Nas primeiras semanas de março de 2024, vários estados brasileiros sofreram com as altas temperaturas. A exemplo do Rio de Janeiro, que teve o final de semana mais quente da sua história, entre os dias 16 e 17 deste mês. A sensação térmica registrada em ilhas de calor da cidade foi de 60 e 62 graus Celsius. Pense bem, o ponto de ebulição da água que esquentamos no fogão é de 100 graus. Quer dizer que as pessoas estão quase sendo cozidas a céu aberto.
Infelizmente, esse é o grave cenário em que nos encontramos a caminho do aquecimento global. O efeito estufa tem sido causado por vários fatores. Alguns deles são naturais, mas acelerados pelos impactos causados pela ação humana. Uma das consequências é o aumento da temperatura do mar e a geração de fenômenos como o El Niño, ao qual estamos passando em 2024, com respostas ainda aguardadas entre os meses de junho e agosto.
Neste artigo do Engenharia 360, vamos falar um pouco mais sobre o que são as ilhas de calor e o que a Engenharia pode fazer para minimizar as altas temperaturas dentro das cidades. Confira!
O problema urbano crescente das ilhas de calor
As ilhas de calor são um fenômeno urbano de microclima. Ele geralmente surge em áreas densamente habitadas, com uma grande quantidade de construções - sobretudo em materiais como o asfalto e concreto. Trata-se das zonas de cidades com péssimo conforto térmico e qualidade do ar, apresentando as mais altas temperaturas devido à absorção e retenção de calor pelo ambiente em relação às suas áreas circundantes.
Lamentavelmente, as ilhas de calor são um problema nas grandes cidades ao redor do mundo. No Brasil, vemos isso crescer por conta do aumento das construções nada sustentáveis e ecológicas, pela destruição das áreas verdes em detrimento das obras de infraestrutura, e pelo pouco investimento no reflorestamento dos cinturões verdes desmatados.
Um exemplo muito claro em nosso país é São Paulo, onde o desenvolvimento desordenado exacerbou essas condições. Em meio a esse cenário, muitas vezes chamado de "selva de pedra", podemos nos surpreender com um oásis verde que é a cobertura do Shopping Eldorado, localizado na Av. Rebouças, bairro Pinheiros. Te contamos mais nos parágrafos a seguir!
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O caso exemplar do Shopping Eldorado
Esse exemplo de caso não é novo, mas sempre vale a pena relembrar. Em 2012, o Shopping Eldorado implantou um projeto chamado "Telhado Verde", com medidas inovadoras para lidar com o lixo orgânico gerado na praça de alimentação, bem como reduzir o impacto ambiental. Trazemos para o Engenharia 360 esta história porque ela pode ser inspiradora, mostrando como a Engenharia Urbana pode lidar melhor com os projetos de cobertura para combater as ilhas de calor e promover a sustentabilidade.
A iniciativa foi dividida em cinco etapas. Primeiro foram realizados estudos de viabilidade do projeto, incluindo fatores como a capacidade estrutural do telhado e disponibilidade de luz solar e água, bem como os custos de implementação e manutenção dos sistemas. A cobertura recebeu os devidos reforços para suportar a construção de canteiros de plantas e composteiras para transformar lixo orgânico em adubo. E foi instalado um sistema de irrigação por gotejamento, para otimizar o uso da água.
Para a construção da horta sobre o telhado, a equipe do shopping consultou vários especialistas em práticas para obras ecológicas e sustentáveis. Os colaboradores receberam o devido treinamento sobre a importância da separação correta do lixo e os benefícios do telhado verde. Por fim, foram realizadas campanhas de conscientização e comunicação interna.
Hoje, o Telhado Verde do Shopping Eldorado passa por cuidados diários, como irrigação, adubação e controle de pragas. O shopping também monitora o impacto ambiental do projeto, como a redução da emissão de gases do efeito estufa e a melhoria da qualidade do ar.
Expansão e Impacto Nacional
Através do projeto Telhado Verde, o Shopping Eldorado conseguiu criar uma horta urbana de 5.000 m² na sua laje de cobertura, com capacidade de cultivo de 40 mil hortaliças por ano, indiretamente fazendo diminuir a temperatura ao redor da sua construção e engajando muitos colaboradores.
Em pouco tempo já foi possível reduzir significativamente sua produção de resíduos, encaminhando 100% do lixo para reciclagem ou compostagem. Uma ação dessas, se replicada, aliviaria bastante os aterros sanitários. Também traria para as comunidades mais educação, uma opção de renda extra, além de promoção e segurança alimentar.
A empresa responsável pela gestão do shopping está expandindo essas práticas sustentáveis para outros empreendimentos em todo o país. Com metas ambiciosas de reciclagem e uso de energias renováveis, está liderando o caminho para um setor de shoppings mais sustentável e consciente.
Sem dúvidas, esse caso do Shopping Eldorado oferece insights valiosos para empresas de todos os setores que buscam adotar abordagens mais eco-friendly em suas operações. A iniciativa demonstra que é possível conciliar o sucesso comercial com a responsabilidade social e ambiental.
Os telhados verdes na Engenharia Urbana
É claro que o planejamento de Engenharia Urbana desempenha um papel crucial na mitigação das ilhas de calor. Ela pode apresentar propostas para a criação de mais espaços verdes, além do uso eficiente de recursos e gestão de resíduos, visando cidades mais sustentáveis e saudáveis para todos.
Citamos durante todo este texto a questão dos telhados verdes. Pois bem, sua implantação em larga escala pode ser uma importante ferramenta para combater as ilhas de calor. Só por ter essa camada de vegetação, essas estruturas podem ter a temperatura superficial menor, absorvendo a radiação solar, filtrando os poluentes do ar ao redor, retendo água e diminuindo o escoamento - contribuindo para combater as inundações nas cidades -, e criando habitats para diversos tipos de plantas e animais, contribuindo para a biodiversidade urbana.
Ainda vale dizer que os telhados verdes contribuem para a valorização dos imóveis. Isso porque eles deixam as obras de Engenharia e Arquitetura mais agradáveis e convidativas, sem contar que reduzem o ruído externo e mantém a temperatura estável nos interiores, diminuindo o consumo de energia com ar-condicionado e calefação.
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Fontes: Exame.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.
