Mais importante ainda é ter em mente que é o aluno que faz o curso. As grandes universidades são grandes porque tiveram grandes alunos. Peguemos, por exemplo, as maiores universidades do mundo, como as da Ivy League, o grupo das oito universidades com maior prestígio no mundo – Harvard, Princeton, Pensilvania, Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth College e Yale. Elas são o que são porque tiveram alunos que souberam ser grandes, como muitos dos maiores cientistas de todos os tempos e alguns presidentes americanos notáveis. Mas é importante lembrar que, ultimamente, pelo menos no quesito engenharia, elas têm perdido espaço para instituições como o MIT e o Instituto de Tecnologia da Califórnia.
O Brasil possui excelentes universidades, tanto públicas quanto privadas. Algumas de primeiro mundo, que quase sempre figuram entre o ranking das cem primeiras colocadas mundialmente. Esses rankings não são perfeitos, e muitas vezes levam em consideração o número de publicações anuais sem mensurar a relevância social dessas publicações. Porém eles dão uma dimensão de como os critérios de excelência acadêmica vão sendo construídos.
Com destaque para o Centro Sul, as universidades brasileiras tem despontado cada vez mais – em relevo as paulistas, fluminenses, mineiras e gaúchas. Em São Paulo, por exemplo, temos a Escola Politécnica da USP, ainda vista como o maior centro de formação de engenheiros do país – e ainda carregando a fama de formadora de líderes. Isso sem falar na UNESP, UNICAMP, PUC-SP, UFSCar e outras.
As universidades mineiras tem crescido em um excelente ritmo, dentro do qual poderíamos citar a UFMG, UFLA, UFV, UFU, UFJF, UNIFEI, UFOP e UFSJ. No quesito crescimento, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) tem sido apontada, segundo algumas fontes, como a universidade mineira que mais cresceu nos últimos dez anos. Isso é surpreendente, tendo em vista que ela tem (apenas) 25 anos (!).
Por mais que eu seja suspeito de falar, já que estudo lá, gostaria de dedicar alguns parágrafos a ela. O processo de expansão da UFSJ é relativamente recente – a antiga FUNREI se tornou universidade apenas em 2002, pela lei 10.425. Apesar de ainda ser uma universidade de porte médio, ela já conta com seis campi, 57 cursos presenciais de graduação, quatro cursos de graduação a distância, mais de 600 professores, 430 técnicos administrativos, mais de 9000 alunos em cursos presenciais e 3000 alunos em cursos a distância.
Situada na cidade histórica de São João del-Rei, a UFSJ uma grande fonte de geração de divisas para a cidade. Se a universidade é o lugar para a liberdade do pensamento, a UFSJ foi beneficiada por surgir em uma cidade que é considerada a cidade da liberdade, pois é terra natal de dois grandes heróis da liberdade nacional: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes da Inconfidência Mineira (1789), e Tancredo de Almeida Neves, o primeiro presidente brasileiro eleito (sem tomar posse, pois faleceu antes) após a redemocratização (1985).

Vista superior do campus Santo Antônio da UFSJ, por Kiko Neto. Local onde antes era o famoso colégio Santo Antônio, onde estudou Tancredo Neves. Nesse campus estão concentradas três Engenharias (Mecânica, Elétrica e de Produção) além dos cursos de Matemática e Economia.
O meu curso, Engenharia Mecânica, que se encontra entre os melhores cursos oferecidos pela instituição, é oferecido desde 1986, o que evidencia uma grande tradição frente a alguns cursos de universidades mais antigas, que, entretanto, passaram a oferecer o curso posteriormente. É oferecido no campus Santo Antônio, nas modalidades Integral e Noturno. O curso oferece várias atividades extracurriculares, como o Programa de Educação Tutorial (PET) na área de Materiais e Inovação Tecnológica e projetos de extensão nas áreas da aeronáutica, do automobilismo e da robótica. O vestibular é realizado a cada seis meses, com algumas vagas disponibilizadas pelo processo seletivo próprio e outras pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU).
Acho que os estudantes, à medida que têm condições, inclusive financeiras, de escolher e batalhar pela universidade que desejam estudar, não devem ficar naquelas que conseguiram passar no vestibular somente porque foram aquelas que conseguiram passar no vestibular. Meu conselho é que procurem universidades sabidamente melhores ou que tentem buscar motivos suficientes para continuar nessas universidades – e é aí que podem descobrir coisas que antes, por tenacidade, não ousaram perceber, e então se apaixonar pelas universidades em que estão.
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Meu objetivo não é pura e simplesmente sublinhar a universidade em que estudo, mas usar o meu exemplo, com a confiança que a minha própria vivência dá, para dizer que se um aluno tem motivos suficientes para gostar da universidade que estuda e decide “vestir a camisa”, ele e sua comunidade universitária terão subsídios para se tornarem melhores a cada dia. Essas microrrevoluções na forma de enxergar as coisas são fundamentais para grandes resultados no cenário universitário brasileiro.
ANEXOS
– Universidade Federal de São João del-Rei;
– 2011 ANSYS Conference & ESSS Users Meeting;
– O projeto pedagógico do curso de Engenharia Mecânica da UFSJ.