A polêmica envolvendo as camas dos Jogos Olímpicos começou em 2021, no Japão, quando o comitê apresentou para a Vila dos Atletas móveis de papelão apelidados de "anti-sexo", frágeis, claramente estimulando que as pessoas a não usassem o momento para contatos íntimos, já que o mundo vivia uma pandemia. Mas a ideia era legal porque os objetos eram baratos e sustentáveis. Então, Paris 2024 adotou a mesma abordagem e, além das camas de papelão, ofereceu colchões "inteligentes" e "personalizados" para os esportistas. Porém, a solução inusitada não agradou.
Logo surgiram relatos, vídeos e memes na Internet. Até mesmo os atletas brasileiros reclamaram da qualidade dos colchões, relatando dores de cabeça e desconforto durante o sono. Mas será que essa tecnologia, considerada por muitos especialistas como de ponta, é mesmo tão problemática assim? Confira a resposta no artigo a seguir, do Engenharia 360!
A tecnologia por trás dos colchões das Olimpíadas de Paris 2024
Os colchões fornecidos aos atletas em Paris 2024 são modulares, feitos 90% de ar e plástico reciclado, semelhante ao material usado em linhas de pesca. Eles foram desenvolvidos pela empresa japonesa Airweave, com a promessa de garantir um sono confortável e profundo para os usuários. Seu produto é composto por três blocos de diferentes cores e níveis de firmeza - macio (soft), moderado (moderate), firme (firm) e extra firme (extra firm) -, que podem ser dispostos livremente sobre a cama.
Em tese, o design desses colchões permitiria uma fácil adaptação ao formato do corpo das pessoas. Isso ajudaria, por exemplo, a reduzir a temperatura corporal central. Segundo a Airweave, uma noite de sono nessa cama garantiria um sono profundo 308% mais longo do que dormir em espuma de memória (espuma viscoelástica). Para garantir isso, a empresa abriu um Centro de Ajuste de Colchões na Vila Olímpica; os atletas passam por uma avaliação de 5 minutos, onde informações sobre seu corpo e preferências de sono são coletadas.
Problemas relatados pelos atletas
A organização das Olimpíadas de Paris 2024 ofereceu acesso a um aplicativo e orientação de especialistas em sono para a personalização dos colchões na Vila Olímpica. O sistema permitiria que os atletas meçam seu corpo e compartilhem informações físicas para ajustar sua cama de acordo com as suas necessidades. Mesmo assim, parece que não adiantou, pois a maioria dos usuários vem reclamando de desconforto.
Apesar do marketing realizado pela organização das Olimpíadas para atrair a atenção da mídia, vale destacar que a Airweave em nenhum momento foi verdadeiramente clara quanto aos benefícios reais de seu produto e não apresentou dados científicos que comprovem sua eficácia.
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A famosa cama de papelão que divide opiniões entre os atletas
O Engenharia 360 chegou a fazer uma publicação sobre as camas de papelão das Olimpíadas em 2021, mas vamos recapitular. Esse móvel pode ser montado em 15 minutos. E mede 2 metros de comprimento e 95 cm de largura; então, pode ser bem pequeno para alguns atletas - imagine um homem do basquete, por exemplo.
Muitos atletas compartilharam vídeos testando e dando seu feedback sobre as camas. Parece que elas conseguiriam suportar até 200 kg. Mas, apesar dessa resistência, o problema está mesmo na qualidade dos colchões, que podem estão realmente comprometendo o desempenho dos esportistas. Convenhamos que, para o trabalho deles, descanso, conforto e bem-estar é tudo! Por isso, dá para entender as críticas.
O destino dos colchões da Airweave após às Olimpíadas
A escolha por camas de papelão e colchões recicláveis para as Olimpíadas foi justificada pela busca por sustentabilidade. Após os Jogos Paralímpicos, a Airweave doará colchões a diversas organizações públicas e privadas, instituições educacionais e até mesmo ao Exército Francês e à Escola de Ballet da Ópera de Paris. Até aí, dá para dizer que esse legado é muito bonito.
Por outro lado, estamos falando de atletas profissionais que passaram anos se preparando para as Olimpíadas e que podem perder a chance de medalha por conta de algo muito simples. Garantir seu conforto e descanso era o mínimo que o comitê dos Jogos deveria proporcionar. Sendo assim, não seria o caso de investir em materiais de melhor qualidade? Afinal, a engenharia tem resposta para tudo, basta apostar nela. Fica a reflexão!
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