Quantas mulheres cientistas/engenheiras/inventoras você conhece? Provavelmente, o número é bem menor que o número de homens que você já ouviu falar. É por isso que nós estamos com uma série de textos em que cada um deles traz os feitos de uma mulher diferente. O objetivo é, além de divulgar os grandes feitos das inventoras, mostrar que as mulheres fizeram (e ainda fazem) contribuições imprescindíveis para a engenharia e que elas podem fazer qualquer coisa. A inventora da vez é Yvonne Brill, engenheira e cientista de foguetes.
+ Quem foi Yvonne Brill?
Yvonne Madelaine Brill nasceu em Manitoba, no Canadá, em 1924. Ainda criança, ela amava ciências, mas ficou desapontada quando um professor do ensino médio disse que as mulheres nunca teriam um lugar na ciência. Ela foi a primeira da família a ir para a faculdade, embora o pai quisesse que ela abrisse uma loja na cidade.
O que Yvonne Brill queria mesmo era cursar engenharia. Porém, a universidade negou sua admissão porque ela era mulher. A alternativa foi graduar-se em matemática na Universidade de Manitoba. Yvonne Brill mudou-se para os Estados Unidos quando aceitou um emprego na Douglas Aircraft Company. Foi então que ela fez mestrado em química na Universidade do Sul da Califórnia. Também foi onde conheceu o marido, o pesquisador William Brill.
Acredita-se que, em meados da década de 1940, Yvonne Brill era a única mulher a pesquisar sobre a ciência dos foguetes. Um detalhe é que ela recebia um salário menor que o dos homens. Ainda, vale ressaltar que, durante sua vida, lutou pelo reconhecimento das mulheres na ciência.
Yvonne Brill faleceu em 2013. Uma curiosidade é que seu obituário publicado no New York Times recebeu grandes críticas pela forma como foi escrito. O texto (que foi editado após as críticas), inicia falando sobre as suas habilidades de fazer um estrogonofe, o fato de seguir o marido de trabalho em trabalho, os oito anos em que deixou de trabalhar para criar os filhos e um elogio do filho à mãe. Só depois de ter listado todas essas características é que o texto retrata o fato de que ela era uma brilhante cientista de foguetes, como se isso não fosse grande coisa:
“She made a mean beef stroganoff, followed her husband from job to job and took eight years off from work to raise three children. “The world’s best mom,” her son Matthew said. But Yvonne Brill, who died on Wednesday at 88 in Princeton, N.J., was also a brilliant rocket scientist, who in the early 1970s invented a propulsion system to help keep communications satellites from slipping out of their orbits.”
A edição do texto (o qual está no site atualmente) não melhorou muito. Apenas colocou o fato de que ela era uma brilhante cientista de foguetes no início.
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+ Como Yvonne Brill mudou a engenharia e a ciência?
Enquanto estava na Douglas Aircroft, Yvonne Brill participou dos primeiros projetos de satélites dos Estados Unidos e dos estudos sobre o desempenho do propulsor de foguetes. Na década de 1960, ela trabalhava na Astro Eletronics e foi lá que projetou seu sistema de propulsão de satélites. Ele foi patenteado por ela em 1972.
Brill trabalhou para a NASA de 1981 a 1983. E foi nesse último ano, em 1983, que foi lançado o primeiro satélite de comunicações usando a tecnologia desenvolvida por Yvonne Brill. O resultado da invenção foi tão bom que ele virou um padrão e é usado até hoje.
Prêmios são o que não faltam na carreira de Yvonne Brill. Ela recebeu o Prêmio Society of Women Engineers em 1986, a Distinguished Public Service Medal da NASA em 2001, o AIAA Wyld Propulsion Award em 2002 e a Medalha John Fritz (Concedida pela American Association of Engineering Societies) em 2009. Em 2010, ela entrou para o National Inventors Hall of Fame e também recebeu a National Medal of Technology, a maior honra para engenheiros e inventores nos EUA. Em 2011, ela recebeu a National Medal of Technology das mãos de Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos.
Yvonne Brill precisou de muita força de vontade para vencer o preconceito durante a sua vida. Aparentemente, o problema continua existindo mesmo após sua morte. Ela encorajava meninas e mulheres a serem cientistas e engenheiras e lutava pelo devido reconhecimento. Hoje, permanece como um grande exemplo e inspiração para todas as mulheres que têm sonhos na engenharia, na ciência, na carreira e na vida como um todo.
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Referências: Interesting Engineering; Invention; Space.com.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.