Quando o período de chuva chega, temos coisas para agradecer e coisas para lamentar. Como bem sabemos, as precipitações são necessárias para que se complete o ciclo da natureza. Porém, aqui no Brasil, as cidades estão pouco preparadas para um volume maior de chuva; assim, é comum vermos ruas e bairros inteiros alagados. Agora, quando é que a situação chega ao nível de chamarmos de ‘enchente’ ou ‘inundação’? Você sabe?
Embora esses termos sejam frequentemente usados nos noticiários, saiba que eles têm significados diferentes. Cada um se refere a um fenômeno específico causado pelas chuvas e pelo comportamento dos sistemas de drenagem, com potencial de causar danos materiais e também colocar em risco a vida e a saúde pública. Saiba mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Impactos dos eventos de chuva nas cidades
Infelizmente, em casos extremos, alagamentos, enchentes e inundações podem resultar em situações dramáticas. A começar por danos a casas, veículos e infraestruturas, que podem levar ao deslocamento forçado de comunidades inteiras (evacuação devido a riscos iminentes). A água contaminada pode provocar surtos de doenças; perdas de vidas não podem ser descartadas. E o custo de tudo isso, incluindo indenizações, saem dos cofres públicos - ou seja, do bolso de cada um de nós.
Diferença entre alagamento, enchente e inundação
Como dissemos no começo deste texto, para entender melhor como lidar com esses fenômenos causados pelas precipitações, é crucial conhecer suas definições:
Alagamento
Alagamento é o evento menos prejudicial dos três que veremos neste texto. Trata-se daquele acúmulo de água que vemos nas esquinas das ruas ou de outras áreas mais baixas das cidades. Geralmente esse é o tipo de problema causado pela falta ou por falhas (incluindo obstrução) no sistema de drenagem. Simplesmente a canalização não consegue dar conta da quantidade de chuva. Mas como o fato é isolado, atinge menos pessoas e só causa alguns transtornos no dia a dia.
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Vale destacar aqui que se não substituíssemos tanto os paralelepípedos das suas por asfalto e não jogássemos tanto lixo nos bueiros e córregos, as cidades brasileiras não alagavam desse jeito. Pense nisso!
Enchente
Enchente acontece quando um rio atinge sua cota máxima por conta das chuvas, mas se mantém dentro do seu leito natural, sem ultrapassá-lo. Claro que é possível que essa água alague áreas próximas, especialmente aquelas que foram ocupadas de forma irregular. É grave? Sim, mas não tanto quanto as inundações - você entenderá mais adiante neste texto.
Veja Também: Enchentes no Brasil: Soluções em Engenharia para Cidades Mais Seguras
Inundação
Para finalizar, o evento mais avassalador resultante das chuvas é a inundação, que ocorre quando chove tanto num lugar que o curso d’água mais próximo começa a colocar água para fora; isso vale para valões e diques. Esse transbordo causa danos significativos às propriedades, infraestrutura e até mesmo pode resultar em perdas humanas. Mais uma vez, podemos dizer que, se as nossas cidades fossem bem planejadas, isso não ocorreria.
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A saber, um dos fatores agravantes das inundações é a urbanização desordenada, que ocupa áreas de várzea ou margens de rios, e o desmatamento, que reduz a capacidade de absorção da água pelo solo.
Ainda não entendeu a diferença de alagamento, enchente e inundação? Então, confira o documento didático a seguir, elaborado pela prefeitura de Canoas, no Rio Grande do Sul, uma das cidades que mais sofreram com as enchentes e inundações de 2024.
Principais causas das inundações
Neste ponto do artigo, você pode estar se perguntando se só uma urbanização desordenada é causa dos alagamentos e inundações. Claro que não! Acontece que a expansão urbana sem planejamento não ajuda na situação, pois provoca um aumento de solo impermeável (por conta das ruas pavimentadas e construções que impedem que a água da chuva seja devidamente absorvida pelo solo). Cidades com infraestrutura precária, inclusive de drenagem, não conseguem lidar bem com chuvas intensas.
Agora, temos que considerar também o aumento da temperatura global, porque isso tem contribuído para padrões climáticos extremos - como mais chuva caindo em períodos curtos. E para completar, o desmate ou remoção de vegetação nativa na beira dos rios, que aumenta situações de erosão do solo e diminui a capacidade natural de absorção da água.
Prevenção de alagamentos, enchentes e inundações
Tem coisas que não podemos mais evitar, como as mudanças climáticas. Mas a engenharia tem conhecimento, sim, para prever e mitigar problemas causados pelos eventos climáticos. Confira algumas medidas preventivas:
- Modelos de infraestrutura de drenagem, com bueiros adequados e reservatórios para retenção de água.
- Técnicas para limpeza de sistemas de drenagem obstruídos.
- Máquinas para coleta, trituração e reciclagem de detritos que ameaçavam a hidráulica das cidades.
- Pavimentos permeáveis para facilitar a infiltração da água no solo e reduzir o escoamento superficial.
- Planos urbanos que respeitam zonas de drenagem, evitando construções em áreas de risco.
- Técnicas de preservação de áreas verdes para absorção de água da chuva e reflorestamento de margens de rios.
- Sistemas de monitoramento hidrológico e climático, com alerta precoce de chuvas intensas e transbordamentos.
- Projetos para diques e barragens em regiões próximas a rios como medida protetiva.
Bônus | Dicas de segurança
Além das ações de prevenção, é importante saber como agir quando um desses fenômenos ocorrer. A seguir, algumas dicas de segurança:
- Em caso de alagamento: Evite transitar por áreas alagadas. Não tente atravessar ruas com grandes volumes de água, pois pode haver risco de correntezas e afogamento.
- Em caso de enchente: Fique atento às previsões meteorológicas e aos alertas de autoridades. Caso haja risco de transbordamento, desocupe a área de risco e procure um local mais seguro.
- Em caso de inundação: Se você mora em uma área propensa a inundações, tenha sempre um plano de evacuação e kits de emergência prontos.
Fontes: Aquarela Desentupidora, Guia do Estudante, CanalTech.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Eduardo Mikail
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