não apenas um adensamento eficaz, mas um acabamento fino.

tubos de concreto
Imagem reproduzida de Mapa da Obra
tubos de concreto
Imagem reproduzida de Mapa da Obra

Cura

E depois da moldagem e adensamento, o que vem? Sim, a cura do concreto! Essa etapa é fundamental para que o material atinja sua resistência mecânica máxima; o tempo pode variar conforme o clima, o tipo de massa e o processo usado na moldagem. Só depois dessa etapa os tubos estão prontos para serem transportados até os canteiros de obras.

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Fontes: Construsinos, Grupo Concrenorte.

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A indústria da construção civil está em constante transformação, e agora passa por mais uma mudança significativa, graças ao lançamento de um novo modelo de betoneira, equipado com tambor de polímero de grande capacidade, substituindo os tradicionais tambores de aço. Estamos falando do modelo Infinity 400L, da empresa Menegotti, a maior fabricante de betoneiras do mundo, líder de mercado nas Américas. A tecnologia é considerada resistente, durável e econômica. Confira mais detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!

betoneira
Imagem reproduzida de Menegotti Construção Civil

O fim dos tambores de aço para betoneiras

Há décadas, a engenheira brasileira utiliza, nos canteiros de obras, betoneiras com tambores de aço – que são máquinas, aliás, muito bem elogiadas por sua robustez. O problema é que suas peças sofrem demais com corrosão e acúmulo de massa seca; é bem difícil realizar a limpeza e a manutenção costuma custar alto. Atento a isso, o setor apostou no avanço tecnológico para desenvolver uma solução que atendesse melhor a construção civil. Assim surgiu a betoneira Infinity 400L, com tambor de polímero, oferecendo superfície antiaderente de fácil higienização, além de uma vida útil mais longa e sem corrosão.  

Como já podemos imaginar, com a utilização desse polímero de alta resistência, os principais problemas que se tem com betoneiras, entre constantes reparos e substituições devido ao desgaste de material, começam a ser eliminados, como também se tem o desempenho operacional de máquina otimizado.

Por que o tambor de polímero é uma revolução

A substituição do aço por polímero em tambores de betoneira oferece uma série de benefícios; a perspectiva é de que isso impacte positivamente o trabalho nos canteiros de obras. Esses tambores costumam ser mais imunes à corrosão. O modelo Infinity 400L, por exemplo, foi projetado especialmente para não apresentar acúmulo de massa seca, dispensando o uso de martelos ou ferramentas pesadas para a remoção de resíduos. Não há necessidade de pinturas periódicas ou reparos estruturais frequentes. É menos descarte de peças e menos impacto ambiental!

Características técnicas da betoneira Infinity 400L

  • Tambor de polímero que aumenta a durabilidade e reduz o peso.
  • Sistema elétrico inteligente que detecta variações de corrente e tensão, protegendo contra danos elétricos.
  • Exibição de código de erro no painel de LED para rápida identificação e solução de problemas.
  • Chassi reforçado de 15 cm para maior estabilidade.
  • Motor elétrico bivolt que se ajusta automaticamente entre 127V e 220V.
  • Basculante robusto para facilitar e garantir segurança na operação.
betoneira
Imagem reproduzida de Menegotti Construção Civil
betoneira
Imagem reproduzida de Menegotti Construção Civil

Impactos dessa inovação na engenharia brasileira

A promessa da Menegotti é que sua tecnologia não apenas reduza os custos operacionais nas construções, mas também melhore a eficiência e a produtividade nos canteiros, com as equipes ganhando tempo para realizar tarefas rotineiras. Um ambiente de trabalho mais seguro e menos propenso a acidentes!

Perspectivas para o futuro da construção civil

A apresentação de novas tecnologias ao mercado brasileiro, como a betoneira Infinity 400L, coincide com um momento em que vários estados promovem iniciativas para impulsionar empreendimentos no setor da construção civil, gerando uma série de oportunidades de emprego – o que é muito bom para a economia. As empresas em território nacional vêm se mostrando bastante interessadas nesse tipo de solução – prática, acessível e realmente transformadora para a engenharia. Diante disso, o futuro aponta para um ambiente cada vez mais voltado à inovação.

Veja Também: Concreto do MIT transforma casas em baterias


Fontes: OPC News, Noticenter.

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A construção civil desempenha um papel fundamental em nossas vidas por várias razões essenciais. Porém, ao mesmo tempo, ela é considerada como um dos maiores vilões da natureza, por conta da grande quantidade de emissões de dióxido de carbono que libera na atmosfera. Nessa equação, o que mais pesa é a utilização do concreto nas obras de engenharia. Mas os cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, pensaram em uma solução para mudar o jogo, um cimento para massa cuja receita permite a absorção de CO2 – inclusive antes mesmo de o material ser empregado.

A natureza como inspiração dos cientistas

A história que compartilhamos neste artigo, do Engenharia 360, é mesmo muito inspiradora! Os pesquisadores norte-americanos se basearam na natureza dos oceanos para desenvolver um método que utiliza eletricidade e água do mar para criar novos materiais (sustentáveis) para uso na engenharia civil, especialmente capazes de capturar e armazenar carbono de forma rigorosa. E pode ter certeza, sendo isso possível, estamos diante de um novo jeito de construir as cidades!

Olha que interessante: a formação de conchas e recifes de coral é um processo natural que leva milhões de anos. O que os cientistas fizeram? Deram um jeito de acelerar as coisas, substituindo os mecanismos biológicos por reações químicas controladas via eletricidade; traduzindo, aplicando corrente elétrica aos íons presentes em água do mar enriquecida com CO2. Com isso, foi possível reproduzir a mineralização do carbono em tempo real – só que em laboratório, claro -, criando estruturas sólidas, como o carbonato de cálcio e hidróxido de magnésio, que justamente são idílicos aos encontrados nas conchas.

Esse tipo de mineral sintético tem capacidade de armazenar até metade do seu peso em CO2. A melhor parte é que não apenas retém o carbono permanentemente, mas pode ser moldado e adaptado a diversas aplicações na construção civil.

cimento
Imagem de Universidade Northwestern reproduzida de Click Petróleo e Gás

Processo de produção e criação do novo cimento

Para produzir o novo cimento proposto pelos cientistas da Universidade Northwestern, deve-se, primeiro, aplicar eletrólise da água do mar, dividindo a mesma em íons de hidrogênio e hidróxido. Na fase dois, o CO2 (que pode vir de fontes industriais) é injetado na solução, gerando uma química de íons de hidróxido e bicarbonato com cálcio e magnésio. O resultado? Os tais minerais sólidos, próprios para capturar e armazenar carbono de forma eficaz.

Vantagens e desvantagens

A saber, o maior desafio não é coletar esses minerais, mas controlar a sua textura e densidade para ajustar às condições experimentais que levam à criação de componentes para a construção civil. E ao contrário de outras soluções líquidas de captura de carbono, o novo material é sólido e estável, sem risco de vazamentos.

O lado positivo de todo esse esforço é que, além da perspectiva futura de captura de CO2, a produção desse novo material gera gás hidrogênio, uma energia limpa que pode ser usada em transporte e outras aplicações industriais. Segundo os cálculos dos pesquisadores, uma tonelada armazenaria mais de 500 kg de CO2, oferecendo uma solução sustentável para o armazenamento de carbono. Isso supera as tecnologias atuais, como a carbonatação, que captura apenas 5 a 10% das emissões.

As possíveis aplicações do novo cimento na construção civil

O material obtido nos experimentos dos pesquisadores norte-americanos é quimicamente semelhante ao calcário, uma matéria-prima amplamente usada na produção de cimento, argamassas, rebocos e até tintas. Ele chega então ao canteiro de obras com o carbono já capturado em sua estrutura – o oposto do cimento tradicional, que libera CO2 durante sua produção. A proposta dos cientistas é que esse novo composto substitua parte da “receita” da massa do concreto, principalmente os itens cuja extração afeta diversos ecossistemas, de quebra reduzindo a pressão sobre os recursos naturais.

Segundo o professor Alessandro Rotta Loria, que lidera o estudo, “em vez de minerar a Terra, podemos cultivar areia artificialmente usando apenas eletricidade e gás carbônico”.

A saber, o material desenvolvido deve servir como base para o cimento usado na produção de concreto e até em gesso e tintas.

Perspectivas para o futuro da construção civil

Com a urbanização cada vez mais acelerada e a necessidade de mais investimento em infraestrutura, o uso do concreto deve permanecer em primeiro lugar na engenharia civil. Infelizmente, o meio ambiente vai sofrer as consequências. Ou não, pois temos agora a promessa deste novo cimento; é a chance de tornar a engenharia menos negativa para o clima. Imagine um mundo onde os edifícios, estradas, pontes, etc., ajudam a limpar o ar ao invés de poluir. É o começo de uma nova era: de construção carbono-negativa!

Veja Também: Uso de gelo no concreto: benefícios e aplicações


Fontes: Click Petróleo e Gás, Techno Science.

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Engenharia 360

Redação 360

Nossa missão é mostrar a presença das engenharias em nossas vidas e a transformação que promovem, com precisão técnica e clareza.

O Acordo de Paris é um marco na luta contra as mudanças climáticas. Trata-se de um compromisso internacional, juridicamente vinculativo, que determina que os países devem reduzir drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), repensar seus modelos de desenvolvimento econômico e investir na adaptação às mudanças climáticas.

A saber, atualmente, 194 partes estão comprometidas com o Acordo, incluindo a União Europeia. No entanto, como veremos, nem todos estão no mesmo ritmo, e o desafio da implementação é tão complexo quanto necessário. Falamos mais sobre o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!

acordo de paris
Como os países estavam na época da assinatura do acordo. – Imagem reproduzida de Statista

Os 4 pilares do Acordo de Paris

1. Entrada em vigor e adesão global

Com adesão de quase todos os países do mundo, o tratado é uma das maiores mobilizações diplomáticas em torno de um objetivo ambiental comum.

Assinado em 2015 por 195 países durante a COP21 em Paris, o entrou em vigor em 2016 e busca limitar o aumento da temperatura global a menos de 2 °C em comparação com os níveis pré-industriais.

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Imagem reproduzida de the United Nations

2. Metas claras e ambiciosas

O foco principal é limitar o aquecimento global. Para isso, o acordo prevê:

  • Redução massiva das emissões de GEE;
  • Revisão dos compromissos nacionais a cada 5 anos;
  • Apoio financeiro e técnico aos países em desenvolvimento.

3. Ciclos de ação de cinco em cinco anos

A cada cinco anos, os países signatários devem apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são planos de ação climática com metas de redução de emissões e estratégias de adaptação aos efeitos do aquecimento.

4. Revisões e conferências anuais

As metas e os avanços são debatidos anualmente nas Conferências das Partes da ONU (COPs). Essas conferências permitem a atualização das estratégias globais e servem como palco para cobranças e incentivos entre os países.

O progresso no cumprimento das metas climáticas

Apesar dos avanços diplomáticos e de algumas ações pontuais, os resultados práticos ainda são insuficientes. Em 2024, pela primeira vez, o planeta ultrapassou a média de 1,5 °C de aquecimento global em relação à era pré-industrial.

Esse marco histórico levanta questionamentos profundos: estamos falhando nas metas climáticas? O Acordo de Paris é realmente eficaz?

Falta de compromisso e ausência de sanções

Um dos maiores obstáculos é o caráter voluntário do tratado. Cada país define suas metas, sem que haja penalidades formais pelo não cumprimento. Isso faz com que a eficácia dependa da vontade política e da pressão da sociedade civil. Além disso, decisões políticas impactam diretamente o cenário global. A saída dos Estados Unidos do Acordo, por exemplo, foi um golpe nas negociações, afetando tanto a credibilidade quanto o financiamento climático.

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Saída dos EUA do Acordo de Paris. – Imagem reproduzida de Statista

Estamos no caminho certo?

Quando o Acordo foi assinado, as projeções apontavam para um aumento de até 3,6 °C na temperatura global até o fim do século. Hoje, com todas as políticas implementadas e promessas feitas, esse número caiu para cerca de 2 °C – ou até 1,9 °C, em cenários mais otimistas.

Isso mostra progresso, sim, mas insuficiente. Estamos longe de alcançar a velocidade e a intensidade exigidas pela emergência climática.

Chegamos ao ponto em que não basta assinar tratados: é preciso transformar a teoria em prática. A sociedade, os governos e os profissionais técnicos devem caminhar juntos. A sobrevivência do planeta pode depender disso.

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Situação climática atual. – Imagem de Climate Action Tracker reproduzida de Mar Sem Fim
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Situação climática atual. – Imagem de Climate Action Tracker reproduzida de Mar Sem Fim

O papel crucial da engenharia nas metas climáticas

A transição para uma economia de baixo carbono depende diretamente da inovação tecnológica, da aplicação de soluções sustentáveis e da reestruturação da infraestrutura global – todas áreas que envolvem engenheiros e engenheiras.

Engenharia Ambiental

A Engenharia Ambiental é uma das protagonistas quando falamos em adaptação às mudanças climáticas. Seus profissionais atuam diretamente na gestão de resíduos sólidos, tratamento de efluentes, preservação dos recursos hídricos, planejamento urbano sustentável.

Engenharia de Energia e Elétrica

O setor energético é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa. A Engenharia de Energia e a Engenharia Elétrica têm papel crucial na transição para fontes renováveis, como solar, eólica e hidrogênio verde. Essas fontes precisam de sistemas eficientes de geração, armazenamento e distribuição — desafios para os quais a Engenharia oferece soluções concretas.

Engenharia Civil

A construção civil é uma das indústrias que mais consome recursos naturais e emite CO₂. Com a adoção de práticas sustentáveis, como construção a seco, uso de materiais recicláveis e certificações como LEED, a Engenharia Civil pode reduzir significativamente sua pegada de carbono. Além disso, ela é fundamental no desenvolvimento de infraestruturas resilientes às mudanças climáticas, como drenagens urbanas inteligentes e edificações adaptadas a extremos climáticos.

A situação do Brasil frente ao Acordo de Paris

O Brasil, com sua matriz energética relativamente limpa e imenso potencial em energias renováveis, tem papel estratégico no Acordo de Paris. No entanto, eventos recentes, como o aumento do desmatamento e os impactos das enchentes no Sul do país, colocam em xeque nossa atuação prática. O agronegócio, altamente dependente de estabilidade climática, já começa a sentir os efeitos das alterações no regime de chuvas, evidenciando os impactos econômicos das mudanças climáticas.

A expectativa é que a COP30, que será sediada em Belém do Pará, traga protagonismo ao Brasil e pressione por ações concretas – especialmente na Amazônia.

As perspectivas para o futuro da engenharia

Engenheiros e engenheiras têm papel fundamental como educadores e agentes de mudança. Ao projetar, construir e operar com consciência ambiental, esses profissionais mostram que desenvolvimento e sustentabilidade podem andar juntos. Além disso, a participação em eventos, ONGs, fóruns de debates e conselhos regionais pode ampliar a influência da Engenharia sobre as políticas públicas e privadas.

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Meta geral do planeta para 2025. – Princípios do Investimento Responsável – Imagem reproduzida de EcoDebate

A violação do limite de 1,5 °C não significa que tudo está perdido. Pelo contrário: é um alerta vermelho. A próxima década será decisiva, e o Acordo de Paris ainda pode ser a bússola para uma rota de sobrevivência planetária.

Mas para isso, será necessário:

  • Engajamento total dos países;
  • Financiamento robusto para os mais pobres;
  • Pressão popular por ações efetivas;
  • E um protagonismo técnico e ético da Engenharia na construção desse futuro.

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Fontes: O Globo, CNN, National Geographic.

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Estados Unidos e China estão em um super embate econômico neste ano de 2025, com cada país adotando novas estratégias para tornar sua indústria mais lucrativa – sempre com apoio da tecnologia, claro. Recentemente, o governo norte-americano afirmou que deseja reativar uma antiga mina de antimônio. Mas por quê? Neste artigo do Engenharia 360, vamos explorar as possíveis aplicações desse elemento no setor de engenharia. Confira!

O que é antimônio

No passado, o antimônio era utilizado por povos como egípcios e hindus na produção de maquiagem e experimentos de alquimia. Hoje, mesmo sendo um material raro, assume um papel essencial em diversas indústrias de alta tecnologia, a exemplo da produção de semicondutores, baterias automotivas e retardantes de chamas.

Principais propriedades do antimônio:

  • Classificação ‘metal’ na Tabela Periódica
  • Símbolo Sb
  • Número atômico 51
  • Ponto de fusão 630,63 °C
  • Densidade 6,68 g/cm³ (20 °C)
  • Configuração eletrônica [Ar] 5s² 4d¹⁰ 5p³

Vale destacar que, inicialmente, os cientistas haviam classificado como semimetal, por conta da sua forma escamosa e quebradiça, além da cor prateada.

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Fragmento de antimônio – Imagem reproduzida de Wikipédia – httpspt.wikipedia.orgwikiAntim%C3%B4nio#mediaFicheiroAntimony-4.jpg

Os principais usos do antimônio na engenharia

Por tudo que já foi dito neste texto, você pode imaginar que o antimônio possua propriedades químicas bem peculiares; e é verdade! Ele é um pouco reativo ao oxigênio à temperatura ambiente; contudo, muito inflamável quando aquecido. A produção do elemento envolve a extração de minerais da natureza, como estibina (Sb2S3), reduzida como sucata de ferro para obtenção do metal puro. Aliás, olha que interessante, a China é dominante nesse mercado, produzindo mais de 60 mil toneladas de antimônio anualmente.

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Fragmento de estibina – Imagem de Ivar Leidus em Wikipédia – https://pt.wikipedia.org/wiki/Estibina#/media/Ficheiro:Stibnite_-_Herja_mine,_Maramures,_Romania.jpg

Para que tanto antimônio? Bem, esse material é bastante versátil e com diversas aplicações na engenharia. Para começar, as ligas com chumbo são perfeitas para a fabricação de baterias resistentes à corrosão voltadas aos veículos. Também dá para explorar o material na criação de dispositivos eletrônicos avançados, com componentes (até de plástico e tecido) resistentes ao fogo – algo vital para a segurança industrial e doméstica.

Na forma pura ou como óxido, o antimônio é usado em semicondutores, e na melhora da eficiência de dispositivos como detectores infravermelhos e diodos. E para completar, esse metal contribui para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, como baterias líquidas para armazenamento de energia renovável e células solares mais eficientes.

A importância estratégia do antimônio na geopolítica

Para frear a super-potente economia chinesa, os Estados Unidos tomaram o caminho da taxação. Em resposta, a China não apenas taxou de volta como baniu as exportações de metal. Esse movimento forçou os americanos a acelerar projetos como da reabertura da mina de Stibnite, fechada desde 1996, visando garantir sua independência estratégica – até porque o antimônio é considerado um mineral crítico para a segurança nacional dos Estados Unidos devido às suas aplicações militares, como fabricação de munições, sensores e explosivos, além de tecnologias emergentes para o setor de defesa.

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Antiga mina de Stibnite – Imagem de Autor desconhecido em Wikipédia – https://en.wikipedia.org/wiki/Stibnite_Mining_District#/media/File:Stibnite_Historic_District_in_1942.jpg

Hoje, por conta da reação chinesa, há um aumento considerável nos preços de antimônio, chegando a US$ 40.000 ano, segundo as projeções para 2025. A promessa é de que a mina de Stibnite atenda cerca de 35% da demanda nacional quando entrar em operação em 2028 – o problema é esse, só daqui a três anos. O projeto deve receber financiamento significativo do Pentágono e do Banco de Exportação-Importação.

Ambientalistas têm manifestado nas redes sociais suas preocupações. Isso porque a reativação da antiga mina de Stibnite pode representar um risco para a contaminação dos rios locais, considerando que a região sofreu danos durante operações anteriores. O antimônio é tóxico e carcinogênico se inalado ou ingerido. Mas a empresa responsável pelo projeto promete mitigar esses impactos com iniciativas de remoção de resíduos e restauração dos cursos d’água.

Veja Também: Cientistas mais próximos de completar a tabela periódica


Fontes: Terra, UOL.

Imagem de capa: httpspt.wikipedia.orgwikiAntim%C3%B4nio#mediaFicheiroAntimony-4.jpg

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A criatividade dos engenheiros e arquitetos não tem limites, ou tem? Muitos historiadores garantem que as construções modernas só cresceram em altura na medida que os projetos de elevadores foram sendo aprimorados. E agora estamos prestes a ver uma nova revolução no setor com a utilização de máquinas como o elevador MULTI. O sistema é inovador, dispensando cabos e permitindo o trânsito horizontal e vertical. Isso poderia impulsionar um design de edificações ainda mais ousado, de arranha-céus tão altos quanto longos e em formas únicas.

elevador multi
Imagem divulgação via Pplware

A evolução dos elevadores na engenharia

A evolução dos elevadores ao longo dos séculos tem sido gradual, desde o primeiro elevador criado em Roma no século I a.C.

Os elevadores modernos para edifícios surgiram no século XIX. O Engenharia 360 gostaria de destacar o sistema inventado pelo norte-americano Elisha Otis – sim, daquela marca que tanto conhecemos aqui, no Brasil -, datado do ano de 1852, que impedia que os elevadores despencassem caso um cabo se rompesse.

O primeiro elevador de passageiros com segurança foi instalado cinco anos depois, em uma unidade comercial da loja Haughwout & Co. Finalmente, graças à Werner von Siemens, os modelos elétricos substituíram os movidos a vapor, permitindo viagens mais rápidas. Depois disso, a engenharia começou a explorar os projetos de arranha-céus.

Agora, na contemporaneidade – mais precisamente em 2017 -, presenciamos a inauguração do MULTI, o primeiro elevador do mundo que dispensa cabos e se movimenta tanto na vertical quanto na horizontal. Ele foi desenvolvido pela antiga marca Thyssenkrupp, (referência em inovações tecnológicas), sendo o segmento hoje da TK Elevator, com foco em transformar completamente a mobilidade dentro dos edifícios.

Antony Wood, diretor-executivo do Conselho sobre Edifícios Altos e Habitat Urbano (CTBUH), destacou em uma entrevista que o MULTI é “talvez o maior desenvolvimento na indústria de elevadores desde a invenção do elevador há (quase duzentos) anos.”

Veja Também: A Engenharia dos Elevadores Mais Rápidos do Mundo

Como funciona o elevador MULTI

O elevador MULTI não é nada tradicional! Ao invés de um sistema de cabos por trilhos guiados, sua tecnologia é baseada no princípio da levitação magnética (maglev), muito utilizado em projetos de trens de alta velocidade em países como Japão e China. As cabines se movem suavemente e podem girar 90 graus, permitindo o trânsito em quatro direções – para cima, para baixo, para um lado e para o outro. Aliás, várias unidades podem ser operadas simultaneamente dentro de um loop contínuo. É realmente impressionante! Isso reduz demais o tempo de espera e amplia a capacidade de transporte.

https://www.youtube.com/watch?v=plXJ70jt4NE

A melhor parte nessa história é como essa tecnologia de elevador abre novas possibilidades para a engenharia e arquitetura de grandes construções, permitindo que os edifícios sejam projetados de maneira mais eficiente e flexível como nunca. Podemos esperar novas configurações espaciais, mais funcionais e integradas. Por exemplo, conexão de diferentes torres em um complexo ou cabines que façam paradas em múltiplos pontos de um mesmo andar – algo inimaginável com os elevadores atuais.

Quais são as vantagens do MULTI?

As inovações do MULTI vão muito além de sua capacidade de locomoção. Ele traz benefícios expressivos tanto em eficiência quanto em economia de espaço e energia:

  • Capacidade de transporte até 50% maior que os elevadores tradicionais.
  • Economia de energia de até 60%, graças ao uso da levitação magnética.
  • Redução de 25% no espaço ocupado dentro das edificações.
  • Velocidade de deslocamento de até 18 metros por segundo.
  • Sistema de freios redundantes em vários níveis, garantindo total segurança aos passageiros.
  • Gerenciamento de energia e dados sem fio em cada cabine, tornando-o um sistema inteligente e integrado.

Vale complementar que o sistema de segurança do elevador MULTI utiliza freios de vários níveis redundantes, que asseguram paradas seguras das cabines em caso de emergência.

elevador multi
Imagem divulgação via Gazeta do Povo

Primeiras aplicações da tecnologia na Alemanha

O primeiro elevador MULTI instalado pela Thyssenkrupp foi em Rottweil, em um edifício de 246 metros de altura, contendo 12 poços de teste – sendo três destes dedicados exclusivamente para o novo sistema de transporte. Esse modelo, assim como descreve a fabricante, viaja a 18 metros por segundo – por isso, é considerado como um dos sistemas de elevadores mais rápidos do mundo. Isso atraiu a atenção da empresa OVG Real Estate, que firmou o primeiro contrato comercial para instalação do MULTI em um empreendimento no East Side Tower, em Berlim.

elevador multi
Imagem divulgação via Renato Cruz

Veja Também: Conheça os principais tipos de elevadores para edifícios


Fontes: Pplware, TecMundo, Gazeta do Povo.

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