Existem certas enfermidades do nosso físico que podemos controlar com auxílio de dispositivos desenvolvidos pela engenharia. Um exemplo são os glicosímetros e sensores de glicose contínuos para o controle da diabetes, ou os medidores de pressão para o controle da hipertensão. Mas e quando o assunto é a saúde mental? Pensando nisso, pesquisadores da Universidade do Texas, em Austin, Estados Unidos, desenvolveram um tipo de tatuagem eletrônica que poderia monitorar em tempo real o esforço mental e a fadiga de uma pessoa durante o trabalho. O que acha?

Por que isso seria interessante? Bem, talvez você já tenha ouvido falar na síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional. Trata-se de uma situação delicada de exaustão física e mental causada por um longo período de estresse no trabalho. E pode ser que todo adulto já tenha passado por isso – um sentimento de exaustão completa, fadiga, ansiedade, depressão e muitos outros sintomas – por conta de trabalhar demais, se esforçar demais e enfrentar um ambiente de trabalho conturbado. 

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A boa notícia é que essa inovação dos americanos poderia mudar para sempre a forma como enxergamos o esforço mental no ambiente corporativo. Debatemos mais o assunto no artigo a seguir, do Engenharia 360!

A inspiração por trás da criação da e-tattoo

No mundo moderno, vários trabalhadores passam por situações de desgaste mental em ambientes de alta responsabilidade – incluindo até mesmo os engenheiros em escritórios e canteiros de obras. E, atualmente, as formas mais comuns das empresas avaliarem a carga de trabalho dos seus funcionários são bastante subjetivas, quase sempre baseadas em questionários como o NASA Task Load Index (TLX). O que estamos querendo dizer é que métodos assim dependem demais da percepção individual do colaborador, podendo ser bastante imprecisos.

Foi exatamente isso que inspirou a professora Nanshu Lu, da Universidade do Texas, ao criar um dispositivo não invasivo, confortável e acessível, capaz de capturar dados objetivos sobre a atividade mental do usuário. O que ela imaginou foi uma espécie de tatuagem temporária aplicada na testa da pessoa. Confira na imagem logo abaixo!

tatuagem contra síndrome Burnout
Tatuagem eletrônica criada por estudo dos EUA pode monitorar a carga mental em tempo real, facilitando o diagnóstico de doenças relacionadas ao trabalho – Imagem reproduzida de Huh et al via Revista Galileu

Como funciona a tatuagem eletrônica temporária

A tatuagem eletrônica temporária desenvolvida na Universidade do Texas foi pensada para ser aplicada diretamente na pele das pessoas – especialmente na testa -, medindo sua atividade cerebral e movimentos oculares em tempo real, ajudando a identificar sinais precoces de síndrome de Burnout, fadiga cognitiva e outros distúrbios relacionados ao estresse profissional. A mesma seria como um adesivo fino e flexível, feito com materiais ultraleves e sensores microscópicos.

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Diferentemente dos tradicionais equipamentos de eletroencefalografia, o novo dispositivo não exigiria uso de capacetes cheios de fios e gel condutor. Na verdade, a e-tattoo seria bastante discreta, leve e praticamente imperceptível durante o uso. Seu design teria formato adequado para ser moldado seguindo os movimentos da pele do usuário, garantindo conforto e precisão. E seu funcionamento só dependeria de uma pequena bateria recarregável, conectada aos sensores flexíveis que se ajustam aos contornos faciais.

Testes e resultados

Os cientistas já realizaram testes com a nova tatuagem eletrônica para validar a eficácia da tecnologia. Os participantes foram submetidos a desafios de memória em diferentes níveis de dificuldade. E foi possível observar que, conforme aumentava essa dificuldade, certas ondas cerebrais (theta e delta) aumentavam também, enquanto outras diminuíam (alfa e beta). Esses dados permitiram a construção de um modelo computacional treinado para prever com antecedência o nível de esforço mental das pessoas (e todas as suas consequências) em uma situação real de trabalho.

tatuagem contra síndrome Burnout
Tatuagem mede o esforço mental sem a necessidade de capacete – Imagem reproduzida de Heeyong Huh et al via Revista Galileu

Vantagens e aplicações práticas da tecnologia

Aqui estão as principais vantagens da nova e-tattoo, segundo descrito pelos cientistas:

  • Monitoramento objetivo e preciso da carga mental.
  • Maior conforto para o usuário.
  • Personalização de acordo com o rosto de cada usuário.
  • Tecnologia portátil e discreta.
  • Fácil de usar fora de laboratórios.
  • Captação de sinais mais precisa.
  • Solução escalável para empresas e uso doméstico.

Em princípio, essa tecnologia de tatuagem eletrônica seria acessível economicamente para diferentes públicos. A expectativa é que os sensores descartáveis possam custar apenas 20 dólares cada e um chip com bateria por aproximadamente 200 dólares cada, totalizando 220 dólares por unidade de tatuagem eletrônica. Em comparação, os equipamentos convencionais de EEG podem custar mais de 15 mil dólares.

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Para completar, a e-tattoo desenvolvida lá no Texas pode oferecer diversas aplicações práticas no nosso trabalho e na vida pessoal, como:

  • Monitoramento de fadiga mental em controladores de tráfego aéreo.
  • Prevenção de lapsos de atenção em motoristas de caminhão.
  • Aumento da segurança para operadores de máquinas pesadas.
  • Identificação precoce de Burnout em ambientes corporativos.
  • Gestão do bem-estar mental de funcionários em empresas.
  • Sinalização de necessidade de pausas ou reorganização de tarefas.
  • Monitoramento da saúde mental no dia-a-dia das pessoas.
  • Apoio ao equilíbrio entre produtividade e bem-estar pessoal.

Desafios técnicos e o futuro da e-tattoo

Os testes iniciais da tecnologia de tatuagem eletrônica obtiveram resultados satisfatórios. Apesar disso, os pesquisadores estão trabalhando em melhorias, desenvolvendo sensores à base de tinta que possam funcionar não apenas em pele lisa, mas também sobre pelos, ampliando o leque de aplicações possíveis. Existe a expectativa da inclusão de sensores adicionais para medir batimentos cardíacos, temperatura corporal e até mesmo níveis de cortisol (hormônio do estresse).

Veja Também: Tatuagem no trabalho: pode ou não pode?


Fontes: Correio Braziliense, Revista Galileu – Globo, Exame.

Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.

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