Engenharia 360

A conquista do espaço por satélites brasileiros

Engenharia 360
por Larissa Fereguetti
| 17/10/2014 | Atualizado em 23/09/2022 4 min

A conquista do espaço por satélites brasileiros

por Larissa Fereguetti | 17/10/2014 | Atualizado em 23/09/2022
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Satélites brasileiros? Sim, eles existem, embora muitas pessoas não saibam. Mas antes de falar dos satélites brasileiros, vamos definir alguns conceitos.

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Você sabe o que é um satélite artificial?

Segundo o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o termo “satélite” é um sistema formado por módulos, que fica na órbita da Terra ou de qualquer outro planeta, mantendo velocidade e altitude constantes. Os satélites artificiais são construídos pelo homem, diferentemente dos naturais (como a Lua) e permanecem em órbita da Terra a muitos quilômetros da superfície e por longos períodos.

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Quais os tipos de satélite existentes?

A construção de satélites artificiais começou na década de 1950, quando americanos e soviéticos competiam na corrida espacial. Em 1957, os satélites artificiais foram colocados em órbita, sendo o primeiro o Sputinik I, lançado pelos soviéticos. Segundo a Agência Espacial Brasileira, quase 4,5 mil outros engenhos foram lançados após o Sputinik I. Os tipos de satélite são:

  1. Comunicação: É o tipo de satélite mais conhecido. Distribui sinais de telefonia, Internet e televisão.
  2. Navegação: Uma constelação de 24 satélites ao redor da Terra, a cerca de 20.000 km de altitude, forma o GPS, sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global. Esse sistema é controlado pelos Estados Unidos, mas pode ser utilizado por todos aqueles que têm um aparelho receptor, detectando sua posição na Terra. O Glonass é o sistema de navegação russo e o Galileu da União Europeia.
  3. Meteorológico: Usado para monitorar o tempo e o clima da Terra. Formações de nuvens, luzes das cidades, queimadas, efeitos de poluição, aurora, tempestades de raios e poeira, superfícies cobertas por neve e gelo e os limites das correntes oceânicas são algumas informações ambientais coletadas por meio dos satélites meteorológicos.
  4. Militar: Um satélite militar equipado com câmeras que funcionam no infravermelho (o que possibilita a identificação de alvos no escuro ou camuflados) consegue fotografar territórios com grande precisão.
  5. Exploração do Universo: É o satélite que carrega telescópios para observar o céu. O mais conhecido telescópio acoplado a um satélite é o Hubble, que desde 1990 produz imagens astronômicas incríveis e únicas.
  6. Observação da Terra: Tem como missão monitorar o território e, para isso, carrega câmeras que registram imagens com diferentes resoluções espaciais.
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Quais são os satélites brasileiros?

O primeiro satélite brasileiro lançado foi o SCD-1, uma abreviatura para Sistema de Coleta de Dados, como parte da Missão Coleta de Dados, que consiste em um sistema de coleta de dados ambientais baseado na utilização de satélites e plataformas de coleta de dados distribuídas pelo território nacional, com o objetivo de fornecer ao país dados ambientais diários coletados nas diferentes regiões do território.

Ainda da série SCD, foram lançados o SCD-2 (1997) e o SCD-2A (1998). Os satélites brasileiros são de responsabilidade do LIT – Laboratório de Integração e Testes, pertencente ao INPE, e projetado e construído para atender às necessidades do Programa Espacial Brasileiro. Também passaram pelo LIT os satélites BRASILSAT B1 (1994) e BRASILSAT B2 (1995).

Outra série de satélites pertence ao programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Em 1988, Brasil e China uniram recursos financeiros e tecnológicos para implantar um sistema de sensoriamento remoto internacional. O Programa CBERS englobava o desenvolvimento e construção de dois satélites de sensoriamento remoto que também favorecesse o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais. O CBERS-1 (1999) e o CBERS-2 (2003) são idênticos em sua constituição técnica, missão no espaço e cargas úteis. Em 2004, Brasil e China desenvolveram o CBERS-2B, lançado em 2007.

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Devido ao sucesso do CBERS, em 2002, Brasil e China assinaram novamente um acordo para dar continuidade ao programa, sendo que neste a participação do Brasil passaria para 50% (antes era apenas de 30%). Assim, o CBERS-3 foi lançado em dezembro de 2013, mas uma falha em um dos estágios do foguete prejudicou o equipamento, fazendo com que ele não alcançasse velocidade e altura suficientes, retornando ao planeta e destruído ao entrar na atmosfera.

CBERS-3
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O lançamento do CBERS-4 era previsto para 2 anos após o lançamento do CBERS-3, mas, devido ao fracasso do último lançamento, a previsão de lançamento foi adiantada para dezembro de 2014. Além disso, o primeiro Cubesat nacional foi lançado em junho deste ano e objetivo do lançamento foi estudar os distúrbios da magnetosfera.

Mais três satélites estão sendo desenvolvidos pelo INPE, o Amazônia-1 (lançamento previsto para 2015), que será capaz de gerar imagens do planeta a cada 4 dias, além de permitir uma melhora nos dados de alerta do desmatamento da Amazônia, o SABIA-Mar (parceria Brasil-Argentina, com lançamento previsto para 2018), cuja missão tem aplicações no estudo dos ecossistemas oceânicos, ciclo do carbono, mapeamento do habitat marinho e observação costeira e cujos sensores serão capazes de realizar a observação global com resolução de 1 km e revisita diária, além da observação costeira regional e de águas interiores com resolução de 200m e revisita de 2 dias, com dados disponíveis em tempo real, e o GPM-Brasil, para estudos meteorológicos.

Ok, mas qual a vantagem dos satélites brasileiros?

A Agência Espacial Brasileira cita algumas vantagens do Brasil possuir seus próprios satélites:

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- Monitoramento de nível e qualidade da água de grandes áreas, como aquelas destinadas à produção agrícola;

- Detecção e acompanhamento das áreas desmatadas e queimadas;

- Coleta de dados ambientais em locais de difícil acesso, como o interior da Amazônia e a extensa área litorânea;

- Detecção de eventos extremos, como fortes chuvas, ciclones etc;

- Comunicações.

O Brasil é um país com uma grande extensão territorial. Ter satélites brasileiros, além do fato de não necessitar depender de outros países para obter imagens territoriais, faz com que algumas atividades possam ser realizadas com maior eficiência. Ainda, é um avanço no desenvolvimento tecnológico e que beneficiará várias áreas (incluindo a engenharia), desde as que trabalham no desenvolvimento dos satélites até as que utilizam os dados. O Brasil está conquistando o espaço.


Fontes: INPE , Agência Espacial Brasileira.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

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