Em agosto de 2003, os noticiários brasileiros falavam sobre um satélite VLS-1 V03 que havia explodido por conta de uma descarga elétrica de origem desconhecida na Base de Alcântara, no estado do Maranhão. Na ocasião, 21 técnicos, engenheiros e cientistas morreram. Depois disso, em 2019, houve uma pressão internacional, por parte dos Estados Unidos, para impedir a criação de um programa de produção de foguetes espaciais brasileiros. Desde então, o povo brasileiro sonha ver nosso Centro de Lançamento ganhando mais notoriedade no mundo.
Parece que o último lançamento de sucesso realizado no local foi agora em outubro de 2022, com um veículo VSB-30, à partir da Plataforma Suborbital de Microgravidade PSM. Mas a notícia apresentada à imprensa neste mês de dezembro sobre o espaçoporto é o lançamento do primeiro foguete privado, que deve ocorrer muito em breve. Leia o texto a seguir para saber mais!
Informações gerais sobre a Base de Alcântara
O nome oficial da Base de Alcântara é Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Trata-se de um espaçoporto, localizado no município de Alcântara, perto da costa atlântica norte do Brasil e da linha do Equador, no Maranhão. Ele pertence à Agência Espacial Brasileira, operado pela Força Aérea Brasileira por meio do Comando da Aeronáutica.
Sua construção data de 1982. Um ano depois foi ativado o Núcleo do Centro de Lançamento de Alcântara (NUCLA). Logo as famílias que residiam no local começaram a ser transferidas para agrovilas a 14 km de distância. Em 1989 começou a ser operacionalizada o projeto “Pioneira”, com foguetes SBAT. E o primeiro lançamento no CLA foi em 1990, com o foguete de sondagem Sonda 2 XV-53.
Características principais do CLA
- Originalmente sua área era de 620 km²;
- Pela proximidade com a linha do Equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul), as operações na base consomem menos combustível – pelo menos 30% de combustível;
- Aliás, a velocidade de rotação da Terra nesse ponto geográfico auxilia o impulso dos lançadores;
- As condições climáticas na região também são boas, com regime de chuvas definido e os ventos em limites aceitáveis;
- E seu maior concorrente é o Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
Lançamentos na Base de Alcântara
A Base de Alcântara é considerada pelos cientistas como uma das melhores do mundo, justamente por sua localização geográfica. A disposição da península permite lançamentos de todos os tipos de órbita – em faixas horizontais e verticais. Já se verificou que a segurança em vários estágios é adequada, como se necessita ser. Contudo, o centro brasileiro não opera lançamentos constantes. A justificativa seriam problemas de atrasos logísticos e tecnológicos.
Atualmente, existem planos, sim, de lançamento de vários foguetes internacionais de Alcântara. Por exemplo, a partir de um acordo assinado pelo governo brasileiro em 2018, que possibilitou a abertura do espaçoporto para várias empresas norte-americanas, a Virgin Orbit foi selecionada para voar seu foguete LauncherOne da base. Mas isso ainda não aconteceu, empurrando os planos para outubro de 2023!
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Primeiro foguete privado
Agora a notícia que se tem é a decolagem de um foguete privado, o HANBIT-TLV, no próximo fim de semana (entre os dias 16 e 21 de dezembro), se as condições meteorológicas estiverem boas. Este será um grande passo no cumprimento de um objetivo anunciado pela Agência Espacial Brasileira (AEB): tornar o local atrativo para empresas do ramo. Por certo, é a melhor chance do CLA de mostrar que está pronto para atender às propostas do novo mercado de exploração espacial.
Atualização: A AEB (Agência Espacial Brasileira) adiou o lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-TV. A decolagem estava prevista para a manhã do dia 21, mas foi abortada após uma falha técnica no sistema de acionamento do motor do foguete. Segundo a agência, o problema não gerou incidentes, e as equipes sendo desmobilizadas com segurança. Ainda não há uma data divulgada para uma nova tentativa de lançamento.
Pode ser que, se tudo der certo, este seja um momento histórico de cooperação tecnológica para a Ciência Brasileira. Tem muita coisa envolvida, como novos contratos que já estão em negociação. O primeiro lançamento da Innospace será um teste do motor em ambiente real, mas o foguete não chegará a entrar em órbita. O objetivo é testar o motor do primeiro estágio do lançador de satélite HANBIT-Nano.
Após este primeiro voo, novos deverão ser feitos nos próximos meses, conforme o projeto sul-coreano avançar. O HANBIT-TLV levará como carga um sistema de navegação, o SISNAV, desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da FAB. O seu teste servirá para verificar a operação em ambientes específicos de vibração, choque e alta temperatura. O primeiro passo também para o projeto do Veículo Lançador de Microssatélites da FAB.
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A saber, o foguete HANBIT-TLV usa de sistema de bomba elétrica e sistema híbrido, combinando propulsores à base de oxigênio líquido e parafina. Ele tem o peso de 15 toneladas e mede16,3 metros de altura. E foi desenvolvido pela startup sul-coreana Innospace, no próximo fim de semana.
Fontes: O Globo, Wikipédia.Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
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Eduardo Mikail
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