Mesmo que você não more em São Paulo, provavelmente ouviu falar da crise de abastecimento de água pela qual a cidade está passando, certo? Eis que nosso bem mais precioso está se esgotando e muita gente ainda não sabe como usar da melhor forma. E sim, ela pode acabar - no sentido de não haver o recurso natural disponível e próprio para o consumo humano.
1. O volume morto pode até matar
O Sistema Cantareira é o conjunto de represas responsável pelo abastecimento de 8,1 milhões de pessoas
Nos fundos dos reservatórios, abaixo das comportas que recolhem a água, há uma reserva de 400 bilhões de litros conhecida como “volume morto”.
Essa água nunca fora utilizada para o abastecimento da cidade. Mas este ano as coisas mudaram: por conta da seca vivida pelo estado, o reservatório atingiu 8,4% de sua capacidade, uma baixa histórica.
Isso fez com que a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo)tivesse que acessar essa reserva.
Foram instaladas bombas para retirar essa água da represa e agora a cidade terá o abastecimento garantido até novembro – pelo menos, é o que diz o governo.
O problema com a solução encontrada pela Sabesp, contudo, é a qualidade do volume morto.
Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial para o Meio Ambiente (Gaema) do Ministério Público de São Paulo, o risco dessa água para a saúde pública é alto, já que ela pode estar contaminada por metais pesados, como chumbo e cádmio.
A contaminação pode causar problemas renais e de tireoide, além de diarreias e doenças degenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
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Além disso, o tal volume morto não é tão morto assim. No fundo dos reservatórios há seres vivos que ajudam a manter a qualidade da água.
2. Filtro de barro é bem eficiente para purificar água
As pesquisas compiladas no livro “The Drinking Water Book” (“O Livro da Água Potável”, em livre tradução), de Colin Ingram, mostram que o filtro de barro – aquele que sua avó provavelmente usa ou já usou – é o mais eficiente do mundo.
Ele é bom na retenção de cloro, pesticidas, ferro e alumínio, além de também não deixar passar 95% de chumbo e 99% de Criptosporidiose, parasita que causa diarreias e dor de barriga.
O trunfo do filtro de barro é o sistema de filtragem por gravidade: a água passa devagar pela vela e pinga em um reservatório. Isso garante que os microrganismos e os sedimentos filtrados não se misturem com a água limpa. Mas lembre-se: nenhum filtro vai limpar a água completamente se ela estiver contaminada.
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3. Água mineral que vem em embalagem de vidro é melhor
As garrafas plásticas contêm uma substância chamada xeno estrógeno. Essa substância, presente nos derivados de petróleo, tem o mesmo formato do estrógeno e, por isso, se encaixa nos receptores desse hormônio em nosso corpo.
O excesso do xeno estrógeno pode engordar e até causar celulite, segundo o médico Lair Ribeiro.
“Se a pessoa só toma água engarrafada em garrafas de plástico, pode estar consumindo o equivalente a cinco pílulas anticoncepcionais por dia”, alerta. WOW! Mulheres, atenção!
Já as garrafas de vidro não apresentam esse mesmo problema e conservam a água pura.
4. Água pode ser remédio
É muito raro conferirmos o rótulo da garrafinha de água mineral antes de pegar qualquer uma, no supermercado. Mas cada água difere e tem propriedades diferentes, conforme os minerais presentes em sua nascente. Segundo o site da Associação Brasileira da Indústria das Águas Minerais (Abinam), os sais minerais presentes nas águas minerais podem contribuir com a saúde do organismo.
Água com flúor é boa para a prevenção de cáries; com sódio, beneficia músculos e nervos.
O magnésio previne hipertensão, enquanto o cromo regula as taxas de açúcar no sangue.
Cobre absorve o ferro na forma de hemoglobina, o manganês auxilia o sistema reprodutivo.
O zinco, o imunológico, e o cálcio previne a osteoporose. Já os bicarbonatos e o sulfato fazem bem para o estômago e para a digestão.
5. E também pode ser veneno
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 80% dos casos de doenças em todo o mundo vem do consumo de água contaminada.
A água pode trazer mais de 25 tipos diferentes de doenças, como cólera, diarreias agudas e esquistossomose.
Entre as crianças, a água mata mais do que qualquer forma de violência, inclusive as guerras.
Daí a importância do acesso a uma água de boa qualidade, livre de contaminações.
6. Água pode te deixar velho mais rápido
Tomar água com pH (potencial de hidrogênio) menor que 7,4 pode acelerar o processo de envelhecimento. Quem defende essa ideia é o cardiologista e nutrólogo brasileiro Lair Ribeiro.
Ele explica que o pH do nosso sangue é aproximadamente 7,4. Quando você consome alguma coisa de pH diferente disso, o corpo tem que trabalhar para equilibrar esse líquido.
“Para alcalinizar o sangue, o corpo tem que acidificar algum lugar – o coração, o cérebro ou algum outro tecido”, ele diz. E explica: “Os bebês são básicos. Conforme vamos envelhecendo, nos tornamos mais ácidos”.
A conclusão é que, tomando uma água de pH menor que o do sangue, você acelera seu processo de envelhecimento. Para quem já esqueceu a aula de química, vale lembrar: pH igual a 7 é neutro.
Abaixo disso (1, 2, 3, 5 etc) é considerado ácido. Já pH acima de 7 (7,5, 8, 9 etc) é básico ou alcalino.
No Brasil, somente algumas águas engarrafadas têm pH superior a 7,5, e a da torneira gira em torno desse número. Então, não custa conferir o rótulo antes de comprar, né?
7. A água que você toma é a mesma que os dinossauros bebiam
A quantidade de água no mundo permanece praticamente a mesma há muitos milhares de anos.
O motivo para isso é aquela velha (e põe velha nisso!) história do ciclo da água: a água evapora de lagos, rios, mares e também na transpiração de seres vivos.
Esse vapor forma as nuvens que, quando ficam sobrecarregadas, descarregam em forma de chuvas.
A água, então, volta para a superfície terrestre e vai abastecer novamente mares, rios, lagos e também lençóis subterrâneos.
Em Minas Gerais, há aquíferos (bolsões de água subterrâneos) que já existiam nos tempos dos dinossauros.
8. O Brasil gasta muito mais água do que deveria
Para calcular o total de água potável gasta por um país, leva-se em conta todos os recursos hídricos usados na sua produção de bens e serviços.
Além de tudo o que você compra, veste ou come, a conta inclui o líquido gasto em produtos exportados.
Quando a gente pega essa enorme quantidade e divide pelo número de habitantes do país, o resultado é surpreendente.
Segundo a organização Water Footprint, o gasto médio de água de um brasileiro (a partir do cálculo da pegada hídrica nacional) é de 2.027 m³ por ano.
São mais de 2 milhões de litros. Isso é 46,3% mais do que a média mundial, que é de 1385 m³ per capita por ano.
De toda esse recurso gasto no Brasil, a organização estima que 9,2% vá para fora do país na forma de líquido virtual.
Veja Também: Faça a sua parte! Veja como economizar água dentro de casa
Fontes: Exame.
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Eduardo Mikail
Engenheiro Civil e empresário. Fundador da Mikail Engenharia, e do portal Engenharia360.com, um dos pioneiros e o maior site de engenharia independente no Brasil. É formado também em Administração com especialização em Marketing pela ESPM. Acredita que o conhecimento é a maior riqueza do ser humano.