Embora quase ninguém pense nisso na hora de lavar as mãos, tomar banho ou fazer qualquer outra tarefa que envolva água encanada, essa substância vital não chega até as residências por meio de mágica. Para isso, é necessário um complexo sistema de abastecimento de água.
Na verdade, o abastecimento de água varia não só de país para país, como também de região para região. Muitas vezes, uma mesma cidade pode ter várias formas de abastecimento diferentes e a isso depende das características do local e da busca pela melhor decisão por parte de profissionais da engenharia e do planejamento urbano.
Em muitos locais, o abastecimento de água é interrompido durante um determinado período do dia. Esse período pode ser definido com base em diversos critérios e até mesmo com o uso de softwares de otimização para determinar em quais horários é mais proveitoso interromper o sistema, considerando-se a necessidade de abastecimento, o custo do bombeamento (se houver) e mais fatores.
Essa questão é sempre um foco de muitas pesquisas. O que alguns engenheiros propõem em um artigo científico publicado recentemente é um modelo de explicação para esses sistemas de abastecimento com interrupção e como eles podem ser a solução para o cumprimento de metas internacionais de desenvolvimento humano ligado a água potável.
Todavia, a ideia de interromper o abastecimento pode parecer absurda para muitos engenheiros de países desenvolvidos. Afinal, o encher e esvaziar as tubulações pode deixar o sistema com flutuações na pressão e também suscetível a contaminação por água de chuva ou esgoto. Por outro lado, David Taylor, professor de Engenharia da Toronto Engineering e autor do artigo, acredita que, ao mesmo tempo que esses problemas existem, também há benefícios.
Taylor afirma que ao interromper o abastecimento durante a noite, quando ninguém (ou quase ninguém) está usando, você também reduz as perdas por vazamentos, um grande problema de muitos sistemas de abastecimento. Para compreender o processo, o professor trabalhou com empresas de abastecimento em Delhi durante seu doutorado.
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Uma forma de entender o sistema seria construir um modelo computacional dele. Porém, Taylor percebeu que a prática é bem diferente da realidade e nem tudo é feito como realmente está no projeto. Então, ele partiu da seguinte pergunta: como seria o modelo do sistema se admitirmos que não sabemos quase nada sobre a rede?
No artigo, Taylor expõe seu modelo e descreve como ele poderia ser usado para análise de sistemas existentes. Basicamente, ele calibrou o modelo comparando os resultados com o de um modelo complexo. Sua conclusão foi de que há concordância entre os dois modelos, de modo que o mais simples também é capaz de fornecer informações úteis. Ele permite, por exemplo, que o efeito de alteração de um parâmetro seja imediatamente identificado. Além disso, ele é adimensional e trabalha com porcentagens.
A proposta do professor Taylor é de que ele seja usado para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Direito Humano à Água. Afinal, eles afirmam que a água deve estar disponível quando necessário, o que não significa 24 horas por dia. Assim, o modelo é uma ferramenta para decisão sobre o abastecimento que pode guiar a sociedade para o cumprimento das metas propostas.
Referências: Science Daily
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.