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O que é a Síndrome de Kessler e por que ela é uma ameaça para Internet e exploração espacial?

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por Redação 360
| 31/01/2025 | Atualizado em 01/02/2025 5 min
Imagem de Tim Diercks em Pexels

O que é a Síndrome de Kessler e por que ela é uma ameaça para Internet e exploração espacial?

por Redação 360 | 31/01/2025 | Atualizado em 01/02/2025
Imagem de Tim Diercks em Pexels
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O espaço hoje é território disputadíssimo, tanto por governos quanto por empresas privadas com o mais alto poderio ao redor do mundo, a exemplo da SpaceX de Elon Musk. Neste exato momento, há estações, naves e satélites com diferentes finalidades sendo lançadas e operando no céu - e não apenas para a exploração científica, mas para o comércio e a comunicação. E em meio a essa corrida pelo poder, um problema ameaça a novas missões: a Síndrome de Kessler.

Esse fenômeno pode ser explicado como a possibilidade de possíveis colisões com detritos espaciais, ou lixo espacial, que podem voltar - inutilizáveis - a órbita terrestre. Neste artigo do Engenharia 360, exploramos quais as implicações disso à tecnologia moderna e o que pode ser feito para mitigar os riscos. Confira!

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A Síndrome de Kessler explicada pela ciência

A Síndrome de Kessler é um conceito que foi descrito pela primeira vez pelo astrofísico Donald Kessler no ano de 1978. Ele se referia à densidade de objetos em órbita terrestre e que isso era autossuficiente para que colisões entre detritos espaciais gerassem fragmentos, que podem se chocar com outros objetos (como naves espaciais e satélites), criando uma reação em cadeia praticamente imprevisível.

Síndrome de Kessler
Imagem de WikiImages em Pixabay

Mas o que está em jogo? Bom, para você ter noção, é o caso de que, se não for controlado, inviabilizar várias coisas que fazem relação com o nosso dia a dia moderno, a exemplo de serviços de Internet, GPS e mais. Enfim, a situação pode acabar, de uma hora para outra, virando um verdadeiro “caos orbital”, onde até seria impossível operar novos satélites ou realizar novos lançamentos espaciais. E aí, como ficaria a nossa vida, hein? Reflita sobre isso!

Veja Também: A ciência do Lixo Espacial, Cometas, Meteoros e Asteroides

O aumento espantoso de lixo espacial

Olhe para o céu! Saiba que agora há cerca de 130 milhões de fragmentos de lixo espacial orbitando a Terra. Desses, algo em torno de 40 mil tem mais de 10 centímetros, se movendo a 28 mil km/h, representando um risco constante até mesmo para a Estação Espacial Internacional (ISS).

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Síndrome de Kessler
Imagem reproduzida de NASA, Crew of STS-132, em Wikipédia - httpspt.wikipedia.orgwikiFicheiroInternational_Space_Station_after_undocking_of_STS-132.jpg

Essa quantidade de lixo espacial está aumentando cada vez mais. Aliás, o trabalho de empresas como a SpaceX tem tudo a ver com isso. Elas lançam a todo tempo novos satélites - a própria Starlink já tem uma “constelação” (só em 2018 foram 133 lançamentos), intensificando esse problema de geração de detritos, que se fragmentam e tornam a situação no espaço bastante frágil. A saber, são feitos atualmente mil alertas diários sobre possíveis colisões. Isso tem pressionado a engenharia a encontrar - urgente -soluções eficazes para resolver o problema.

Síndrome de Kessler
Imagem de WikiImages em Pixabay

Mas, calma, não podemos culpar somente as novas empreitadas, como as das empresas de Elon Musk. Saiba que o problema do lixo espacial não é novo - a única questão é que, com a nova corrida espacial, o número de objetos em órbita tem crescido exponencialmente. A área mais crítica é a da órbita terrestre baixa (LEO), que se estende entre 160 e 2 mil km da Terra, pois abriga satélites que estão relacionados a serviços de GPS, previsões meteorológicas, comunicação global e outros serviços essenciais.

As consequências da Síndrome de Kesseler

Vamos considerar o que pode acontecer e como nossa vida moderna seria impactada se ocorresse um fenômeno como da Síndrome de Kessler. Pois bem, poderíamos testemunhar uma interrupção de serviços tecnológicos essenciais. Lembrando que muita coisa que precisamos hoje dependem da operação contínua de satélites. Por exemplo, o GPS do nosso carro, a Internet do nosso celular, as previsões do tempo que guiam as viagens de aeronaves e embarcações, etc.

Síndrome de Kessler
Imagem de vecstock em Freepik

E olha, o problema já está feito, não tem como voltar atrás! Explicando melhor, sim, muitos detritos que se movem em órbitas mais baixas vão reentrar na atmosfera e queimar; porém, objetos em órbitas mais elevadas, como os que estão na órbita geossíncrona, podem permanecer por milênios. Então, se jogamos mais e mais objetos no céu, é provável que aumentem os riscos e, desse jeito, já podemos prever efeitos devastadores para o futuro da sociedade moderna.

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Exemplos de incidentes

Desde o início dos voos espaciais, em 1957, houve mais de 650 incidentes de colisões ou fragmentações, muitos dos quais resultaram na criação de milhares de pedaços de detritos adicionais. Esses incidentes ocorreram devido a testes de armas, colisões acidentais de satélites e a explosão de foguetes ou espaçonaves.

Em 2023, um pedaço de detrito se aproximou perigosamente da Estação Espacial Internacional. Para evitar a colisão, os astronautas a bordo tiveram que realizar manobras de emergência, movimentando a ISS para fora da zona de perigo. Se a operação desse errado, poderia ocorrer a despressurização de módulos e até mesmo a morte dos astronautas.

Medidas para mitigar os riscos dos detritos em órbita

  • Desenvolvimento de tecnologias para remoção de detritos, como o projeto ClearSpace-1, que captura e desorbita satélites desativados.
  • Estabelecimento de regulamentações internacionais para gerenciar o tráfego orbital e prevenir o acúmulo de lixo espacial.
  • Criação de novas tecnologias para acelerar a reentrada de detritos na atmosfera terrestre.
  • Superação de desafios técnicos e financeiros, especialmente no rastreamento de pequenos fragmentos difíceis de detectar.
  • Adoção de ações globais para evitar a Síndrome de Kessler e o risco de colisões em cadeia no espaço.

O futuro do espaço com sustentabilidade e cooperação

Seria ilusão considerar o futuro do espaço com sustentabilidade e cooperação internacional? Mas é isso! A exploração espacial precisa ser realizada com responsabilidade. Deveríamos estar preocupados em operar lá em cima tecnologias com o mínimo de impacto ambiental. E mais, não disputar um lugar no céu, mas trabalhar em conjunto para expandir o conhecimento humano sobre a Terra - e fora dela - através da ciência, testando novas tecnologias e… mitigando os problemas dos fragmentos na órbita terrestre.

O momento de agir é AGORA! O cenário ideal seria com os países se ajudando a proteger nossos recursos, usando recursos avançadas para garantir que a órbita terrestre continue acessível e segura para futuras gerações. Porém, não temos esse compromisso global e, por isso, as consequências podem ser catastróficas.


Fontes: CNN, Olhar Digital, O Tempo.

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