A Força Aérea Brasileira (FAB) está prestes a dar um importante passo rumo à sua autonomia espacial, colocando o país em uma posição superior no crescente mercado aeroespacial global. Está previsto que, ainda em 2024, no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Parnamirim, no Rio Grande do Norte, seja colocada em prática a Operação Potiguar, para lançamento do foguete de sondagem VS30 V15. Saiba mais detalhes sobre essa história no artigo a seguir, do Engenharia 360!
A evolução do programa espacial brasileiro
Muitos não sabem, mas o Brasil tem uma rica história no desenvolvimento de tecnologias espaciais. Tudo começou nos anos sessenta, com o lançamento do primeiro foguete. Depois disso, a expansão das suas capacidades no setor só aumentaram, embora numa escala bem menor do que se poderia em comparação com os esforços dos engenheiros locais.
Especialmente o CLBI foi criado em 1965. Ele já realizou mais de três mil lançamentos e se tornou um centro estratégico para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias espaciais na América Latina.
Claro que, apesar das conquistas, o Brasil tem enfrentado desafios significativos ao longo dos anos. Com infraestrutura cada vez mais precária e orçamento limitado - resultado de anos de negligência governamental e descrença na ciência -, tem sido difícil o progresso em relação a outras nações. Mas agora, com o aumento na demanda por lançamentos suborbitais, países como o Brasil se veem forçados a investir nessas operações. Assim surgiu a ideia da Operação Potiguar!
O que é Operação Potiguar da FAB
A Operação Potiguar da FAB tem por objetivo enviar um foguete suborbital ao espaço, o VS30 V15, com 7,911 metros de comprimento, 1,5 tonelada de peso, 278,46 kg de carga útil e quase uma tonelada de combustível sólido; se tudo der certo, esse será um marco na história da tecnologia aeroespacial brasileira. Em princípio, a data marcada para a sua realização é 29 de novembro de 2024. Só que esse é um projeto de longo prazo.
Antes de detalhar todas as fases dessa missão, vamos esclarecer o que são lançamentos suborbitais. Bem, em termos simples, trata-se do lançamento de foguetes ao espaço sem alcançar a órbita da Terra, apenas cruzando a linha da atmosfera que separa o espaço exterior. Geralmente, usa-se esse tipo de ação para testes de experimentos, coletas de dados e aprimoramento de tecnologias projetadas pela engenharia, que podem vir a ser usados para explorar o espaço profundo ou realizar experimentos de microgravidade.
Fases da operação
A FAB planeja que a Operação Potiguar será realizada em duas fases:
Primeira Fase (29 de novembro de 2024)
Lançamento do veículo de sondagem monoestágio VS30 V15, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), não-guiado e movido por propelentes sólidos, com capacidade de atingir até 6 mil km/h e uma altitude máxima de 154,9 km. Esta fase, para realização de voo de cerca de 6 minutos e 20 segundos, tem como objetivo treinar os técnicos do CLBI e verificar equipamentos (como de telemetria e radar de respostas) e processos envolvidos na atividade.
Segunda Fase (segundo semetres de 2025)
Um segundo lançamento terá como foco a qualificação do sistema de recuperação da parte superior do veículo, conhecida como Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM), garantindo eficiência e sustentabilidade das futuras operações. Essa estrutura será crucial para quando o Brasil, se quiser, realizar experimentos diversos em condições de microgravidade e recuperar cargas úteis enviadas ao espaço. Enfim, o ciclo da Operação Potiguar estaria completo!
O que espera o Brasil no futuro aeroespacial
Com o êxito da Operação Potiguar – dedos cruzados – há grande expectativa de que o Brasil consiga melhorar sua competitividade no mercado tecnológico. Afinal, ainda enfrentamos um atraso significativo nesse setor.
Esse avanço pode impulsionar o desenvolvimento econômico do país, promovendo novos intercâmbios comerciais, parcerias internacionais, trocas de conhecimento e inovações, especialmente nas áreas de telecomunicações, meteorologia e tecnologias ambientais. Além disso, fortalecerá as vantagens estratégicas da Força Aérea Brasileira, ao mesmo tempo que contribuirá para o treinamento e a capacitação de seus técnicos, preparando-os melhor para os desafios futuros no campo aeroespacial.
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Fontes: Bans News, Força Aérea Brasileira, CNN Brasil.
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