A questão das mudanças climáticas vem movimentando bilhões em ações mitigatórias por parte de grandes nomes da tecnologia. A Microsoft puxou a corrida para a descarbonização e a Amazon pegou a deixa, na figura do próprio Jeff Bezos, que individualmente declarou disponibilizar 10 bilhões de dólares para o mesmo fim.
"Esta iniciativa global financiará cientistas, ativistas, ONGs - qualquer esforço que ofereça uma possibilidade real de ajudar a preservar e proteger o mundo natural", disse Bezos, a pessoa mais rica do mundo, em um post no Instagram que revelou o Bezos Earth Fund. O nome é meio narcisista, mas a iniciativa é extremamente válida e um indicativo da seriedade vinculada à crise climática, que deve movimentar diversos profissionais, dentre os quais nós, engenheiros, a encarar o desafio.
Jeff, o Bezos mesmo
Os 10 bilhões de dólares do Bezos Earth Fund derivam da própria fortuna do Jeff Bezos (estimada em 130 bilhões de dólares). O dinheiro não saiu da Amazon, empresa da qual ele é fundador e CEO. Enquanto a Microsoft, na figura da própria companhia, disponibilizou um fundo de inovação de 1 bilhão para tornar a empresa carbono negativo, Bezos, na verdade, não envolveu a Amazon e, com isso, fez uma das maiores ações filantrópicas individuais já vistas com relação ao meio ambiente.
Dinheiro não compra carbono negativo. Ou compra?
O recurso disponibilizado pelo Bezos Earth Fund é impressionante, mas as implicações disso vão depender fortemente de onde, quando e como o investimento (nada pequeno) será aplicado. Bezos disse que começará a emitir as doações por volta do meio do ano, mas não forneceu detalhes adicionais sobre as áreas específicas em que pretende se concentrar.
A gente presume duas áreas principais, com base nas
tendências para lidar com a emergência climática: primeiramente, apoiar grupos
que fazem lobby por políticas como impostos sobre carbono ou subsídios que
acelerariam o lançamento de tecnologias de energia limpa, veículos solares,
eólicos e elétricos, etc. Em segundo lugar, financiar a pesquisa e o
desenvolvimento de laboratórios ou universidades em áreas nas quais ainda não
desenvolvemos maneiras acessíveis e escaláveis de eliminar ou reduzir as
emissões de gases de efeito estufa que impulsionam as mudanças climáticas.
Estamos atentos a oportunidades, afinal, como profissionais de engenharia,
nossa missão é solucionar problemas e a crise climática se apresenta como uma
ameaça global e comum a todos.
Nem tudo são flores
No ano passado, houve um protesto que envolveu mesmo os trabalhadores da Amazon, comentando sobre o impacto ambiental da empresa. Isso foi parte de um movimento chamado de Tech Climate Strike, uma greve do pessoal da tecnologia sobre o clima.
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O movimento envolveu alguns pedidos específicos, dentre os
quais:
- Que a Amazon se comprometesse a se tornar uma companhia carbono neutro até 2030;
- O fim da venda da plataforma de computação na nuvem da Amazon Web Services para empresas de petróleo;
- Que a Amazon parasse de financiar qualquer político que negasse as mudanças climáticas.
Diante dessa pressão dentro da própria empresa e do cenário das companhias de tecnologia realizando ativismo climático, a gente fica um pouco na dúvida sobre quão ideal é a ação filantrópica de Bezos sem o nome da Amazon. De toda forma, entretanto, mantemos uma perspectiva positiva por ver disponibilização de fundos para lidar com a crise climática e prover oportunidades para que a gente trabalhe em tecnologias pensando no meio ambiente e nas gerações futuras.
Fontes: BBC. MIT Technology Review. The NY Times. Vox.