As novas tecnologias, sobretudo aquelas baseadas em inteligência artificial (IA), podem trazer grandes benefícios para o ensino nas escolas. Porém, ao mesmo tempo, assim como qualquer invenção, seu propósito pode ser convertido para o mal - afinal, o ser humano é muito criativo. O temor dos professores é de que os alunos possam se valer dessas facilidades para burlar os sistemas de avaliações, saindo mais despreparados para o mercado e para a vida. Precisamos de melhor educação digital!
Como as escolas veem a contribuição das novas tecnologias
Recentemente, temos ouvido demais sobre o robô de conversas chamado de ChatGPT, obra da OpenAI. O mesmo pode gerar redações completas sobre assuntos variados em questão de minutos. Isso pode parecer fascinante - e é, claro -, mas nas mãos dos alunos errados pode virar uma "cola". Tanto é que escolas de países desenvolvidos, como Estados Unidos, estão reavaliando o uso de inteligência artificial em sala de aula. E, a princípio, a ideia é deixar de lado os robôs e voltar aos métodos tradicionais de ensino, com a velha dupla papel e caneta.
Trapaças no Ensino à Distância
Isso pode não dizer muito para nós agora, mas podemos estar entrando em uma nova era da educação. Recém saímos de uma revolução, com a quebra do tabu do ensino à distância, que conta com a tecnologia de plataformas digitais para funcionar. O problema é que talvez tenha chegado o momento de revisar este sistema, bloqueando qualquer manobra dos alunos para compartilhar e encontrar respostas prontas na Internet, sem realizar o exercício da reflexão, sendo aprovados, mas saindo despreparados para o mercado.
Volta dos exames supervisionados
Sim, podemos nos beneficiar demais das tecnologias digitais, como ChatGPT. Mas, em simultâneo, as escolas já começam a exigir métodos eficientes para evitar que os alunos usem a inteligência artificial ao invés dos próprios conhecimentos. Infelizmente, os professores já veem a necessidade, em muitos casos, de abolir o EaD e realizar apenas exames supervisionados. Esse redesenho dos sistemas de ensino é fundamental, sendo uma forma das escolas se antecipar aos desenvolvimentos da IA.
Luta contra a inteligência artificial
Certamente, muitas universidades mundo afora, para manter sua qualidade, passarão a sair, pouco a pouco, do mundo digital, voltando a concentrar certos trabalhos em campo e nos laboratórios, com apresentações presenciais e orais dos alunos. Já existem instituições, como em Londres e Nova York, que cogitam privar os estudantes, dentro do campus, de acessarem a Internet, plataformas como ChatGPT ou até qualquer dispositivo como celulares, tablets e notebooks pessoais. E se lá fora já se pensa assim, é um alerta para o sistema acadêmico brasileiro também.
Uma das principais preocupações das instituições é de que, com as facilidades trazidas pelas tecnologias digitais, os alunos não desenvolvam mais "(...) habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas, essenciais para o sucesso acadêmico e de vida", disse Jenna Lyle, porta-voz do Departamento de Educação da cidade de Nova York, em reportagem de UOL. Mas tem quem afirme que esta é uma luta que não se pode vencer e que a única solução é encontrar meios de integrar a Política Nacional de Educação Digital nas escolas, educando corpo acadêmico e estudantes em como explorar corretamente essas ferramentas.
Nota: de acordo com a OpenAI, responsável pelo ChatGPT, a companhia já está desenvolvendo maneiras de que os textos gerados pela ferramenta possam ser identificados, evitando que o robô seja usado para fins enganosos nas escolas ou em qualquer outro lugar.
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Nova Política Nacional de Educação Digital (Pned)
No começo de 2023, o Governo Federal sancionou a Lei 14.533/2023, que cria a Política Nacional de Educação Digital (Pned), com medidas de estruturação e incentivo ao ensino de computação, programação e robótica nas escolas - inclusive aprovada com várias contribuições introduzidas pelo Senado, mas com alguns vetos também. Infelizmente, no texto, foram barrados dispositivos referentes à educação digital, com foco no letramento digital e no ensino de computação, programação, robótica e outras competências digitais, como componente curricular do ensino fundamental e do Ensino Médio. Saiba mais a seguir!
Vetos
Por que vetos? Bom, conforme o governo, parte da proposição contraria a Lei 9.394/1996, que já prevê a inclusão de novos componentes de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação e homologada pelo ministro da Educação.
Também não passou à lei do Fundo de Financiamento Estudantil, que previa que, entre os cursos superiores elegíveis para obtenção de financiamento por estudantes, poderia ser concedida prioridade aos programas de imersão de curta duração em técnicas e linguagens computacionais previstos na legislação relativa à Política Nacional de Educação Digital. Segundo a presidência, a inclusão é desnecessária já que não há impedimento na legislação ao financiamento de cursos direcionados para área tecnológica como os previstos pela Pned, deixando a cargo do gestor público a regulamentação do tema.
Por fim, questões como oferecer aos alunos livros digitais. Na ocasião da análise do documento, foram citados outros projetos que Instituem a Política Nacional do Livro e regulação de preços, que se encontram arquivados. A ideia é desarquivá-los e voltar a colocá-los para análise dos membros do Senado.
Aprovações
Por outro lado, por hora, muita coisa boa já foi aprovada, como ações para pôr em prática programas e projetos para potencializar os padrões e incrementar os resultados das políticas públicas relacionadas ao acesso da população brasileira a esses recursos.
Algo que deve ser melhor considerado agora é a vulnerabilidade sociais e econômicas dos alunos, dando prioridade dos recursos para os menos favorecidos, abrindo portas para diferentes formas de financiar essa implementação. A ideia é levar o mundo digital para a população brasileira através de:
- educação digital nas escolas, principalmente públicas;
- ações de capacitação do mercado de trabalho;
- incentivo à inovação, à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D);
- instalação ou a melhoria de infraestrutura de tecnologias da informação e comunicação (TICs), com base em padrões de excelência em educação digital, de modo a viabilizar o desempenho digital de conectividade, capital humano, uso de serviços de internet, integração de tecnologia digital e serviços públicos digitais;
- e novos instrumentos de avaliação, diagnóstico e recenseamento estatístico do letramento e da educação digital no país.
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