Nós já falamos várias vezes aqui no Engenharia 360 sobre o tema mulheres e engenharia. A verdade é que, infelizmente, as mulheres sempre precisam provar que homens e elas são igualmente capazes de realizar qualquer tarefa. Nos últimos anos, a situação está mudando e há mais mulheres ingressando em cursos de engenharia. O problema é que a mudança é lenta e o preconceito está sempre enraizado. Para mostrar que não é de hoje que as mulheres estão revolucionando a engenharia, nós vamos fazer uma série especial de textos com as mulheres que mudaram a engenharia e a ciência. A primeira delas é Hertha Ayrton.
Mulheres inventoras que mudaram a engenharia e a ciência
Quando pensamos sobre uma mulher cientista/inventora/engenheira, o primeiro nome que temos em mente é Marie Curie. Isso não é um problema, já que ela foi brilhante. Porém, pouquíssimas pessoas conseguem nomear mais mulheres. Não é que as outras, como Hertha Ayrton, fossem menos brilhantes que Marie Curie. O problema é a falta de reconhecimento que as mulheres têm no meio científico de modo geral.
Há uma infinidade de mulheres espalhadas por aí que fizeram e que fazem ciência Há mulheres dominando áreas da tecnologia tão bem como os famosos Elon Musk, Bill Gates, Mark Zuckenberg e outros, mas que não têm os nomes reconhecidos.
Hertha Ayrton, como nós vamos mostrar, lutava pelo devido reconhecimento das mulheres na ciência. Esse reconhecimento é importante porque ele mostra para outras mulheres, principalmente para as meninas que sonham em entrar na carreira científica, que as elas podem, sim, fazer o que quiserem.
Quem foi Hertha Ayrton?
Hertha Ayrton nasceu em 1854 como Phoebe Sarah Marks, no Reino Unido. Ela foi uma engenheira, matemática e inventora inglesa. Ainda criança, ajudou a mãe a criar os irmãos quando seu pai faleceu. Aos 9 anos, foi para Londres estudar em um colégio que as tias dirigiam. Aos 16, ela já trabalhava como governanta para se sustentar e conseguir continuar estudando.
Em Cambridge, Hertha Ayrton estudou matemática, aprendeu física e participou de várias atividades. Porém, a universidade não fornecia diploma de graduação às mulheres. Em 1881, ela fez uma prova na Universidade de Londres e conseguiu o bacharelado em Ciências.
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Em 1885, Hertha casou-se com William Edward Ayrton, um físico e engenheiro eletricista que a influenciou na ciência. Foi auxiliando o marido que ela começou aprofundar seus estudos no arco elétrico. Dez anos mais tarde, ela publicou vários artigos descrevendo o fenômeno que explicava o problema de os arcos elétricos cintilarem e sibilarem.
Em 1899, Hertha Ayrton foi a primeira mulher a ler seu trabalho – um artigo chamado “The Hissing of the Electric Arc” - na Institution of Electrical Engineers (IEE). Mais tarde, ela foi a primeira mulher membro da instituição (a próxima mulher só conseguiu entrar em 1958). Ela também foi a primeira mulher a receber um prêmio Royal Society, mas não pode ler o seu trabalho diante da instituição justamente por ser mulher.
As pesquisas de Hertha Ayrton também ganharam o mundo. Ela faleceu em 1923, aos 69 anos, devido a uma picada de inseto.
Como Hertha Ayrton mudou a engenharia e a ciência?
Hertha Ayrton não teve uma vida fácil e batalhou muito para conquistar lugares que, na época, não aceitavam mulheres. Mesmo depois das dificuldades, ela não desistiu de estudar e provou, com determinação, que era capaz de fazer qualquer coisa.
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Em 1884, a inventora patenteou uma linha divisória, um instrumento de desenho para dividir uma linha em qualquer número de partes iguais e ampliar ou reduzir figuras. Essa foi a primeira de muitas patentes que viriam a seguir. Ao total, Hertha Ayrton teve 26 patentes registradas em seu nome. Foram 13 de lâmpadas de arcos e eletrodos, 5 em divisores matemáticos e 8 em propulsão a ar.
Foi o sucesso dos trabalhos de Hertha Ayrton que permitiu que, posteriormente, outras mulheres pudessem ingressar em um mundo estritamente masculino. Suas pesquisas e invenções foram importantíssimas para diversas áreas da ciência. Um exemplo são seus trabalhos com o arco elétrico, os quais foram importantíssimos para a engenharia elétrica.
Hertha Ayrton batalhava pelo reconhecimento das mulheres na ciência. Ela também era amiga de Marie Curie e lutou para que os trabalhos da cientista fossem atribuídos a ela e não somente ao marido. Enfim, Hertha Ayrton fez história e merece ser lembrada todas às vezes que procurarmos por grandes exemplos de mulheres na engenharia e na ciência.
Fontes: Interesting Engineering; Wired; Independent; All About Circuits.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.