Engenharia 360

O Lado Real da Engenharia: 11 Erros que Confirmam a Humanidade dos Engenheiros

Engenharia 360
por Luciana Reis
| 30/07/2015 | Atualizado em 23/07/2023 7 min

O Lado Real da Engenharia: 11 Erros que Confirmam a Humanidade dos Engenheiros

por Luciana Reis | 30/07/2015 | Atualizado em 23/07/2023
Engenharia 360

Planejamento e estudos detalhados fazem parte do trabalho de um engenheiro. Mas engana-se quem pensa que mesmo assim erros de engenharia não acontecem. E muitos deles são fatais. De pontos turísticos visitados por milhares de turistas a obras grandiosas, confira 11 exemplos que provam que os engenheiros também erram.

Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

1. Um dos erros mais famossos da história

A Torre de Pisa, localizada na Itália, é um dos pontos turísticos mais conhecidos e inusitados do mundo. A inclinação da torre chama a atenção, resultado de um erro de engenharia. Tudo começou com a construção sobre uma base instável de lama, argila e areia. Ao longo da etapa a estrutura começou a afundar, e as tentativas de corrigir os erros não adiantaram.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

A obra foi concluída em 1350, e passou por obras de restauração em 1838. Nessa época, um lençol freático foi perfurado, e a base da torre sofreu uma inundação. Os sucessivos problemas na estrutura tornam evidente que é necessária a constante atenção com a construção. Em 1990, a Torre de Pisa foi fechada como medida para estabilizar a inclinação. A reabertura ao público aconteceu em 2001.
 

Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

2. A ponte que se move

A ponte pênsil, localizada em Washington no estreito de Tacoma, teve as obras iniciadas em 1938, e os engenheiros perceberam na época que a estrutura oscilava transversalmente devido às correntes de vento. Tentativas para corrigir o problema foram buscadas, sem resultado efetivo. Em 1940, a ponte foi aberta à passagem dos motoristas, muitos deles atraídos pela peculiaridade da construção.

As oscilações que, de início, eram quase uma atração turística, foram a origem da queda da ponte pênsil, em 1940, depois de uma oscilação de aproximadamente 10 horas, após ventos fortes na região. Desde então, foram aprimorados os estudos sobre a Aerodiâmica de Estruturas. Dez anos depois, uma nova ponte foi construída sobre os restos da ponte original.

Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

3. O design duvidoso do Stata Center

Um edifício que divide opiniões. Por um lado, muitos elogios são atribuídos ao edifício do MIT Stata Center, em Massachusetts, com seus ângulos inusitados. Por outra visão, as goteiras, rachaduras e partes da estrutura do prédio, como o uso de vidros no lugar de paredes internas, já levaram a muitas críticas.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

A obra foi concluída em 2004. Três anos depois o MIT entrou com um processo contra o arquiteto responsável pelo projeto, Frank Gehrr, por considerar que existem falhas no projeto. A construtora do edifício, a Skanska USA Building Inc., também está sendo processada, mas atribui a responsabilidade pelos problemas unicamente ao design da obra. Entenda o porquê na imagem do Stata Center:
 

Engenheiros | Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

4. O acidente histórico do ônibus espacial

Foram apenas 73 segundos que bastaram para o ônibus espacial Challenger explodir, em 1986. O acidente aconteceu durante a decolagem, levando à desintegração da nave. Sete tripulantes faleceram. A origem do acidente, encoberta pela NASA tempos antes, seria uma falha em folhas de borracha de vedação do combustível sólido que falharam em pleno ar.

De acordo com o relatório do acidente, anos antes já havia conhecimento dos motivos que levariam a um mau funcionamento das placas de borracha que funcionariam como um lacre de vedação, uma vez que, ao terem sido expostas a temperaturas negativas, sofreram uma deformação, que ocasionaram a tragédia, mas nenhuma medida efetiva foi tomada, pois não foram avaliados os perigos reais. Não houve acusação de culpados, e a tragédia originou estudos e discussões na área da engenharia de segurança.
 

Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

5. O erro mais fatal da China

Um projeto grandioso na China, construído na década de 50, é outro exemplo de como um projeto com deficiências no planejamento pode levar a uma tragédia. A Barragem de Banqiao é uma entre mais de 60 barragens construídas com o objetivo de produzir energia e controlar inundações.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

Mas já havia o alerta de que a construção de diversos reservatórios poderia levantar o lençol freático e causar uma tragédia. Além disso, o número de comportas da barragem deveria ser maior, devido à dimensão da obra. Em 1975, com a passagem do Tufão Nina, a barragem construída, e as demais, menores, não aguentaram a grande quantidade e a força das águas. Cidades também foram destruídas, e mais de cem mil pessoas morreram.

Banqiao Dam flood (1975)

6. O acidente do melaço

Em meados do século XX, o adoçante mais utilizado nos EUA era o melaço. Em uma das empresas que fabricavam o produto, a Purity Distilling Company, não foram solicitados os trabalhos de engenheiros habilitados e um tanque, responsável pela produção de 2 milhões de litros de melaço, explodiu.

Uma onda de melaço inundou as ruas e a força do colapso foi tão grande que edifícios próximos tiveram a estrutura afetada, dezenas de pessoas morreram e várias ficaram feridas. A elevação anormal de temperatura e a negligência com o tanque foram os motivos para a explosão. Mesmo anos depois, a explosão ainda era lembrada pelos moradores locais.

74289622218104914

Veja Também: Conheça as falhas mais comuns em um processo produtivo (e como elas podem ser uma oportunidade de melhoria)

7. A festa que terminou em tragédia

O hotel Hyatt Regency Crown Center foi aberto ao público no início da década de 80, no Missouri, EUA. Foi durante uma competição de dança que reunia centenas de pessoas que um grande acidente aconteceu.

Três passarelas suspensas cruzadas formavam o átrio central do hotel, e era dali que as pessoas acompanhavam a festa. Duas destas passarelas desabaram, causando a morte de 114 pessoas. Falhas na estrutura, na escolha do material usado na construção foram alguns dos erros encontrados. Os engenheiros tiveram suas licenças cassadas, e o proprietário do hotel pagou mais de U$140 milhões de indenização às vítimas.

Image-A-Hyatt-Regency-Walkway-Collapse-1981-1

8. O furacão mais devastador

Um dos erros de engenharia que também ocasionou sérios problemas a uma cidade aconteceu já no século XXI. Com a passagem do furacão Katrina, em 2005, a região de Nova Orleans, nos EUA, foi atingida por muita chuva e ventos fortes. A cidade, que está abaixo do nível do mar, é protegida do rio Mississipi e do Lago Pontchartrain por diques.

Com o grande volume de água e altas ondas gerados pelo furacão, o lago rompeu parte dos diques, o que levou a uma inundação de Nova Orleans, principalmente no Bairro Francês. Posteriormente, foi atestado que os diques haviam sido construídos de forma inadequada, e que o projeto de engenharia não havia considerado a baixa qualidade do solo na região.

Engenheiros |  Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

9. O pior desastre ambiental

Também no século XXI, uma falha mecânica e erro humano ocasionaram uma explosão da plataforma de petróleo submersível Deepwater Horizon, da Transocean, e que na época era operada pela BP Exploration. A explosão aconteceu em 2010, no Golfo do México, enquanto era feita a perfuração de um depósito profundo de petróleo e gás.
Este foi considerado um dos piores desastres ambientais, em que 180 milhões de galões de petróleo foram lançados ao mar, levando à formação de uma grande mancha negra de óleo, e sendo a causa da morte de milhares de animais, afetando o equilíbrio ambiental. Dos trabalhadores, 11 morreram em decorrência da explosão.

Engenheiros |  Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Veja Também: 20 falhas bizarras da construção civil

10. A maior explosão da histórica

Halifax, em Nova Escócia, no Canadá, enfrentou um acidente histórico em que o erro humano ficou bem evidente. Em 1917, em meio à Primeira Guerra Mundial, a região portuária de Halifax era próspera. Na manhã do dia 6 de dezembro, o navio francês Mont-Blanc e o belga Imo, tentaram passar ao mesmo tempo por um canal. A recusa de recuo dos dois navios e, já tarde demais, a tentativa do capitão do navio Imo em voltar para trás, levaram à colisão das duas embarcações.

A explosão consequente foi tão forte que a bola de fogo que se formou foi considerada, anos depois, ao “cogumelo” formado na explosão da bomba atômica em Hiroshima. Um tsunami foi gerado depois da explosão, navios foram arrastados, a cidade devastada e milhares de pessoas morreram. Em cidades a quase 200 km de distância foi possível ouvir a explosão.

Captura de Tela 2015-07-30 às 14.28.21
 

11. O grande acidente nuclear

E também ficou na história a explosão da Central Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, ocorrida em 1986. O acidente ocorreu depois de defeitos em um dos reatores. O projeto não estava bem estruturado, e os trabalhadores não haviam sido treinados suficientemente. Os materiais radioativos espalharam-se pela atmosfera, atingindo habitantes não apenas da região, mas até de países vizinhos.

Na época, a tentativa do Governo Soviético de encobrir o acidente resultou em um tempo maior de exposição das pessoas à radiação, agravando os efeitos nocivos. Chernobyl foi considerado um dos maiores acidentes nucleares da história.
 

Imagem: Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Com estes erros e acidentes históricos, percebemos o quanto é necessário ter atenção aos detalhes de um projeto de engenharia, e é uma lição para o futuro.

Veja Também: Poka Yoke - como prevenir falhas humanas em um processo de fabricação


Imagens: Shutterstock.

Fontes: Brasil Escola, Portal da Educação, Arq!Bacana, Motherboard, Blog Extremes, Blog Zona de Risco, Mega Curioso, Revista Época, RTP Informação, Info Escola.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

Comentários

Engenharia 360

Luciana Reis

Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, com experiência como jornalista freelancer na produção de conteúdo para revistas e blogs.

LEIA O PRÓXIMO ARTIGO

Continue lendo