Com a pandemia de coronavírus que assola o mundo, já é esperado um grande impacto nas cidades, principalmente no que se refere a questões econômicas e sociais. Cabe a cada cidade/país adotar as melhores estratégias para impulsionar de maneira mais efetiva uma recuperação eficaz.
Algumas estratégias foram adotadas em muitas cidades, como limitação do tráfego de veículos, lockdown e uso obrigatório de máscara, por exemplo. Tudo isso para conter o avanço do vírus, que já matou mais de 800 mil pessoas no mundo. Outra estratégia muito difundida foi a de distanciamento social. E, sobre ela, uma ideia de arquitetos e especialistas em saúde pública numa cidade americana vem chamando a atenção de forma positiva.
Em Baltimore, arquitetos e especialistas em saúde pública lançaram um guia que mostra 10 conceitos que remodelam a vida urbana para um futuro definido sob a ótica do distanciamento social.
O guia intitulado “ Guia de Design para Ideias de Distanciamento ” que é um documento gratuito, foi elaborado por profissionais da cidade de Baltimore, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, da Baltimore Development Corporation e do Neighborhood Design Center da cidade. Esse guia reúne 10 planos para a criação temporária de espaços a um custo acessível que permitam a interação social em ambientes urbanos como ruas, becos, terrenos baldios e estacionamentos, respeitando o devido distanciamento.
Essas ideias e conceitos foram extraídos de um compilado de conceitos 162 propostas de empresas que trabalham com arquitetura e design. Os planos foram concebidos às necessidades dos bairros da cidade de Baltimore, não impedindo de ser aplicados em qualquer localidade.
Keshia Pollack Porter, professora de política de saúde na Johns Hopkins que deu consultoria sobre o projeto relata que esta foi uma grande oportunidade para repensar como usamos os espaços públicos, como usamos as ruas. Segundo ela, “podemos ter espaços que sejam realmente grandes oportunidades para as pessoas se reunirem e se reunirem com segurança?”
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Os projetos superam a abordagem ad-hoc de obstáculos e cones de trânsito que as cidades utilizaram para aumentar calçadas no intuito de criar espaço para pedestres nos primeiros dias da pandemia. Eles incluem conceitos modulares para varejo ao ar livre, estações de limpeza pública, comunidade aulas de arte e serviços pop-up como cortes de cabelo e bibliotecas móveis.
Alguns não são maiores do que uma vaga de estacionamento. Já outros podem ser ampliados para uma faixa de varejo inteira. Muitos dos projetos são construídos com uma noção de uma paisagem urbana muito mais livre de carros.
Em uma proposta chamada “Find Your Tropical Island”, por exemplo, o designer Christopher Odusanya carpeta ruas e becos com pequenos palcos circulares onde as pessoas poderiam costurar, fazer ioga, vender comida ou sentar-se à sombra de guarda-sóis.
Na mesma pegada, o conceito “Organizing the Street”, de Craig Stoner e Terri Wu da EDSA, cria uma espécie de "calçadão" de pedestres na rua com restaurantes ao ar livre e lojas na calçada.
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Jennifer Goold, diretora executiva do Neighborhood Design Center, que apóia projetos comunitários em bairros de baixa renda explica a importância desses novos conceitos: “Quando você permite que o espaço do carro domine sua paisagem urbana, isso não está fornecendo acesso equitativo aos bairros. Imagens como essas são uma ótima maneira de começar a falar sobre para quem são as ruas e por quê.”
Já o projeto “Praça de Alimentação” aproveitaria os terrenos baldios para transformá-los em áreas de jantar ao ar livre com mesas separadas por flores silvestres e grama alta. Esse conceito inclui uma estação de lavagem das mãos e suportes para guarda-chuvas fixados com luzes para a noite.
E todo esse trabalho não é resumido apenas em exercícios de design: as intervenções vencedoras, que custariam entre US$ 5.000 e US$ 100.000 para construir cada uma delas, estão programadas para serem instaladas em 17 bairros de cidade de Baltimore, apoiadas por um investimento de US$ 1,5 milhão da cidade durante a segunda fase do projeto.
Uma detalhe interessante desse projeto é que ele considera também as questões de racismo estrutural, onde Keshia Pollack Porter reforça que “este guia ressalta sobre como podemos ter princípios que priorizem comunidades que carentes que necessitam de maior atenção e investimento. É uma oportunidade de buscar a equidade na saúde pública e também repensar os espaços públicos.”
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Referências: Bloomberg
E você? Como projetaria uma cidade baseada no distanciamento social? Conta para a gente!
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Kaíque Moura
Engenheiro de Produção; formado pelo Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA); Pós-Graduando em Empreendedorismo e Inovação (IFPI); MBA em Management (iCEV); Técnico em Metrologia (IFRJ); Técnico em Serviços Jurídicos (IFPI) e Técnico em Mecânica (IFPI); profissional qualificado nas áreas de Gestão, Manutenção, Metrologia e Produção.