Há alguns anos atrás o termo 'biocombustíveis' ficou famoso entre os brasileiros. Os primeiros indícios do interesse nacional em fontes alternativas de combustível foram por volta de 1920, mas só na década de 70, em meio à crise do petróleo, foi criado o Plano de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos. Afinal, qual o motivo de se usar os biocombustíveis e por que o Brasil fala tanto neles?
Os biocombustíveis são derivados de biomassa renovável e podem substituir, de maneira parcial ou integral, os combustíveis derivados de petróleo e gás natural utilizado em motores ciclo diesel ou estacionários. Ou seja, ele é produzido a partir de um recurso renovável ao invés de um não renovável, o que é uma vantagem. Os biocombustíveis podem ser produzidos a partir de várias espécies vegetais, como cana-de-açúcar, soja, milho, canola, babaçu, mamona e outros.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a expectativa é de que entre 2008 e 2017 a substituição da gasolina pelo etanol evite o lançamento de aproximadamente 508 milhões de toneladas de gás carbônico, enquanto a utilização de biocombustíveis como substituintes do combustível fóssil evite o lançamento de 570 milhões de toneladas do mesmo gás.
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Atualmente, o adicional de etanol anidro na gasolina passou de 25% para 27%. A adição de etanol anidro (quase isento de água) à gasolina aumenta a octanagem, que é a resistência a altas temperaturas na câmara de combustão (quanto maior a octanagem, maior a resistência, o que é melhor, pois a gasolina entrará em combustão no momento correto) e reduz as emissões de poluentes atmosféricos. Por outro lado, o aumento do teor de etanol reduz a autonomia do veículo, visto que seu poder calorífico é menor, embora não seja uma redução tão significativa, de acordo com especialistas.
Por que o Brasil tem tanto potencial para produzir biocombustíveis? O Brasil possui uma grande extensão territorial com diferentes características, o que permite uma produção diversificada em diferentes localidades. O solo, o clima e a disponibilidade de água em alguns locais favorecem o cultivo, deixando o país na lista dos maiores produtores de biocombustível.
Mas, como nem tudo é alegria, também há alguns pontos que precisam ser levados em consideração sobre os biocombustíveis. É preciso uma área extensa para o plantio da matéria-prima, o que acarreta consequências como desmatamento, contaminação do solo por pesticidas, empobrecimento do solo, substituição de culturas que antes eram destinadas para a alimentação humana e outros. Além disso, há a necessidade de água para irrigação, a mesma água que está em falta em alguns estados brasileiros.
É necessário colocar os pontos positivos e negativos em um balança antes de abordar a questão dos biocombustíveis. Eles representam um avanço, mas há consequências que precisam ser consideradas e que requisitam um determinado controle sobre a expansão da agricultura destinada para este fim, de maneira a garantir que os impactos socioambientais serão mínimos. O país também precisa investir em mais pesquisas relacionadas ao tema, buscando maior eficiência e menores consequências ambientais.
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Fontes: Aneel; Discovery News; Lei 9.478/97; Ministério do Meio Ambiente; Portal Brasil; Petrobrás; TÁVORA, F. L. História e economia dos biocombustíveis no Brasil, 2011.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.