Engenharia 360

Segurança alimentar e saúde: ONU aponta 5 formas de tornar cidades mais saudáveis e sustentáveis

Engenharia 360
por Kamila Jessie
| 21/02/2020 5 min

Segurança alimentar e saúde: ONU aponta 5 formas de tornar cidades mais saudáveis e sustentáveis

por Kamila Jessie | 21/02/2020
Engenharia 360

As cidades já são responsáveis ​​por 70% das emissões
globais de dióxido de carbono e consomem dois terços da energia do mundo.
Embora a rápida urbanização tenha sido o catalisador de soluções inovadoras em
muitas áreas, incluindo moradia, transporte e infraestrutura geral, uma questão
há questões frequentemente esquecidas: segurança alimentar e uma vida saudável.
Aqui a gente explora uma lista divulgada pela ONU sobre como lidar com esses fatores
diretamente relacionados com o poder transformador das cidades.

Infelizmente, a vida corrida (ou engarrafada) na cidade muitas vezes gera más escolhas alimentares. As áreas urbanas também são uma importante fonte de desperdício de alimentos, por mais duro que seja encarar esse cenário. E para piorar, a expansão urbana também está acontecendo em detrimento dos recursos naturais e espaços verdes, aumentando a vulnerabilidade das comunidades urbanas aos efeitos das mudanças climáticas, com a potencialização de eventos, por exemplo, chuvosos, causando estragos por aí.

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Cidade com área verde integrada.
Cidade com área verde integrada. Imgem: Shuttersnap via Unsplash.

O papel da engenharia está diretamente relacionado à ideia
de projetar cidades, por mais genérico que esse trabalho pareça. Isso envolve
planejamento, alocação de recursos, sistemas de transporte e logística,
drenagem urbana, sistemas de esgotamento sanitário e abastecimento de água, e a
construção de prédios residenciais ou comerciais, com devido fornecimento de
energia. Em meio a cabos e concreto, a gente pode acabar esquecendo do cliente
principal, que somos nós mesmos, sujeitos a todo o poder transformador da
vivência nas cidades, conforme mencionamos aqui.

No papel de engenheiras e engenheiros, cabe a nós também ter
uma consciência que estimule o desenvolvimento de (ou a cobrança por) cidades
saudáveis ​​e sustentáveis ​​para nós e para as gerações futuras. Nesse
cenário, inclusive, devemos reavaliar o funcionamento dos nossos centros. A Organização
das Nações Unidas, ONU, apoia os formuladores de políticas para que incorporem
sistemas alimentares no planejamento das cidades e isso está diretamente ligado
à nós engenheiras e engenheiros.

Aqui estão cinco maneiras pelas quais podemos tornar as
cidades mais saudáveis ​​e mais sustentáveis:

1. Promover a agricultura urbana

Quando você pensa em agricultura, a maioria das pessoas associa isso a áreas rurais. Mas você sabia que mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo praticam agricultura urbana? Esse tipo de produção poderia ser uma abordagem diferenciada para agtechs, startups orientadas no setor da agricultura, que voltassem sua atenção para a produção dentro das cidades.

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Em que isso ajuda no meio ambiente? Bem, além de preservar
as terras agrícolas nas áreas urbanas, podemos reduzir as cadeias de suprimentos
e a quantidade de dióxido de carbono emitida ao transportar alimentos das áreas
rurais para as urbanas.

agricultura urbana pode melhorar a segurança alimentar nas cidades
Agricultura urbana. Imagem: agritecture.com

2. Incentivar dietas saudáveis

Estilos de vida e padrões alimentares são fortemente
influenciados pelos tipos de alimentos disponíveis e sua acessibilidade. Nas
cidades onde existe uma grande variedade de opções de fast food e conveniência, os alimentos disponíveis costumam ser
densos em energia e altamente processados. Esta é uma tendência crescente, que
a gente sabe que faz mal, mas acaba se permitindo.

Nos países de renda média baixa, o consumo de alimentos processados ​​com pouco valor nutricional aumentou 5,45% ao ano entre 1998 e 2012. Os governos nacionais e as administrações municipais dos países em desenvolvimento enfrentam o problema de ter que lidar com a desnutrição, mas também com os efeitos na saúde da obesidade que está aumentando a um ritmo alarmante. Alô, engenharia de alimentos, temos um problema aqui.

3. Reduzir e gerenciar o desperdício de alimentos

As pessoas nas áreas urbanas consomem até 70% do suprimento
global de alimentos, mas grande parte é descartada. Prevê-se que o desperdício
urbano de alimentos no varejo e no consumidor tenha aumentado em 35% entre 2007
e 2025. São estimativas da ONU, viu?

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Embora as causas do desperdício de alimentos variem de uma
região do mundo para outra, geralmente um planejamento inadequado de alimentos,
embalagens inadequadas, armazenamento inadequado e todas as práticas culturais
estão contribuindo para o problema. Novamente, isso é serviço para a gente aqui
da engenharia solucionar.

Além disso, o desperdício de alimentos que não é tratado
está enchendo os aterros. Eu ouvi Civil e Ambiental? Pois é: esse cenário não é
apenas um desperdício de alimentos, mas também um de energia, dinheiro e
recursos naturais, como área agricultável e água, usados ​​para produzir e
processar os alimentos. Além dos custos vinculados ao manejo dessa comida
desperdiçada, que se torna um resíduo que, se não for tratado e disposto de
forma correta, pode se tornar um passivo ambiental.

biotecnologia na produção de alimentos engenharia 360
Imagem ilustrativa de biotecnologia na produção de alimentos. Imagem: explorebiotech.com

4. Aumentar os espaços verdes para ambientes mais saudáveis
​​e estilos de vida melhorados

 À medida que as áreas urbanas continuam a se expandir, os espaços verdes estão desaparecendo. Mais do que apenas pelo apelo estético, árvores e áreas verdes são essenciais para melhorar a qualidade do ar, mitigar as temperaturas urbanas, incentivar a atividade física e melhorar a saúde geral. É possível projetar, por exemplo, edifícios comerciais pensados em melhorar a qualidade de vida ou aumentar a quantidade de áreas verdes na cidade pensando em técnicas de drenagem com controle na fonte.

A poluição do ar, o aumento da temperatura local e o estilo de vida sedentário podem aumentar a probabilidade de doenças cardiovasculares e respiratórias, obesidade e alimentar a propagação de novos patógenos. A gente já até viu alguns sistemas de filtração de ar urbanos, mas será que é necessário chegar nesse ponto na hora de planejar parques e outros equipamentos urbanos? Novamente, associar práticas de plantio indoor, hortas comunitárias, dentre outras iniciativas similares podem influenciar tanto a segurança alimentar quanto a qualidade de vida em geral.

5. Reconectar cidades com áreas rurais circundantes

Nada funciona isoladamente, e isso não seria diferente para
as áreas urbanas. As cidades dependem fortemente das áreas rurais vizinhas para
fornecimento de alimentos, força de trabalho, abastecimento de água e
disposição de resíduos, muitas vezes.

Planejar devidamente a cidade considerando região
metropolitana e arredores rurais é extremamente válido para uma abordagem
inclusiva. Temos ferramentas suficientes para trazer soluções inovadoras de
conexão e logística que permitam o planejamento de centros urbanos integrados e
o campo contemplado.

Segurança alimentar e saúde: ONU aponta 5 formas de tornar cidades mais saudáveis e sustentáveis
Vila de casas em uma colina em área rural. Fonte: Alexdotcom via Unsplash.

Fonte: FAO.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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