Na história da engenharia moderna, talvez nada surpreenda mais do que as impressionantes e sofisticadas estruturas de plataformas de petróleo, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento econômico de países. Elas operam em profundidades extremas - e até em locais de difícil acesso - e sua evolução reflete muitos dos avanços tecnológicos que já conquistamos ao longo de décadas, com foco na busca por recursos energéticos. Mas como são construídas e instaladas? Confira neste artigo do Engenharia 360!
A evolução das plataformas de petróleo
No começo da história da extração de petróleo, as operações se limitavam às reservas terrestres. Mas é claro que o ser humano ficou cada vez mais sedento de poder e dependente dos combustíveis fósseis. Daí foi preciso partir para a exploração marítima. Isso aconteceu no início do século XX.
As primeiras plataformas montadas no mar ficavam em águas rasas e eram estruturas flutuantes. Mas os engenheiros continuam a aprimorar seus projetos, introduzindo cilindros metálicos e sistemas de ancoragem sofisticados, até que foi possível realizar a extração em profundidades nunca antes imaginadas. Por exemplo, em 1947, foi cravada a primeira plataforma em leito marinho, a 80 metros de profundidade, marcando um importante passo na evolução das plataformas. Hoje, as gigantescas unidades operam a até 8 mil metros, inclusive em locais desafiadores. Impressionante, não?
A saber, a plataforma "Beryl Alpha", por exemplo, no setor do Reino Unido do norte do Mar do Norte, 335 km a nordeste de Aberdeen, foi uma das pioneiras a utilizar concreto em vez de aço para suportar profundidades de 120 metros. Essa mudança não apenas aumentou a resistência das estruturas, mas também reduziu os custos de construção.
Os diferentes tipos de plataformas de petróleo que existem
Antes de tudo, uma coisa que você precisa saber é que as plataformas de petróleo podem ser diferentes, projetadas para responder a certas condições e profundidades. A engenharia resume as versões já desenvolvidas nos seguintes tipos a seguir:
- Plataformas Fixas: Instaladas em águas rasas, com estacas cravadas no fundo do mar, ideais para poços em águas de até 300 metros de profundidade.
- Plataformas de Pernas Atirantadas (TLP): Flutuantes, mas quase fixas, ancoradas ao fundo do mar e são usadas em águas de até 1.500 metros de profundidade.
- Plataformas Autoeleváveis: Usadas para perfuração em águas rasas, tendo pernas que se ajustam ao fundo marinho, permitindo a estabilização.
- Plataformas Semissubmersíveis: Ideais para grandes profundidades (até 2.000 metros), utilizando flutuadores para estabilizar a estrutura.
- Navios-Sonda: Flutuantes, com a capacidade de perfurar em águas ultraprofundas e operam em locais afastados da costa.
- FPSO (Floating Production Storage and Offloading): Navios de grande porte que produzem, processam e armazenam petróleo enquanto flutuam sobre os campos de petróleo.
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A desafiante construção e instalação das plataformas offshore
Como se pode imaginar, construir plataforma de petróleo não é tarefa fácil. O processo pode levar de três a sete anos, dependendo da complexidade do projeto.
Aliás, a produção de uma plataforma de petróleo comum pode custar em torno de US$ 100 milhões. Já as plataformas flutuantes avançadas, como os FPSOs, esse valor pode subir e até ultrapassar os US$ 5 bilhões (dados de 2024).
Etapa 1
Na etapa um é feito o desenho do design da plataforma - algo que deve levar em conta as características do local, as condições climáticas e a profundidade do mar. Nesta fase é essencial que se faça estudos geológicos para entender qual o local ideal para a extração. E, finalmente, todo o projeto deve passar por um rigoroso processo de licenciamento ambiental, garantindo que não sejam causados danos contra o ecossistema marinho.
Etapa 2
Após o detalhamento, a plataforma é construída em um estaleiro, com todas as partes metálicas e de concreto são montadas. No fim, a estrutura é transportada para o local de instalação, onde é içada e posicionada para a extração de petróleo.
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Para plataformas flutuantes, esse processo envolve rebocar o conjunto até a posição desejada no mar. Esse transporte é complexo e exige planejamento cuidadoso para evitar danos à estrutura. Enfim, para sua estabilidade, é feita sua ancoragem ao fundo do mar, com cabos tensionados de alta resistência para suportar as forças do mar e das tempestades.
Etapa 3
Antes da plataforma começar a funcionar, ela deve passar por testes. As equipes são treinadas sobre segurança e técnicas especializadas, como extração de petróleo ou gás natural. E se tudo estiver certo, os poços de produção são conectados à estrutura através de tubulações submarinas. Lembrando que, com auxílio de tecnologia avançada, os funcionários da indústria devem continuar monitorando permanentemente as operações.
Saiba mais sobre a construção e instalação de plataformas de petróleo assistindo aos vídeos a seguir:
Os desafios de segurança das plataformas de petróleo
Imagina o risco que é trabalhar em uma plataforma de petróleo! Além dos desafios técnicos, os operadores devem enfrentar condições climáticas extremas, como ventos fortes e ondas altas; e sempre existe a ameaça de incêndios e acidentes. Para mitigar esses riscos, tecnologias de segurança são implementadas, incluindo:
- Pinturas intumescentes, para proteger as estruturas contra o calor excessivo.
- Paredes blindadas, que garantem a segurança da tripulação.
Esses avanços são essenciais para garantir que a extração de petróleo seja realizada de maneira eficiente e segura, minimizando os riscos para os trabalhadores e o meio ambiente.
O papel do Brasil na indústria offshore
Você sabe, não é? Apesar de tantos discursos visionários em cúpulas do clima, o ser humano continua muito dependente do petróleo, resistente em mudar a situação. Por isso, a demanda por este líquido ainda deve crescer o quanto for possível até que os recursos terrestres se esgotem. Os engenheiros vão continuar estudando formas de exploração em maiores profundidades e em condições mais desafiadoras. E a construção de plataformas ainda desempenhará, por muitos anos, um papel fundamental na economia global.
E quanto ao Brasil? Nosso país tem, sim, se destacado no desenvolvimento e operação de plataformas de petróleo, especialmente nas áreas de águas profundas e no pré-sal. Nossas plataformas são responsáveis por uma grande parte da produção de petróleo do país e estão entre as mais avançadas do mundo. Podemos citar exemplos:
- FPSO Guanabara (MV31): Com capacidade para produzir 179.340 barris por dia.
- Petrobras 75 (P-75): Produzindo 158.689 barris diariamente.
- Petrobras 70 (P-70): Com produção diária de 155.256 barris.
Fontes: Click Petróleo e Gás, Agência Gov.
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Eduardo Mikail
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