Ter o próprio negócio e conquistar independência profissional é um desejo comum entre engenheiros. Muitos sonham em abrir uma construtora, um escritório de projetos ou atuar como consultores independentes. Mas, afinal, como abrir uma empresa na engenharia? Quais são os custos e os processos necessários?
Mesmo em períodos de crise, empreender pode ser uma alternativa viável. De acordo com o IBGE, no primeiro trimestre de 2020, o Brasil registrou 12,9 milhões de desempregados, com uma taxa de desemprego de 11,9%. Esses números mostram a importância de buscar alternativas e investir no próprio negócio. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!
| Imagem reproduzida de IBGE
Quanto custa abrir uma empresa no Brasil?
Segundo o relatório global Doing Business 2017, o custo médio para abrir uma empresa no Brasil é de R$ 1.518,16, o que equivale a 5,2% do PIB per capita. Esse valor inclui:
- Taxas da Junta Comercial (variam por estado)
- Registro na Receita Federal, Prefeitura, INSS e Caixa Econômica Federal
- Emissão do CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica)
- Certificado Digital para emissão de Nota Fiscal Eletrônica (NFe)
O valor final pode variar de acordo com a atividade exercida, porte da empresa e tipo de sociedade escolhida.
Passos essenciais para abrir sua empresa
1. Desenvolva um Plano de Negócio
O planejamento é algo essencial para lhe guiar até o sucesso da sua empresa. Através de um planejamento você consegue desenvolver ideias, buscar pontos comerciais de acordo com o objetivo da sua empresa e conhecer todos os custos que terá que desembolsar.
Para esse planejamento e para prever riscos futuros é necessário o desenvolvimento de um Plano de Negócios. Esse documento tem como objetivo descrever detalhadamente o objetivo da sua empresa, os meios para atingir esse objetivos, além dos riscos e incertezas.
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Aliás, vale dizer que, por meio do Plano de Negócios, você terá um visão completa sobre o ramo da sua empresa, clientes, stakeholders e seus pontos fortes e fracos. Abaixo segue uma ilustração de alguns dos benefícios de desenvolver o Plano de Negócios.
2. Estudo de Viabilidade
Em paralelo ao seu plano de negócios, você precisará desenvolver um Estudo de Viabilidade. Através desse estudo você irá analisar a viabilidade da demanda, a viabilidade econômica e a viabilidade técnica, com o objetivo de saber se a abertura da sua empresa é viável e lhe trará bons resultados.
Responda a estas perguntas para orientá-lo:
- Qual problema o seu negócio resolve?
- Quem são seus clientes e o perfil deles?
- Como seu produto gera valor para o cliente?
- Como seu produto funciona?
- Como você ganha dinheiro com ele?
Para responde-las, basta analisar o Plano de Negócios que você desenvolveu, que é onde está toda a essência da sua empresa e do seu produto. Para ter um estudo de viabilidade completo, você precisará descobrir a sua demanda de clientes, fazendo pesquisas digitais ou no "boca a boca".
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Também precisará descobrir a viabilidade econômica, ou seja, sua empresa precisa suprir a demanda que você encontrou e se manter rentável. É importante que você conheça seus concorrentes, além da qualidade e valores que eles oferecem pelo mesmo produto/serviço que você irá oferecer.
Qaundo estiver produzindo o estudo de viabilidade, será necessário que você analise as formas com que irá entregar seu produto/serviço, a qualidade e capacidade da sua equipe e se elá dará conta de suprir a demanda de cliente que você encontrou. Dessa forma, você poderá montar um escopo de projeto, que definirá todas as etapas de produção e venda do seu produto/serviço até chegar nas mãos dos clientes.
3. Cadastro e registro da empresa
A primeira etapa para cadastro/abertura da sua empresá será o estudo de viabilidade de localização, de acordo com o local escolhido para abrir a empreendimento, realizado pela prefeitura. Em seguida, é necessário elaborar um contrato social. Neste momento vale contar com o acompanhamento de um advogado registrado na Ordem de Advogados do Brasil (OAB) para vistar o contrato, com exceção para Micro Empresa e Empresa de pequeno porte.
Com o contrato social em mãos e as cópias autenticadas dos documentos pessoais, você deverá ir até a Junta Comercial, onde será emitido o NIRE (Inscrição no Registro de Empresas). Nesse momento é feita a busca de viabilidade do nome da empresa, para ver se ele já está em uso.
O próximo passo é obter o CNPJ junto à Receita Federal. Esse pode ser feito pela internet ou presencialmente na Junta Comercial. Com o NIRE e o CNPJ em mãos, é necessário a regularização da empresa junto ao Corpo de Bombeiros.
O Corpo de Bombeiros analisará o projeto da empresa, que deve atender às medidas de segurança contra incêndio e pânico, além de realizar uma vistoria no estabelecimento, e em seguida emitirá Alvará do Corpo de Bombeiros.
Finalmente, com mais esse documento em mãos, você precisará ir até prefeitura para obter o Alvará de Funcionamento e depois precisará inscrever a sua empresa no cadastro de contribuintes da Secretaria da Fazenda, no ICMS se a atividade for comercial ou industrial, ou ISS municipal caso seja prestação de serviços.
A saber, algumas empresas ainda necessitam da regularização junto a Vigilância Sanitária e da obtenção do Licenciamento Ambiental.
Tipos de empresas e regimes tributários
Existem diferentes modelos jurídicos para abrir uma empresa. Veja qual se encaixa melhor no seu caso:
- MEI (Microempreendedor Individual): O limite de faturamento permanece em R$ 81.000 por ano, com a possibilidade de um aumento para R$ 130.000 sendo discutido no Congresso, embora ainda não tenha sido aprovado. O MEI paga um imposto fixo mensal que inclui tributos como INSS, ICMS e ISS.
- EI (Empresário Individual): Esta categoria não permite sócios e possui uma tributação diferenciada, sem exigência de capital social mínimo. O empresário individual pode ter um faturamento ilimitado.
- SLU (Sociedade Limitada Unipessoal): A EIRELI foi extinta e substituída pela SLU, que não exige capital social mínimo, facilitando o acesso ao empreendedorismo. A SLU permite a constituição de uma empresa individual com proteção patrimonial, sem a necessidade de sócios.
- Ltda. (Sociedade Limitada): Exige pelo menos dois sócios e oferece separação entre patrimônio pessoal e empresarial. Não há limite específico para o faturamento anual nesta categoria.
- S.A. (Sociedade Anônima): Permite a captação de investimentos, mas apresenta altos custos operacionais e complexidade na gestão.
*Dados 2024-2025.
Regimes tributários disponíveis:
- Simples Nacional: As alíquotas variam de 4% a 22,90%, dependendo da atividade e do faturamento, sendo ideal para micro e pequenas empresas com receita bruta anual de até R$ 4,8 milhões. Este regime foi criado para simplificar a tributação e possui características que favorecem negócios com margens de lucro médias e altas, além de custos operacionais baixos.
- Lucro Presumido: Neste regime, a base de cálculo dos tributos é uma margem de lucro pré-fixada pela legislação, que varia conforme a atividade da empresa. Para o comércio, a margem é geralmente de 8%, enquanto para serviços é de 32%. É indicado para empresas que faturam até R$ 78 milhões por ano e que possuem lucros superiores às margens presumidas.
- Lucro Real: Este regime é obrigatório para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões ou que atuam em setores específicos, como instituições financeiras. O cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é baseado no lucro líquido real da empresa, com alíquotas de 15% para o IRPJ e 9% para a CSLL. É indicado para empresas com altos custos operacionais e que precisam de um controle financeiro detalhado.
*Dados de 2024-2025.
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Fonte: IBGE , FIRJAN, SEBRAE , LEXIO, Conta Azul, Envolve, Doing Business.
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Luana Espindola Ribeiro Aguiar
Engenheira Civil; formada pela Universidade La Salle; trabalha como coordenadora de planejamento e controle de custos, com foco em gestão corporativa, construção civil e engenharia de custos.