Uma cidade que, na verdade, é um país inteiro. Com quase 5,5 milhões de habitantes e uma área menor do que a de São Paulo, Singapura é uma das três cidades-estado com autoridade suprema - ao lado do Vaticano e Mônaco. A população, com uma bela mistura de etnias (chinesa, malaia, indiana e muçulmana), vive harmonicamente nesta ilha surpreendente.
Digo isso pois o país tem se mostrado excelente peça-chave da inovação global em diversas áreas. Ele ocupa, atualmente, o 6º lugar no ranking Global Innovation Index, que mede esse quesito em diferentes partes do mundo. Só para constar, o Brasil ocupa a 69ª posição.
O segredo disso é revelado por Lim Chuan Poh, presidente do conselho da Agência de Ciência, Tecnologia e Pesquisa, que esteve em visita ao Brasil no mês de maio. Para ele, os investimentos são centralizados em setores com grande impacto econômico, sem atirar para todos os lados.
E quais seriam esses setores? Os investimentos do governo se concentram já há muito tempo em ciência e educação. A prioridade é manter pesquisas relevantes no setor industrial, responsável por cerca de 20% do PIB do país.
Como Singapura determina onde investir?
Manter o foco, então, seria a receita de tanto sucesso de Singapura. Mas para chegar aos ótimos resultados, o governo e o setor produtivo trabalham constantemente para definir onde investir. Lim Chuan Poh conta que as perguntas "qual o futuro dessa tecnologia? O que vai criar mais valor?" sempre estão presentes nos projetos públicos ou privados.
"Sabemos que não podemos fazer tudo, mas escolhemos setores em que somos fortes ou em que queremos ser fortes nos próximos anos. Todos os anos fazemos mais de 1 000 projetos — 55% são com multinacionais, 38% com pequenas e médias empresas de outros países e 7% com empresas locais.", revela o profissional.
Ele ainda diz que o país avançou bastante na área aeronáutica. "Um de nossos parceiros antigos é a fabricante brasileira de aviões Embraer. Atualmente estamos começando a trabalhar num projeto de automatização da linha de produção da companhia aqui no Brasil". Além disso, há altos investimentos na área biomédica e em soluções para as cidades inteligentes do futuro.
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Um ótimo destino para intercambistas
Singapura é um excelente destino para quem quer estudar fora. O pequeno país oferece não só boas faculdades, como aprendizado fora das salas de aula.
A cidade-estado está sempre em busca de novos talentos para diversos nichos da economia. "O importante é ter as portas abertas. Qualquer um que puder contribuir será bem-vindo. Temos uma mentalidade oposta à de Trump. Enquanto o Ocidente se fecha, a Ásia se abre", diz Chuan Poh.
Sendo assim, quem pensa em fazer um intercâmbio e quer fugir da rota Estados Unidos - Europa, pode considerar alguma das renomadas instituições de ensino da ilha. Ao todo, são 34 universidades, das quais duas se destacam em rankings internacionais.
Estamos falando da National University of Singapore (NUS), considerada a melhor universidade da Ásia pelo QS Top University, e da Nanyang Technological University, que ficou em segundo lugar no ranking nas 150 melhores universidades do mundo com menos de 50 anos do Times Higher Education, em 2016. As duas são excelentes oportunidades para estudantes de engenharia e profissionais que querem se especializar.
Vistos para estudantes
O processo para obtenção de visto de estudante estrangeiro, o denominado Student’s Pass, varia entre as instituições de ensino e vai depender daquela em que você tiver sido admitido. Se você ficou com vontade de conhecer mais, tire as suas dúvidas neste link.
E se você está se perguntando sobre o quão tem que desembolsar para viver em Singapura, saiba que o padrão de vida está entre os mais altos da Ásia. Contudo, em relação aos países ocidentais, o custo de vida é baixo e os suprimentos básicos como comida e roupas são consideravelmente baratos. A média de gastos de um estudante estrangeiro oscila entre $750 e $2.000 dólares mensais.
Como o Brasil pode aprender com Singapura?
Um dos principais acertos de Singapura é que várias esferas do governo interagem com projetos de inovação. Isto é, há um incentivo muito maior do que no Brasil.
Para Poh, os projetos por lá costumam dar certo quando há um trabalho em conjunto. "Antes de fazermos pesquisa com veículos autônomos, por exemplo, conversei com o ministro dos Transportes. A partir disso, as regulações foram mudadas rapidamente e hoje Singapura é referência nessa área". Podemos ver que há espaço para diálogo entre áreas diversas.
Como o Brasil pode aprender com a experiência de Singapura então? A opinião do profissional é de que o Brasil precisa realizar um estudo profundo para entender as próprias necessidades.
"Antes de tudo, o país [Brasil] precisa de vontade política para fazer acontecer. Estudei os casos de Holanda, Suíça, Suécia, Japão e Coreia do Sul. Cada um encontrou seu caminho. Em comum, eles têm vontade política e foco para saber em que áreas do conhecimento investir".
Fontes: Exame, Estadão