Certamente você já ouviu falar na Torre Eiffel de Paris. Saiba que ela não é apenas um símbolo turístico, mas um ícone de Engenharia. Esta construção foi erguida em 1888 para a Exposição Mundial e tinha como propósito, segundo seus projetistas, ser o monumento às novas ideias, mudanças sociais, crescimento econômico e poder. Parece que deu certo!
Nós que amamos as engenharias devemos olhar com admiração para esta obra. Sabe por quê? Pois ela demonstra como é possível se chegar longe quando pequenos componentes se encaixam certo e assumem bem a sua função em nível de design - que hoje atingimos mais facilmente com simulações em 3D.
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Pense bem no domínio de conhecimento das cargas que esses engenheiros já tinham naquela época, entendendo que quanto maior o controle das forças ativas, maior a expansão que pode ser obtida. Mas mais do que suportar forças, essa estrutura emite força (sabia disso?), que é a força da inspiração e criatividade que ela extrai de quem a observa. E esse plano que começou sem grandes pretensões, resultou em um estímulo às massas de pessoas que nem mesmo chegaram a ter influência no processo de concepção, mas que deveriam.
E tal massa que guia hoje a indústria? É para ela que projetamos mercadorias e erguemos edifícios! Justamente a produção em massa, para as massas, é que requereu no passado a construção de pavilhões de exposições. Continue lendo este artigo do Engenharia 360 para saber mais!
Novas construções impulsionadas pelas necessidades e possibilidades
A virada do século XIX para o século XX foi de grande efervescência; novas ideias surgiram em meio a debates calorosos. Também surgiu, com os movimentos de vanguardas, mais possibilidades de construção. É difícil dizer o que veio primeiro, à procura ou a oferta. Fato é que quando passamos a produzir máquinas e fabricar itens a uma velocidade mais rápida, isso permitiu a engenharia Inovar e apresentar essas inovações em grandes feiras para convencer as pessoas de que o moderno era melhor mesmo sendo industrial e não manual com menos ornamentos e ‘forma pela função’.
A engenharia de estruturas contribuiu bastante neste momento, desenvolvendo ou aprimorando técnicas e materiais para construção de grandes vãos de telhados com muito mais articulações espaciais em total consonância com os novos tempos. Era preciso expandir a escola da construção civil !
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Os primeiros palácios dedicados ao consumidor
A virada do século XIX para o século XX foi marcada pelas grandes exposições. Por conta disso, foram construídas edificações para tal funcionalidade como o Palácio de Cristal em Londres - que infelizmente já não existe mais -, o Grand Palais e o Petit Palai em Paris - que, aliás, brilharam nos Jogos Olímpicos de 2024. Estes vastos salões de aço e vidro foram os primeiros grandes espaços dedicados a receber a sociedade de consumo.
Foi nesta época que a engenharia introduziu o aço como material de construção, o que tornou possível erguer em pouco tempo estruturas com enormes vãos. Além disso, paineis de vidro podiam agora ser inseridos nas molduras de aço do telhado, e a transparência resultante, dando a esses espaços uma atmosfera arejada e leve.
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Exposition_Universal,_1900,_Paris,_France.jpg
Ficheiro:The_little_Palace,_Exposition_Universal,_1900,_Paris,_France.jpg
Perceba que essas obras pareciam grandes redomas fechadas. Isso para proteger as pessoas e itens expostos às variações climáticas. Especialistas dizem que tais projetos foram inspirados em estufas como as de Kew Gardens de Londres. Por certo, por terem essa volumetria, grandes vãos e estruturas de aço, transmitem mesmo a ideia de que não se trata de uma construção convencional.
media/Ficheiro:Kew_Gardens_Palm_House,_London_-_July_2009.jpg
A pergunta que fica é: essas estruturas eram mesmo convencionais? Talvez não, porque embora o vasto telhado de vidro fornecesse uma excelente iluminação para grandes espaços, algumas colunas, por conta das cargas, limitavam o uso dos interiores. Fora que hoje, com as mudanças climáticas, essa transparência demasiada impacta a regulagem da temperatura e o conforto ambiental
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As estruturas metálicas no Brasil
As estruturas metálicas foram bastante exploradas no Brasil na virada do século XIX para o século XX. Aliás, segundo historiadores isso chegou a ser um tipo de arquitetura oficial, principalmente em grandes edifícios públicos, a exemplo do Mercado de Carnes de Belém. Essas obras eram de muito bom gosto, de extrema beleza plástica, com uma engenharia digna de elogios até os dias de hoje.
A expansão da escala de consumo para lojas de departamento
Com o passar das décadas, as grandes salas de exposição de aço e vidro começaram a inspirar a criação de outros modelos arquitetônicos, como as amplas lojas de departamento.
Diferente dos bazares, mercados e ruas cobertas, onde vendedores individuais se reuniam sob o mesmo teto para vender, as lojas de departamento com administração centralizada atraiu um público mais variado. A diferença é que eram mais acessíveis aos compradores, com todos os pavimentos visíveis a partir de um vão central - e com telhado de vidro -, assim como os palácios de exposições. É o mesmo efeito espacial! Um exemplo que podemos citar é a Galeries Lafayette.
Fichier:Galeries_Lafayette_(51723271767).jpg
O que podemos dizer na conclusão deste texto é que, da Torre Eiffel às galerias de comércio, o objetivo sempre foi acolher as pessoas, cativá-las, encantá-las para consumir. O quê? Um roteiro de turismo ou produtos da moda? Não, um ideal de futuro, de possibilidades para as mudanças - estas que vão guiar a engenharia. Então, prepare-se para o futuro, pois, assim como o passado, promete ser fascinante!
Veja Também: Gameleira: O projeto de Oscar Niemeyer que desabou
Fonte: Livro Lições de Arquitetura (Herman Hertzberger, 2ª ed. - São Paulo: Martins Fontes, 1999).
Das exposições universais às lojas de departamento, descubra como as estruturas metálicas mudaram a arquiteturaImagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.