Brasil e Argentina sempre foram importantes parceiros econômicos; esses países fazem parte do bloco econômico Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e, por isso, sempre trabalharam em cooperação. Considerando o aumento de consumo de gás natural em nosso país, foi considerada a importação de combustível desse vizinho a partir do polo de extração na região de Vaca Muerta, na Patagônia. O problema é que o método que seria utilizado, o fracking, está envolto em muitas controvérsias.
Ambientalistas têm se posicionado contra essa importação, alertando sobre os possíveis danos que isso pode causar ao meio ambiente. Mas será que a prática do fracking representa todo esse risco mesmo? Vamos entender melhor no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Entendendo o que é fracking
Fracking (ou fraturamento hidráulico) é um método utilizado na extração de gás e petróleo de formações geológicas profundas, como as de xisto ou folhelho. Ele consiste em perfurar longos poços (cerca de 3 mil metros) e injetar uma mistura de água, areia e produtos químicos sob alta pressão. Isso provoca uma reação dentro das camadas rochosas que resulta na liberação do gás ou petróleo (hidrocarbonetos), que flui até a superfície.
Muita gente dirá que essa alternativa é vantajosa, devido à alta produção de energia e, consequentemente, geração de empregos na indústria. Além disso, corre por aí uma teoria que sugere que o dióxido de carbono poderia substituir naturalmente o metano nas rochas, ajudando na redução das emissões de gás. Mas será que tudo são flores mesmo? Que não existe nenhum risco ao meio ambiente?
Os riscos ambientais do fracking
Nos últimos meses, mais de cem ambientalistas, liderados por entidades como o Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), enviaram um ofício ao Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil expressando sua oposição ao financiamento da importação de gás da Argentina. O documento alerta para os impactos ambientais graves que a extração de gás via fracking pode causar, especialmente em relação aos povos indígenas que habitam a região.
De fato, muitos cientistas consideram a abordagem de engenharia do fracking bastante inadequada. Um dos riscos é a contaminação da água, já que, durante o processo de fraturamento, milhões de litros são desviados de seu curso natural e misturados a substâncias químicas, sendo injetados nas rochas. Essa água pode voltar aos aquíferos e outros corpos, com o consumo impróprio e prejudicial à fauna e flora. Estudos mostram que mais de 90% dos fluidos resultantes permanecem no subsolo, mesmo quando tomado todos os cuidados no processo.
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Aliás, essa polêmica também é debatida nos Estados Unidos. Por lá, governo de direita e esquerda divergem sobre os benefícios e riscos (inclusive para a agricultura) do fracking. Alguns parlamentares já levaram à corte dados sobre o aumento das emissões de gases de efeito estufa, como metano, relacionados à tal prática de extração. Outro problema é a poluição do ar com benzeno e tolueno.
A proposta feita pelo Brasil à Argentina
Segundo o governo brasileiro, a importação de gás da Argentina seria financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). E por que de Vaca Muerta? Bem, é que essa é uma das maiores fontes de gás de xisto do mundo. Por lá, a técnica de fracking, na verdade, já é utilizada, apesar dos ambientalistas locais também serem contra. Acontece que um pedido nosso poderia agravar ainda mais os impactos na região, prejudicando muitas comunidades.
O Brasil, por outro lado, tem defendido que essa importação poderia ser a solução para aumentar a oferta de energia no país, especialmente diante da crescente demanda. Mas vários especialistas questionam a viabilidade e sustentabilidade do modelo. Afinal, o estrago na natureza seria um preço muito alto a se pagar no fim das contas! O Engenharia 360 questiona se a pressão da sociedade civil e organizações ambientais fará alguma diferença dessa vez. O que você acha?
Alternativa ao fracking
Não podemos negar que o Brasil tem um problema nas mãos; pesa na balança de um lado o crescimento econômico e de outro a devastação do meio ambiente. O caso é que em nenhum lugar do mundo, seja aqui, na Argentina ou nos Estados Unidos, o fracking deveria ser considerado uma solução a longo prazo para questões energéticas. No melhor cenário, deveríamos apostar mais em fontes renováveis, como solar, eólica e até biomassa, com menor impacto à natureza. Esse seria o caminho correto e seguro!
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Essa transição exige um esforço conjunto entre governos, empresas e sociedade civil, para garantir que a segurança ambiental e os direitos humanos sejam sempre respeitados.
Veja Também: O que é petróleo de xisto?
Fontes: Poder 360, G1, CNN Brasil.
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Eduardo Mikail
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