No mês passado, São Paulo recebeu a primeira frota de ônibus movido a hidrogênio. Com um estilo bem brasileiro, os ônibus são decorados com pássaros representativos da fauna nacional e receberam o nome de três espécies: Ararajuba, Tuiuiú e Sabiá Laranjeira.
Apesar de poucos, os ônibus representam um avanço para o País no campo de tecnologia limpa e já são utilizados na Alemanha, Estados Unidos e Canadá. Com tecnologia de propulsão, não emitem poluentes, apenas vapor de água.
Tudo começou em 2006, quando foi lançado o Projeto Ônibus Brasileiro a Hidrogênio, que consiste na aquisição, operação e manutenção de até quatro ônibus com célula a combustível a hidrogênio, contemplando também a instalação de uma estação de produção de hidrogênio.
Em 2009 foram feitos testes iniciais e o primeiro com passageiros foi em 2010. A previsão era de que os três ônibus começassem a circular ainda em 2012.
O projeto teve coordenação da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP). O local de produção e abastecimento de hidrogênio fica na Unidade São Bernardo do Campo da EMTU/SP. Nela, as moléculas de água são separadas por meio de eletrolisadores. O oxigênio é liberado para a atmosfera e o hidrogênio é comprimido e armazenado para abastecer os ônibus.
Além da Coordenação da EMTU/SP, o projeto tem a direção do Ministério de Minas e Energia, conta com recursos do Global Environment Facility, aplicados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e da Financiadora de Estudos e Projetos. Para realização do projeto e fabricação dos ônibus formou-se um consórcio entre oito empresas, com coordenação da EMTU/SP. O valor total do projeto é de cerca de 16 milhões de dólares.
Os ônibus possuem a capacidade de carregar 45kg de hidrogênio em nove tanques, além de ter três baterias com alto desempenho. Eles são movidos à tração elétrica híbrida de célula a combustível a hidrogênio e baterias. A média de consumo de hidrogênio é de 15kg a cada 100km. De tal forma, cada ônibus é capaz de rodar 300km com o hidrogênio e ainda consegue ir mais 40km com a bateria. Cada sistema de célula a combustível utilizado no ônibus produz 68kW.
O motor do ônibus é elétrico. O hidrogênio dos tanques é introduzido na célula a combustível e passa por um processo eletroquímico que produz energia elétrica pela agregação do hidrogênio com o oxigênio do ar. O subproduto deste processo é a água. A energia elétrica movimenta o motor elétrico de tração. Quando o veículo está parado, como em semáforos ou para embarque ou desembarque de passageiros, as baterias são abastecidas com a carga energética produzida pelas células.
Foram longos anos para que os três primeiros ônibus ficassem prontos para circular pelas ruas de São Paulo. Apesar do primeiro passo ter sido dado, sabemos que não é do dia para a noite que todos os ônibus do país serão substituídos por veículos movidos a hidrogênio. Este fato requer tempo e um investimento enorme. No entanto, já pode ser considerado um avanço, visto que mais uma fonte renovável é introduzida na matriz energética nacional.